Dead Players

Capítulo 6- Ponto Fraco


–Tem certeza que esse caminho é seguro? –Eva perguntou.

Samuel estava os levando para um lugar seguro, já que no supermercado havia uma Sombra. Ele teve a idéia de levá-los para uma fabrica que viu no meio do Tabuleiro, o lugar era e destrancado e perfeito para se esconderem.

Estavam onde provavelmente seria o esgoto, com uma água fétida passando por um caminho estreito ao lado deles, e canos que despejavam ainda mais aquela água de cor verde.

Samuel olhou por cima do ombro para responde-la. Suas finas lentes refletiram a pouca luz da água.

–Certeza eu não tenho, mas não temos outra opção. –Ele disse. –Não sabemos onde os outros jogares estão.

–E se eles não estiverem mais vivos? –Fred sugeriu. –Vai ver todos estão mortos, as Sombras podem ter matado todos.

–Bem, se eles estão mortos, então será à hora de eu matar vocês. –Samuel respondeu, com um sorriso ligeiro. Ele se virou rapidamente e pegou uma flecha nas aljava, colocou o projétil na linha e apontou para Fred.

O menino não teve tempo de reação, caiu para trás, quase na água poluída. Eva soltou um grito.

–O que está fazendo?! –Ela perguntou, gritando.

Samuel começou a rir, como se aquela situação fosse hilária. Ele retrocedeu alguns passos e tentou parar de rir, mas sua boca que tremulava soltou outra gargalhada.

–O que é tão engraçado? –Fred perguntou quando se levantou. Sacudiu a mão, para tentar se livrar daquele liquido viscoso.

–Vocês se assustam muito fácil. –Riu novamente e continuou. –Não deveriam ser tão medrosos. –Ele ajeitou os óculos, que a essa altura, já estavam na ponta do nariz.

–Isso não teve graça. –Eva murmurou. Ela caminhou até Fred colocou uma mão no tórax dele e a outra no ombro. –Está bem?

–Estou. –Ele respondeu com as sobrancelhas franzidas, estava fuzilando Samuel com seus olhos.

–Vamos continuar. –Samuel começou a andar, deixando eles para trás.

Os dois tiveram que se apressar, para não perder o menino de vista. Aquele lugar úmido era escuro, e quase não se podia ver nada. As únicas luzes que entravam ali eram cinza, e saiam das grades no teto, que ficavam a mais ou menos dois metros de distancia umas das outras. Fred levantou a cabeça e pode ver aquele céu cinzento. Era tão desanimador, não dava vontade de continuar vivendo com um céu daqueles, era depressivo.

–Então. –Samuel puxou assunto. –Como era a vida de vocês?

–Por que quer saber disso agora? –Fred perguntou, ríspido. Ainda não havia o perdoado pela brincadeira sem graça. –Não vai me dizer que não irá meter uma flecha em nossa cabeça só porque sabe nossa historia. Isso não muda nada no Jogo.

–Ainda bem que sabe. –Samuel rebateu. –Não vai ser por causa da historia de sua vida que eu vou deixar de querer ganhar o Jogo. Mas já que não querem contar, eu falo. Eu tinha uma vida normal, tinha amigos, uma menina que gostava de mim e país preocupados na medida do possível. –Ele parou por alguns segundos para pensar em mais detalhes. –Ah, quase ia me esquecendo, entrei pra arquearia quando tinha doze anos. Atualmente tenho dezessete.

Fred estava de braços cruzados e rosto virado, aquela confissão de Samuel havia deixado uma pulga atrás de sua orelha. Mas depois do que o Arqueiro havia falado, ele não resistiu, teve que contar de sua vida, se sentia entre amigos.

–Minha vida já foi boa, mas atualmente... –Fred comentou. –Meus país e irmãos eram desleixados comigo, e nem bom dia me davam. Meus amigos me abandonaram, e sobre minha vida amorosa, é melhor nem comentar. –Revirou os olhos, com desdém de si mesmo.

–Eu sou filha de um general do exercito. –Ela começou a contar de sua vida logo em seguida que Fred acabara de contar da dele, sem dar espaço para Samuel comentar algo sobre a vida do garoto. –Meu pai queria um filho homem, mulherengo, forte, viril, que seguisse os passos dele. Infelizmente, sou totalmente o contrario. Minha mãe sumiu no mundo quando fiz dez anos, e bem..... –Ela virou o rosto, estava com muita vergonha de se abrir com dois estranho, suas bochechas coraram e os cabelos caíram sobre a vista. –Acho que é só isso...

