Enquanto caminhava em direção a escola, com a cabeça baixa e ouvindo suas musicas favoritas no fone de ouvido, Larissa ia pensando como conseguiu chegar ate aonde chegou, apesar de ter apenas 17 anos. Como ainda não morreu pelas loucuras que fazia? Nem ela sabia. Mas tudo nessa vida tem um motivo, nada vai alem do que não é planejado. Lembranças de sua infância invadiam sua mente dia após dia. A ultima lembrança foi o motivo de seu corte no pulso.

“ Era primavera, a família Souza aproveitou que era feriado e resolveu fazer um churrasco em família. Larissa estava em seu quarto terminando de se arrumar. Enquanto terminava de amarrar o laço em seus cabelos delicados, passou um leve batom em seus lábios. Com apenas 6 anos já amava se arrumar. Ouve alguém entrar no quarto e olha sua mãe vindo em sua direção.

_ Vamos filha, vou trancar o quarto para as crianças não entrarem aqui. – a pequena garota olhou para a mãe e acenou em sinal positivo. Ao saírem do quarto o barulho da família reunida invadiu os ouvidos de Larissa, que se sentiu animada com a música que vinha aumentando de volume conforme iam se aproximando do local onde estavam todos. A dança sempre fora sua paixão, principalmente quando todos a olhava dançar.

_Olha que mocinha linda é essa que vem vindo? – Larissa abriu um sorriso ao avistar sua tia. Pra ela sua tia Carla era tudo. Durante toda a festa todos bebiam, riam, conversavam e comiam. Larissa estava na companhia de seus primos. Uma coisa que ela sempre percebia era que nunca conseguia ter o mesmo tipo de assunto que eles, nas brincadeiras todos se divertiam menos ela, porque ela nunca via a tal graça em tudo, mas para não ficar sozinha nem deslocada brincava junto. Quando o cansaço chegava, ela corria para o colo da mãe. Durante todo o tempo que ficava ouvindo as conversas dos adultos, as vezes queria dizer algo, ou apenas conversar também com sua mãe, mas sempre era ignorada. Ela via seus primos conversarem com seus pais e eles sempre deram atenção, mas com ela parecia ser diferente. Parecia que era invisível. E isso a fazia se sentir triste. Logo a festa terminou, todos foram embora. Já estava anoitecendo, seu pai estava no quarto sentado comendo um pão. Larissa viu sua mãe entrar no banheiro, então foi ate o pai para pedir um abraço. Quando se aproximou e deu um abraço no pai ela se assustou.

_Para Larissa, sai daqui. – ele disse com um tom de nervoso na voz. Os olhos da garota se encheram de lagrimas, mas sempre teve vergonha de chorar na frente das pessoas, então saiu meio de fininho e deitou-se na cama ate adormecer.”

Logo Larissa avistou a escola, enxugou os olhos levemente marejados e verificou se suas cicatrizes no pulso, cobertas por um munhequeira, não estava aparecendo. Respirou fundo e adentrou o portão do colégio.

Enquanto caminhava, observava todos os alunos com seus amigos, rindo, conversando, contando como foi o fim de semana. Logo avistou outro grupo, um grupo ao qual ela pertencia ,viu seus amigos, e seu amor mais secreto do mundo.

_Ola Mcfly. – ela abriu um sorriso ao cumprimentar os garotos. Mcfly era o nome da banda dos quatro garotos que haviam virado a vida de Larissa, eles não eram famosos, mas eram felizes no que faziam. Tom, era o mais fofo e mais romântico da turma, Danny fofo também, mas um pouco mais idiota, Harry era o mais briguento e encrenqueiro e por ultimo o garoto que a fazia suspirar e também chorar Dougie, o garoto de seus sonhos.

_ Oi Lah. – Tom veio em sua direção lhe dando um abraço. _ Aih garota, como você esta? Não te vi na festa sábado, achei que tinha acontecido alguma coisa, só não fui à sua casa porque tenho medo de seu pai. – assim que disse deu uma super risada que também a fez rir. _ É que eu estava com um pouco de dor de cabeça. – foi a única desculpa que conseguiu dar, já que sábado ela estava ocupada se cortando em seu banheiro após uma briga com seu pai.

_ Ah tudo bem, bom galera vamos indo. – enquanto Tom caminhava os outros garotos iam dando um abraço em Larissa. Ate chegar a vez de Dougie, ele se aproximou meio sem graça e deu apenas um sorriso acenando com a cabeça e seguindo os outros. Larissa se esforçou para sorrir também, mas logo que ele se afastou uma dor invadiu seu peito.

Antes de se conhecerem, Dougie e Larissa namoravam pela internet. Ele era o maior refugio que ela poderia ter, mas depois de um tempo a banda se afastou das redes sociais e ficaram um tempo sem se falar. Um ano depois, seus pais decidiram mudar de cidade por motivos de trabalho, forçando a garota deixar sua vida e seus amigos indo para uma cidade desconhecida. A sorte foi que a cidade para qual se mudou foi a cidade dos garotos. E nisso se tornou uma amizade muito intensa. Quando Larissa chegou a cidade Dougie estava namorando, e isso acabou abalando a amizade deles. Hoje em dia ele não esta mais namorando, mas também não são grandes amigos como o resto da banda. São apenas conhecidos.

_Somos apenas conhecidos. – essas palavras saíram da boca de Larissa como um sussurro, tentando segurar as lagrima que teimavam em descer. Havia dito aos garotos que se encontrava com eles na sala de aula, já que precisava dar uma passadinha no banheiro. Enquanto se olhava no espelho, sem maquiagem alguma, somente os vermelhos naturais dos lábios e os olhos inchados de tanto segurar o choro. _ Por quanto tempo vou sofrer por você Dougie? – novamente essas palavras saíram como um sussurro. Após lavar o rosto respirou fundo e foi a caminho da aula.