POV Amélia Fog

Tudo aqui é maravilhoso. Nesse momento estou sendo arrumada pelas minhas três criadas – que são muito simpáticas – para o primeiro momento que todas nós, selecionadas, teremos com o príncipe Adam. Pouca coisa foi mudada em mim durante a transformação que houve quando chegamos. Meu cabelo foi a única coisa que realmente parece diferente. Antes eu tinha um corte que considerava meio pré-histórico, ele era curto e em V nas costas, mas agora, por causa de apliques, ele está um pouco menos de dois palmos abaixo dos ombros. Achei que ficou lindo.

– Terminamos senhorita Amélia. – Disse Catarina, a mais jovem das minhas criadas.

Olhei-me no espelho. Provavelmente nunca tinha me visto tão bonita. Usava um vestido azul que fazia com que meus olhos se destacassem e um sapato nude. A maquiagem não era carregada, era perfeita. Eu estava até “com uma corzinha”.

– Vocês são maravilhosas. – Concluí. – Muito obrigada.

– Você não precisa agradecer. – Falou Hannah, outra das minhas três criadas. – Nós não fizemos nada demais. Apenas nosso trabalho.

– De qualquer forma, obrigada. – Falei com um sorriso sincero. – Mas agora acho que devo ir, ou vou me atrasar.

POV Adam Schreave.

– A azul. – Falou Marlee. – Vai deixar seus olhos ainda mais bonitos.

– Muito obrigado, tia.

Sim, eu a chamava de tia, Marlee era a melhor amiga de minha mãe, elas participaram da seleção juntas, mas por causa de uma confusão (acho que se pode chamar o que aconteceu com ela de confusão) que ocorreu, ela virou oito e passou a trabalhar no palácio. Apesar disso, a amizade delas permaneceu forte e eu cresci com Marlee sendo meio de que minha madrinha, ela sempre fazia doces maravilhosos para mim.

Ouvi três batidas firmes na porta. Só podia ser meu pai, o atual Rei de Iléa.

– Filho, posso entrar?

– Claro.

– Olá Marlee, olá Adam. – Ele disse.

– Bom dia, Majestade. – Falou minha tia. – Tenho que ir muito que fazer, são mais trinta e cinco pessoas para alimentar agora! Até mais!

Abracei-a e ela sussurrou “Você vai ser sair bem. Eu sei que vai” em meu ouvido.

– O que você falou com elas? – Perguntei.

– Fique calmo, você com certeza vai saber o que perguntar a cada uma delas quando as vir. Apenas seja educado e simpático. Seja você mesmo.

– Você já viu as fichas detalhadas delas?

– Na verdade, não. Apenas os nomes e as fotos. Todas são muito bonitas, aliás. – Ele falou erguendo uma de suas sobrancelhas e nós dois rimos. Nessa hora, a porta se abriu.

– Eu posso saber o motivo dos risos? – Perguntou minha mãe.

– Na verdade, não. – Meu pai logo respondeu. – Você está belíssima, América. – Mesmo depois de tantos anos, ele ainda a olhava de forma completamente apaixonada. E ela ainda corava quando recebia elogios do meu pai.

– Obrigada. Vocês também.

– Vocês estão atrasados.

– Mas ainda faltam dez minutos! – Falei olhando para um pequeno relógio que ficava em uma mesinha em meu quarto.

– Tempo suficiente para um abraço em família. – Falou meu pai.

É incrível o poder que um abraço de quem amamos exerce sobre nós, nesse momento me sentia como uma criança de oito anos.

– Agora, vamos. – Minha mãe falou quando nós três nos soltamos. – Você vai ser maravilhoso. – Essa parte era dirigida a mim.

...

– Podem abrir. – Falei para os guardas que estavam na porta que me separava das selecionadas.

Abri um sorriso e senti trinta e cinco pares de olhos encarando-me.

– Olá, senhoritas. Espero que estejam gostando do palácio. Vocês já tomaram café? – Perguntei, não sei como consegui não gaguejar.

– Majestade. – Elas falaram, em coro.

– Elas ainda não se alimentaram. – Liv, uma moça que devia ter cerca de 27 anos e que estava terminando de ser treinada por Sílvia para ser a “nova Sílvia” respondeu-me antes de qualquer uma das selecionadas. Ela tendia a ser simpática, mas impunha respeito e, apesar de jovem, era dotada de um grande conhecimento.

– Tudo bem, então seremos rápidos. Vou falar com cada uma de vocês em particular agora. Começando por você, senhorita – eu me lembrava de ter visto aquele rosto nas fichas que foram colocadas sobre minha escrivaninha – Amélia Fox.

