Santana passou a semana distraída, pensando naquela garota linda que chamara tanto sua atenção. Quinn havia percebido isso e resolveu perguntar.

— O que aconteceu com você essa semana? – perguntou ela enquanto almoçavam no restaurante.

— Nada. Por que? – respondeu Santana parecendo confusa.

— Você está ‘fora do ar’ desde o início da semana. – disse Quinn, tomando um gole do seu refrigerante.

— Não é nada, impressão sua. – disse Santana tentando disfarçar para não entrar no assunto.

— Ok. Até parece que eu não te conheço. Passo apenas vinte horas do meu dia ao seu lado. – respondeu Quinn ironicamente. Isso era uma coisa que as duas tinham em comum, eram bastante irônicas e isso gerava alguns conflitos entre as duas, às vezes.

Santana pensou em ignorar o assunto e continuar seu almoço tranquilamente, mas ao ver o olhar de Quinn sabia que não teria paz tão cedo se não falasse logo.

— Ok, que chatice, eu falo. – Disse ela colocando a comida de lado e cruzando as mãos em cima da mesa. – Aquele dia que fui dar monitoria para o primeiro período, uma caloura ficou me encarando e me dando sorrisos. – Continuou ela e parou, dando a entender que o assunto estava encerrado.

— E daí? Se apaixonou por ela? – disse Quinn dando um sorriso debochado para Santana. Irritá-la era uma das suas atividades favoritas.

— Idiota. – respondeu Santana olhando para outro lado, como se Quinn não estivesse mais lá.

— Como sou uma ótima amiga vou ajudá-la a encontrar essa garota. – disse Quinn com um sorriso inocente, como se fosse a melhor pessoa do mundo.

— Quem disse que eu quero encontrá-la? – respondeu Santana querendo parecer indiferente, mas adorando a ideia. Quinn nunca poderia saber.

— Hum, deixa eu pensar. Sua linguagem corporal. Estudamos isso, sabemos interpretar e não sou cega, seu corpo grita isso. – disse Quinn como se fosse óbvio.

— Ok. Mas não se empolga demais tá legal? Não é nada demais. – respondeu Santana, já ansiosa para descobrir quem era aquela garota.

À noite, Quinn e Santana estavam no quarto, deitadas em suas camas. Santana estava lendo um livro de Farmacologia enquanto Quinn estava com seu computador no colo.

— Como ela é? – perguntou Quinn, sem desviar o olhar da tela do computador.

— Ela quem? – respondeu Santana, alheia a qualquer outra coisa que Quinn poderia ter falado por causa da concentração no livro à sua frente.

— Sua amada do laboratório de anatomia. – disse Quinn sem perder a oportunidade de brincar com sua melhor amiga.

— Para de ser idiota garota. – respondeu Santana sem paciência. – Para que quer saber? Vai entrar em todas as salas procurando por ela? – continuou com ironia.

— Óbvio que não. Tenho métodos mais modernos. – disse Quinn virando a tela do computador para Santana. Ela estava na página da faculdade, em uma seção que contêm grupos de todas as turmas, para o caso dos professores ou monitores precisarem de fazer contato.

— Quinn Fabray, a senhorita é uma stalker melhor que eu imaginava. – disse Santana saindo de sua cama e indo sentar ao lado de Quinn na dela.

— Obrigada. – respondeu Quinn com um sorriso orgulhoso. – Agora vamos ao trabalho. Características, por favor. – continuou.

— Então. – Santana respirou fundo e começou. – Ela é linda. Tem longos cabelos loiros, pele clara e olhos azuis. Os olhos mais lindos que já vi. – disse Santana perdida em pensamentos, repassando a imagem da garota em sua mente mais uma vez.

— Ok Romeu, calma lá. Já entendi que ela é linda, não precisa dizer tantas vezes. – disse Quinn rindo. – Ela está no primeiro ano certo? – perguntou Quinn, já entrando no grupo da turma.

— É. – respondeu Santana, envergonhada por ter se deixado levar pelos seus pensamentos.

— Certo. Temos três garotas que preenchem essas características na turma. Mas tenho uma intuição de que essa é sua musa. – disse Quinn apontando para a foto de uma garota cujo nome Brittany S. Pierce aparecia na frente.

Santana rapidamente olhou para tela a procura da foto e assim que a viu teve certeza de que aquela era sua garota, o sorriso era inconfundível. Brittany, ela pensou, estou ansiosa para te ver de novo.

Pelo resto da semana Quinn ficou no pé de Santana para saber o que ela faria em relação à Brittany. Santana só tinha sossego durante as aulas, mas aquele intervalo em que estavam não era seu momento de sorte.

— Não vou fazer nada Quinn, ela vai achar que estou louca. – respondeu Santana pela milésima vez. – Daqui a dois dias tem monitoria e vou vê-la, só isso.

— “Vou vê-la, só isso”. – repetiu Quinn, com a voz imitando a de Santana. – Depois de pensar nela tanto tem que fazer algo. Conversar com ela ou qualquer outra coisa. – continuou Quinn enquanto andavam para a lanchonete.

— E o que vou dizer, gênio? – perguntou com Santana irritada, com a certeza que se Quinn fizesse mais alguma brincadeira alguém levaria um tapa. – ‘Oi Brittany, pensei em você a semana inteira’ não parece uma boa ideia. – continuou Santana desejando que o intervalo acabasse.

— Pobre S, tão ingênua. – disse Quinn dando batidinhas nas costas de Santana, como se a consolasse. – Não se preocupe, estou aqui para te salvar. – continuou.

É agora, Santana pensou. Já estava perdendo a paciência, faltava pouco para brigar com Quinn. Mas parece que a loira nem desconfiou e continuou falando.

— Como já previa que precisaria de minha ajuda, pensei em algo. Pode oferece-la ajuda com a matéria, pessoalmente. Diga que está disponível para o que ela precisar e passe seu número para ela. – disse Quinn orgulhosa de si mesma.

— Olha Q, eu cans... – Santana parou no meio da frase para pensar na ideia de Quinn. Não era das piores, ela teve que admitir, era até boa. – Não foi das suas piores ideias. – disse Santana para não se entregar totalmente, Quinn não merecia.

— Um obrigada era suficiente. De nada. – respondeu Quinn zombando da amiga.

Finalmente chegou a hora de voltarem para aula e Santana teria um pouquinho de paz para pensar no que falaria para Brittany, e tinha exatamente dois dias para planejar.