Deep Six

Capítulo XXX - Bônus: Festa de Formatura


— Kevin, onde você estava? A festa começou há dois minutos! — ele revirou os olhos no momento em que pisou no salão de festas e ouviu a voz de Catherine.

— Estou atrasado, me desculpe se os garçons chegaram antes de mim.

— Somos os organizadores, precisamos chegar cedo para garantir que nada dê errado! Algo sempre acaba mal nessas festas de formatura, você sabe.

Ele detestava ser um dos organizadores, mas havia sido voluntário no início do ano letivo, quando ainda namorada a ruiva e tinha tempo para fazer esse tipo de coisa. Agora ele e seus amigos passavam seu tempo livre caçando meta-humanos que haviam sido geneticamente modificados pelo soro, não tendo tanto sucesso, pois era difícil diferenciar um meta-humano comum de um com os microrobôs na cabeça. Por sorte Ethan havia criado um aparelho que apitava sempre que um desses robôs se aproximassem muito de um deles.

— Oh-oh… — Cat fez uma cara de espanto enquanto olhava para seu celular.

— O que houve? — ele ficou ainda mais preocupado quando ela começou a hiperventilar e tem um mini ataque de pânico. — Cat, responde!

— O vocalista da banda está com faringite! Me ouviu, Kent?! A banda que ia tocar na nossa festa de formatura está sem vocalista! — Catherine gritou, controlando sua respiração.

— E o DJ?

— Só chega em uma hora!

— Ok, se acalma. É só chamarmos alguém que saiba cantar bem, ou outra banda, não tem necessidade de…

— Ah, claro! Vamos ligar para outra banda faltando apenas dez minutos para os alunos chegarem! Acha que é assim que funciona?! Demorei três meses para conseguir marcar esse show, agora por causa de um imprestável que não sabe cuidar da garganta, nós seremos os piores organizadores da história desse colégio — a ruiva esbravejou, sentando-se em uma cadeira vazia ao seu lado.

— Olha, eu conheço alguém que pode cantar. Manda a banda vir que eu vou resolver isso — Kevin andou na direção da mesa na entrada do ginásio, onde viu uma jovem loira trajando um vestido longo verde escuro assinando uma lista e pegando um pequeno papel com seu nome.

— Valeu por me trazer, Kev. Nunca tive a chance de ir em uma festa de formatura — Kate comentou, sorrindo para o moreno que havia parado ao seu lado. — Estudar em casa tem suas desvantagens.

— A escola tem muito mais desvantagens, eu garanto — ele retribuiu o sorriso e não pôde deixar de notar o quanto ela estava maravilhosa naquela noite. Ele na verdade sempre pensara que Kate era a garota mais linda que ele já vira, mas ela havia se superado naquela noite.

— Que tal eu ir dar um oi para a Cat, acho que ela se lembra de mim — Kate acenou para a ruiva, que virou o rosto e andou para mais longe ainda. Isso fez a heroína dar uma risada. — Ela parece mais chata do que nunca. Aconteceu alguma coisa?

— Parece que o vocalista da banda não está em condições de cantar… Seria ótimo se eu conhecesse alguém que já teve uma banda e era a vocalista... — ele a viu parar de andar e congelar no lugar.

— Quando eu te contei que tinha uma banda e que nunca mais iria cantar depois daquele desastre, não esperava que você me pedisse para fazer exatamente o que eu disse que nunca mais iria fazer! — ela cruzou os braços, ficando séria.

— Já te ouvi cantando “The End” do Linkin Park, você é a melhor cantora dessa cidade — ele realmente achava aquilo, e sabia que elogios ajudariam a convencê-la.

— Sem chance! Da última vez quase deixei todos que me ouviam surdos, se acontecer mais uma vez, eu não vou conseguir superar de novo — ela pareceu triste por um segundo, e isso fez Kevin dar um passo na direção da loira e colocar suas mãos nos ombros dela.

