Depois do ultimo show

Capítulo IV : Passado nem sempre significa que acabou


"Alô?"
"Olívia?"

" sim sou eu, quem gostaria?"

" sou eu Sidney, madrasta do Wen".

" ah! Oi Sidney , tudo bem?"

" na verdade não muito, por isso estou te ligando. "

" algum problema? Wen está bem?"
" fisicamente está sim. Mas psicologicamente nem tanto. Eu queria saber se você poderia f..

" estou indo" cortei-a.

" está bem. Quando chegar explico direiro, obrigada "

Espero que Wen esteja bem e que não tenha feito nenhuma cagada.
- vovó era a Sidney , parece que Wen não está bem. Para ela ter me ligado o assunto é sério.
- oque você está esperando? Vai trocar de roupa eu cuido da louça.
- obrigada vovó. Disse beijando lhe as bochechas.
Corri, tomei um banho rápido.
Coloquei uma calça jeans , tênis e uma regata. Pedalar até a casa do Wen me daria cede. Corri pegar uma garrafa de água. O caminho era meio longo.
- vovó qualquer coisa estou no celular! Estou indo beijos.
- vai com Deus querida! Olivia se estiver tarde não volte embora pedalando está me ouvindo? Ou peça uma carona ou fique por lá, já está escurecendo e essa cidade é um perigo anoite!
- tudo bem vovó. Fique com Deus!

Depois de pedalar uns vinte minutos voando cheguei na casa do Wen. Que estava mais para fazenda do que casa.
Um homem que estava tratando dos cavalos me mandou entrar. Alguém tocava teclado no andar de cima
- olá?
- entre querida! Estou na cozinha. Gritou Sidney de volta.
- licença!

Sidney olhava as panelas enquanto Manuela dava os últimos bocados na comida. Ela parecia ter chorado, seu rostinho angelical estava inchado e vermelho.
- você chegou rápido . Afirmou Manu, forçando um sorriso.
- eu corro bem com a bicicleta. Respondi amigávelmente.
- você deve estar cansada! Tome um copo de suco!- Disse a mãedrasta me entregando um copo.
-Você já jantou? A comida está quentinha!
- não obrigada, acabei de jantar.
Peguei suco na jarra que estava na mesa.
- Manu você já acabou? Preciso conversar com a Olivia.
- já sim, obrigada. Ela saiu de cabeça baixa.
- Olivia , me perdoe por meter você nesse furacão. Mas eu não sei oque fazer! Está ouvindo isso?-
Ela apontou para cima. E contínuou. - Ele está tocando essa música desde ontem! Está errando , voltando do começo e tocando de novo.
- você me chamou aqui por que o Wen está tocando teclado muito mal?-perguntei confusa.
Ela riu sem humor.
- não. Vou explicar. Ontem a mãe dele apareceu aqui. Brigou com meu marido, disse que é inadmissível agente deixar o Wen tocar. Partiu para baixaria, falou que estamos explorando o menino em fim! Uma confusão danada. Aí o Wen chegou, ouviu os absurdos da mãe dele, perdeu o controle, gritou com ela. Mandou ela embora, disse que ela não era mãe dele.
- mas a mãe dele não tinha o abandonado quando ele tinha nove anos?
- para você ver! Do nada ela voltou para infernizar nossa vida! Disse que quer leva-los embora. E que ele era mal exemplo para a irmã! Foi horrível!
Aquela mulher não tem coração.
- e como ele reagiu?
- esse é o problema depois que ela foi embora ele se trancou no quarto. Agente até tem a chave, mas achando melhor respeita-lo. Você sabe como o Wen é. Você é nossa última esperança antes de invadir o quarto dele. Ele está desde ontem sem comer! E tocando essa maldita música! Parou umas duas horas durante a madrugada. Wen nunca reagiu dessa forma. Acho que ele segurou demais a dor dela o abandonar. Agora ela volta dessa forma... Coitado! Estamos tão exaustos que preferimos chamar alguém que ele realmente pudesse ouvir, como foi daquela vez com o meu casamento.
- meu Deus! E como vocês estão? Não deve estar sendo fácil. Ele contou da nossa briga então?!
- não poderíamos estar pior. Ela me. ofendeu de inúmeros nomes, quase agrediu meu marido quando descobriu que ele estava casado e a pequena Manu viu tudo sem dizer uma só palavra coitadinha!- Sidney respondeu aos prantos. Eu pensei a falta que minha mãe fazia e em como Manu e Wen estavam.
- vai ficar tudo bem- respondi afagando suas cabeça que estava debruçada sobre o balcão da cozinha. - vai passar esse desepero. Sabe talvez ela vá embora assim como apareceu do nada. Eu sei que deve estar preocupada com a sua família, mas eles te amam e ninguém vai ocupar o lugar que agora é seu.
Sidney não demorou a parar de chorar. Ela era uma mulher forte e decidida.
– você tem razão. Essa é a MINHA casa e ela não é bem vinda. Está na hora de eu proteger quem eu amo!
– não faça nada que possa se arrepender, tenha calma.
– vou conversar com o meu marido. Pelo menos tentar não é? Ele está arrasado.
– eu vou subir! Se voce não se importa. Aonde fica o quarto dele?
– primeira porta a esquerda. Fique a vontade .
– obrigada.
– Olivia?
–sim.
– obrigada.

