Demigods Avengers

{Arco Gênesis} Capítulo Doze – Sobre cartas e traições [Thalia]


Acampamento Meio-Sangue, Long Island – Horário: tarde, às 14h30min P.M

“Querida Flor de Lírio, vulgo, Lily

Em primeiro lugar, peço-te perdão antecipadamente pela decepção que sentirá ao ler o que irei escrever a seguir. Eu dei uma surra num campista, meu meio-irmão pra ser mais específico, o deixei quase inconsciente pelas pancadas e quase matei outros campistas acidentalmente, além de ter provocado a destruição de algumas cabanas também, de forma acidental. Foi um descuido meu com a força dos meus poderes, eu subestimei os meus dons. Sei que agi negligentemente, contudo, não pense que não houve consequências por causa disso, pois, houve. Entretanto, sou homem o suficiente para admitir meus erros e encará-los de frente. Eu fui exilado por tempo indeterminado e considero um castigo justo, até mesmo leve, de certa forma, para minhas ações inconsequentes.

Não se preocupe em terminar de ler esta carta de uma vez, pois, imagino o choque que deva estar sentindo ao ler essas palavras. E se, ao invés de queimar esta carta e cortar laços comigo, quiser continuar a leitura para tentar entender meus motivos, já me considerarei eternamente afortunado por isso. Eu não irei julgá-la em nenhuma das duas opções. A decisão é sua, Lily.

Ouvi o som de passos ecoando na entrada da caverna, então guardei rapidamente a carta no bolso interno da jaqueta de couro e me virei para ver quem se aproximava. Só que consegui ler até o segundo parágrafo da carta, porém, eu já tinha uma certeza. A que eu ia descobrir exatamente o que aconteceu com meu menino de olhos verdes.

Era Taylor. Ela se aproximava com uma expressão azeda, mas, ao ver meu rosto, que devia estar pálido com as notícias bombásticas que recebi, sua face passou a mostrar preocupação.

―O que aconteceu, amiga?Você está branca como cera.

―Não sei, Tay. Mas, eu vou descobrir direitinho o que aconteceu. ―retruquei decididamente séria, Tay estreitou os olhos e franziu cenho, tentando entender minha atitude. ―Juro que te explico depois que compreender uma coisa e, sim, o Percy está envolvido nisso. Eu só ainda não entendi como.

―Você conseguiu notícias dele?Ele está bem?O Percy se feriu em alguma missão?Vai voltar logo?E o Nico?Estava com ele?Também se feriu?―perguntou tudo de maneira rápida e em um único fôlego quase não consegui entender o que ela estava falando por causa da velocidade.

―Calma, Tay. Respira e fala devagar. ― pedi pacientemente a minha amiga, que parecia ter entrado no modo vitrola. ―Eu não sei exatamente a situação, mas, ocorreu um incidente envolvendo o Percy, o meio-irmão do Percy – o cara que estava com a Annie mais cedo, acredito eu – e que acabou afetando alguns outros campistas. Nós já sabemos que o nome do meu menino de olhos verdes é praticamente tabu aqui, talvez esse incidente seja a chave de tudo isso e é o que vamos investigar.

Taylor ouviu atentamente tudo que eu disse, inclusive sorriu maliciosamente quando eu disse “meu menino de olhos verdes”, entretanto, não comentou nada – por mais que sua expressão marota mostrasse o que devia estar passando por sua mente – e esperou eu terminar de fala para perguntar curiosa:

―Mas, como você sabe disso tudo Lily?

―Ele me deixou uma carta, Tay. ― os olhos azuis dela brilharam cheios de expectativa, mas, rapidamente eu “cortei o barato” dela. ―Porém, não havia nenhuma declaração de amor eterno dele nela, Tay. E você vai me ajudar nessa investigação, né?

―Eu acreditava quando diziam que homens são lerdos, mas, cacete, Jesus se superou quando criou o Percy. ―Taylor reclamou furiosa enquanto fazia bico e franzia o cenho, irritada. ―Caralho, ele tem o que no lugar do cérebro?Esponja?E é claro que eu vou te ajudar, Lily. Até parece que eu vou perder um bom barraco, digo, aventura contigo. ―disse com um sorriso angelical fazendo-me rir porque era exatamente por causa das confusões, que tem o estranho hábito de me seguirem, que ela quis ser minha amiga.