— Isso foi há muito tempo, Kate, consegue controlar seus poderes agora e eu tenho certeza de que não vai explodir os ouvidos de ninguém essa noite. Mas se não quiser, não vou te obrigar a nada, a noite ainda será divertida — ele deu um sorriso tranquilizador para ela e a viu relaxar um pouco.

A loira respirou fundo e olhou para o palco do outro lado do ginásio, pensando no que faria.

— Vou cantar cinco músicas e é só isso! — ela virou o rosto e cruzou os braços, tentando parecer irritada.

— Acho que o DJ pode assumir depois de cinco músicas, já vai ser de grande ajuda — ele havia ficado feliz por ela concordar, mas queria realmente passar a festa toda ao lado dela, e agora precisaria esperar.

— Já resolveu o problema, Kent? — Catherine puxou o ombro dele, o afastando propositalmente de Kate.

— Ele resolveu, — Kate respondeu antes dele. — Eu vou cantar até o DJ chegar.

— Você?! Não me faça rir, garota, essa banda que vem é profissional, não trabalha com amadores! — a ruiva bufou.

— Se quiser música ao vivo, ela vai cantar, se não, você fica encarregada de explicar para os alunos porque a primeira hora de festa ficou chata e sem música — Kevin disse.

Catherine deu um mini ataque que fez Kate revirar os olhos, mas quando parou, pareceu mais inclinada a aceitar a oferta.

— O que aconteceu? — um cara alto e loiro se aproximou deles, colocando a mão na cintura de Cat.

— Não é da sua conta, Kyle! — a ruiva esbravejou.

— Sempre tão estressada… Por que não relaxa? Parece cansada — Kyle puxou uma cadeira para ela e Cat sentou-se na mesma, parecendo sentir um cansaço repentino. — Acho que ainda não fomos apresentados. Eu sou Kyle, namorado da Cat.

— Meus pêsames — Kevin comentou, vendo a ruiva lhe fuzilar com o olhar. — Sou o Kevin, e essa é a Kate.

— É um prazer conhecer vocês — Kyle sorriu.

— Ao invés de ficarem de papo, porque não pegam as caixas com o resto das bebidas na sala 219? — Cat massageou as têmporas, parecendo tentar acabar com uma dor de cabeça.

— Ok. Volto logo — Kev disse para Kate e a loira assentiu.

Os dois andaram na direção da porta do ginásio, Kyle saiu primeiro enquanto Kevin deu uma última olhada para trás, vendo a banda entrar pelos fundos e começar a montar os instrumentos no palco. Kate conversava com um deles, explicando a situação e ignorando os comentários que Catherine fazia.

— Você vem? — o jovem ouviu Kyle chamar e o seguiu pelo corredor. — Sua namorada vai cantar hoje a noite?

— Sim… — ele parou para pensar na pergunta e rapidamente acrescentou. — Mas ela não é minha namorada.

— Hum… Sei — Kyle deu um sorriso que parecia dizer que ele não acreditava muito nisso.

Conforme andavam lado a lado, um bipe constante começou a encher o corredor vazio.

— Acho que o seu celular está tocando — o loiro falou, fazendo Kevin parar de andar.

Aquele não era seu celular. O som do bipe era igual ao que Ethan mostrara quando lhe dera o aparelho que detectava meta-humanos com microrobôs na cabeça. Olhou para o outro, que havia parado de andar também e o encarava de volta, parecendo se perguntar o que ele estava fazendo.

— Não vai atender?

Kevin ergueu o relógio e apertou o botão na lateral do mesmo, desligando o aparelho.

— Era meu relógio, me esqueci que tinha colocado um alarme — ele deu um sorriso e continuou andando até chegar na sala onde as bebidas estavam. — Ei, você ouviu falar daquele soro que dava poderes meta-humanos para quem o usasse?

