Acordei sentindo cócegas, pensando ser uma pluma do travesseiro, mas era só o meu marido mesmo que me acordava com beijos por toda parte superior.

-Bom dia, flor do dia!

-Bom dia – acordei resmungando. Naquela altura, meus hormônios já estavam alterados e eu ia de 1 a 1000 com muita facilidade. Por isso a vontade de socar Eikko. – Você não está atrasado?

-De forma alguma. Tirei o dia pra ficar com a minha esposa e a minha filhotinha – disse dando um beijo em minha barriga.

-Então me deixe dormir pelo menos mais um pouco!

Na altura de minhas 38 semanas de gestação, era raro conseguir dormir e quando conseguia ficar ali por mais horas e horas, porém nunca conseguia.

-Está bem, vou descer para tomar café e direi que quer ficar de preguiça na cama. Deseja alguma coisa?

Sorri. O meu marido era um príncipe (era um rei na verdade).

-Não meu amor, muito obrigada.

Depois que Eikko saiu eu não consegui dormir. Ao invés disso, minhas mãos pairaram em minha barriga e eu comecei a fazer carinho nela.

Eu adorava estar grávida e adorava ter uma companhia vinte e quatro horas por dia, mas não aguentava mais ser tratada como doente e o principal: queria ver logo o rostinho da minha pequena.

De repente enquanto estava distraída vi meu pai sentar em minha cama colocando a mão sobre a minha.

-Você me deu um grande presente, sabia?!

-Eu estou recebendo esse presente também.

-Nunca imaginei que a seleção poderia ser tão incrível. – ele parou por um momento e decidiu continuar – antes de conhecer sua mãe eu achava que acharia uma esposa e pronto. Alguém que eu gostasse e respeitasse... mas eu nunca imaginei que uma seleção entre 35 garotas de toda Illéa pudesse me fazer encontrar a minha alma gêmea. Acho que se sente assim também.

Balancei a cabeça veementemente.

-Sua mãe foi o presente mais incrível que já ganhei em toda minha vida e junto a ela construímos essa família que eu tanto amo e que vocês e seus irmãos estão dando continuidade.

-Sabia que a gravidez nos deixa sensíveis? – perguntei limpando as lágrimas.

-Deixa mesmo. O mais impressionante é que eu acho que gostei disso porque engravidei três vezes. TRÊS! Como foi que deixamos isso acontecer, Maxon? – minha mãe chegou se metendo.

-Não preciso dizer como chegamos a esse ponto. Se gostou tanto assim podemos tentar mais um.

-Nós somos avós. E eu não tenho disposição para esse barrigão todo, também não quero mais ficar com a cama molhada porque a bolsa estourou e não aguentaria passar por mais um parto.

Engraçado, quando minha mãe falou em cama molhada eu acabei sentindo algo úmido embaixo de mim. Provavelmente era impressão.

Minha mãe que estava parada na porta veio e abraçou meu pai, pousando seus braços no ombro dele. Com o movimento uma de suas pulseiras acabou caindo na cama, quando abaixou para pegar a pulseira e seus dedos encostaram no lençol, seu olho arregalou:

-Eadlyn, sua cama está molhada!

-Você é muito desastrada! Desde pequena você não tem muita firmeza na mão e vive derrubando as coisas.

-MAXON! A bolsa da Eadlyn estourou.

-O QUE? – eu e meu pai perguntamos em uníssono.

O nervosismo tomou conta de mim. Minha bebê corria risco de vida?

-O que eu faço America? Meu Deus, o que eu faço?

-Procure por um médico. Eady, levante-se. Nós vamos para a sala de cirurgia.

Meu pai saiu correndo e meio rindo minha mãe falou “nem parece que passou por isso 3 vezes”.

Fomos descendo aos poucos enquanto o liquido ainda escorria. Chegamos à sala de cirurgia e assim que entrei ouvi Eikko correndo e meio desesperado querendo saber se eu estava bem. Coitado, ele estava desesperado.

Ouvi o médico fazendo recomendações aos meus pais. Então me perguntou:

-Gostaria de algo?

-De meu marido aqui. – ele chamou Eikko e então o trabalho de parto começou.

-Não conseguirei fazer parto normal, terá que ser cesária.

Apenas concordei com a cabeça enquanto a anestesista aplicava uma anestesia em mim.

Um ano parecia ter passado, meu marido segurava firme a minha mão durante todo tempo. E então ouvi o choro de um neném, olhei para Eikko que parecia tão em êxtase quanto eu.

-É a nossa pequena?

-É sim meu amor – ele disse me dando um beijo na testa.

O médico me deu a menina, tão frágil, tão pura... quando vi seu rosto o mundo ganhou um novo sentido.

-Seja bem vinda, Kerttu.