―Continuando, eu ainda não terminei de lê-la. ― disse ignorando o rompante irritado de minha amiga, que logo se tornou esperançoso ao saber que não tinha terminado de ler a carta. ―Mas, eu queria pedir que não comentasse sobre a carta com ninguém. A Rachel é a única que sabe da existência disso e eu queria que permanecesse desse jeito. Pelo menos, por enquanto.

―É, eu duvido muito que iriam nos deixar ler algo dele do jeito que o nome do Bob Esponja é sinônimo de palavrão aqui. ― Tay falou exasperada enquanto revirava os olhos. ―Sério, o que ele fez de tão grave assim?

Nesse momento, eu desviei o olhar culpada enquanto comprimia os lábios em uma linha fina. Eu sei o que ele fez, mas, conheço o caráter do Percy e ele não agiria de maneira tão extrema sem uma razão. Quando Taylor me encarou e arregalou os olhos, compreendendo o significado do meu silêncio.

―Você sabe! ― disse chocada apontando acusatória pra mim. ―Você sabe e vai me contar agora!

―É complicado, Tay. Eu queria terminar de ler a carta pra entender melhor a situação antes de formar a minha opinião. Até porque ele também é um grande amigo meu e eu posso acabar sendo parcial no meu julgamento.

Taylor estreitou os olhos pra mim, murmurando algo nas linhas de “acreditaria mais em você se dissesse que queria ser namorada dele” e “por que eu sou sempre a última a saber das coisas?”, mas, me conhecia o bastante pra saber que não devia comentar essas coisas quando podemos ser espionadas e se continuasse insistindo em saber o que eu tinha lido, eu não ia falar nada e iria investigar sozinha. Então, ela emburrou a cara e disse, à contra gosto:

―Tudo bem, mas, assim que você terminar a carta. Eu irei lê-la, ouviu bem?― então, sua expressão tornou-se séria ao dizer: ―Por onde iríamos começar nossa investigação?

―Deveríamos primeiro colher os depoimentos dos campistas?Mas, como poderíamos perguntar sem parecermos suspeitas?

Era esse o problema, não podíamos sair perguntando sobre o Percy sem levantar suspeita. Então, lembrei-me do Nico e da Annie que deviam saber melhor da situação, principalmente, a loirinha. Taylor teve a mesma que eu porque disse, logo em seguida:

―Por mais que eu odeie admitir, talvez precisemos falar com a vad... ― dei-lhe um olhar de advertência, o qual, ela revirou os olhos e se corrigiu, mas, não mudou muito do que queria falar originalmente: ―Annabitch, que ela deve saber melhor o que aconteceu.

―Taylor, Annie é minha amiga também. Não tem como você fazer um esforço pra tentar se dar bem com ela? ― perguntei com mãos unidas em súplica. ―Vocês são minhas melhores amigas e eu adoraria que vocês fossem amigas também.

―Eu já tentei, Lily. ―retrucou mal-humorada e eu apenas ergui a sobrancelha direita, irônica. Ela rebateu então, de modo defensivo, enquanto virava a cara: ―Tentei mesmo e por sua causa ainda por cima, mas, aquela garota simplesmente me tira do sério e me irrita pra cacete. Você sabe que eu já te disse que a acho tão falsa quanto uma nota de 3 reais.

―Taylor! ― eu a olhei escandalizada e ela simplesmente deu de ombros, indiferente, então, decidi mudar de assunto. ―Estou pensando em começarmos a investigar depois do almoço, o que acha?

―Você sabe que eu sou franca, Lily. ―retorquiu dando de ombros, indiferente. ―E, por mim, depois do almoço está ótimo.

Acampamento Meio-Sangue, Long Island – Horário: tarde, às 21h30min P.M

O problema no nosso plano foi que Ártemis nos deixou encarregadas de cuidar das outras caçadoras após o almoço, em seguida, houve o jogo de Captura à Bandeira. Em outras palavras, não tivemos tempo para interrogarmos Annie nem ninguém e eu não pude terminar de ler a carta dele. Por isso, Taylor ficou entretendo as meninas com uma fogueira e cantoria enquanto eu iria disfarçadamente procurar um lugar afastado para poder ler a carta sem ser incomodada. E é exatamente isso que estou fazendo no momento.