Subi devagar. Bati várias vezes sem resposta. Nem a música parou.
Desci as escadas correndo, tinha uma ideia.
– Sidney sem resposta, posso tentar com a chave?
– você tem certeza?
– tenho. Pelo menos não vai sobrar pra você. Cade o pai dele?
– outro que está trançado no escritório! Mal comeu. Está preocupado demais.
– imagino.
Ela me entregou a chave. Bati mais uma vez. Nada. Abri a porta de vagar. Ele estava de costas. Tocando compulsivamente. Ele mais batia no teclado do que tocava. Era uma cena tristissima de ver. Ele parecia em transi. Eu lembrei do meu pai. Ele ficou num estado parecido no dia da morte da minha mãe. Aproximei me. Ele continuava tocando.
– Wen?
Ele não se virou. Ok, Olivia seja forte. Wen precisa de você!
Segurei as mãos dele com força. Ele parou. Virando se para mim. Estava com o rosto todo vermelho e com olheiras roxas.
A hora que ele percebeu que era eu. Me abraçou com força e começou a chorar.
– Olie eu, ela, gritei...
– shiiiu! Não precisa dizer nada! Senta aqui.
Ele chorou por mais umas duas horas, deitado do meu colo. Observei seu quarto. Era lindo! Meio bagunçado, mas lindo! Tinha livros para todos os lados. O quarto era azul e tinha brinquedos antigos. Havia um painel com uma TV. Exista Uma escrivaninha e muitos instrumentos no quarto. Na parede atrás da cama estava um piano pintado da onde saíam notas músicais. Bem a cara do Wen.
Também observei-o. Parecia exausto, como uma criança pequena se encolhia deitado com a cabeça no meu colo. Aquele Ruivinho fazia meu coração se apertar ao velo daquele jeito. Acabei derramando algumas lágrimas também. Com o tempo os soluços cessaram. Até que ele se pronunciou:
– seu cafuné é bom!
Wen sempre me fazendo rir.
– ae? Acho que você está se aproveitando de mim!
– não estou ! Gritou fazendo birra.
Depois de rir. Eu resolvi que estava na hora de ele comer algo.
– que tal você comer alguma coisa?
– não quero! Quero ficar aqui, disse deitando no meu colo novamente. Ele definitivamente parecia uma criança.
– Wen você tem que comer! Sem conversa! Levantei me - eu vou arranjar algo para você , enquanto isso você vai tomar um belo banho. Por que você está horrível! Depois que você comer vamos ter uma conversa seria mocinho!
–sim senhora! Ele se levandou prestando continência. Passou por mim, mas antes que sai se do quarto beijou minha bochecha. Me causando faíscas pelo corpo todo.
Sidney estava na sala, Manu estava no seu colo assistindo filme.
– eai queria? Como ele está?
– melhor! Bem melhor!mas chorou bastante.
– eu imagino. Vocês conversaram?
– não. Nada. Ele foi tomar um banho. Estava com uma cara horrível. Pensei em levar algo para ele comer.
– claro! Eu fiz o prato dele , está no microondas vou pegar.

