German ficou muito surpreso com a forma brusca com que me joguei em seus braços, mas assim que meus lábios tocaram os seus, a surpresa desapareceu instantaneamente dando lugar a outra coisa.

Agarrei-me ao seu pescoço, tentando aproximá-lo mais de mim, suas mãos enormes em minha cintura fizeram o mesmo. Meu coração martelava loucamente dentro do peito. E a certeza de estar em casa me sufocou tão intensamente que calou definitivamente os gritos dentro da minha cabeça que pediam para que eu parasse porque ele sofreria ainda mais depois disso. Não pensei em mais nada, apenas que ele me queria ali com ele.

No entanto, seus lábios deixaram os meus e suas mãos seguraram meus ombros, me restringindo.

— German? — eu tinha dificuldade para falar. Dificuldade para respirar.

— Não posso fazer isso com você! Não posso desonrá-la dessa maneira. — sua voz também instável, aflita. — Não podemos!

—Podemos, German, Podemos sim! — eu tentava recuperar o fôlego para poder me explicar direito.

— Devemos esperar um pouco mais. Eu pretendia lhe dizer isso de forma mais...

— Mas nós não temos mais tempo! — eu o interrompi sacudindo a cabeça.

—Você não entende? Eu... eu não sei quanto tempo eu tenho. Mas tenho certeza que não é muito. Eu nem sei se ainda estarei aqui amanhã, German!

— Mas é errado, Angie! — ele colou sua testa na minha, fechou os olhos sacudindo a cabeça. Parecia tão torturado! — Tão errado! Você mesma disse!

Toquei seu rosto.

— Não é errado. O que sinto quando estou com você é... É a coisa mais certa que já senti na vida! German, pela primeira vez eu sei aonde pertenço!

Ele abriu os olhos.

— Pertence a este lugar? — perguntou confuso.

— Não, pertenço a este lugar. — eu sorri e deslizei minhas mãos de seu pescoço para os braços fortes e firmes, para que ele entendesse exatamente ao que eu me referia. — Pertenço a este lugar — coloquei minha mão sobre seu coração, que batia tão rápido quanto o meu. — Como pode ser errado?

Vi a luta através de seus olhos negros, a moral e a honra duelando contra o desejo louco que sentia. Vi quando seus olhos se escureceram ainda mais e a luta terminava. E vi a expressão em seu rosto — desesperada e faminta —, antes que voltasse a me beijar outra vez.

Senti a urgência de seus lábios quando voltaram a tocar os meus e a verdade de minhas palavras penetrar em cada célula de meu corpo enquanto ele me puxava impossivelmente para mais perto.

Não me importei com mais nada. Não me importei com o manhã. Com o que iria acontecer depois. Nada mais importava. Apenas o agora.

Apenas German.

Sua boca devorava a minha e suas mãos grandes e firmes me apertavam freneticamente. Fiquei sem ar. Ele percorria as curvas de meu corpo, fazendo minha cabeça girar, libertando o desejo insano que estava adormecido dentro de mim. Até aquele instante, eu tive apenas uma amostra, apenas um vislumbre do quanto eu o desejava. Uma verdadeira explosão ocorreu dentro de mim, consumindo e transformando tudo que encontrou pela frente. Mudando o meu eu, alterando minha essência.

Fui incapaz de resistir ao impulso de abrir sua camisa com violência, arrancando alguns botões em minha urgência. Assim que me livrei do tecido, deslizei minhas mãos em seu peito duro, sentindo o calor de sua pele — tão quente como se estivesse em chamas — afugentar todos os meus temores. Naquele instante, éramos apenas eu, Angie, e ele, German. Nada mais.

Eu arfava sob seus lábios, mas não permiti que os afastasse de mim. Ele também respirava com dificuldades, mas não pareceu se importar com isso, ao contrário, me beijava com tanta fúria, suas mãos tão urgentes, que cheguei a temer que meu vestido tivesse o mesmo destino que sua camisa. Contudo, German foi gentil e abriu delicadamente os pequenos botões em minhas costas. Seus lábios deslizaram em meu pescoço, assim como suas mãos deslizaram em minha clavícula até alcançar os ombros, fazendo o vestido escorregar e cair no chão.

German ergueu a cabeça para me olhar sob a fraca luz do candelabro. Não encontrei vestígio algum de vergonha ou constrangimento dentro de mim. Ao invés disso, quando seus olhos esfomeados percorreram cada linha de meu corpo e o sorriso malicioso que eu adorava surgiu em seus lábios, uma onda de prazer me sufocou completamente. Ele deslizou suas mãos suavemente por meus braços até alcançar as minhas, e a necessidade que eu sentia dele me tomou por completo. Lancei-me contra ele e esmaguei sua boca com desespero, enquanto seus dedos febris percorriam lentamente as curvas de meu corpo, enviando pequenas ondas de eletricidade até o centro dos meus ossos.

