Bela pode ser muitas coisas, adjetivo, nome, apelido... Mas o que significa neste caso?

Então tive a brilhante ideia de abrir o baú, uma colega minha já usou um clipe para abrir a porta de casa, mas este cadeado é muito pequeno para um clipe abrir, abri a minha mala e procurei por algo fino, jogando roupas, toalhas, sutiãs para todo o lado a fim de achar o tal objeto... Uma lâmpada se acendeu sobre mim e me surgiu uma ideia, poderia usar um grampo para abrir, eu não uso grampos , mas conheço alguém que use, vovó...

***

Conferi mais uma vez se tinha pegado tudo que precisava, sim vou invadir o quarto da minha avó , a pergunta é por que você não simplesmente pede á ela? Porque se ela perguntar algo e eu não souber responder talvez perca todas as chances de saber o que tem no baú e sempre é divertido viver uma aventura e ir contra as regras.

Caminhei pelo corredor e me agachei perto de sua porta que estava encostada, respirei fundo, se ela acordar o que vou dizer?O que ela vai me dizer? Sem pensar em uma resposta empurrei a porta que imediatamente soltou um rangido um pouco alto,mas vovó felizmente não se moveu e nem emitiu qualquer som.

Deslizei silenciosamente para perto de sua penteadeira levantei meu braço para alcançar a caixinha de grampos, porém ouvi uma voz.

– Bela, Bela seu tesouro está seguro comigo – vovó falou, então ela conhecia muito bem essa tal de Bela. – Eu sei, eu sei, o baú está no quarto de Maia, e a chave está muito bem guardada – ela falava como se estivesse no telefone.

– Ele está com proteções. – ele? Quem é ele? Ou vovó esta ficando doida, ou ela está tendo um bom sonho com uma velha amiga... Me apressei a pegar um grampo na caixinha desejando sair lá rápido antes que ela perceba.

Sem querer cai em cima de uma caixa, fazendo um enorme estrondo e um gemido de dor escapou pela minha boca, fazendo minha avó acordar em um pulo.

– Maia! O que está fazendo aqui? Está tudo bem ? – vovó perguntou, escondi o grampo no bolso da calça e tentei formular uma resposta boa em pouco tempo.

– Eu... eu... vim ver como estava e cai nessa caixa, você estava roncando demais. falei fechando os olhos com força, tentando acreditar que ela acreditaria em minha reposta.

– Oh Maia, vamos levante-se, eu levarei você para seu quarto – Por um primeiro momento resolvi aceitar a ajuda, mas lembrei que minha mala estava jogada no meio do quarto com as roupas espalhadas a seu redor e o baú estava em cima da minha cama.

– Não, está tudo bem eu consigo ir, você pode fazer um lanche pra mim? – perguntei, fazendo esforço para me levantar.

– Sim querida, já já levo o lanche no seu quarto. – ela disse saindo do quarto, eu me levantei e me dirigi ao meu.

Joguei minhas roupas em minha mala e coloquei o baú debaixo da minha cama, como estava antes. Deitei na cama e fiquei esperando ela aparecer.

Vovó deixou o lanche e saiu dizendo que iria tomar banho, essa era minha deixa, peguei o baú e o grampo, que tinha conseguido junto com o tornozelo machucado. E então eu consegui abrir o baú, o cadeado enferrujado finalmente se soltou caindo em minha mão como pássaros descansam em galhos. E olhando para dentro daquilo não entendi porque ele estava fechado,não havia nada dentro dele, e muitas duvidas cresceram em minha mente, mas elas não puderam ser esclarecidas pois barulho alto de um corvo soou pela janela , tirando toda minha atenção.

Vi que suas garras estavam prontas para me atacar, tentei correr ,mas fui pega por uma ventania vindo do baú não sabia o que era aquilo, não sabia o que estava acontecendo, tentei me proteger dos corvos que entravam em grande quantia pela janela, não havia mais chances teria que chamar a minha avó, se ela conhecia esta Bela , ela deve conhecer como podemos tirar todos esses corvos daqui e fechar o baú.

Antes que eu a chamasse ela apareceu na porta segurando um pó azul na mão direita e uma chave na esquerda, ela me deu a mão me tirando de perto do baú então corri para trás dela, então jogando o pó os corvos sumiram, fiquei impressionada com tudo aquilo , guardei em minha memória esta lembrança , e falei pra mim mesma nunca duvidar de minha avó.

Para estragar a minha felicidade um outro corvo , maior que os outros entrou pela janela, vovó não tinha mais pó, ele voou para perto de mim ,se agarrou em minha jaqueta me empurrando para dentro das profundezas do baú.

– Maia ! - ouvi vovó gritando, e vi que ela corria para o baú e juntos atravessamos o que quer que fosse aquilo, talvez um portal, ou um... Bem, não faço a minima ideia, a unica coisa que quero é voltar no tempo e ficar perto da minha avó, segura, em casa.