Wen estava só de shorts quando voltei. Ele parecia não se incomodar com suas faltas de trages, secava o cabelo com a toalha. Era uma cena que eu adoraria ver em outras circunstâncias.
– han han! Wen sua comida.
– Olie não estou com fome. Protestou colocando uma regata branca.
– você precisa se alimentar!
– por favor , eu estou enjoado.
– vai melhorar se comer! Tome um pouco de suco, coma alguns bocados, sim!
Ele se apromixou pegou a bandeja da minha mão e sentou na escrivaninha. Ele sorriu ao olhar para o prato.
– o que foi?
– Sidney fez o meu prato favorito, estrogonofe de carne, e o da Manu também, lasanha de beringela!
– viu! Ela se importa com você! Mas quem em Sã consciência tem como prato preferido lasanha de beringela? Fiz careta.
– é gostosa, experimenta.
– não obrigada. Não sou chegada tanto assim nos legumes.
– larga de ser fresca! Experimenta logo!
Ele pegou um pedaço e me ofereceu. Já estava preparando a careta quando senti o sabor
– e bom! Respondi surpresa . Me dá mais um pedaço. Arranquei o garfo da mão dele.
Ele se alimentou em silêncio. De vez em quando uma lágrima caia de seus olhos. Meu coração doía cada vez mais. Ver um estranho sofrer já me compadecia, imagina o Wen! O meu Wen! Que meu oque ! Olivia pare com isso já!
– vamos conversar agora? Está mais calmo?
– não muito! Disse manhoso.
Como eu nada disse ele continuou.
– ela disse vários absurdos! Ela disse que sou um péssimo exemplo para Manu! Chingou meu pai. Foi horrivel!
– mas porque ela apareceu ?
– ela disse que quer voltar a fazer parte da família, que estava arrependida. E que depois de me ver na TV viu o quanto eramos bons , sentiu saudade. Mas disse que não concordava com meu sucesso, que eramos uma bandinha passageira , que só se pode confiar na família. Que essas bandas adolescentes só serviam para jogar os integrantes nas drogas. Ai eu surtei! Eu mandei ela ir embora, disse que não tinha direito de interferir na nossa vida depois de anos!
– que conversa estranha! Ela do nada sentiu saudade?
– ela é louca! Falou que a Manu precisava de uma mãe! Eu fui mãe e pai dela por anos! Antes da Sidney meu pai trabalhava demais! E ela disse que nada disso importava. Que agora ela estava de volta e ia querer o lugar dela.
Nisso ele voltou a chorar. Eu o abraçei e ficamos ali mas um tempo.
– ela já foi embora Wen, passou.
– por que agora? Olie, depois de tanto tempo...
– não sei Wen, mas vai ficar tudo bem.
Ele voltou a deitar no meu colo, continuava chorando.
Eu liguei a TV. Esperei ele se acalmar. Em pouco tempo ele adormeceu. Estava prestes a sair do quarto quando Sidney entrou.
– ele dormiu. cochichei.
– aí que ótimo! Venha.

