Demigods Avengers

{Arco Gênesis} Capítulo Um – Reviravoltas inesperadas


Ásgarðr, Castelo de Odin – Horário: madrugada, às 00h00min A.M

Loki encontrava-se descansando em sua recamara quando sentiu um formigamento percorrer seu corpo e então, como se uma descarga elétrica o tivesse atingido, ele ergueu-se abruptamente de seu dossel olhando ao redor freneticamente. O homem passou as mãos por seu cabelo frustrado, antes de se levantar em busca de seu robe de seda negra, e decidiu dar uma olhada em Bifrost. Para ter certeza de que o portal não havia sido aberto por acidente por algum dos generais do exército que ficaram em reunião com Odin como Sif já havia feito antes.

Então, praguejando contra divindades bêbadas que não respeitam o sono de outros, ele foi procurar a origem da comoção. Seus passos ecoavam pelos corredores dourados do palácio, conforme se aproximava do portal, o pulso de magia aumentava cada vez mais. Loki suspirou enquanto pensava em sua mãe, Frigga, que seria a única acordada pelo problema de insônia o que tornava sua saúde ainda mais debilitada. Por fim, chegou às portas de ferro dourado retorcidos criando figuras de flores.

Trajando um conjunto de armadura e uma trompa presa em seu cinto, um homem loiro de olhos cinzentos, de porte físico grande e expressão severa, surgiu e fechou a porta atrás de si. Antes de encarar friamente aquele que procurava pela passagem entre os mundos em um horário suspeito. Era Heimdallr, o deus guardião do portal Bifrost.

―Heimdallr, eu preciso pedir-lhe para fazer o favor de checar a passagem da Ponte para mim. ―Loki pediu fazendo o deus guardião olhá-lo com desconfiança enquanto discretamente erguia Gjallarhorn*.

Percebendo a postura defensiva de Heimdallr, Loki suspirou cansado e decidiu explicar o porquê de seu súbito pedido, ainda mais quando era a essa hora da madrugada. Ele mesmo tinha que admitir que também teria ficado desconfiado. Afinal, se havia um perigo se aproximando, Heimdallr é o primeiro a dar o sinal já que esse é o seu dever.

―Eu tive um pressentimento estranho, que me despertou de meu descanso, e vim para ter certeza de que o portal está fechado, Heimdallr. ―ele explicou calmamente, recebendo um erguer de sobrancelhas.

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―Loki, você sabe me dizer do que o universo é formado?―Frigga perguntou com um sorriso amável acariciando a cabeça do menino de cabelos escuros, que acenou em negação timidamente. ―Você sabe como funcionam os nossos poderes, certo?

Ele acenou que sim profusamente enquanto a mulher ria suavemente antes de começar a explicar sobre a magia e seus vários ramos, além de demonstrar algumas magias básicas.

―O universo é formado por energias. Energias poderosas que formam os indivíduos como nós, deuses. Mas, eu e você somos ainda mais especiais, somos seres dotados de um sentido “extra” por sermos usuários de magia. ―ela disse olhando para o menino, que estava concentrado em manter o controle sobre a água levitando em suas mãos. ―Então, nem todas as magias podem vir conscientemente.

―O quê?―ele perguntou confuso tirando o foco da água e ela caiu sobre seu colo, molhando suas calças.

―Isso quer dizer que nem sempre só a concentração e foco fazem a magia acontecer, meu amor. ―ela explicou pacientemente esperando pela resposta de Loki.

―Então é possível fazer magia dormindo, mamãe?―ele perguntou com seus olhos verde-esmeralda brilhando em excitação enquanto focava sua atenção em sua mãe.

―Sim, querido. Na verdade, quando dormimos a nossa energia se expande e se projeta para fora de nosso corpo, principalmente, na sua idade. Quando estamos em sintonia com nosso elemento, nós podemos sentir com nosso corpo físico coisas, que usam de nosso elemento, que estão acontecendo em lugares bem distantes. Quanto mais poderoso você for, mais longe você poderá ir; e nós sempre somos chamados em lugares que precisam de nós.

―O que é projetar, mamãe?E como eu faço isso?―ele perguntou curioso e, ao mesmo tempo, esperançoso de dominar esse poder. ―Se eu dominar esse poder, você acha que o papai vai me amar também?Digo, como ele ama o Thor. ―seu tom adquiriu uma certa melancolia ao falar disso.

