Os gritos encheram a embarcação, e o Persa se dirigiu a cômoda, tirando de lá um cinto para armas e uma pistola, ele se aproximou da porta e abriu uma fresta, falando:

– Eles estão arrombando as portas das cabines, pegaram as coisas de valor e mulheres, homens serão amarrados. Pegue um lençol, quando ele entrar, jogue o lençol por cima e se houver outros eu darei conta. Depois, somente corra e se esconda.

Christine pegou o lençol e se preparou, quando a porta se abriu com um estrondo, ela jogou o lençol e o daroga deu o tiro, manchando o pano de vermelho, o pirata estava sozinho, o homem remexeu no cadáver, pegando duas armas, e uma adaga, que deu a soprano, dizendo:

– Se tentarem te ferir, se defenda, com isto, sabe atirar?

– Não.

– Está bem, não se preocupe comigo, deve haver outros homens armados no barco, mas piratas são repugnantes e sem escrúpulos, tome cuidado.

A garota saiu correndo, havia pessoas chorando, gritos e tiros, ela dobrou vários corredores, a procura de uma porta, mas deu de cara com um pirata, ela escondeu o punhal atrás de si, e recuou, mas o homem estava armado, apontou a arma para ela, sorriu maliciosamente, e disse:

– Se acalme, beleza, não irei te machucar, venha até o barco comigo, e se me agradar, pode durar mais que 4 meses.

A garota parou, se corresse, iria levar um tiro, o homem levantou as mãos e foi até ela, sorrindo, quando chegou perto, levou uma apunhalada na barriga, a garota tentou tornar o estrago maior puxando o punhal para cima, mas era fraca demais, o pirata tentou disparar, porém a garoto chutou a arma, que disparou sozinha contra a parede, o homem praguejou no chão:

– Vadia maldita, não adianta correr, eles vão te pegar, e EU vou ter o prazer de picar o seu corpo.

Christine pegou a pistola e correu, a arma era pesada, mas ela resistiu, ela viu uma porta fechada, a cozinha, e jogou a arma contra a fechadura, que quebrou, havia várias cozinheiras chorando no chão, a garota entrou e houveram berros, mas ela ignorou-os, pegando uma corda fina e pendurando a pistola, e arrancando um cutelo de um bife, arrancando seu primeiro vestido, ficando apenas com a peça mais simples, ela correu novamente, arfando, e subiu no que seria um buraco na ventilação, ficou ali por um tempo, pensando, enquanto sua mente vagava, sem estar naquele lugar, mas a garota saiu do transe, e parou para ouvir os gritos e tiros, se o barco fosse tomado, do que serviria se esconder, o Persa iria morrer, ela iria ser violentada, Erik mataria outra vez, ela tinha uma arma, agilidade, e a vantagem de estar numa posição boa, por que não sair? Christine se esgueirou para fora do buraco, pegando o cutelo e andando calmamente, mesmo com toda a concentração, ela se assustou quando viu um pirata em pé, acima de uma moça com a roupa rasgada, chorando e implorando piedade, a soprano não teve tempo de pensar, o homem estava de costas, um único golpe e o pescoço dele estava aberto, o homem caiu e a mulher se ajoelhou na frente da soprano, falando:

– Obrigada, muito obrigada, você é um anjo.

– Não precisa de agradecimentos, vá até a cozinha, deixei um vestido lá, tem um buraco na ventilação aqui perto, se esconda lá dentro, não fale ou se mexa.

A garota concordou com a cabeça e correu, para cozinha, já a mulher pegou a pistola do pirata morto e se moveu para a porta que dava para a parte de fora do navio, abrindo apenas uma fresta para olhar o banho de sangue, ela percebeu uma escada que dava para o teto, subiu rapidamente, se esgueirando pela amurada do telhado, ela percebeu um atirador, que ficava no telhado, para atirar de longe, pelas vestes ruins e o cheiro de peixe, era pirata, ela começou a se mover calmamente para o homem, tomando cuidado, um passo em falso, mas alguém a viu, e avisou:

– Atrás de você!

Ela já estava perto, mas o homem se virou com a arma apontada para ela, foi só o tempo do corpo pequeno da garota do coro se jogar sobre ela, tirando o equilíbrio do homem, que caiu com o tronco para fora, mas as pernas presas pelo próprio corpo da soprano, que se levantou para deixar o homem cair, mas aquilo não saiu impune, pois outro pirata subiu no telhado, procurando por ela, Christine se escondeu atrás de uma elevação, mas não estava a salvo, sua única chance? Atirar. Ela olhou para a pistola no “cinto” e pegou-a, sabia que não sabia atirar, sabia que o coice da arma era forte, mas mesmo assim o fez, não acertou o tiro onde queria e ainda machucou o cotovelo no chão, o homem foi atingido de raspão no braço, praguejou e foi até ela, apontou a arma, ela não a sabia o que fazer, pegou a arma, sem balas, o homem apontou a pistola para ela, então houve um tiro, mas foi na direção do pirata, que caiu, morto, a soprano olhou por cima da amurada, e quem havia dado o tiro era o Persa, que estava lá, parado, com uma cara de quem desaprovava totalmente o comportamento da garota, mas correu para combater mais, a garota deu a volta no telhado, e dentro do esconderijo achou um cadáver, era um pirata; mas ela sabia o que fazer, arrastou o cadáver pelo telhado e jogou-o em cima de um pirata, e depois esperou, a luta durou mais 30 minutos, mas no fim, os piratas estavam mortos, com sangue se espalhando pelo convés, ela desceu pela escada e se juntou aos homens na festa, que agradeceram pelos 3 homens que ela matara, mas quem estava sendo bajulado realmente era o persa, que recebeu várias honrarias e elogios, tapas nos ombros e brindes, ele sorria, e quando todo o convés foi limpo, ele mesmo desceu ao pequeno barco dos piratas para tomar posse de alguns tesouros, era humilde, pegou apenas algumas moedas e taças, e presentou Christine com alguns colares e brincos, lindíssimos, brilhantes, a garota agradeceu, mas havia sido difícil, matar pessoas, por mais más que elas fossem, era horroroso, a garota refletiu como Erik conseguiu matar tantos inocentes, sem peso na consciência, mas aquela não era a hora, ela festejou e riu muito voltando para a cama mais leve, também participou do velório dos homens que morreram, rezando pelas almas, e consolando os amigos e viúvas, nem tudo na vida era festa, o cotovelo doía, mas a enfermeira do barco era muito boa e arranjou um bom curativo. A soprano passou horas olhando para o horizonte, perguntando, se matar uma pessoa a ajudaria a entender o Fantasma, mas parecia estar só deixando tudo mais confuso, ela fitou as águas e deitou no convés, dormindo com as estrelas como teto.