Der Kreis der Nebel

Capítulo 1- O início


Abro devagar os olhos. Acordo e estou toda dolorida. Parece que havia sido desmontada. Na verdade, tinha acontecido algo parecido com isso na noite anterior. Olho ao redor, ainda estou no galpão escuro mas não lembro de nada do que acontecera aqui. Minha cabeça é um emaranhado de pensamentos vindo á tona ao mesmo tempo tentando se organizar.

Me levanto devagar, meus ossos se reencaixando. Piso no chão com o pé direito e uma dor fina e arrepiante percorre minha perna. Devagar e com medo do que irei encontrar, levanto minha calça ,Maravilha! Estou com o tornozelo direito inchado, roxo e com um latejar atordoante.

Me arrasto até o outro lado do galpão escuro. Apoio-me na parede e acendo a luz.

Dois homens estão deitados de forma desleixada em lados opostos do galpão, suas roupas estão ensanguentadas.

No local em que estava deitada havia flores pretas. Estranho. Me arrasto até um dos homens e ao me aproximar, tenho uma rápida lembrança.

Eu ontem estava saindo da Delicatessen quando fui atacada por dois homens. Esses dois homens! Eles me atacaram e lembro de um deles me por nos ombros e eu me debater e chuta-lo...Depois disso, só lembro de estar em uma floresta escura. Eu tentei fugir mas um deles me agarrou pelo braço. Então lembro de estar aqui nesse galpão, e de ter lutado com eles. Eu sabia lutar? Examinei o homem dos pés á cabeça. Ele tinha o punho direito de aço. Olho para o que estava do outro lado, seu rosto é ranzinza. Apesar dessa vaga lembrança, ainda tem dúvidas na minha cabeça. Por que eles me pegaram? O que eles queriam? Como conseguir deixar meu pé nesse estado e aquelas flores? De onde surgiram?

Chego mais perto do homem de punho de aço. Sua blusa esta ensanguentada, seu braço direito tem um longo corte por onde ainda escorre sangue e sua cabeça esta envolta á um circulo vermelho vivo.

Com cuidado ponho o dedo médio e o indicador em seu pescoço. Sem pulsação. morto. Me arrasto até o outro homem que está no galpão. Seu rosto ranzinza tem muitas cicatrizes. Sua blusa tem rasgos horizontais e retos que mostravam sua carne. Toco seu pescoço e percebo que está morto...Mas quem os matou? E se eu estou aqui, por que não eu?Por que não morri?

Olho ao lado do homem e vejo um chicote. Não lembro desse chicote. lembro-me de um galho...para minha surpresa, cada desenho que eu lembrava que estava no galho, rabiscos e arranhões ainda estão lá. Cada defeitinho esta ali. Mas aquilo por mais parecido que seja com qualquer coisa, ainda é um chicote.

Espera um pouco. O galho que peguei, as formas...o chicote é o galho, ou melhor, o galho é o chicote, mas como? Então cheguei a conclusão de algo que estava na minha frente e não queria enxergar. Eu matei os homens. Não faço ideia de como aquele galho virou aquele chicote mas sei que os matei. Horrorizada. Perplexa. Sinto-me tonta. É muita informação para assimilar de uma só vez. Eu nunca havia matado ninguém, nem transformado nada...eu estou em pânico, estagnada no meio de um galpão escuro e vazio. Fecho os olhos. Respiro para tentar me acalmar mas ao abri-los o desespero retorna. Me abaixo e pego o chicote devagar, ele parece se encaixar perfeitamente em minhas mãos. O observo.

Minha nossa...isso é tão...

– Então você é filha de Afrodite?

Me viro já lançando o chicote. Uma menina de cerca de um metro e meio segura o chicote antes de atingi-la. Cabelos longos até a cintura, lisos e pretos com grandes cachos, Olhos meio roxos, quase um preto. Veste uma blusa vermelha com o símbolo do Homem aranha nela. Uma calça jeans preta e uma sapatilha preta.