―A energia simplesmente sai. Você vai dominar quando for um maior. ―então, seu olhar recaiu sobre Loki, que havia abaixado a cabeça e seus ombros caíram ao ouvi-la. ―Odin te ama, Loki. Ele só não sabe expressar direito.

―Ele não me ama, senão, prestaria atenção em mim quando eu falo com ele, mamãe. ―Loki retrucou tristemente enquanto desviava o olhar.

Era óbvio que isso o incomodava e Frigga não queria fazer-lhe pensar em coisas que o tornassem triste, por isso mudou de assunto rapidamente.

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―Loki é só um pressentimento seu, eu não senti nenhum sinal de perigo em nossos muros. ―Heimdallr rebateu sua explicação, mas isso não serviu para acalmar as preocupações de Loki. ―Se estivéssemos sob alguma ameaça, Odin teria me avisado.

―Eu não senti uma ameaça especificamente, Heimdallr, mas era uma energia poderosa que conseguiu desestabilizar as energias cósmicas, de forma, a atingir-me aqui. Eu conheço o meu domínio, minha força provém do desconexo.

―Tudo bem, Loki. Eu irei dar uma olhada. ―ele disse enquanto dava de ombros e se encaminhou para dentro da sala novamente.

Loki esperou, com certa impaciência, que Heimdallr voltasse e ele sentiu o pulso novamente. O guardião abriu as portas novamente e saiu.

―Não tem nada de errado no portal, Loki. A passagem está seguramente fechada. ―ele disse em claro tom de ‘eu-te-avisei’ e Loki agradeceu enquanto saia do local pensativo.

Ele tentava pensar em possíveis causas não relacionadas ao portal. Uma coisa ele sabia, é que o que quer que estivesse causando esse distúrbio era poderoso, muito poderoso. Não eram muitas coisas que o despertavam de seu descanso com facilidade. Loki retornou para sua suíte máster e foi direto ao espelho de corpo inteiro.

― Sýna þér dauðlega heim fyrir mér, að orkan leiða mig til miðju óreiðu hennar. (Revele-se mundo mortal diante de mim, que a Energia guie-me para o centro de seu caos.)―ele recitou e foi rodeado por um brilho dourado sendo seguido pelo espelho.

Uma imagem surgiu no espelho e Loki aproximou-se para olhar melhor a cena. Era uma pessoa, ou melhor, um jovem rapaz de no máximo 17 anos. Ele estava ajoelhado no chão socando a areia da praia, furioso. Loki não conseguia ver direito sua expressão até que ele ergueu-se do chão lentamente e mostrou seu rosto para o espelho. Sua expressão era sombria e ressentida com as bochechas manchadas por lágrimas secas. As ondas da praia, onde ele estava, quebravam violentamente ao chocar-se com força contra as rochas e alguns raios caiam sobre o oceano. Era incrível, somente esse pequeno mortal era a fonte do distúrbio que havia despertado-lhe. Loki sorriu malicioso enquanto pensava no quanto aquilo poderia ser precioso... Nas mãos certas, é claro.

―Caro amigo, nós nos encontraremos em breve. ―ele disse com uma expressão quase predatória e maliciosa. ―Isso, eu tenho certeza. návígi(Feche-se)

Τάρταρος, Profundezas – Horário: madrugada, às 03h14min A.M

Kronos praguejou contra os corpos mortais pela quinquagésima vez desde que despertou de seu intervalo na guarita, o pouco de sono que havia conseguido não lhe dava a sensação de descanso suficiente para se proteger dos outros monstros e criaturas que habitavam nas profundezas. Haviam inimigos dele presos ali também, o único elo comum entre todos os prisioneiros do lugar era o ódio a todos os Olimpianos. Então, o som de um tornado, que se aproximava, o tirou de seus pensamentos.

Ele se preparou mentalmente para a dor, uma coisa que descobriu sentir após ter batido no Flegetonte, o rio de fogo que cercava o lugar, enquanto descia às profundezas do Tártaro. Kronos ainda possuía as marcas das queimaduras por todo corpo. Sabendo do perigo que se aproximava, ele pegou o único pedaço de seu objeto de poder, sua foice, que havia conseguido encontrar nesse labirinto de escuridão e tormento, que é tão inconstante quanto o oceano, e o cravou no chão com toda sua força e o manteve firmemente preso a si enquanto se deitava no chão. Kronos praguejou novamente e jurou se vingar do PRINCIPAL responsável por sua estadia nesse buraco do inferno.

