De Volta A Terra Das Sombras

Viagem frustrada de volta aos Estados Unidos.


Ξ Nico di Angelo – Viagem frustrada de volta aos Estados Unidos.

– Bem, então alguém tem alguma idéia de como vamos voltar para a Terra? Porque aqui não é uma ilha paradisíaca no Oceano Pacífico. – Calipso perguntou e a caverna virou um inferno. Todos falavam de uma vez e gritavam. Só conseguia pegar flashes das frases e tentava assimilar tudo ao nosso plano. O que não era tão fácil assim.

– Vamos para a Califórnia! Carmel! Podemos descansar um pouco e pegar um sol! – Suzannah dizia.

– Vamos para Los Angeles, é onde fica a entrada mais perto. – dizia Annabeth.

– Central Park! Central Park! – Grover balia ao mesmo tempo em que falava. – Lá tem uma passagem para o mundo inferior. E lá tem arvores! E animais! E plantas! É o lugar perfeito!

– Vamos para algum lugar que tenha praia!

– Por que faríamos isso? – Thalia perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Bem, porque nós vamos sair daqui de embarcação.

E esse foi minha vez de fazer uma pergunta:

–Água? Nós não íamos pelas sombras?

– Há um jeito mais fácil de sair daqui. – Calipso disse: – Nós vamos entrar naquela embarcação e dizer todos juntos o lugar. Pelo menos eu acho que devemos fazer isso porque nunca mais de uma pessoa veio aqui ao mesmo tempo. Mas primeiro devemos ir até lá e dizer o lugar escolhido... – ela ia dizer alguma coisa, mas foi interrompida pela minha irmã:

– Que obviamente é Carmel. Eu tenho uma casa lá, Paul também [e lembrem-se a casa dele é muito maior que a minha, pois ele não tem três meio-irmãos bagunceiros] e nós podemos descansar e seguir viagem.

– Claro que não! Vamos logo para Los Angeles que assim perdemos menos tempo! – falava Annabeth sem parar. Grover ainda gritava coisas como “Vamos apreciar a natureza!” ou “Central Park não é tão ruim assim!”. Até que ele pirou nas idéias e disse:

– Vamos para a Amazônia!

– Hein? – Thalia perguntou.

– Hm? Como é que é? – Luke, que havia se materializado [é, vocês já devem ter reparado que ele sempre aparece nas horas mais inconvenientes para rir da nossa cara. Não é mesmo?] perguntou sem acreditar naquela proposta.

Grover ficou vermelho e começou a comer uma lata de refrigerante da mochila dele e respondeu:

– É que lá tem aquela floresta e bastante água! Sabiam que o Rio Amazonas é o maior rio do mundo? Tirando o fato de que alguns sátiros me disseram que as ninfas da água e do bosque de lá são incríveis, super gatas e fazem uma comida natural muito bo... – ele parou de falar quando Rachel disse:

– Imagina quando a Juniper descobrir que você anda falando com os outros sátiros sobre as ninfas brasileiras! – ele baliu e a confusão começou outra vez. Todos falando ao mesmo tempo e ninguém entendendo ninguém.

– Por favor... – pediu Calipso em um tom baixo que nenhum ser conseguiu ouvir. – Por favor, hm, será que vocês poderiam me ouvir? – não adiantava. Ela estava perdendo o tempo.

– SILÊNCIO! SERÁ QUE DÁ PRA OUVIR INVÉS DE FALAR, SÓ PRA VARIAR? – eu gritei e todos se calaram, sentando-se no chão. – Pode falar agora Calipso.

Ela sorriu e eu ouvi resmungos do tipo: “Ah, com ela ele resolve ser educado e não gritar” e também “Por que esses semideuses são tão bipolares?” e também “Algum dia eu vou para a Amazônia experimentar essa famosa, entre os sátiros, comida natural!”. Esse último comentário eu não preciso nem dizer de quem foi certo?

– Então, será que podemos tomar uma decisão rápida e racional que não demore muito tempo e parar de falar ao mesmo tempo como um bando de galinhas prestes a serem afogadas? – eu estranhei a comparação e perguntei:

– Você já viu um bando de galinhas prestes a serem afogadas?

– Não, mas imagino como deve ser. E o que eu imagino não é nada agradável.

– Ok, então vamos por partes: Primeiro; nós temos que sair dessa ilha e levar a Calipso junto, certo? – Jesse disse é nós assentimos. – E isso não é problema não é? A maldição não está mais nas mãos dos deuses, porque eles, como vocês semideuses nos contaram, juraram por um rio importante e agora ela pode fazer o que bem entender. – assentimos de novo.

– Agora, temos que ir para um lugar que tenha passagem para o Mundo Inferior, a Terra Das Sombras. – Suzannah continuou. – e precisamos ser discretos, porque, pelo que eu já percebi, os deuses não estão gostando muito dessa idéia. Vamos para um lugar não muito longe, nem muito obvio. Esse é o melhor passo.

Nós ficamos surpresos com a agilidade e inteligência dos mediadores.

– Parabéns, maninha. – eu disse. – Está pegando o jeito dos semideuses.