Ele realmente não queria lutar com Kyle e acabar com a festa, então resolveu ser mais discreto e não sair acusando ele. Além de não ter o soro ali com ele, o Kent também não podia pegar seu comunicador no bolso e chamar alguém do DS sem saber se aquele cara iria cooperar ou resolver atacar ele.

— Ouvi falar — respondeu, examinando as caixas a sua frente e decidindo qual delas levaria primeiro. — Soube que funcionava, mas inventaram uma cura para ele. A imprensa disse que foi um grupo de heróis chamado Deep Six.

— Pois é... Ouvi que eles ainda estão atrás dos meta-humanos que fugiram — Kevin não se mexeu, ficando perto da porta e observando o loiro de longe.

Kyle deu uma risada seca.

— Isso é perda de tempo, — Kevin ficou ligeiramente tenso e ele continuou. — Esse Deep Six não vai conseguir encontrar todos os fugitivos... A menos que tenham um relógio como o seu.

O moreno o viu se virar, sorrindo de forma discreta.

— Vamos parar com o joguinho de fingimento, já sei quem você é. Presumo que também saiba quem sou eu.

— Não estou interessado em lutar, depois que tiver recebido o antidoto, poderá voltar para sua vida normal — Kevin disse, seu tom sério.

— Pode fazer melhor do que isso. Vamos lá, tente me convencer — Kyle cruzou os braços sobre o peito, o sorriso nunca deixando seu rosto.

— Talia pode reativar os microrobôs na sua cabeça a qualquer momento, se isso acontecer pode acabar ferindo pessoas inocentes ou até mesmo se machucando. Estamos fazendo isso para o bem de todos.

— Está me dizendo que só fazem isso com meta-humanos que usaram o soro e não com vilões que já nasceram com poderes?

— Nós não temos o direito de tirar os poderes de quem nasceu com eles, mas os que aplicaram o soro podem vir a ser uma ameaça por causa do controle mental — Kevin deu um passo a frente, e Kyle não recuou. — Você foi controlado, sabe que se isso acontecer de novo...

— Não fui controlado.

— O quê? — o moreno franziu o cenho.

— Não estava lá na noite em que sua equipe enfrentou a de Talia, recebi o soro há uma semana — Kyle se virou e começou a mexer nas caixas, parecendo ignorar o outro.

Kevin pôde ouvir os alunos chegando e a música começando a tocar, pelo menos se houvesse uma luta ali, a mesma seria abafada pelo som alto e pelas vozes. O jovem se aproximou do loiro e pôs a mão em seu ombro.

— Quem te deu o soro?

— Hum... Um cara chamado Alex.

— Alex Luthor? — Kevin o viu se virar em sua direção e dar uma risada.

— Conhece ele? Ah, claro que conhece, filho do arque-inimigo do seu pai.

— Não pode confiar nele!

— Qualquer um que me pague o que ele está me pagando merece minha confiança — Kyle imitou o ato de Kevin e pôs a mão no ombro do maior. — Sabe o que esse papo me lembra? Do trabalho que fui designado para fazer.

O comentário dele fez o herói chegar a conclusão de que Alex estava tramando alguma coisa depois do fracasso com o soro. Antes que pudesse se afastar, sentiu uma repentina falta de energia e deu um passo para trás, quase tropeçando no próprio pé.

— O que houve? Tá com falta de energia, cara? — Kyle se aproximou e Kev deu mais um passo para trás. — Deve ter a ver com esse poder que eu ganhei. O Luthor me disse que tirou de um tal de Parasita...

Os olhos de Kevin se arregalaram com as palavras do loiro. Parasita era um dos piores vilões que seu pai já enfrentara.

— Não fica nervoso, não peguei aquela coisa de conseguir absorver os poderes dos outros, mas eu sinto fome... — Kyle respirou fundo. — Preciso de energia vital para ficar vivo e forte. Já matei seis pessoas hoje e estava indo fazer o mesmo com a sua ex-namorada, apesar de que aquela loirinha me parece a melhor escolha no momento.