Tão rápido que não pude ver como, o German passou um dos braços por trás dos meus joelhos, me pegando no colo e me levando até a cama. Colocou-me delicadamente sobre ela, cobrindo rapidamente meu corpo com o seu. Sentir o peso dele sobre mim era quase insuportável. Seus lábios exploraram meu corpo — cada milímetro dele. German olhou com curiosidade para minha calcinha — calcinha de verdade, para minha felicidade, não uma feita de tecido velho — mas não disse nada enquanto a arrancava.

Assim que todas as nossas roupas estavam no chão, observei minuciosamente seu corpo, iluminado apenas pela luz das velas. Era ainda mais delicioso do que eu havia imaginado! Os músculos bem definidos sob a pele clara, o cabelo negro e macio emoldurando seu rosto perfeito, os olhos famintos de desejo brilhando prateado, como se fossem duas estrelas... Pude admirar cada detalhe, cada aspecto dele. E, realmente German tinha aspectos enormes para serem admirados.

Ele voltou a me beijar, suas mãos me acariciando de forma tão intensa, tão urgente que não pude mais suportar. Movimentei meu corpo sob o dele, procurando... Ele notou minha investida e se moveu instintivamente permitindo que eu o alcançasse.

E quando finalmente — finalmente! — nossos corpos se uniram num encaixe perfeito, pensei que pudesse literalmente chorar. Ter German dentro de mim foi a experiência mais prazerosa, mais intensa e indescritível que eu havia experimentado até então. Cada parte de mim até mesmo as mais pequenas — se transformava enquanto ele me beijava, me tocava, me possuía.

Ele não apenas possuía meu corpo, mas também minha alma, com o mesmo ímpeto e desespero. Senti sua alma se fundindo com a minha, numa união sem retorno.

— Angie... — ele murmurava vez ou outra em minha pele.

A onda de prazer se aproximou rápida e intensa. Agarrei-me ao seus ombros, a única coisa estável no turbilhão de sensações. Ele notou quando acelerei o ritmo e correspondeu com a mesma intensidade. Fiquei à deriva por alguns segundos, logo em seguida, fui tomada pela violenta explosão de cores reluzentes. Segundos depois, ouvi German gemer e depois desabar sobre mim.

Ficamos ali por um tempo, arfando e flutuando na imensidão de sensações e sentimentos, tentando normalizar nossa respiração, tentando nos conectar ao planeta outra vez.

Jamais havia sentido algo tão forte, tão grandioso quanto naquele instante. Nunca havia me conectado a alguém de forma tão intensa — de corpo e alma — como naquela noite. Nunca havia sentindo tanto prazer, tanta paixão, tanta sincronia. Era como se existíssemos apenas para completarmos um o outro.

Tudo se uniu dentro de mim enquanto o amor que eu sentia por ele se acomodava em cada célula do meu ser. Então, como se uma cortina fosse retirada de meus olhos, eu soube.

Naquele exato momento, eu soube o que procurava. Eu soube o que realmente queria. E soube o que eu tinha que encontrar ali.

German.

German era a resposta para todas as minhas perguntas. Eu não tinha mais dúvidas quanto a isso. Era por ele que eu procurava — a vida toda —, sem nem mesmo saber que procurava. Era ele que eu queria, de forma desesperada, pra toda vida. E era ele a minha jornada ali, minha missão.

Seu rosto ainda enterrado em meu pescoço e sua respiração quente em meus cabelos foram as únicas coisas que me fizeram acreditar que tudo foi real. Que aquele momento mágico realmente existiu.

— Nossa! — ele disse ainda sem fôlego. — Então, isso é o paraíso!

Eu ri.

— Não acredito que permitam esse tipo de coisa por lá. — eu também respirava com dificuldade.

Ele riu, seu corpo sacudiu o meu levemente.

— Acho que tem razão. O que eu quis dizer é que não imagino que exista algo mais extraordinário que isso.

Pensei um pouco sobre o que ele disse, ainda sentindo a letargia provocada pelo êxtase. Meu cérebro demorou para fazer a ligação, mas quando o fez, meus olhos se arregalaram com horror.

— German? perguntei aflita.

— Sim?

— Já esteve com outras mulheres? — ele tinha que ter tido outras, não tinha?

