Dentro do Espelho

Num Universo Alternativo


– Geração perdida, geração hipócrita. – Disse Tony.
– Você nunca amou, Tony? – Perguntei com um tanto de malicia.
– Sinceramente? Não. – Respondeu ele – O amor é um sentimento tão nojento. Você sofre por amor, chora por amor, sente dor por amor. Uma mulher dá a luz a uma criança e sem nem ao menos ver seu rosto já a ama. Pessoas dão a vida por esse maldito sentimento. E afinal, o filho de Deus não desfaleceu por ele?
– Ah, Tony, você é tão patético às vezes. – Respondi, estava colocando graça na situação – Amor é algo tão bom. Quando você fala com a pessoa sente borboletas no estomago. Ele faz com que um risco se torne uma obra de arte e um borrão vire uma cor. Amar dói, ah, dói... Mas às vezes a dor é necessária, meu caro Sr. Gottes.
– Ah , Srta. Delavigne? Diga isso a Van Gogh que cortou sua orelha por amor.
– Diga isso a Van Gogh, que criou várias obras de arte por amor. – Respondi, colocando minha cabeça em seu ombro.
– No começo de um relacionamento é tudo lindo, tudo perfeito. “Ah, o amor. Podemos viver de amor”, daí você percebe que as contas não são pagas com amor e seus filhos não se alimentam de amor. O amor não pode te levar á um emprego digno e também não pode te deixar vivo. – Disse ele.
Suspirei, inspirei.
– Ton... Você realmente acha que há esperança pra essa geração?
Ele fitou-me, quase como um animal. Seu olho direito sendo obstruído pela franja e um sorriso infantil no rosto.
– Quem sabe. Talvez com um pouco de amor possamos mudar o mundo. – Ele diz, me beijando.