Ela brincou:

– Sério? Então eu estou ficando louca de verdade? Haha, brincadeira! Eu sou profissional. Só não me aceitaram no FBI porque eu tenho que terminar o colegial.

Nós rimos e Calipso disse:

– Bem, então vamos indo pra embarcação e lá resolvemos o lugar.

Nós assentimos e seguimos para o lago. Uma pequena canoa [ou seria barco? Não sei bem] nos esperava. Eu fiquei apreensivo, mas pude perceber que não fui o único.

– Não tem como todos nós entrarmos ai! – Annabeth falou.

– Bem, acho que ele pode materializar nossa vontade. – Calipso contou. – Uma vez, quando estava me despedindo de um viajante, eu vi ao longe esse barquinho se transformar em um barco a vela. Podemos imaginar algo que todos nós podemos gostar. Fechem os olhos e visualizem...

Ela foi interrompida por Rachel que disse:

– Nada disso, eu que tenho as visões aqui, esqueceram? Podem deixar que de barcos e espaços grandes eu entendo muito bem.

Nós reprimimos um grito de horror e esperamos pelas loucuras de Rachel.

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Se eu dissesse que o iate que a louquinha projetou era simples, eu estaria mentindo. Mentindo muito feio. Imagine o barco mais luxuoso que você já viu. O navio mais caro que o Titanic. E uma mansão de um ricaço de NY. Imaginou? Agora olhe o meu raciocínio:

Rachel + Imaginar um navio, embarcação = inacreditável;

Mansão gigante + Barco mais caro do mundo + Nem o Príncipe Harry tem = Metade do navio da Rachel;

O negocio [mais parecido com uma nave espacial, pois era de outro mundo mesmo] tinha vários andares, um quarto para cada pessoa – devido à magia – e varias salas e banheiros, TVs de LED e 3D, vários vídeos games, DVDs, CDs, home theater, e muitas outras coisas. Também havia muita comida. Eu senti que alguma coisa faltava então, quando cheguei à sala onde todos estavam descasando eu vi um DVD: Sempre Ao Seu Lado. Eu gritei:

– AH! PRECISAMOS VOLTAR!

– Qual é o seu problema? Aqui dentro tá bem legal!

– ESQUECEMOS A SRA. O’LEARY! ONDE ELA ESTÁ? EU NÃO A VEJO DESDE A EXPLOSÃO! – não, não, não, ninguém podia deixa minha cadela de lado, e Percy pensava como eu, pois ele já estava andando em círculos como eu.

– Hm, gente. Não precisa ficar gritando histericamente. – disse Paul.

Percy se irritou e disse, tentando não gritar de novo:

– Nossa cadela ficou pra trás! Isso é traição! Tadinha dela, ela deve estar no escuro e no frio, sozinha sem proteção.

– Como eu disse antes, não está não. Nós não falamos pro barco aonde queremos ir. Estamos ancorados e a ilha está bem ao nosso lado. – eu senti meu rosto ficar vermelho, assim como o do Percy. Ele murmurou um “Ah, eu já sabia”, mas me arrastou para fora, para chamar a cadela.

– Tem certeza que ela saiu daquela sombra que explodiu? – eu perguntei vacilante. – Eu não a vi desde aquele dia.

– Eu acordei antes que você. Podia jurar que a vi correndo atrás de passarinhos.

– SRA. O’LEARY! – eu assoviei – JUNTO, SRA. O’LEARY!

Ouvi um latido inconfundível e um tremor sobre os pés, o que poderia ser considerado um terremoto de baixa pontuação ou ela andando feliz abanando o rabo. Eu acariciei atrás de sua orelha e ela lambeu meu rosto.

Quando estávamos quase entrando no barco Percy me perguntou uma coisa:

– Como vamos colocar ela ai? Será que o peso dela... – ele foi interrompido pela Rachel, que gritava da janelinha:

– Isso é mágico! Cabe até um avião aqui dentro! Eu imaginei um quarto bem grande pra ela poder dormir se a viagem demorar muito.

Entramos no iate e a cadela foi para o quarto dela tirar um cochilo.

– Então, decidiram pra onde vamos?

– Já sei! Vamos para Miami! – Percy disse. Olhamos incrédulos pra ele:

– MIAMI?! – gritamos todos juntos. Então aconteceu o inesperado: o barco entendeu nosso “Coral” de vozes como um comando e não como uma expressão de pura descrença, e o barco começou a se mover.

– Percy! – gritou Annabeth. – Por que você fez isso?

– ARGH! Annabeth será que você consegue colocar alguma coisa dentro da cabeça oca do seu namorado? Estamos indo para M-I-A-M-I. Que é praticamente do outro lado do país onde precisamos estar! O que você estava pensando quando disse isso?

– Era pra ser só uma brincadeira. Não era pra todo mundo gritar o nome ao mesmo tempo. Como eu ia saber que vocês fariam isso?

Em vez de receber uma resposta, ele ganhou mais do que isso: vários tapas de todos. Quando ele terminou de apanhar, nós nos entreolhamos e começamos a rir, para esconder a frustração. Fingir que não estávamos tendo uma viagem frustrada de volta a Terra, os EUA.

– Ai ai, cabeça-de-alga. – ouvi alguém murmurar e fui dormir.

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