No segundo seguinte, Kyle sentiu suas costas baterem com força contra a parece e alguns pedaços do teto se racharem sobre eles. Kevin tinha as mãos nos ombros do vilão e o mantinha preso ali.

Kyle segurou os braços do moreno e o jogou para o lado, sua força fazendo o herói cair sobre várias caixas.

— Deveria saber que depois que eu absorvo a energia da pessoa, pego a força dela. No momento tenho a força de seis e um pouco da sua, então pense duas vezes antes de me atacar dessa forma — Kyle andou até ele lentamente.

Kevin sentiu-se, pela primeira vez em anos, cansado. Lutar contra aquele cara seria difícil, principalmente se não quisesse apavorar os outros alunos, ele precisava pensar rápido. Se levantou e respirou fundo, soltando um sopro de ar congelado que fez Kyle dar vários passos para trás, porém não fazendo-o cair nem se machucar.

— Aposto que assopra mais forte do que isso com toda a sua energia, uma pena que eu peguei uma parte dela — ele correu na direção de Superboy, que se abaixou bem na hora que receberia um soco, porém não tão rápido como geralmente fazia.

Ele estava lento também, mas sentia que podia usar o restante da sua força para, pelo menos, fazer o vilão perder a consciência.

Kevin se colocou de pé e correu até Kyle, desviando dos socos desferidos pelo loiro e tentando evitar as mãos dele, sabendo que se perdesse mais energia, não conseguiria mais lutar. Ele continuava tentando encontrar uma brecha para acertar um belo soco no rosto do vilão, porém percebeu que o jovem havia pego um pouco da sua velocidade também.

— Nunca tinha provado o poder de um kryptoniano antes, mas agora que provei, quero mais! — Kyle deu um pulo e acertou um chute na parte de baixo do queixo do herói, fazendo-o cair e bater com as costas no chão. Aquela foi também a primeira vez que o moreno havia sentido uma dor tão aguda.

Kev rolou para o lado no momento em que viu um joelho vindo na direção de seu rosto. Um buraco se abriu no local em que o golpe havia sido dado, bem no momento do solo de bateria da banda.

— Bem que eles disseram que você não desiste — Kevin se perguntou se ele falava de Alex e Amanda ou de mais pessoas. — Não preciso matar você, só que estou tentado a fazer isso. Quero absorver toda a sua energia.

— Se continuar envolvido com os Luthor e os esquemas deles, vai acabar se ferrando como eles já se ferraram! — Kevin se colocou de pé e o viu fazer o mesmo. — Por que está tendo todo esse trabalho?

— Porque quero ver vocês, heróis, sendo massacrados!

— Por quê? — o moreno gritou de volta.

— Porque meu pai era um dos cientistas que vocês deixaram morrer! — Kyle agora estava sério demais.

Superboy congelou a se lembrar do dia em que eles haviam encontrado um laboratório secreto do CADMUS, quando Duela e Ibn mataram todos os cientistas que estavam ali dentro. Os Luthor deviam ter contado isso ao jovem para usá-lo em seu plano.

— Sinto muito pelo seu pai, mas nos destruir não vai trazê-lo de volta! Prometo que se me deixar aplicar o antídoto em você, poderá voltar para sua vida normal.

— Mesmo se eu parar agora, eles vão continuar, então não vai adiantar nada.

— Quem são eles?

Kyle deu uma risada macabra e apareceu na frente de Kev a uma velocidade absurda, acertando um soco no rosto do herói.

— Não posso falar demais, eles ainda não querem aparecer.

Antes que pudesse receber outro soco, Superboy segurou o punho fechado do loiro e o jogou contra uma parede, fazendo-o atravessar a mesma. Kyle levou alguns segundos para se levantar e recuperar o equilíbrio, e quando finalmente ficou de pé, sentiu que levara um chute nas costas e foi lançado para dentro da sala novamente, caindo de cara no chão.

