Peter não conseguia respirar. Seus pulmões estavam comprimidos sobre os escombros, todo o seu corpo doía insuportavelmente e ele fez a única coisa que podia no desespero, gritou:

—ALGUÉM?! SOCORROO... –ele sentia seus músculos doerem. O desespero tomava conta dele.

O barulho de água pingando era a única coisa que ele ouvia. De novo ele gritou e começou a chorar de desespero. Ele ia morrer ali. O sangue escorria da sua boca. Então, ele olhou para o chão e viu uma poça de água. Seu reflexo apareceu na água e do lado estava seu capuz de Homem-Aranha. Ele era apenas um moleque, o que podia fazer? Nesse momento, três frases invadiram a sua mente.

“Virtude Peter! Isso você tem e ninguém pode tirar de você!”

“Isso que você tem, está aí, dentro de você!” (ele lembrou-se de Pepper indicando seu coração e sua mente).

“Se você acha que não é nada sem o traje, então você não merece o traje!” (lembrou-se de Tony dizendo para ele).

Essas três frases, esses três argumentos o fizeram parar e pensar. E por um instante, veio de dentro dele uma força que nem ele sabia que tinha.

—Vamos Homem-Aranha! Eu sou o Homem-Aranha! –com um esforço inumano, ele começou a tentar se levantar. –Eu vou conseguir! Vamos.

Os escombros começaram a se mexer e com um urro de dor, raiva e a força para provar quem ele era a todos, ele conseguiu sair debaixo de pedras, tijolos, vigas.

—Muito bem Peter! –ele agachou, pegou seu capuz. –O avião. –Peter saiu num pulo atirando uma teia, indo em direção a Torre Stark.

Peter chegou o mais rápido que pode na Torre Stark. Viu de longe o Abutre no topo da Torre, e o avião fechando suas escotilhas e levantando voo. Peter foi se aproximando mais, e com uma destreza só dele, acertou uma teia no equipamento de Adrian e começou a ser puxado pelo Abutre.

—Chefe, como está o equipamento?

—Por enquanto tudo bem, só estou sentindo um pouco de resistência aqui.

—Isso poderia acontecer mesmo, talvez seja a peça que eu substitui.

—Aproximando do avião agora.

—O avião entrou em modo furtivo, chefe.

—Ótimo, agora é comigo.

O Pássaro gigante pousou em cima do avião e Peter jogou uma teia pela lateral da nave e se segurava como podia. O Abutre colocou a mesma arma para entrar no avião, só que desta vez ele formou como um casulo. Evitando que a armadura se deslocasse.

—Funcionou. –Ele disse para o comparsa. –Estou dentro, hoje iremos faturar rapazes. –fuçando dentro das caixas, havia armas de todos os Vingadores e até uma armadura de Tony.

Chefe vá para o painel, coloque o chip para mudarmos a rota.

—Ok. –ele se aproximou do painel que era todo robotizado e colocou um aparelho no painel que fez com que os seus companheiros tivessem acesso ao avião.

—Pronto, o avião é nosso! –o cara disse dando um grito de alegria.

Peter se aproximou do traje do Abutre e tentava ver um jeito de tirá-lo dali. Começou a dar pontapés, até que ele conseguiu um deslocamento, fazendo com que o ar entrasse no avião. Adrian percebe a turbulência.

—Chefe, é aquele Aranha!

—Eu não acredito! –Adrian disse com ódio nos olhos. Saiu do avião e entrou no seu traje. –Como você... –ele disse para Peter.

—Desculpe Senhor Tommes, mas eu não posso deixar que o Senhor faça isso.

O homem começou a lutar com Peter, ele o agarrou com suas garras e o jogou longe do avião.

—Ahhh...Deus...-Peter disse atirando uma teia e conseguindo se jogar na asa do avião.

—Você não morre? –o homem disse.

Novamente ele foi pra cima de Peter e com sua agilidade e força Peter conseguiu jogar o homem contra a parte traseira da aeronave o fazendo bater contra o leme. O avião começou a se desestabilizar. O Abutre com ódio de Peter o agarrou de novo e o jogou contra a turbina do avião. Num ato de defesa, Peter soltou teias por todos os lados.

—Ah, funcionou, funcionou. –dizendo isso, a turbina se solta do avião e Peter vai junto. –Ahhh... –Peter grita e joga a teia de novo se segurando no avião.

A aeronave começa a cair devagar.

—Não... –Peter fala, vendo que ela se dirigia para vários prédios, a colisão seria irreversível.

—Chefe sai daí, o avião vai cair.

—Não... Antes eu vou levar alguma coisa. –Adrian tenta ficar em pé sobre o avião, tentando entrar de novo.

Peter pensa rápido e atira uma teia no flap do avião, tentando o fazer virar. Com sua força ele puxa o flap.

—Vai...vai...vai...vira porcaria.

O avião começa a virar, mas ainda perdendo altitude, a colisão ia ser irreversível.

(...)

Passava das 22:30h e Pepper cochilava no colo de Tony. Depois que ele convenceu-a a beber algo mais forte para relaxar, ela acabou adormecendo. Tony via um filme, mas toda hora olhava para ela. Nunca a tinha visto ficar daquele jeito. Como ela mesmo havia dito, apenas uma vez ela sentiu isso e fora quando ele estava em perigo. Passaram alguns minutos e ela abriu os olhos.

—Tony...

—Oi Pep, tô aqui. Você cochilou. –disse passando a mão na cabeça dela.

—Eu disse que eu não queria beber vinho, mas... –Tony sorriu maliciosamente.

—Eu fui bem persuasivo não? –ela riu.