Estava caminhando pela floresta, quando começo a ouvir gemidos e o som de galhos sendo quebrados. Parece que algum casal do Acampamento está resolvendo suas necessidades a dois, mas, eu não estou a fim de ver pornô na minha caminhada. Então, terei que procurar outro lugar, estava prestes a me virar quando o rapaz disse algo que fez meu sangue gelar:

―Annabeth, quando iremos contar aos outros que estamos juntos?

Eu paralisei antes que pudesse ir para a direção oposta e tentei me convencer de que podia ser outra pessoa com o mesmo nome, afinal, Annabeth é um nome comum como outro qualquer. Eu me aproximei devagar, calculando cada passo para não fazer barulho e torcendo para que não fosse a Annie. Tirei algumas plantas que atrapalhavam minha visão, o mais silenciosamente possível, encontrando a Annabeth com o torso desnudo enquanto um rapaz sem camisa de cabelos negros sugava seu seio esquerdo avidamente e beliscava o direito com uma das mãos, simultaneamente, a mão direita dele descia em direção à intimidade dela coberta somente pela saia já que sua calcinha estava abaixada até os tornozelos.

Eu estava boquiaberta e paralisada, de olhos arregalados, assistindo em horror mudo enquanto ela gemia e suspirava em voz alta como uma cadela no cio. Era extremamente óbvio que Annabeth estava desfrutando da atenção dada pelo rapaz ao seu corpo. Ela soltou um gemido de reprovação quando o rapaz soltou seu seio com um sonoro ‘pop’, percebendo que enquanto continuasse com sua atividade anterior, não iria receber a resposta que queria.

―Temos que esperar um pouco, Mark, para que ninguém desconfie de que estávamos juntos e fomos os responsáveis por esse surto do Percy. ―explicou calmamente concomitantemente segurava-o pelo cabelo e o guiava novamente até o seu seio. ―Você...Ah!...sabe que ele...Não para!...ainda é...Ah!...o queridinho...Assim!...daqui.

―Por quanto tempo exatamente? ― perguntou soando irritado enquanto erguia o rosto para olhar Annabeth novamente. ―Parece até que quer continuar relacionada a esse cara.

―Claro que não!Ele não era extremamente inteligente e as nossas conversas eram chatas demais, não tínhamos muitos interesses em comum. ― nesse momento, ela soava desdenhosa aos meus ouvidos. ― Eu só te peço um pouquinho de paciência, meu amor. Em breve. No momento, não acha muito melhor continuar o que estávamos fazendo? ―perguntou tentando soar sedutora enquanto ele sorria malicioso antes de se ajoelhar no chão e colocar as coxas dela apoiadas em seus ombros.

Eu virei o rosto, não preciso ser uma gênia para notar que acabaram as preliminares. Eu não pude acreditar que uma das minhas melhores amigas traiu um dos caras mais legais e cavalheiros que eu conheço. Ela está mentindo pra todo o acampamento. Era a minha melhor amiga – depois do que ouvi, possivelmente, ex –, Annie, transando com outro cara na floresta.

Minha cabeça dava voltas com o que havia acabado de ver e ouvir. Eu não sabia o que pensar de tudo isso, contudo, uma coisa eu tinha certeza: Taylor esteve certa todo esse tempo quando tentou me alertar sobre a Annabeth, mas, eu fui burra e acreditei nela. “Caos, como o Percy devia ter se sentido quando descobriu isso?Será que chegou a descobrir e isso foi o estopim de tudo?”

Agora, mais do que nunca, eu precisava achar um lugar calmo para terminar a carta. Com o choque, eu retrocedi alguns passos e acabei tropeçando em um ramo de raiz, caindo no chão com um baque surdo, assustando os dois amantes. Ouvi o som de roupas sendo vestidas apressadamente, então, levantei-me rapidamente do chão e corri para me esconder em um arbusto, relativamente grande, de mirtilo.

Logo, eu vi Annabeth surgir de mãos dadas com o mesmo cara de mais cedo, as roupas amassadas e desarrumadas, lábios inchados e as marcas roxas no pescoço delatavam as atividades que os dois estavam fazendo antes da minha interrupção. Eu queria chorar, não por mim, mas, pelo Percy que não merece uma coisa dessas. Uma traição desse tipo depois de toda a história deles. “Caos, ele se sacrificou várias vezes por ela e é assim que ela retribui toda a dedicação dele?!What a...bitch*!”

―Você ouviu?O barulho pareceu vir daqui. ― o rapaz disse e eu ouvi o som de seus passos se aproximando do meu esconderijo, eu prendi a respiração sentindo suor frio começar a escorrer pela minha testa. ―Será que era algum campista desavisado?