Manuela já estava dormindo. Eu e Sidney conversavamos na cozinha quando Adan chegou.
– Olivia queria!
– olá senhor.
– apenas Adam. Agora me diga como está o meu garoto?
– chateado? Bravo? Magoado? Precisando do pai? Respondeu Sidney rapido.
– confuso, revoltado, carente, mas no momento dormindo, senhor. Completei rindo.
– ah! Pelo menos alguém nessa casa continua de bom humor. Ele disse me abraçando. Eles faziam eu me sentir em casa. Mesmo mal os conhecendo.Você já se sentiu dessa forma?
– como você quer bom humor com o mundo caindo nas nossas cabeças?
– não é o mundo amor, se acalme. É apenas a Samanta caindo em nossas cabeças. Temos que nos manter fortes querida. Wen e Manu precisam de nós.
Ela estava com lágrimas nos olhos, logo abraçou o marido.
– porém, contudo, toda via. Nos momentos de crise não exitaremos em ligar no SOS Olivia! não faz ideia de como somos gratos! Minha queria ninguém conseguiu aquetar o Wen tão rápido! Brincou Sidney ainda meio tensa.
– Quando a mãe , corrigindo quando a progenitora dele foi embora, ninguém tirou ele do quarto por três dias! Ele só saiu por que a Manu dormiu na porta. E ele a ouviu chorar, se não, acho que tinha morrido de inanição. Obrigado querida. Relatou Adam, eu estava envergonhada, porém feliz.
– você nunca me contou isso amor.
– foram os piores dias da minha vida! Eu não queria relembrar.
– relembrar o que pai?
Entrou Wen bocejando . Sidney assim que o viu, correu abraça -lo.
– o quanto você era revoltado na préadolescencia. Riu o pai.
– eu revoltado? Você nem lembrava que tinha filhos. Esqueceu agente na escola várias vezes! Eu era o chefe dessa família!
– ok, Fodão!
– já que está tudo bem, eu vou indo.
– vai aonde? Perguntou Sidney
– pra casa?
– "mi casa es tu casa"! Brincou Adam.
– isso mesmo. Já arrumei o quarto de visitas para você! Imagina ir embora essa hora!
– obrigada, é muita gentileza. Mas eu preciso ir.
– Olie por favor!- Choramingou Wen, ele estava usando minha carinha contra mim? Não gostei disso!
– Minha avó, vai passar a noite sozinha e amanhã tem aula ...
– isso não é desculpa, eu levo vocês amanhã. Assim incentiva esse preguiçoso a ir. É o minimo que eu posso fazer por voce domar essa fera ai. Disse o pai.
– e a minha avó? Protestei.
– vou ligar para ela agora mesmo! Sidney saiu correndo antes que eu dissese algo. Adam sorriu para nós, piscou e saiu. Vergonha.
– eles são sempre assim?
– o que ? Estranhos , sorridentes, apaixonados? É são!
– eles estavam preocupados com você, senhor anti social.
– eles superam. - Piscou. -Agora, por favor fica? Eu não quero conversar com eles . tenho certeza que Sidney vai obrigar meu pai a ter uma conversa madura.- Ele sorriu.
– você não pode fugir para sempre.
– eu sei. Mas fica essa noite? Eu sei que estou precipitando as coisas , Que você é só minha amiga, que não tem nada haver com essa confusão toda. Mas, por favor fica?
– Wen você tem certeza? - Com ele falando assim, quem aguenta?
– tenho Olie! Hoje sou eu que estou pedindo para você ficar. - Ele pegou no meu rosto fazendo com que seu rosto fosse meu foco. Céus! Como resistir?
– só se voce assistir um filme bem legal comigo.
– você gosta de filme en!
– si, mucho!
– o que eu não faço pra te ter por perto?!
Só eu senti essa indireta? Corei. Os meus sapatos pareceram tão interessantes naquele momento.
– eu posso encarar esse seu silêncio como um sim?
– é, é um sim.
– ótimo! Ele respondeu me abraçando. Foi repentino, mas não de uma forma desconfortável, me parecia ... Certo?