Ele hesitou por um momento. Talvez não quisesse me magoar dizendo números absurdos.

— Bem... — levantou a cabeça para me olhar nos olhos, então eu soube a resposta antes mesmo que ele a dissesse. — Esta foi a primeira vez.

— Ah! Não!

— As coisas são diferentes por aqui, Angie. Não é comum acontecer... o que acabou de acontecer. Não sem terminar em casamento. — ele deu um meio sorriso.

Ah! Droga! Eu vou direto pro inferno! Sem direito a escala no purgatório!

Droga!

— German, me desculpe! Eu não imaginei que... Eu não tinha como... Você parecia tão seguro! Eu...

— Shhhh — ele colocou um dedo sobre meus lábios. — Não se desculpe. Não pode se desculpar por me dar a noite mais magnífica de minha vida. Eu a proíbo!

— Mas... — tentei dizer.

— Não! Não fiz nada que eu não desejasse. Justamente o oposto! — então, suas pupilas dilataram, a chama prateada retornou e notei que parte dele começava a ganhar vida outra vez. — E vou fazer exatamente o que quero fazer mais uma vez!

Sua boca grudou na minha e uma carícia nova e atrevida me tirou o fôlego. Não demorei muito para esquecer minha aflição e entrar no clima. Na verdade, não demorei nadinha!

Fiquei deitada na cama, tentando respirar. Imaginei que não pudesse existir uma noite mais perfeita que aquela.

Aquela noite foi a primeira vez que German fez amor — as quatros primeiras vezes para ser mais exata, ele tinha muita fome! — mas também foi a minha primeira vez. Não a primeira transa, claro, mas a primeira vez que realmente fiz amor.

E foi incrível!

Minha cabeça vagava sem destino, vazia de pensamentos finalmente em paz.

— Em que está pensando? — German perguntou com a voz um pouco mais controlada, tocando meu cabelo.

— Em nada. Estava ouvindo uma música. — eu disse preguiçosamente enquanto brincava com os pelos de seu peito.

— Ouvindo? — zombou ele.

— É, ouvindo! — sorri de olhos fechados, me deleitando com as novas e deliciosas sensações que German tinha me proporcionado. — Não ouvindo de ouvir, mas tipo pensando nela, lembrando dos acordes, da letra.

Levantei a cabeça de seu peito para poder vê-lo. Seu rosto estava feliz. Exultante na verdade, e indescritivelmente lindo.

— Eu já ouvi?

— Não, tenho certeza que não! Mas aposto que você ia gostar também. É de uma banda incrível, fez um sucesso estrondoso no MySpace. Essa música é uma das minhas favoritas. Acho que é perfeita!

Apoiei meu queixo em seu peito e continuei brincando com os pelos encaracolados.

— Cante para mim, então. — pediu com doçura.

— Ficou doido?

— Por favor? — implorou com a voz macia.

— Nem pensar! Eu canto muito mal! — exclamei horrorizada.

—Não me importo com isso. — um sorriso brincalhão apareceu em seu rosto. — Queria poder conhecer as coisas que você tanto aprecia... Como vou conhecê-las se você não me mostrar?

— German, de verdade, eu não sei cantar!

— Por favor, Angie? — suplicou.

— Mas é em inglês!— tentei fazê-lo desistir da ideia.

— Acho que posso acompanhar. — seus olhos intensos me coagindo. — Por favor, deixe-me entendê-la melhor!

Suspirei. Não dava para negar nada a ele quando me pedia daquele jeito! Deitei minha cabeça em sua barriga chata, tentando esconder meu rosto, tornei a fechar os olhos e cantarolei baixinho, enquanto sua mão brincava em meus cabelos. Quando terminei, ele suspirou.

Tive que olhar para ele.

— Eu te avisei que não sabia cantar!

Ele sorriu e, depois de alguns segundos seu rosto ficou muito sério. Meu coração disparou assim que li o que estava escrito em seus olhos.

— Eu a amo, Angie.

Meu corpo reagiu imediatamente, meu pulso se acelerou, meu coração disparado feito uma britadeira e cada parte de mim parecia ter virado gelatina. Arrastei-me sobre ele com dificuldade até alcançar seu rosto, o segurei entre as mãos.

— Eu te amo, German. Não importa para onde eu vá, nem quanto tempo passe. Vou te amar pra sempre! — prometia olhando para as profundezas de seus olhos negros. E eu sabia, que nunca, jamais amaria outro alguém.

Uma de suas mãos se enroscou em meus cabelos, me puxando delicadamente para mais perto.

— Para sempre. — concordou, me silenciando com seus lábios.