―Eu não sei, mas, acho melhor encerrarmos as atividades por hoje. ― ela respondeu visivelmente incomodada com a interrupção, mas, desconfiada demais para querer continuar. ―O que quer que tenha sido, já pode ter se escondido muito bem ou fugido para longe.

Os dois foram caminhando para longe e eu decidi esperar mais um tempo antes de voltar a andar pela floresta, para não ser pega pelos dois traidores. Vários minutos se passaram e eu comecei a caminhar novamente, porém, em piloto automático. Queria... não, precisava ficar sozinha para pensar em toda a situação, foi quando me lembrei de um lugar escondido que o Percy tinha me mostrado um tempo antes de eu voltar à Caça junto com Ártemis e Taylor.

Eu caminhava pelo terreno acidentado sendo guiada pelas minhas lembranças, conseguia ouvir a voz dele falando no meu ouvido onde pisar e o que evitar. Se fechasse meus olhos, poderia sentir as mãos dele sobre meus olhos enquanto me levava até nossa gruta. Sentiria sol brilhando intensamente com seus raios atingindo meu rosto, trazendo-me a aconchegante sensação de calor.

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Acampamento Meio-Sangue, Long Island – Horário: manhã, às 09h30min P.M

―Pelo amor do Caos, que calor do Car... ― eu reclamava com Taylor enquanto me abanava com uma revista qualquer encontrada em baixo do beliche, quando surgiu o Percy com um sorriso tão brilhante que eu quase tapei meus olhos.

“Como esse cara consegue dar esse sorriso 220 volts nesse calor do inferno?” Pensei chocada enquanto ignorava o irritante bom humor do Percy. Sim, eu o amo, porém, esse calor excessivo transforma o meu humor em instável e perigoso. Então, nesse momento o sorriso dele, que normalmente faz as minhas entranhas brincarem de dar mortal na minha barriga, está me irritando.

―Bom dia!Como estão as minhas caçadoras favoritas nessa agradável manhã de sol?

―Alguém tira a bateria desse Peixe-Diabo Negro** que estou quase cega! Taylor resmungou mal-humorada e se virava de bruços no chão. Tão fresco. ― murmurou sonhadora e soltou um suspiro, aliviada.

Credo, gente. Cadê a animação?ele perguntou, franzindo o cenho, estranhando nossa atitude. ―É um sábado de sol.

―Minha animação acabou de se suicidar porque não aguentou esse calor infernal. ―retruquei irritada, sentindo uma dor de cabeça começar a surgir. ―Se não for algo importante, você pode se retirar, Percy.

―Caralho, vocês estão na TPM conjunta?―perguntou incrédulo, definitivamente, ele é incapaz de conter essas pérolas dele mesmo. “Caos, como eu posso gostar desse cara?”

―Cala a boca, Percy!!! ― gritamos em uníssono enquanto tacávamos almofadas nele.

―Ai, cacete! ―ele gemeu dolorido enquanto esfregava o ombro, que foi almofadado por mim. ―Almofadadas também doem, ok?!Eu venho na maior boa intenção de chamar vocês para virem comigo ver um lugar que eu achei muito bonito e sou recebido com almofadas na mão?!Vocês não gostam de mim, não?!

―Preferia que fosse com pedras na mão? ―Taylor retrucou de maneira sarcástica e mal-humorada. Calor é um pé no saco quando é excessivo. ―Porque nós podemos arranjar bem rapidinho algumas.

―Não, não. Eu estou de boinhas. ― negou veemente enquanto meneava a cabeça para os lados e gesticulava sua recusa. ―Sério, que bicho mordeu vocês?

―O bicho chamado verão infernal que me faz suar feito um porco indo para o abate. ―Taylor disse revirando os olhos enquanto botava o ventilador para girar e refrescar o ambiente ao invés de só nós duas. ―Caos, eu já estou sentindo a diferença no ambiente! Como vocês lidam com isso todo ano?!

―Esse ano, até que o calor está maior o que é estranho mesmo para meus padrões...

―Como se você tivesse padrões. ―Taylor resmungou de maneira irônica.

―Sério, poderiam ser menos cruéis?Só um pouquinho. Vocês poderiam fazer esse favor para mim?― ele pediu – lê-se: implorou – a nós que reviramos os olhos. ―Mas, quem está afim de conhecer uma caverna super legal que eu descobri há alguns dias?