—Foi demais. Que horas são?

—Não sei, acho que quase 23h. –ela esfregou os olhos e levantou-se. Foi em direção à cozinha pegar um copo de água.

Para chegar até a cozinha, ela passava por uma vidraça enorme, ela olhou para fora, viu uns prédios e continuou até onde queria. Tony estava mais aliviado, pois ela parecia ter se esquecido ou passado a sensação de que algo ruim iria acontecer. Quando ela voltou com um copo de água na mão, por impulso ela parou na frente da vidraça. Tony só escutou o barulho do copo caindo no chão. Levantou correndo e viu que ela estava com uma mão na vidraça e olhava fixamente para fora.

—Pepper, não se mexe, você está descalça, vou buscar uma vassoura. –Tony disse indo em direção à lavanderia quando ela o chamou.

—To-Tony! Vem aqui. VEM AQUI! –ele olhou assustado e correu pra perto dela.

—O que foi Pepper?

Ela não conseguia falar, apenas apontou o dedo para fora, Tony olhou e não viu o que ela via, até ela falar:

—Ali, no céu, olha no horizonte. É, não é? É sim... É o seu avião. –Tony arregalou os olhos.

—Não é possível... –ele correu pegar o seu celular e ligou para o Happy.

(...)

—Viraaaa, viraaa porra. –Com muito esforço, Peter conseguiu fazer o avião desviar dos prédios, mas o impacto era fato consumado.

A aeronave bateu no chão, voando pedaços, explodindo partes, jogando Peter para longe e o Abutre também. Quando Peter tentava se levantar sentiu a garra do Abutre nas suas costas.

—EU. ESTOU. COM. O SACO. CHEIO. DE VOCÊ. SENHOR PARKER. –dizendo isso, ele jogou Peter contra o chão umas três vezes, fazendo com que ele ficasse quase desfalecido.

O homem vendo que Peter não se mexia, voltou-se para o avião e tentava levantar voo com o seu equipamento. De longe Peter viu que ele usava o mesmo artefato que explodiu o elevador em Washington.

—Não... Ele vai explodir. –Peter tentava se levantar. Com um esforço tremendo ele conseguiu se ajoelhar e atirou uma teia na armadura do cara.

—Me deixa em paz, moleque!

—Eu estou querendo te salvar! Isso aí vai explodir. –O cara cortou a teia que Peter havia jogado, levantando voo.

Em questão de minutos, começou a sair faíscas do motor do traje dele, e houve uma explosão.

—Não... –Peter se levantou e foi correndo até o lugar.

Não sabendo como, ele consegue tirar o pai de Liz do fogo, saindo os dois ilesos. Peter joga Adrian no chão e se deita do lado dele.

—Você... –o homem diz sem fôlego. –Você é muito persistente Senhor Parker. Diria que até teimoso demais.

—Eu sei... Acho que eu puxei ao meu mentor. –Peter sorriu olhando para o céu.

O homem sentou e falou para ele:

—Obrigado por me salvar. –Peter apenas acenou.

—Sabe que não posso te deixar ir. –Adrian aquiesceu.

—Como vai ser então?! –Peter deu um sorriso para ele.

(...)

—Oi Tony, não, saiu tudo no horário. Sim. Aqui pra mim diz que o avião já está quase chegando lá. –Tony desligou o celular sem falar nada para Happy.

—Friday, localiza o avião para mim. Verifique os radares aéreos.

—Sim Senhor. Avião localizado. —no mapa mostrava que o avião ainda estava em Nova York e estava voando.—Mas o avião não consta no radar militar Senhor.

Mas com assim? Friday veja o computador de bordo.

—Houve uma tentativa com êxito de desvio de rota, Senhor. O avião não está mais sobre os meus controles.

Pepper olhava para ele aterrorizada, andava de um lado para o outro.

—Eu sabia... –ela repetia para si.

—Friday, ativar o localizador da Mark 51. –Friday fez e mostrou o local onde a armadura estava. –Eu vou até lá. –ele disse olhando para Pepper, ela apenas aquiesceu. –Manda a polícia ir pra lá, Pepper, o endereço que está no painel. –ela de novo fez sim com a cabeça.

Tony correu para o quarto, pegou um relógio, ele digitou uns números e uma armadura preencheu o seu corpo. Foi para a sacada da cobertura e voou em direção ao local. Pepper ligou para a polícia, avisando do avião que havia caído e que pertencia a Tony Stark. Desligou o telefone e pensou em Peter.

—Será que ele teve alguma coisa a ver com isso? Deus do Céu... Que ele esteja bem! –Pepper disse olhando pela sacada da cobertura.

Quando Tony pousou sobre os escombros do avião, viu o tamanho do estrago. Foi andando com sua armadura procurando por alguma coisa que mostrasse o que aconteceu. Deu mais uns passos e abismado falou:

—Eu... Não acredito! –disse sem acreditar e com um sorriso bobo no rosto.

—Senhor Stark! –o homem amarrado por várias teias em uma caixa do avião disse. Ao seu lado estava o que restou do traje do abutre. Ao lado do homem tinha um bilhete.

“Senhor Stark! Eu disse que ele ia fazer algo grande! Eu peguei o abutre gigante e recuperei suas armas. Diga a Senhora Potts que estou bem. Seu amigo e da vizinhança, Homem-Aranha.”

Tony olhou de novo para o bilhete.

—Ah garoto! Você merece aquele traje. –Tony disse rindo e impressionado.

Do alto de uma montanha russa, Peter observava, Tony e a polícia chegando ao local. Ele olhou para a torre dos Vingadores, suspirou, e voltou para sua casa.