Dear Mr. Potter

Capítulo Vinte e Sete: Dia "Incrível"


Aquela semana em Hogwarts foi a mais silenciosa entre os amigos. No dia seguinte ao incidente com a família Ravenclaw, Frida e seus primos foram dispensados por uma semana a pedido de sua tia Spectra. Os Marotos e as meninas se sensibilizaram com a perda que os amigos tiveram e decidiram não fazer nenhuma travessura ou qualquer coisa do gênero, como festas ou até mesmo as típicas reuniões perto do Lago Negro.

No jogo de quadribol entre Corvinal e Sonserina, que aconteceu no sábado, houve um minuto de silêncio em memória a família fundadora da casa. Infelizmente para eles, a vitória foi de Sonserina.

Um dia antes de Frida voltar com os primos para Hogwarts, Sirius foi chamado a comparecer à sala do diretor. Era algo normal para ele, porém naquela semana não havia feito nada que pudesse ter feito com que ele fosse chamado. Por isso estranhou pela primeira vez ser chamado para uma audiência com o professor Dumbledore.

Estava na aula de História da Magia quando a professora Mcgonnal apareceu e solicitou a presença do rapaz após a aula na sala do diretor. Assistiu à aula, sem muito foco no que estava acontecendo. Assim que acabou, avisou aos rapazes que estava indo para a sala do diretor e foi isso o que fez. Caminhou pelos corredores da escola até a Torre do Diretor.

Não precisou dizer nenhuma senha, já que, quando chegou a frente à gárgula, a porta se abriu. Ele estranhou, porém não hesitou em entrar na mesma pela escadaria e subir até a sala. O escritório do diretor era uma grande sala circular com muitas janelas e muitos retratos de diretores anteriores.

O diretor estava parado olhando por uma grande janela, observando quando Sirius chegou. Não sabia se permanecia em silêncio ou pigarreava para chamar a atenção do mesmo. Optou por apenas chamá-lo.

—Professor Dumbledore? _Sirius chamou colocando as mãos nos bolsos e parando em frente à mesa.

—Senhor Black _o diretor se virou e fez um gesto com a mão._ Sente-se, por favor.

O rapaz foi até uma cadeira em frente à mesa do diretor e se sentou. O senhor barbudo usava vestes lilás e um chapéu pontudo da mesma cor. Caminhava pelo salão analisando os quadros.

—Creio que o senhor saiba por que o chamei aqui _deduziu o diretor.

—Infelizmente não, professor _Sirius respondeu cruzando os braços._ Essa semana não fiz nada. A não ser que tenham descoberto algo que eu fiz há algum tempo.

—Sei disso _Dumbledore andou até a mesa e se sentou na própria cadeira._ Chamei-o aqui para te pedir certa ajuda.

—Ajuda? _O moreno arqueou uma sobrancelha. Franziu o cenho sem entender o que lhe era proposto.

—Nada acontece em Hogwarts que eu não saiba, Sirius _o senhor sorriu simpático e aquela frase foi seguida de uma breve pausa que fez Sirius repensar todas as besteiras que já havia feito._ Como sabe, sua amiga, a senhorita Frida, teve uma perda muito grande em sua família.

Sirius assentiu e começou a prestar atenção. Seu nervosismo de ser pego por ter aprontado alguma coisa mudou para o fato de terem mencionado a Malfoy.

—A dor e a perda levam as trevas, Sirius _declarou o senhor.

—O que quer dizer, professor? _Sirius perguntou seriamente. O diretor com certeza sabia de mais coisas que ele, isso Sirius não tinha dúvidas. Porém temeu que algo tivesse acontecido com Frida no tempo que estava fora.

—A senhorita Malfoy veio até aqui pedir conselhos a mim quando as aulas retornaram após o feriado _comentou Dumbledore._ Disse que sua prima, Bellatrix Lestranger, fez-lhe uma visita inusitada no natal. E, com essa visita, ameaçou a senhorita, dizendo para se juntar ao Lorde das Trevas.

"Era isso que ela estava querendo dizer na floresta" pensou o rapaz. Apertou os dedos contra os braços aos quais os mesmos seguravam.

—E qual a ajuda que o senhor quer de mim em relação a isso? _Ele perguntou curioso.

—Sei que você e a senhorita Malfoy são bem próximos, senhor Black _Dumbledore sorriu novamente e Sirius pareceu desconfortável na cadeira._ Nesse momento de fragilidade quero que você tome conta da senhorita Malfoy. Uma perda grande como a que ela teve leva as pessoas a caminhos que não almejamos seguir, apenas para aliviar a dor. São em momentos como esse que as trevas parecem mais tentadoras. Peço-lhe que permaneça cuidando para que ela não se distancie.

—Sim, senhor _Sirius assentiu.

—Amanhã, com a volta dela e dos familiares, não comente sobre nossa conversa, eu lhe peço _o professor entrelaçou os dedos das mãos sobre a mesa._ Talvez ela pense que não confiamos nela o suficiente.

—Ela provavelmente acharia isso _o moreno sorriu amarelo, mas com a testa franzida em preocupação. A teimosia era algo comum entre os dois.