— Pode fazer melhor do que isso — Kyle tossiu, erguendo-se do chão e olhando para o heróis atrás de si. — Não se segure, filho do destruidor de cidades.

Kevin raramente sentia raiva como naquele momento, sentiu seu peito queimar e avançou contra seu oponente, tentando acertar um soco em seu rosto, porém errando e sentindo-o acertar uma cotovelada em seu peito. Em seguida, Kyle segurou, com as duas mãos, as laterais do corpo do herói e o jogou com força no teto, abrindo um buraco no mesmo e no chão, quando Kev caiu.

— O que temos aqui? — Kev levantou o rosto para vê-lo segurando uma pequena caixinha preta. O loiro havia tirado o objeto de seu bolso e ele nem notara. — Isso é para sua não-namorada? Que rapaz fofo.

Kevin tentou se levantar, mas caiu imediatamente no chão, percebendo que mais de sua energia havia ido embora.

— Não se preocupe, depois que eu te matar, vou dar a ela pessoalmente — ouvir isso fez o moreno trincar o maxilar e cerrar os punhos.

— Pode me dar agora, então — a voz veio de trás do loiro. Ele sorriu e bloqueou o chute circular que ela tentara dar em seu rosto. — Kate, estávamos falando de você.

Kyle segurou a perna da jovem e a jogou com força contra uma estante de livros.

Kevin sentiu-se inútil no momento, e isso fez sua raiva aumentar. Ele fechou os olhos e começou a tentar fazer seu corpo voltar ao normal, apesar de saber que isso não aconteceria tão rápido.

— Vamos ver qual gosto você tem — ele se aproximou dela e se abaixou para poder tocá-la. Antes que sua mão encostasse a pele clara, a heroína segurou o pulso dele e o puxou para mais perto, deixando sua boca perto do ouvido dele e soltando o grito do canário.

A força do grito o lançou para o outro lado da sala e o fez soltar um grito de dor agonizante.

— Kev! — ela correu até onde o amigo estava e colocou a mão em suas costas. — O que houve?

— Você precisa sair, eu cuido dele — o moreno ignorou a pergunta dela e ficou de joelhos, respirando pesadamente.

— Mal consegue ficar de pé, como vai cuidar dele?! — a loira sentiu vontade de dar um tapa na nuca do herói. — Vou chamar os outros, precisamos de...

A voz dela morreu em um grito de dor quando Kyle segurou a parte de trás de sua cabeça e a jogou com força contra a parede mais próxima.

— Não consigo nem ouvir meus pensamentos agora, sua vadia! — ele gritou, seu ouvido direito sangrando. Ele começou a absorver a energia vital dela aos poucos, fazendo Kate sentir-se mais fraca a cada segundo.

Kevin se colocou de pé imediatamente e andou até eles, segurando Kyle pelo pescoço e o empurrando contra aquela mesma parede várias vezes, até que a mesma se quebrou e os fez cair do lado de fora. Ambos acabaram deitados na grama, Kyle sendo o primeiro a se levantar e se preparando para absorver o resto da energia do herói.

Foi interrompido por outro grito ensurdecedor da loira, que, dessa vez, escolheu estourar os tímpanos do lado esquerdo e mandá-lo voando para o estacionamento não muito longe dali.

Kyle estava com as mãos nas orelhas e gritava sem parar quando sentiu alguém colocar um pé em seu peito. Olhou para cima e viu uma jovem alta de cabelos castanhos e usando uma máscara que cobria a parte inferior de seu rosto, deixando apenas seus olhos a amostra.

Ela colocou a mão no ouvido.

— Ele falhou.

— Sério? Estava apostando alto nesse cara que o Alex arrumou... — Jeffrey respondeu do outro lado da linha. — Perdi uma aposta com a Amanda. Pode acabar com ele, sabe demais e eu não quero pessoas fracas participando do meu plano.