Vingança. Essa era a única coisa que matinha ele firmemente tentando sobreviver nesse lugar. Sem dormir; sem comida; sem arma e preso em um corpo mortal sofrendo com o calor excessivo. A probabilidade de que ele sobrevivesse no Tártaro era praticamente improvável. Os ventos do tornado continuavam fortes carregando e, ao mesmo tempo, destruindo tudo que encontravam. A terra barrosa vermelha e ardente começou a subir, forçando-o a ter que fechar os olhos para não danificar sua visão, queimando a pele já danificada enquanto ele agarrava sua lâmina o mais forte que podia, sentindo o sangue escorrer de sua mão.

A queimação em seus braços e rosto aumentou enquanto ele mordia os lábios com força descomunal para não gritar de dor, sentindo o gosto metálico de sangue. Parecia que seu tormento estava prestes a acabar enquanto vento passava por ele. Quando abriu seus olhos novamente, viu os cortes e mais queimaduras que a areia havia causado, os ferimentos estavam em carne viva e sangue jorrava em alguns pontos. O tornado havia destruído seu abrigo e ele precisava sair o mais depressa do local antes que Tânato aparecesse para reconstruir as rochas nesse penhasco; se ele fosse descoberto, Tisífone estaria o aguardando com um chicote espinhoso e um balde cheio de “água” do Flegetonte.

Com um esforço sobre-humano, ele conseguiu erguer-se do chão enquanto ignorava a dor lancinante que percorria seus músculos ao tentar andar. Então o som de passos pesados se aproximando de onde estava. Kronos arregalou os olhos enquanto obrigava seu corpo a caminhar mais rápido, ele já não possuía a energia necessária para correr, quando ele sentiu suas pernas fraquejarem e então, caiu no chão sem a menor cerimônia. Ele fechou seus olhos, simulando estar inconsciente.

―Tsk...tsk...tsk. O que fizeram com você?

Era uma voz definitivamente feminina. Kronos resistiu à vontade de abrir um dos olhos e descobrir quem é a pessoa que está falando com ele. Subitamente, ele sentiu o toque dela e seu corpo inteiro travou, tornando-se tão rígido quanto uma pedra. Ela estava acariciando sua cabeça, como se tentasse acalmá-lo. Kronos não era acostumado a toques, principalmente, os carinhosos e não sabia o que fazer.

―Sei que está consciente, Kronos. ―ela disse friamente e puxou parte do cabelo dele com força, fazendo-o gemer de dor. ―Desculpe, mas você precisa abrir seus olhos e beber isso. É ambrosia, vai te ajudar a acelerar seu processo de cura.

Ele estava esperando ser somente alguma alucinação bem forte provocada pela fome e pela perda de sangue por ferimentos, ou talvez até mesmo o calor incessante que o estava enlouquecendo. Então abriu seus olhos dourados lentamente, encontrando-se cara a cara com uma mulher.

Ela estava sozinha, o que era estranho, porque Kronos ouviu passos que pertenceriam a, pelo menos, duas pessoas. A mulher vestia um manto verde floresta com detalhes em ouro e branco brilhando conforme ela movimentava, seu cabelo era escuro como a cor do solo cultivado emoldurando um belo rosto e seus exóticos olhos verde e negro. Ele analisou-a bem, tentando descobrir quem era ela, sem sucesso.

―Quem é você?Por que está me ajudando? ―perguntou desconfiado enquanto a olhava de maneira petulante e então acrescentou receoso ao ver o frasco na mão dela: ―Se estiver me ajudando.

―O titã Kronos, o grandioso senhor do tempo, reduzido a um corpo fraco e terrivelmente ferido. Caçado como um animal selvagem até mesmo entre os que estão no Tártaro, todos se aproveitando do seu estado debilitado.

Seu tom era de admiração e tinha uma pontada de carinho escondida também enquanto o fazia beber o conteúdo do frasco. Kronos sentiu uma sensação de déjà vu* ao ouvi-la falar consigo com tanta familiaridade. Como se já tivessem se conhecido antes. Mas, sua memória já não era mais a mesma desde que ficou preso a esse corpo.