—Muito obrigado, senhor Black. Pode se retirar agora.

Sirius assentiu e se levantou, indo em direção às escadas e saindo da sala do diretor.

Foi direto para a biblioteca, não em busca da loira, já que a mesma não estava na escola, mas sim de Remus, pois sabia que estaria ali. Procurou pelo amigo por alguns minutos até o achar lendo um livro nada atraente para Sirius, sentando em uma mesa na ala esquerda da biblioteca. Caminhou até ele e se sentou em sua frente, fazendo barulho para chamar a atenção do mesmo o suficiente para também atrair olhares de outros alunos ali presentes.

—Preciso de sua ajuda, Aluado _o moreno pediu demonstrando pressa ou certo desespero em sua voz.

—Não irei ajudar com seus deveres, Sirius _Remus respondeu sem tirar os olhos do livro._ Já deveria saber disso.

—Não é sobre a escola _Sirius retrucou._ É sobre Frida.

O lobisomem levantou o olhar e arqueou as sobrancelhas. Fechou o livro, deixando-o em cima da mesa e cruzou os braços.

—Algum problema? _Remus perguntou e Sirius suspirou pesadamente.

—É isso que eu quero saber _o moreno massageou as têmporas._ Não sei bem o porquê, mas ela fala mais com você do que comigo. Preciso saber se ela falou algo ultimamente com você.

—Sobre o que? _Remus questionou revirando os olhos._ Olha, se você não consegue falar com a sua namorada eu não...

—Remus! _Sirius o interrompeu._ A família dela faleceu. Ela acha que foram os comensais da morte. Eu não sei o quê fazer. Você sabe melhor do que eu como ela é.

O rapaz de cabelos loiros escuros olhou apreensivo para o amigo. O pânico tomou conta de seu olhar, mas logo relaxou os ombros em desânimo.

—Acha que ela possa fazer alguma estupidez? _Perguntou o loiro.

—Acho que ela possa surtar _admitiu suspirando._ Ela já tinha tantos problemas em criar relações com as pessoas e problemas com sono pela perda do tio. Agora ela perdeu praticamente a família toda. Eu... Você me conhece há anos e sabe que eu não sou assim com nada. Nunca me preocupo.

—Muito menos com alguma garota _Remus acrescentou. Estreitou o olhar encarando o amigo, que permanecia nervoso, passando os dedos constantemente pelo cabelo._ Realmente gosta dela?

Sirius estranhou a pergunta e sorriu com escárnio para o rapaz em sua frente.

—Está brincando comigo, não é? _Perguntou Sirius ríspido._ Porque é a única razão que eu vejo para você me fazer essa pergunta.

—Cá entre nós, você não liga para ninguém. Acho que talvez possa ser capricho seu.

Sirius se levantou bruscamente e saiu. Caminhou pesadamente até a saída e seguiu pelo corredor, parando apenas quando Remus o puxou pelo ombro, fazendo-o virar.

—O que foi isso? _Remus perguntou irritado._ Esse ato infantil e mimado?

—Você acha que sabe tudo, Remus, mas não sabe _Sirius disse ríspido, com a testa franzida de raiva enquanto apontava para o amigo de forma irritada.— Pensa que é o dono da razão. Lamento lhe informar, mas não é.

—Eu só estou dizendo a verdade, Sirius _Remus explicou nervoso._ Estou preocupado com ela.

—E quem você acha que é para se preocupar? _O moreno perguntou com raiva. A situação só piorava com o ciúme subindo a cabeça.

—O melhor amigo dela! _Gritou Remus,  atraindo atenção de quem circulava por ali. O rapaz odiava isso, mas não poderia deixar que o amigo pensasse algo errado de si mesmo._ Está louco?

—Talvez não a veja só como uma amiga e por isso não quer me ajudar _comentou Sirius com forte sarcasmo presente em seu tom de voz. O loiro olhou para o amigo incrédulo.

—Não acredito que pense dessa forma. Você está cego de ciúmes, Sirius. Acho melhor pensar no que está dizendo. Se não consegue confiar em um dos seus melhores amigos, confie na sua namorada então.

—Ela não é minha namorada _Sirius indagou entre dentes.

—E o que é então? Você sabe? Pense no que está fazendo.

Aluado então saiu pelo corredor, deixando o rapaz parado no corredor, ainda com o sangue quente e a expressão de raiva. O grupo de pessoas que assistiram a confusão apenas se dispersou quando Sirius lhes lançou um olhar de "saiam agora".

Peter que passava pelo corredor assistiu toda a cena e resolveu seguir Aluado, já que, se tentasse falar qualquer coisa com Sirius, poderia piorar a situação para o seu lado também.

Sirius resolveu então sair dali, seguindo pelo caminho oposto ao que o amigo tomara. Tudo poderia melhorar se não fosse por Edward Greengrass cruzar o seu caminho sorrindo travesso com seus típicos capangas.

—Parece que nem o próprio Sirius Black confia em seu taco _o loiro zombou._ O que houve Black? A vadia da Malfoy anda transando com o seu amiguinho pelas costas?