Ela sorri.

– Claro que sim. Filha de Afrodite

Puxei o chicote de volta

– E você é...

–Emily. Filha de Dionísio, na mitologia romana é conhecido como Baco.

Como? é brincadeira né?

–Você é o que? Filha de um De- Fechei os olhos e me controlei- Olha, eu passei uma noite difícil e estranha demais para ficar ouvindo piada de criança está bem?

Me viro e ando para fora do galpão.

– Transforma o galho em chicote do nada e não sabe como, "magicamente" flores nascem onde você estava deitada. Lindas flores, não sabe como matou esses dois homens...Imagino, sua noite deve mesmo ter sido bem estranha...

Me viro e a olho.

–Como você ...?

Ela sorri- Já não pareço mais tão criança assim não é? O que houve com a sua perna? Você sabe alguma coisa sobre semi-Deuses?

– Quem é você a final? Como sabe quem eu sou e o que houve comigo?

– Não contesta vai, você tem alguém? Alguém vai te ajudar? Porque pelo que vejo, além de você, só tem mais dois defuntos nesse galpão horrendo. Relaxa vai, podemos pelo menos conversar?

Eu não tenho outra saída. Ela esta certa, é a única pessoa viva além de mim ali. Ja havia matado dois, se desse algo errado, a matava também.

Me arrastei até a porta do galpão. Eu não conhecia aquela garota mas sentia de alguma forma, que ela realmente queria ajudar. Apenas não entendia o porque. Mas de dúvidas e porquês, a minha cabeça estava cheia.

Nos afastamos um pouco do galpão e sentamos na grama. Coloquei meu pé em cima de um tronco e a dor aos poucos tornou-se fraca, quase inexistente...Pude suspirar de alívio.

– Conta sua história.

Eu fiquei calada. Não que eu não quisesse responder, mas é que com aquela pergunta, comecei a pensar qual era realmente a minha história.

–Bom, não quer falar? Eu começo então.

– Me chamo Lu Anne, mas pode me chamar de Lu, todos chamam. Eu fiquei órfã á um ano e meio e na primeira semana só eu fui gravemente ferida por um minotauro. Um monstro grego que-

–Conheço a mitologia grega

disse olhando-a rapidamente.

– Ótimo, assim, adianta meu lado

Ela disse em tom descontraído como se tudo estivesse ás mil maravinhas.

– Eu estava gravemente ferida na bariga-continuou- mas continuada a ser perseguida por aquele monstro. Então achei uma adega. Morrendo de sede e esperando um lugar para me esconder e beber algo: Ali parecia perfeito. Corri para a adaga, a porta não estava aberta então quebrei um vidro e entrei. Bebi uma garrafa de vinho e me sentei no chão. A dona da adega me achou ali e lhe disse que havia sido sequestrada e um homem estava me explorando até que essa noite consegui fugir e como não comia nem bebia nada á dois dias, o único lugar que eu podia me esconder era ali, ai me desculpei e chorei um pouco...

–E ela acreditou nisso?- Era uma mentira muito mal contada para meus ouvidos.

– Eu realmente estava desesperada devido a estar sendo perseguida por um minotauro, minha barriga estava ensanguentada devido ao golpe que levei. Filhos de Dionísio mentem com facilidade. E eu já estava com dor e ferida na realidade, juntando uma coisa a outra, tudo era muito real. O que você queria que eu dissesse ? Tem um monstro do mundo inferior gigante vindo atrás de mim me matar?

– Terminou ai?-perguntei

– Ao beber o vinho percebi que a ferida começou a estancar e a cicatrizar-se. Pedi a mulher um pouco de algodão. Ela fez um curativo, enquanto eu, forçava o sangramento para que ela não desconfia-se. pouco depois de ter feito o curativo, eu o tirei e minha pele estava totalmente normal, sem resquício de sangue ou ferimento. Fiquei muito assustada. Fugi da casa da moça depois de dois dias. Semanas depois meu pai apareceu para mim quando estava envolta a uma fogueira, ao entardecer. Descobri então um pouco da minha história. E cá estou eu.

