Dark Angel

Uma Despedida


Dick saiu do banheiro abotoando a camisa pela metade, eu ficaria completamente tonta com a visão à minha frente se não estivesse tão irritada – confusa, brava, até mesmo chateada.

–Então, quem era?

–Bárbara. Ela disse que liga depois. – Tentei me concentrar em alguma coisa, mas tudo o que consegui foi trocar o meu celular da cômoda para o criado mudo... Muito inteligente!

–Lis... – Dick caminhou até mim procurando o meu olhar – Está tudo bem?

–Sim.

–Por que eu não consigo acreditar? – Ele falou enquanto eu saia do quarto me desviando dele, me senti encurralada ficando encostada na parte de trás do sofá e ele parou na minha frente.

–Não sei.

–Qual é o problema?

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Ele tocou o meu rosto e o acariciou, ele me olhou de uma maneira tão doce que por um instante, pensei ser bobeira o que estava acontecendo, mas ouvi o celular dele tocando novamente e tudo voltou

–Foi alguma coisa que aconteceu durante a sua conversa com Bárbara? - Ele continuou. É sério? Ele descobriu assim tão rápido? Ou é simplesmente uma desconfiança por saber com que divida a mansão?

O telefone continuou a tocar.

–Pode atender. – Falei no mesmo tom frio de antes

Ele hesitou, mas foi até o quarto e voltou desligando o telefone.

–Era Stephanie Brown, ela também vai para a Europa com o resto da empresa, eu posso ligar depois...

–Stephanie?

–Sim. Quer me falar o que houve agora?

–Bárbara só me confundiu no telefone. – Falei tentando disfarçar aquilo que eu não sabia que tipo de sentimento era

–Ela a confundiu com quem? – Ele parecia estar ficando zangado. Ótimo. Eu também estava.

–Ela me confundiu com sua amiga “Steph”, que coincidência, não? – Falei me esforçando para parecer menos irônica do que sentia vontade

–Foi só uma confusão sem sentido! Não precisa ficar brava!

–Eu não estou brava! – Berrei sem perceber e ele me encarou – Não estou brava. – Falei mais baixo

–Não precisa ficar assim... – Ele acariciou o meu cabelo e eu fiz o que pude para não ceder. Dick suspirou – Eu não quero sair daqui brigado com você. – Eu não respondi, desviei o olhar – Quer que eu te dê uma carona? – Neguei com a cabeça

–Você vai se atrasar, obrigada.

–Não tem problema, eu espero. – Assenti

–Obrigada. – Me direcionei para o quarto

Por um lado, tudo parecia uma enorme besteira, mas ao mesmo tempo, as palavras de Bárbara me deixavam confusa e irritada. Mesmo se fosse ciúme, eu tinha uma boa razão. Dick sempre teve uma grande fama de pegador e Suzi me avisou sobre isso. Eu pensei que estaria preparada para isso, e não pensei que estaria tão envolvida à ponto de me sentir tão vulnerável com tudo isso. Com raiva de Dick, Bárbara e Stephanie, saí do quarto.

Saímos do prédio em silencio e em silencio, chegamos à frente da lanchonete.

–Mesmo estando brava comigo, vai querer me ver pela internet? – Ele perguntou fazendo cara de coitadinho e eu automaticamente sorri.

–Eu não estou brava.

–Não? Que pena, por que você fica linda quando está brava. – Ele falou e eu ri revirando os olhos

–Está bem. Eu vou falar com você pela internet. – Sorri fraco e ele aproximou o rosto, mas não me beijou como eu temia, encostou a testa na minha.

–Eu vou esclarecer tudo isso com a Bárbara, e não há nada entre mim e Stephanie, ela é apenas uma colega de trabalho. – Ele falou eu sorri tudo o que consegui, o que não foi quase nada.

Abri a porta do carro e antes que eu saísse, ele me puxou e me beijou. Foi rápido, mas terno. Saí do carro e ele me lançou um olhar apaixonado antes de partir.

A lanchonete estava sem clientes, apenas a família Lane toda reunida – incluindo Lucy – e alguns jovens que não reconheci.

–Bom dia. – Falei

–Lis! Que bom que chegou! – Comemorou Suzi baixo, o mais baixo que conseguiu – Vem aqui. – Ela me puxou para a porta atrás do balcão que dava para o quarto onde trocávamos de roupas, entramos no quarto.

Estava mais arrumado e mais alegre, com dois sofás, uma mesa e um guarda-roupa.

