—Acha que vai ficar bem? – Amenadiel perguntou a uma Eva distraída. Ela olhava a Lux como se fosse a primeira vez ali.

—Acha que ele não vai voltar?

—Dessa vez, eu realmente acho que não. – comentou Amenadiel. – O Luci é cabeça dura, quando põe algo na mente é difícil fazê-lo tirar. E ele jamais se perdoaria se algo acontecesse na Terra por culpa sua novamente.

—Mas a culpa foi minha. – Eva sussurrou.

De repente as luzes da Lux se apagaram. O ambiente ficou mais frio do que o normal e uma silhueta surgiu na janela. Amenadiel se postou a frente de Eva, mas à medida que caminhava para a janela vislumbrou uma silhueta familiar e sorriu.

—Azrael! – ele comentou indo de encontra a irmã. – O que faz aqui?!

—Vim avisá-lo de um grande mal. – ela disse fechando suas asas e entrando. – Eva?

—Oi, Ray Ray! – Eva acenou ainda surpresa.

—O que houve, irmã?

—A mãe, ela está na Cidade Prateada!

Mazikeen andava de um lado a outro no último andar da boate mais badalada de Los Angeles, Linda ninava Charlie em seu colo e Eva bebia um Martini de maçã quando o som do elevador anunciava mais alguém chegando.

—O que houve? – Chloe ajeitou o casaco e se assustou ao ver uma menina de corte engraçado ao lado de Amenadiel.

—É um prazer finalmente conhece-la, Chloe. – Ray Ray apertou a mão da mulher ainda sem entender. – Desculpe, sou a Ray Ray, irmã do Lúcifer e Amenadiel, ou anjo da morte, se preferir. – ela comentou dando de ombros. Chloe colocou a mão na boca, ligeiramente surpresa, mas guardou para fazer maiores perguntas depois. A mensagem de Maze dizia que era um problema sério.

—Chloe, lembra da Charlotte Richards? – começou Amenadiel.

—Claro que sim! Eu não...

—Não, a Charlotte que você salvou no seu caso? Aquela Charlotte, não era a Charlotte que vocês conheceram depois.

—Como assim?

—A Charlotte que andava próxima do Lúcifer, a que julgou a favor do bandido de seu pai, a mulher que te cercou na praia, esta Charlotte, era nossa mãe: a Deusa de toda a criação. – Chloe sentiu vontade de rir, foi instintivo. Estava nervosa e parecia que Amenadiel falava coisa com coisa. Mas ela sabia que eles não a chamariam se não fosse sério.

—Eu estou tentando pegar o raciocínio, mas...

—Seguinte. – cortou Maze. – A poça de sangue que achou no seu caso da Charlotte, era realmente da Charlotte morta. Ela morreu, a deusa fugiu do inferno e entrou no corpo dela a qual o possuiu por alguns meses. Lúcifer, naquele dia no parque, onde tudo ficou estranho e vago para vocês humanos, ele abriu um portal com a adaga de Azrael e a mandou para uma nova criação, onde ela seria a deusa soberana. Desde então, a Charlotte recuperou seu corpo e voltou a sua vida. Ela sabia da verdade porque estava enlouquecendo porque foi para o inferno, por isso largou a advocacia e virou promotora, na chance de se redimir.

—Desde que Lúcifer abriu o portal, não tivemos mais notícias de nossa mãe. – completou Amenadiel antes de Chloe formular mais dúvidas. – Até o momento. – ele indicou então a menina ao canto.

—Ela chegou a Cidade Prateada, exigindo entrar e falar com o Pai. – anunciou Ray Ray. – Os anjos estão bloqueando a passagem, mas ela levou uma pequena legião de seres que ela criou. Está furiosa, como nunca a vi.

—O que ela queria? – perguntou Chloe.

—Diz que quer vingar-se pela sua família. Mas não pude ir até ela ver, o Pai não deixou. Por isso recorri a você, Amenadiel, é o filho favorito. – comentou Ray Ray. – Pensei que pudesse convencê-la.

—A mãe nunca quis me ouvir. – adiantou-se Amenadiel. O celular de Chloe começa a vibrar em seu bolso e levanta ao ver o número de Dan na tela.

—Oi, Dan. – Chloe sussurra se afastando dos demais.

—Chloe, está em casa? Precisa vir a delegacia agora!

—Dan, calma, o que houve?

—É urgente, Chloe. – e desligou. Maze já a encarava suspeita.

—Tem algo errado nisso tudo, eu vou com você, Decker. – Maze vestiu o casaco e as duas saíram juntas.

—E nosso caso? – gritou Ray Ray as duas no elevador.

—Torça para isso não ter nada a ver com a mãe de vocês! – gritou Maze antes das portas se fecharem.

Quando as duas mulheres chegaram na delegacia, se depararam com inúmeros civis agitados circulando nos corredores. Chloe avistou Dan conversando com duas mulheres perto da sala de Ella.

—Iremos checar com o hospital o ocorrido, podem ficar despreocupadas. – disse Dan antes delas concordarem e acompanharem um policial.

—Oi, Dan. – murmurou Chloe.

—O mundo está virando de cabeça para baixo aqui! – informou Dan com as mãos na cintura. – Estão sumindo todos os cadáveres recentes dos hospitais. – Dan mostrou alguns papeis a Chloe e apontou um em específico. – Lembra do caso Chester de ontem?

—Sim, uma bala no peito.

—O corpo, que estava sendo encaminhado ao necrotério, sumiu no meio do caminho!

—Sumiu? – perguntou Maze olhando de forma significativa a Chloe. – Corpos de recém mortos estão sumindo por aí, é isso?

—É, basicamente sim. – Disse Dan relutante, percebendo o quanto isso era esquisito.

—Só um instante, Dan. - Maze puxou Chloe para dentro da sala de Ella.

—Acha que são demônios? – perguntou Chloe assim que a porta foi fechada.

—É claro! Não há outra explicação! – informou Maze

—Mas Lúcifer está no trono, não? Ele proibiu isso. – Chloe coçou a cabeça ficando agitada.

—Sim, ele não permitiria isso... Que agitação é essa lá fora? – questionou Maze vendo pela janela os policiais se aglomerando na escada. – Não pode ser! – ela arregalou os olhos e escancarou a porta quebrando a maçaneta.

Ao pé da escada encontrava-se um homem de cabelos negros e alinhados num terno de grife e sapatos italianos polidos com seu sorriso mais travesso.

—Olá, Detetive! – cumprimentou Lúcifer sorrindo. Chloe sentiu o coração batendo forte contra o peito, a imagem de Lúcifer sorrindo na escada foi-se embaçando até se apagar.

Continua...