O Persa realmente não estava preparado para que a garota saísse tão cedo, ele logo percebeu que não haviam conseguido com que Erik voltasse, mas respeitou a garota e não perguntou nada, somente uma coisa:

– Você quer que eu compre algo?

– Sim.

– O que?

– Absorventes, estou no meu período.

Ele o fez, e Christine passou mais 2 dias sem falar ou sair do quarto, nem comentou quando o homem falou:

– Arranjei uma passagem para daqui uma semana.

A menina continuou indiferente comendo pouco, até que se passaram quatro dias, e ela foi no banheiro e de repente gritou, o daroga correu para o cômodo, e bateu na porta, perguntando:

– Christine, o que aconteceu?

– Nada, apenas derrubei algo, mas não quebrei nada. – Mas dentro do banheiro, a menina estava no chão, os absorventes de pano espalhado, ela apertava a barriga, com lágrimas nos olhos, pois havia se dado conta que sua menstruação não vinha, e não viria, pois tinha um motivo especial para isso, ela estava grávida, e quando se deu conta disso, o desespero tomou conta dela, não sabia o que iria fazer, e Raoul? Deus, se ela não contasse para o Persa estaria perdida, mas como fazer isto, se ela não tinha a coragem, mas depois ela tomou coragem, e no jantar se abriu:

– Persa.

– Oi?

– Preciso te contar algo.

– Pode dizer.

– Bem... Sabe... É... Quando eu estava no palácio, acabei tendo algo, com o, é, o Erik, e agora, eu acho que, eu estou, Deus! EU ESTOU GRÁVIDA. – O daroga não conseguiu esconder a surpresa e largou o garfo, os olhos arregalados:

– Mas, Christine, é, você não parou para pensar se é do Raoul? Vocês não, é, fizeram, antes da viagem? – Ele enrubesceu e a garota também.

– Não, eu fiz as contas, não daria tempo. Mas e agora? Raoul vai voltar daqui a um bom tempo, mesmo que eu fique em casa, minha barriga irá crescer, e se o bebê nascer com a deformação de Erik? Deus, temos de dar um jeito.

– Se acalme, primeiro você tem de voltar ao palácio para falar com Erik e...

– Como? Mazenderã me ameaçou de morte se eu voltasse lá, e nem deixaria você entrar.

– Eu sei alguns atalhos, vamos dar um jeito, e eu trarei Raoul de volta, darei um jeito, eu sei que esses navios cargueiros só ficam esse tempo todo pois os marinheiros enrolam, eu peguei muitas jóias quando os piratas assaltaram o navio, damos algumas para esse capitão, e pedimos para ele falar para Raoul que este tem de voltar o mais rápido possível para o porto para ajudar em alguma coisa, ele volta de trem, eu vou pra Paris, e quando ele voltar para a casa, você vai precisar de ter alguma relação com ele, não se sinta constrangida, você TEM de convencer Erik, então, quando este voltar pra Paris, você vai fingir que o filho é de Raoul, porém, quando este nascer, Erik vai pagar para enrolarem o visconde no porto, você paga o silêncio da parteira, dá o filho a Erik e fala para seu marido que este nasceu morto. Pronto.

– Nossa, é um belo plano, você o inventou rapidamente.

– Obrigada, mas não vamos desperdiçar tempo, hoje te levarei lá.

Logo, o daroga deu a volta no palácio, e apertou alguns tijolos, que se abriram e revelaram outra passagem:

– Escuta Christine, você vai seguir esse corredor até a primeira escada, então você vai subir esta escada, subir a primeira a direita, e continue subindo, depois vire o corredor a esquerda e vai ter um alçapão, ele dá no teto do prédio, vá se arrastando, então você irá subir no prédio a sua frente, desça com cuidado e vá até o outro lado, desça e vai ver a janela de Erik, que é a terceira, empurre a suavemente, mas antes cheque as pessoas dentro do cômodo, quando entrar, tente dialogar com ele, ou se esconda até que ele chegue. – Ele deu um mapa do que a garota devia fazer e olhou em volta, enquanto a soprano seguia as instruções rigorosamente, mas a principal coisa foi subir, ela precisava da corda, e colocar todo o peso em apenas um objeto exigiu força, no fim, ela estava de frente as janelas, a terceira era a de Erik, mas estava emanando uma luz, e Christine se aproximou para ouvir melhor:

– ... Por favor aceite.

– Estou pensando.

– Roya, vamos lá. Só te peço para adiantar nosso casamento, você está magoada por causa do dia do baile?

– Não, mas é porq... – A voz da menina foi interrompida, e então a soprano se aproximou para ver, o Fantasma beijava a prima da sultana, as mãos enterradas no cabelo dela, a menina se afastou da janela e arquejou, ouviu o homem falar para Roya que ela devia considerar e então a porta se fechou, ela olhou de novo e viu o homem deitado na cama, encarando o teto, ela chutou suavemente a janela e entrou, Erik saltou e falou:

– Por que raios você está aqui?

– Shhhh, é sério, me escuta, não tem nada a ver com você ir para a França, mas eu preciso falar.

– Então fale.

– É sobre aquela noite.

– O que tem?

– É... Meu período atrasou e bem, eu acho que estou grávida. – O homem arregalou os olhos.

– Está mentindo.

– Não, é sério, por favor, acredita em mim uma vez, na vida.

– E o que você iria fazer? Provavelmente montar uma família comigo não seria, não é?

– Não, mas... – A soprano explicou o plano do Persa, e no fim Erik falou.

– É um bom plano, sabe, eu o criaria como filho de mãe morta, bem, a mãe dele está morta mesmo.

– Como assim?

– Bem, depois daquela noite, eu pensei bem, e sabe, eu não sinto mais nada por você, eu gostava da garota da ópera, não isso em que você se tornou, mas eu quero muito um filho, então eu aceito, jamais deixaria uma mulher cuidar sozinha de um filho meu. Me dê três dias para ajeitar as coisas aqui e depois eu vou, vá indo na frente, para despistar. – A soprano acenou com a cabeça e voltou por onde veio, o Persa esperava lá embaixo, e sorriu quando ouviu a notícia:

– Ele não mudou em nada.