–Nossa, que triste. –Samuel ironizou. –Vocês tem vidas tão chatas. Acham que vale a pena matar gente por elas?

–Realmente eu não acho. –Fred respondeu. –Mas eu quero voltar a viver, não quero morrer.

–Que motivo mais raso...

Fred iria retrucar, e talvez começar a discutir com Samuel ali mesmo, mas desistiu quando ouviu algo no fim do corredor. Era um gruído, como se uma pessoa ou um animal estivesse sendo torturado. Pode se ouvir algo se esgueirando pelo chão, parecia uma cobra serpenteando.

As luzes das grades acima deles se apagaram. Alguém havia as tampado com algo.

Eles puderam sentir uma drástica mudança de temperatura. Agora tudo estava frio, o chão, o ar, eles...

Samuel colocou um flecha na linha e puxou, deixou o arco em haste.

–Eva. –Ele murmurou. –No bolso da minha calça tem uma lanterna. Pegue-a.

A menina obedeceu. Foi claramente constrangedor enfiar a mão no bolso da calça de Samuel, mas isso não a parou. Ela pegou a lanterna e apertou o botão no final da mesma. Era um aparelho cromado, com um anel prateado antes da lâmpada da ponta, tinha uma fita de pano para amarrá-la no pulso.

A luz repentina fez todos fecharem e abrirem os olhos rapidamente. Eles começaram a caminhar lentamente. Fred chutou um pedaço de ferro, era fino leve, espessura redonda, se assemelhava a uma barra de construção. Pegou o objeto, naquele minuto, tudo valia como arma.

O chão onde eles estavam em cima desceu, arqueou-se como uma rampa. A ocorrido fora tão subido que nenhum deles teve tempo de reação. Eles caíram escorregando, como crianças em um escorregador de parque. Em meio à queda, Eva sem querer apagou a lanterna

–Onde estamos. –Samuel perguntou. Ajeitou seus óculos e colocou a arma em riste novamente.

–Eu não sei. –Ela respondeu. Tateou a lanterna inteira até achar o botão para acende-la.

Se arrependeu de ter apertado.

Na frente deles, estavam várias Sombras. Com suas enorme bocas abertas, que mais pareciam buracos negros sedentos por pessoas. Os dentes escorriam um liquido de cor esmeralda, que refletia na luz esbranquiçada da lanterna. A mão de Eva tremeu, a lanterna seguiu o movimento.

Os três ficaram alguns segundos congelados, ainda processando o que havia acontecido. Fred resolveu fazer algo. Bateu com a barra de ferro na cara de uma Sombra na sua frente, que mais parecia um lobo com olhos cor de rosa. A criatura caiu no chão, agonizando e soltando fumaça negra pela boca. Se lembrou nos seus primeiros momentos do Jogo, quanto trombara com Eva, o mesmo havia ocorrido. Nunca iria suspeitar que criaturas tão bizarras e estranhas teriam uma resistência tão baixa a qualquer tipo de dano.

Samuel soltou a linha do arco e a flecha entrou pelo olho de uma Sombra com silhueta de cobra. O mesmo aconteceu com ela. Teve múltiplos espasmos e em seguida soltou fumaça escura pela boca.

Enquanto Fred e Samuel tentavam manter as Sombras longe, Eva estava analisando o cenário. Viu que estavam sendo prensados em um beco, e não demoraria muito para serem encurralados de vez. Levantou o pescoço e tentou ver além das criatura, viu uma porta de cor azul. Por mais estranho que fosse aquilo, resolveu não pensar sobre. Estava no Tabuleiro, tudo era possível ali.

–Meninos. –Ela tentou chamá-los, mas eles não conseguiram ouvir, os gritos e gruídos que as Sombras soltavam eram muito altos.

Vendo isso, decidiu que tinha que tomar uma decisão por si própria. Ela franziu o cenho, colocou o cabelos para trás, ajeitou o óculos, encheu os pulmões de ar. Correu na direção da porta.

Saltou sobre uma Sombra, e aterrissou levemente atrás da criatura. Quando chegou à porta azul a abriu. Fred e Samuel trocaram rápidos olhares, e seguiram os movimentos de Eva. Driblaram aquele amontoado de criaturas escuras e chegaram até a porta azul. A cor dela representava algo para eles, algo que tinham perdido.

A cor daquela porta os fez lembrar do céu azul das manhãs felizes de suas vidas.