–O que está acontecendo? – Perguntei abrindo o guarda-roupa e pegando o meu uniforme vermelho de sempre

–Finalmente mamãe e papai aceitaram a minha sugestão! Agora a lanchonete também funciona de noite. Vai ser assim: De manha, vão ficar aqueles adolescentes. Eles são: Ronald, Molly, Esther e Jhon. Eu, você, Mike e Lucy, entramos às 11h e saímos às 18h, depois vão ficar outros funcionários. Os cozinheiros são os mesmos, mamãe e papai ficarão por uns dias até decidirem o que fazer.

–Hum... Isso é muito bom. – Seria muito mais fácil assim, eu não precisaria abrir mão da lanchonete pela SHIELD e teria um tempo para o namorado, mas...

–Lis, qual é o problema? – Perguntou Suzi me acordando de pensamentos

–Não foi nada. – Guardei a bolsa no armário e me sentei no outro sofá para desamarrar o All Star surrado

–Não mente para mim! Te conheço há não-sei-quantos-anos! Desembucha.

–Eu... Ah... O Dick precisou viajar, não vai voltar por três semanas, e...

–E...?

–E eu atendi o telefone dele, porque ele pediu, e a Bárbara me chamou de “Steph”, e depois ainda falou uma lista de nomes femininos! “Zee, Helena, Kory, Kara...”, eu não aguentei ouvir além disso e a interrompi. – Falei de uma vez

–Então é por isso que você está tristinha, também percebi. – Falou Mike saindo de trás da porta que estava aberta

–Mike! Sai daqui intruso! – Berrou Suzi atirando nele uma almofada que estava em cima do sofá

Suspirei de olhos fechados. Droga.

–Não liga para ele. Eu sinto muito por isso, Lis. Você disse “Zee, Helena, Kory...”

–E Kara. – Olhei para ela, Suzi estava anotando tudo num bloco de anotações, o mesmo que nós usávamos para anotar os pedidos. – O que você está fazendo?

–Vou caçá-las no facebook. Esse cara tem gosto para nomes esquisitos! – Ela falou e eu tive que rir

–Ele não poderia ter uma relação com todas elas, quero dizer... Ao mesmo tempo que eu, não é?

–Eu não acredito que ele faria isso. Qual era mesmo o nome da primeira?

–Stephanie. – Falei e ri, nós duas saímos do quarto depois de estarmos uniformizadas.

Os quatro jovens que eu vira, já haviam ido embora, e só voltariam no dia seguinte para começar. A lanchonete não abriria o dia inteiro e as ordens de Théo haviam sido claras: Lucy, Suzi e Martha iriam até o centro para fazer compras decorativas, ele iria para uma reunião com os cozinheiros, e por fim, Mike e eu ficaríamos para receber os funcionários novos da noite e explicaríamos tudo.

Depois de receber àquelas ordens, voltei para o quarto e tirei o uniforme, voltando a colocar as minhas roupas normais. Fiquei do lado de fora do balcão, sentada, com os cotovelos apoiados e bebendo algo alcóolico. Mike saiu da sala, também sem uniforme.

–Bebendo para afogar as mágoas?

–Ainda não cheguei à esse ponto! – Falei e ele riu

–Então o que é? – Mike se sentou ao meu lado com uma garrafa do mesmo que eu bebia, o que parecia ser Sminorff.

–Você já ouviu de mais.

–Não fica assim, gatinha. O Dick não faria uma coisa dessas! Tenho quase certeza que não. – Ele tentou diminuir em “quase”.

–Tudo bem. Eu acho que não mesmo, não sei, eu simplesmente não sei como evitar isso!

–Você está apaixonada. É claro que isso ia acontecer. Principalmente, sendo o Dick quem ele é.

–Eu não quero mais falar disso.

–Tudo bem, você que manda.

–Como está Mayra?

–Ela foi com os pais para o Brasil, por algumas semanas, mas eu também não quero falar disso. – Ele chacoalhou a cabeça e eu o observei – Am... Ela falou Steph primeiro não foi?

–Sim.

–Stephanie Brown, deve ser essa.

–Você a conhece?

–Bom, eu sei que ela já foi uma das relações de Dick, mas faz tempo.

–Pelo jeito não faz tanto tempo assim! – Assim que terminei a frase, a porta da lanchonete se abriu.

–Lis, não fique assim, eu confio nele, você devia fazer o mesmo. – Ele se levantou e foi atender os jovens que haviam entrado

Eram os novos funcionários da noite, Mike e eu os ajudamos e ensinamos o que precisavam saber. Depois eu já podia ir embora, mas ficar sozinha em casa depois da noite anterior e da ligação que atendi, decidi que iria até a SHIELD.