— Qual parte do corpo quer que eu leve para a sua coleção, maninho? — Janessa ativou uma lâmina feita de energia que estava presa ao seu pulso e a mesma emitiu uma cor avermelhada.

— Me surpreenda.

A morena deu um sorriso sob a máscara e segurou Kyle pelo cabelo, rapidamente usando sua lâmina para arrancar sua cabeça. O sangue jorrou por todos os lados, deixando Kevin e Kate, que assistiam a cena, pasmos.

A Crane prendeu a cabeça dele em sua moto e desativou a lâmina, dando uma olhada para os dois heróis e acenando com uma das mãos, como se dissesse "Até logo".

— O que foi isso? — Kate ajudou Kevin a ficar de pé, passando o braço dele ao redor de seu pescoço.

— Ouvi algo pelo comunicador que ela usava... Acho que trabalha para os Luthor — Kevin sentiu certa dificuldade, mas andou para o lado de dentro com a amiga e sentou-se em uma cadeira que não havia sido destruída.

— Maldita hora que soltaram o Alex da prisão... Ele com certeza está tramando algo, e quem era aquela maluca?!

— De uma coisa podemos ter certeza, eles não vão medir esforços para nos derrubar depois que os humilhamos.

— Precisamos estar preparados então — Kate olhou para o chão e pegou a caixa preta que Kyle segurava. — Pretendia mesmo dar isso pra mim?

Kevin pareceu ficar sem ar por um momento, mas aprendeu a respirar novamente quando ela sorriu.

— Não planejei essa noite dessa forma, pretendia fazer isso da forma certa...

— "Isso"? — ela o viu estender a mão e lhe entregou a caixa.

O moreno ficou de pé e tentou não cair quando suas pernas falharam. Forçou-se a continuar parado e olhou a loira diretamente em seus olhos.

— Deve ter percebido pelos comentários nada discretos da Grace e do Scott que eu gosto de você, muito mais do que já gostei de outra pessoa. Demorei tanto para dizer isso porque sempre sentia que não era o momento certo e apesar de sentir isso agora, não quero mais esperar — ele a viu arregalar os olhos quando abriu a caixinha preta e pegou um cordão prateado com um pingente de cristal, que tinha a forma de um "S" igual ao do uniforme do jovem, e sorriu. — Kate Queen, você aceita ser minha namorada?

A loira sentiu o peito explodir em uma mistura de alegria, ansiedade e alívio. Ela piscou algumas vezes para saber se aquilo estava mesmo acontecendo e deu um passo a frente, segurando o rosto dele com ambas as mãos.

— Achei que nunca me perguntaria... — ela sorriu antes de unir seus lábios em um beijo que ambos estavam esperando por tanto tempo. — É claro que eu aceito!

Ele nem pensou no fato de estar quase desmaiando por falta de energia e a beijou novamente, dessa vez envolvendo-a em um abraço e mantendo-a o mais perto de si que conseguia.

— Nossa, a Grace vai surtar... — Kate comentou, ainda com os lábios próximos aos do maior. — Acabei de ter uma ideia.

— E qual seria essa ideia? — ele perguntou, colocando o cordão na namorada.

— Não vamos contar para eles que estamos namorando e vamos esperar pra ver quanto tempo eles levam para descobrir — ela sorriu e ele fez o mesmo.

— Isso vai ser engraçado. O Tony vai ser o primeiro a descobrir.

— Ou a Grace, porque ela tá com uma mania chata de seguir as pessoas quando fica entediada — Kate o ajudou a se sentar novamente. — Eu preciso voltar. A Cat surtou quando eu sai do palco e vim te procurar.

— Vou com você e esperar até conseguir ficar de pé novamente para poder dançar com a garota mais incrível que conheço — ele segurou a mão dela e a puxou para mais perto.

— Eu vou cobrar isso, Kent — ela sorriu e deu outro beijo nele antes de sair da sala parcialmente destruída.