– História comovente- disse, em tom nada animado.-Mas onde eu entro nisso tudo?

– Conte-me sua história primeiro...

–Lumya

Ela assentiu.

Suspirei. Vamos lá.

–Ok. Bem, órfã á um mês, meus pais foram mortos em uma madrugada de quarta feira por uma hidra. Estávamos na casa de praia. Depois de uma semana que eu estava morando sozinha, tive um surto, acho que foi quando realmente caí na real e percebi que não tinha ninguém, estava realmente só para o resto da vida e que não poderia contar a ninguém sobre a morte dos meus pais pois nunca acreditariam e que talvez eu nunca explica-se as perguntas que me deixavam tonta...Vizinhos ligaram para polícia de Calgary e uma assistente social me tirou dali e tentou conversar comigo, mas eu estava em choque e não queria falar com ninguém. Fiquei por uma semana em um orfanato. Não falava com ninguém e passava o dia todo na biblioteca ou no meu quartinho minusculo do local. Comecei a ler livros e livros de mitologia e me recusava a acreditar em tudo aquilo, me recusava a lembrar daquela noite...

Depois de uma semana eu contei a assistente social da morte dos meus pais-ri sarcasticamente- uma hidra os matou, aquele bicho meio cobra meio dragão que tem sete cabeças. Uma menina de 17 anos falando isso, como iria querer que a assistente social acreditasse em mim? Mas era verdade. Depois disso e de agredir violentamente e verbalmente a assistente social quando ela começou a me pressionar demais e tentar fazer eu falar fatos sobre a morte dos meus pais, fui mandada para uma clínica para adolescentes com distúrbios psicológicos. Duas semanas depois consegui fugir dali e agora estou aqui e o ataque de ontem a noite, feito por esses dois homens, já é o terceiro em um mês. E eles são minhas primeiras vítimas.

– Bom Lumya, você é uma semi-deusa. Notícia ruim, temos que lidar com ataques direto. Sua mãe é Afrodite, por isso nascem flores em todos os locais, manuseia também qualquer tipo de arma e sabe cria-las,pode mudar sua aparência a qualquer momento...

– Como é? Qual é, você...-

– Eu sei que é confuso. Você não vai acreditar plenamente em mim agora, claro. Como toda a sua vida você acreditou em uma coisa e vem alguém e diz algo totalmente diferente e sem sentido agora né? Mas por favor, só tente confiar em mim. não tenho ninguém também. E percebi de cara que você é semi deusa.

Uma a outra? Não existe uma a outra. Mal nos conhecemos. Eu não tenho a nem tenho a ninguém, ela é só...uma desconhecida

– Isso...- me levantei, caindo ao apoiar esquecidamente o pé no chão- isso é tudo um mal entendido.

– Tenta. Você precisa de uma prova né. Fecha os olhos, se concentra e imagina uma roupa. Mas se concentra de verdade. Imagine-se vestida com o que quiser.

Não ia matar não é. Para acabar com isso tudo de uma vez...Fechei os olhos e me concentrei em um vestido azul turquesa, florido, que usei no meu último aniversário, alças trançadas, sapatilha branca, cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo...

Abri os olhos. Não, não era real...Era o mesmo vestido, o mesmo vestido azul turquesa em estampas de flores.

Olhei a garota.

–Eu.- Essa roupa-

Ela pareceu tranquila, ela estava certa.

– Filha de Afrodite então...

Só o que faltava

– Simplesmente aceita. Se um dia você acordar disso tudo e ver que é um sonho, pelo menos foi uma boa aventura. Mas posso te contar uma coisa? Você não acorda. Essa é sua vida agora minha cara Lumya.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.