E aquela foi a última gota. O moreno socou com tanta força o rosto de Edward que sentiu os nós dos dedos doerem com o impacto. O loiro cambaleou para trás e colocou a mão no rosto, onde havia um corte do supercílio. Só não levou outro por seus dois amigos terem segurado Sirius e evitado que ele agredisse mais o loiro.

—Bem que você gostaria de estar transando com ela, não é, seu mauricinho de merda? _Sirius gritou cínico. Um sorriso repleto de ódio misturado com presunção presente em seu rosto.— Pena que isso não vai acontecer, trasgo.

Greengrass iria revidar o soco batendo no moreno que era segurando por seus dois amigos. Sirius se debatia tentando se soltar antes que Edward tentasse lhe agredir, porém não foi preciso. Fitch apareceu e interviu, mandando Edward para a enfermaria tentar arrumar seu olho e Sirius de volta para a sala do diretor.

—Ótimo! _Sirius exclamou irônico enquanto era escoltado por Fitch._ Era o que faltava para completar esse dia incrível!

Após um sermão sobre saber controlar os impulsos e não deixar se levar por conta de comentários de outros, Sirius finalmente saiu da sala do diretor.

Assim que desceu as escadas e foi para o corredor tratou de acender um cigarro. Estava tendo um dia cheio e tudo o que queria era que acabasse logo e que Frida voltasse.

Caminhou pelo corredor o suficiente para sair da vista da entrada da sala do diretor. Sentou-se encostado na parede enquanto olhava fixamente para o teto e fumava seu cigarro. Do jeito que o dia andava, se alguém cumprimentasse ele de maneira fora do padrão, provavelmente ele voaria no pescoço.

Ouviu então passos surgindo al longe no corredor e se preparou mentalmente, suspirando de maneira pesada, pensando na melhor forma possível de evitar problemas. Ao olhar na direção do corredor, nem todo seu preparo havia sido suficiente para aquilo. Revirou os olhos ao identificar seu irmão se aproximar pelo corredor.

—Era só o que faltava para completar o meu dia _praguejou enquanto apagava seu cigarro no chão.

Esperou até que seu irmão parasse na frente dele e o mesmo olhasse para cima, encarando o mais novo.

—O quê você quer? _Perguntou Sirius encarando o rosto do mais novo.

—Eu quero falar com você —respondeu Sirius, segurando com força a alça da bolsa masculina que carregava.

—Estou ouvindo _indagou o mais velho enquanto se levantava e parava com as mãos nos bolsos em frente a Regulus.

Por um instante o mais novo pareceu hesitar. Não falava com o irmão direito há muito tempo por pedidos da mãe. Sempre havia gostado do irmão mais velho, via nele um exemplo a ser seguido. Porém, após entrar para a Grifinória Tudo havia mudado.

—Gostaria de saber o porquê _disse Regulus após tomar coragem.

—O porquê do que, Regulus? _Perguntou Sirius já com pouca paciência para os enigmas do seu irmão.

—Qual o motivo de você estar em cima de Frida.

—Espera _franziu o cenho com a confusão ao ouvir as palavras do mais novo._ O quê?

—Estava tudo bem até você resolver entrar na vida dela _começou a explicar o mais novo dos herdeiros Black._ Agora tudo está uma loucura e a vida dela está uma merda, tudo depois que você apareceu pra ela. É alguma implicância comigo? Porque estava tudo bem entre nós antes de...

—Espere aí, Regulus _interrompeu Sirius com descrença em seu tom de voz. Levou as mãos até os cabelos, mexendo nos fios irritado. Ficou os olhos no rosto do irmão.— Você está querendo dizer que tudo que aconteceu de ruim com ela é minha culpa? É isso? E, até onde eu sei, você nunca teve chances nenhuma, irmãozinho.

—Você não sabe nada a respeito disso, Sirius.

—Sim, eu sei _afirmou o mais velho dando um passo a frente, encarando o irmão._ Eu sou adulto. Você é uma criança. Acha que Frida daria alguma chance para uma criança como você? Que ela seria babá de um garoto de 15 anos?

Régulos permaneceu quieto enquanto o irmão zombava de si. Sirius avançou mais até parar bem próximo a ele, deixando a boca bem próxima ao ouvido do mais novo.

—Acha que ela ficaria com você se soubesse que simpatiza com a arte das trevas? _Sussurrou Sirius antes de se afastar do irmão._ Acho melhor medir suas palavras de agora em diante. Não quer que eu antecipe o que ela irá descobrir sobre você. Frida é inteligente o suficiente para descobrir sozinha o que você é.

—Não preciso de suas ameaças, traidor de sangue _esbravejou Regulus, fazendo Sirius sorrir em escárnio.

—Não precisa _concordou Sirius de maneira cínica._ Mas lembre-se de que está apaixonado por uma traidora de sangue assim como eu. E não é você quem está com ela.

Ao finalizar suas palavras Sirius simplesmente deu as costas ao irmão e seguiu seu caminho, deixando Regulus parado no mesmo lugar, digerindo as palavras do irmão mais velho.