―Eu não. ― respondemos em uníssono enquanto erguíamos a mão direita.

―Estraga-prazeres. ―retrucou fazendo bico. “Por sinal, ficou muito fofo fazendo isso.” Pensei, sentindo as bochechas queimarem. ―Qual é, de verdade, vocês não estão mesmo querendo vir comigo?

Suspirei em voz alta, sabendo muito bem que: ou alguém ia com ele, ou ele ia encher o saco até alguém o fazer. Eu me levantei preguiçosa e lentamente até estar sentada e respondê-lo, exasperada:

―Eu vou com você, Percy.

―Hum?― até ele se surpreendeu com a minha súbita disponibilidade.

―Por que a surpresa? ―perguntei erguendo a sobrancelha esquerda de modo sarcástico. ―A minha companhia não é boa o bastante?

Eu só parecia estar indiferente no exterior, mas, a resposta dele abalaria e muito a minha autoestima tanto positivamente quanto negativamente.

―Claro que sim, minha Lilith. ― retorquiu, tentando soar galanteador enquanto colocava o braço sobre meus ombros, invadindo perigosamente o meu espaço pessoal. ―Você sabe que somente a ti, minha deusa, que sou servo fiel. Quando tu dispões-me de teu precioso tempo, ó rainha minha. ―terminou a última parte sussurrando ao pé de meu ouvido, causando-me leves arrepios.

Exteriormente, eu estava rígida como uma pedra, mas, por dentro, eu estava saltitante como uma garota encontrando seu unicórnio de estimação pela primeira vez. Sim, eu estava nesse nível de felicidade por estar tão perto do “crush”. Eu olhei para Taylor, que fez sinal de positivo e cara de safada, e corei um pouco, mas disfarcei como sendo uma vermelhidão por estar irritada.

―Lilith é a mãe, fio do demo! ― disse-lhe enquanto o enchia de tapas no ombro, que ria sem parar e, simultaneamente, tentava segurar meus pulsos. ― Tenha mais respeito com uma caçadora. E aonde nós vamos?

―É surpresa. Agora, fecha os olhos. ― pediu-me fazendo carinha de cachorro que caiu da mudança.

Minha resposta foi um simples erguer de sobrancelhas e ele continuou me olhando com seu melhor sorriso inocente. Ficamos nos encarando intensamente por mais alguns minutos até que eu decidi ceder e foi dessa forma que terminei sendo vendada e guiada por ele, com suas mãos em minha cintura, enquanto seguíamos uma trilha secreta pelo que percebi conforme caminhávamos.

―Percy, onde é que você está me levando?Se você me deixar cair, eu juro que...

Não terminei minha ameaça, pois havia acabado de tropeçar, quando pensei que Percy fosse me deixar cair no chão, senti seu aperto firme em minha cintura enquanto ele me puxava para si, tentando me estabilizar para que eu mantivesse de pé.

―Relaxa, Lily. ― a junção de seu hálito quente em meu pescoço e sua voz sussurrando em meu ouvido quase transformou minhas pernas em gelatina. Engoli em seco reprimindo-me mentalmente por me deixar chegar nessa situação, ainda mais, sendo uma Caçadora de Ártemis. Ela iria me matar se me visse nesse momento. ―Não confia em mim?

―Humpf!!!― e, tentando disfarçar o impacto que suas ações causaram em meus hormônios, eu virei a cara, emburrada, enquanto cruzava os braços sobre o peito, mantendo-me em silêncio durante o resto do caminho.

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Esse dia foi um dos raros momentos em que ficamos só Percy e eu conversando como velhos amigos, sem Ártemis no meu pé por estar agindo de maneira “muito íntima” com o Percy. Pelo que percebi, ficar com o Percy quando tem a Annabeth ou um grupo de pessoas, tudo bem; porém, se estivermos só nós dois, há muitos problemas nessa situação, de acordo com ela. Ou seja, tive que aprender a manter uma distância dele.

Até porque eu percebi também que Annabeth se sentia insegura quando eu passava muito tempo sozinha com o Percy e eu, como a bela imbecil que eu fui, me afastei ainda mais dele para que ela pudesse ter seu final de conto de fadas. “Caos, se eu soubesse que iriam acontecer todas essas coisas, eu teria seguido o conselho da Taylor e da Afrodite e investiria todas as minhas fichas no Percy.”