―Você realmente não se lembra de mim, meu amor? ―ela perguntou chocada enquanto o encarava com a sobrancelha erguida. ―Estou terrivelmente magoada com isso, Kronos. Faz tantos séculos assim?

Foi como acender o fósforo sobre um monte de palha. Ele lembrou-se dela. Era Gaia. Era sua mãe, a única que sempre o protegeu e favoreceu desde que nascera. Fazia milênios desde a última vez que a viu, na verdade, desde que tinha se juntado com Réia. Sua mãe nunca aprovou essa relação e, infelizmente, milênios mais tarde, Kronos percebeu que ela estava certa.

―Mãe?―ele perguntou esperançoso enquanto erguia a cabeça para olhá-la novamente. ―É... É você mesmo?

―Sou eu, querido. ―ela respondeu sorrindo gentil e voltou a acariciar a cabeça dele.

―Você veio me tirar daqui?

―Eu vou te tirar daqui, mas primeiro, precisamos focar em cuidar do seu corpo. ―ela explicou enquanto o ajudava a levantar. ―Seu corpo ainda não está preparado para que possamos sair, por enquanto, o fato de estar no Tártaro é a única coisa que mantém o seu corpo ativo. Se sairmos agora, quando estivermos na Terra, você irá sangrar até a “morte” e perderemos um corpo físico em bom estado para você.

Ela conseguiu levá-lo até uma das cavernas, cuja, passagem havia sido fechada pelo tornado. Demorou um pouco mais por Kronos ainda estar mancando. Gaia tirou as rochas da entrada e após ambos entrarem, ela bloqueou novamente a passagem.

―Kronos, preciso que seja sincero comigo: você tentou achar uma saída sozinho?Você procurou por uma lógica nesse lugar enquanto esteve preso?―ela perguntou preocupada.

―Sim. ―Kronos confessou abaixando a cabeça, envergonhado, sentindo-se estúpido pelo que fez. ―Eu não tive escolha, mãe. Eles sempre me achavam, eu tinha que tentar achar um jeito de desviar deles!

Nesse momento, Gaia quis assassinar os Olimpianos com suas próprias mãos pelo que fizeram seu filho fazer. Tentar achar a lógica do Tártaro é praticamente um convite a insanidade e, por isso, que ninguém havia conseguido escapar desse lugar sem ajuda externa. Todos os que tentaram isso, foram enlouquecendo lentamente a um ponto de não reconhecerem a si mesmos e finalmente, serem capturados por Tisífone, onde passariam milênios sofrendo nas mãos da vigia que nunca dorme. O Tártaro permanece sendo destruído e reconstruído a cada cinco minutos, mudando suas várias seções dele nunca repetindo um padrão. Essas seções são como degraus de uma escada

A cada mudança, pode descer ainda mais nas profundezas ou subir para mais próximo do mundo mortal, mas nunca perto o bastante para escapar e sempre com monstros protegendo as entradas, de forma, a ter as armas dos prisioneiros destruídas e seus corpos terrivelmente fatiados ou mutilados.

―Você arriscou sua sanidade nisso, Kronos!―ela o repreendeu enquanto o encarava em sua melhor expressão reprovadora. ―Mas eu vou te ajudar a ter sua vingança contra ... Qual o nome dele?

―Perseu. Perseu Jackson. ―ele respondeu, praticamente, rosnando com ódio sua resposta.

―Então, eu devo avisá-lo que os Olimpianos estão facilitando as coisas para a gente, meu querido. ―Gaia disse maliciosamente e confundindo seu filho.

―O que quer dizer com isso, mãe?

―Soube de um possível atrito envolvendo os Olimpianos e esse Perseu Jackson.

―Como você sabe disso?―perguntou arregalando os olhos em surpresa enquanto encarava sua mãe, quase boquiaberto.

―Isso não é importante agora, o que é essencial nesse momento é que você terá sua vingança, querido. ―respondeu sorrindo com a mão acariciando seu rosto.

Os dois riram maleficamente, então Kronos ganhou um brilho maníaco e diabólico ao dizer:

―Perseu Jackson irá cair e quando isso acontecer, eu irei ter o maior prazer em destruir tudo aquilo que ele preza diante de seus olhos enquanto assiste impotente a destruição.