Ela rapidamente levantou-se e segurou meu braço. Encaminhamo-nos a uma pequena varanda que tinha no salão que estávamos e indiquei para que ela se sentasse no banco da esquerda.

– Então, o que está achando do palácio?

– Muito bonito. – Ela respondeu com um leve sorriso. Amélia tinha uma aparência bonita. Seus cabelos eram loiros e longos e seu olhar marcante. Parecia ser uma pessoa decidida, eu gosto disso.

– E quanto a suas criadas? – Meu pai estava errado, eu não saberia o que perguntar a essas trinta e cinco garotas.

– Bem, duas delas são muito amáveis e simpáticas, mas a terceira... – Isso me deixou meio preocupado, as meninas deviam ser bem tratadas!

– Qual o nome dela?

– Bianca.

Esse nome não me parecia estranho.

– Como ela é?

– Olhos verdes, cabelos castanhos claros e um corpo magro. Na verdade, é bonita.

– Eu conheço-a. – Falei – Recordo-me de brincar com uma Bianca quando menor, mas faz anos que não a vejo.

Ela pareceu meio sem graça, repassei minha última fala mentalmente, como pude falar de outra menina durante o meu primeiro encontro com uma pessoa que possivelmente poderia vir a ser minha futura esposa.

– Desculpe-me. Isso foi meio nostálgico. Para ser sincero com você, eu não tenho muito contato com moças que falem minha língua ou tenham uma idade parecida com a minha há tempos, não sei bem como me portar.

Ela abriu um sorriso.

– Tudo bem.

– Feliz em estar aqui? – Perguntei.

– Sim, muito.

– Espero poder conversar mais com você depois. Mas agora eu acho que preciso conhecer as outras senhoritas. Foi um imenso prazer. – Falei beijando sua mão. – Você poderia, por favor, fazer a gentileza de chamar a selecionada que está na cadeira ao lado da que você estava sentada.

– Claro. Foi um prazer também, alteza.

Após uma breve reverencia, Amélia Fox saiu.

Passaram- se mais algumas meninas, todas mostraram ser simpáticas e educadas. Descobri que havia mais uma Amélia e que poderia facilmente virar amigo de muitas das meninas.

Uma menina havia acabado de entrar em meu campo de visão, ela vinha em direção da pequena varanda e era extremamente bela. Olhos azuis, cabelos castanhos e em sua franja, encontrava-se uma diferente mecha azul.

– Olá, príncipe Adam. – Ela disse.

– Olá, senhorita, Laurye. Como vai seu dia?

– Muito bom, e o seu?

– Até agora, também foi agradável. Você tem origem japonesa? – Perguntei, não aguentando a curiosidade, já que ela usava um vestido vermelho com um estilo que lembrava o do país e sapatilhas pretas. Uma meia calça cor de pele completava sua roupa.

– Não que eu saiba. Você perguntou por causa das roupas, estou certa?

– Sim. – Respondi.

– Eu apenas gosto do estilo.

– Fica bem em você. – Disse e ela sorriu.

Conversamos por mais alguns minutos, faltavam poucas selecionadas agora, depois de Laurye, falei com Bruna e Katherine, ambas foram muito agradáveis e gostei delas.

Quem entrava agora era Aniss.

– Bom dia, senhorita Aniss. – Falei com um sorriso.

– Bom dia, alteza. Tendo uma manhã divertida? – Ela perguntou, sorrindo também.

– Você não pode imaginar. Então, o que você gosta de fazer?

– Muitas coisas, mas tenho uma queda por cavalos.

– Um dia te levarei ao estábulo do castelo e podemos cavalgar.

– Vai ser divertido. – Ela disse.

– Espero que possamos fazer isso em breve. O que achou de seu quarto?

– A decoração é linda, lembra um pouco o meu quarto, na verdade.

– Saudades de casa? – Perguntei.

– Um pouco, mas estou feliz por estar aqui.

Não sabia qual a casta de Aniss, ela parecia muito refinada, mas pessoas de castas menores também podem ser refinadas, as castas não definem quem uma pessoa é, em minha opinião, e achei que talvez pudesse ser mal educado perguntar, então formos conversando sobre outras coisas por alguns minutos e nos despedimos momentaneamente. Outras cinco selecionadas falaram comigo. Faltavam apenas duas.

A penúltima foi Zoé, uma menina que aparentava ser doce e que, quando perguntei algo interessante sobre me contou que era vegetariana (N/A Eu, Mia, também sou) e falou sobre sua irmã gêmea, que morreu durante o parto. Não prolonguei muito esse assunto, parecia doloroso para ela falar sobre isso.

Não sabia quem era a última, ainda não havia visto todas as fichas, só algumas que estavam em cima da pilha. Quando a última moça chegou, levei um susto:

– Alison!?!?