Trocas - Parte 2

-Nós vamos apenas impedir a venda, entendido? – Perguntou ele – Sem... Mortes, por favor.

-Entendi... Você tentar conter as minhas... habilidades – Sorri, quase como um sorriso desafiador

-Como pode ter um sangue tão frio? Quero dizer... Isso não a deixa culpada? – Ele falou parecendo irritado e eu gargalhei

-Deve ser a primeira vez que trabalha ao lado de uma justiceira ao invés de uma heroína! Passei a fase da culpa há muito tempo!

-Realmente. Não é muito comum, mas enquanto estivermos em um plano, você terá que conter as suas habilidades. Por mais que sejam... Vilões, são pessoas e eu não quero mortes.

Ele foi sério de mais para que eu pudesse retrucar, apenas olhei para frente.

-Batgirl, está me ouvindo? – Perguntou ele falando com o rádio – Assim que os Homens da Noite chegarem, nós agimos. Entendido, Black Angel? – Falou ele olhando para mim, assenti.

Anotei em mente para me lembrar de agradecer Clint por me colocar numa missão em que eu recebo ordens de um herói altruísta, cheio de ideais e códigos de conduta opostos aos meus.

Observei os Homens da Noite chegarem.

-Agora – Sussurrou Asa Noturna pulando

Ele e Batgirl pularam ao mesmo tempo, chegando no chão em perfeita harmonia. Gavião Arqueiro e eu, apontamos os arcos e disparamos as flechas em harmonia também, foi como se fosse ensaiado. Me preocupei em travar as caixas com flechas afiadas, depois disso, pulei torcendo para que fosse um salto tão belo quanto o de Asa Noturna.

Usei o arco apenas para flechar algumas partes – não vitais – do corpo dos inimigos, mesmo que não fosse o meu estilo de luta, eu estava sob as ordens de Asa Noturna. Os capangas de Luthor eram menos treinados, e mais habilidosos com armas de fogo, uma grande vantagem para mim. Desarmá-los e deixa-los inconscientes ou amarrados à tempo de ver certo pavor em seus olhos.

Gavião já estava em luta corporal, Batgirl lutava às sombras, surpreendendo os oponentes e Asa Noturna parecia não ter medo, se jogava com extrema habilidade em cada batalha. Usei o arco para enforcar um do Homens da Noite, apenas até perder a consciência, assim que ele caiu, senti alguém tocando o meu braço, sem o menor sinal de hostilidade. Virei o rosto para ver quem era.

-Olá Black Angel, há quanto tempo! – Era aquele agente, o mesmo da festa, o Japa que me desafiava sempre.

-Muito tempo! – Ironizei apontando o arco, ele riu como se fosse piada.

-Não gosta de lutas corporais? Que tal brincar sem os brinquedos? – Ri abaixando o arco

O Japa colocou-se em posição de combate e eu fiz o mesmo, nos colocamos em um combate intenso. Ele preparou outro chute na altura de minha cabeça, novamente impedido por um de meus braços:

-Certo, Japa, está na hora de se render. Não há mais opções. – Falei abaixando o braço dolorido

Ele olhou em volta, não havia mais homens em pé, aqueles que estavam em pé, estavam em combate com outros da minha “equipe”. O agente contra quem eu lutava levantou as mãos em sinal de rendição. Suspirei aliviada endireitando a minha postura, fui surpreendida por um chute no estômago, daquele mesmo que havia se rendido há pouco. Um chute que me fez voar até a parede e destruir uma caixa vazia levantando muita poeira. Foi o necessário para eles conseguirem fugir.

-Anji? Está tudo bem? – Perguntou Clint me colocando em pé. Tossi com a poeira.

-Isso é trapaça! – Tossi mais uma vez – Droga!

-Você mandou bem... – Caminhamos ao encontro dos outros

-Prendemos a maioria deles e eles levaram uma caixa – Informou Batgirl

-Muito bem, já sabemos que eles estão em conjunto, e... Batgirl! – Asa Noturna começou a falar, mas parou quando a ruiva desmontou, simplesmente caiu.

Ele se abaixou para ajuda-la e depois eu não vi mais nada, perdi as forças e senti o meu corpo batendo contra o chão.

...]

Abri os olhos de vagar. Eu estava num quarto claro, o teto era branco, virei a cabeça para poder ver as paredes azuis e a cortinas da mesma cor, mas escuras. Aos poucos, lembrei-me de algumas coisas. A picada na nuca, alguma droga havia me sedado. Levantei-me da cama de colcha escura e entrei na primeira porta que vi, um banheiro exageradamente branco. Olhei o meu reflexo no espelho, eu ainda estava mascarada. Saí do banheiro sentindo fúria, talvez por não saber onde estava ou pelo fato de não me lembrar de outras coisas além do grito desesperado de Asa Noturna.

Saí do quarto, eu estava agora em um corredor comprido. De um lado, uma parede de vidro, e do outro, uma saída. Meu instinto inicial foi me aproximar da janela. Eu estava entre nuvens, uma vertigem tomou conta do meu corpo, eu ainda estava tonta por culpa da droga e me afastei da janela/parede. Caminhei para o outro lado, para o fim do corredor.

Era um salão cheio de computares e televisões enchendo as paredes. No centro, havia uma tela holográfica. Fiquei parada na porta tentando absorver informações.

-Onde está Batgirl? ... E os outros, onde estão? – Asa Noturna perguntava com firmeza para o homem à frente da tela holográfica, era o homem de tapa olho, Nick Fury.

-Ali está a Black Angel – Fury apontou para mim – A ruiva ainda não acordou.

Caminhei me aproximando.

-Alguém pode trazer um café para a Black Angel? – Berrou ele

-Não quero café. Alguém pode me dar uma explicação? Onde eu estou? Quem me trouxe até aqui? E por que eu estou aqui?

-São muitas perguntas, minha cara.

-Nick, por favor... – Falou Asa Noturna

-Vocês estão na base da SHIELD, aqui a quilômetros de terra firme. Mas acho que essa reuniãozinha será mais apropriada com todos os quatro. – Nick voltou a atenção para o teclado em sua frente

-Então pode começar – Falou Batgirl entrando ao lado de Clint

-Vou direto ao ponto, nós queremos vocês aqui. A SHIELD quer as habilidades de vocês do nosso lado, sendo nossos contratados.

-Já conversamos sobre isso, Nick. Não vamos trabalhar para você. – Asa Noturna revirou os olhos

-E o que você espera? Viver às custas do Homem Morcego para sempre? Não me parece muito justo para as suas habilidades espetaculares.

-Obrigada Nick, mas não. – Falou Batgirl

-Gostaria que considerassem a minha proposta. Enquanto isso, os tubos zeta os levarão onde quiserem. – Nick apontou para o elevador, na verdade, era mesmo um dos tubos zeta que Clint havia me contado.

Continuei parada, de braços cruzados, mas tentada a seguir Asa Noturna e Batgirl para o elevador.

-Enquanto à você, Black Angel?

-Am... O que? – Observei a porta do “elevador” se fechar e depois voltei a minha atenção para Nick Fury

-Pensou na possibilidade de trabalhar conosco?

-E ser sequestrada antes de cada missão? Não, obrigada. – Falei e ele riu

-Ora, se existisse um convite, eu não a veria hoje. Nós temos mais tecnologia do que você pode imaginar, recursos e informações, pode ser tão útil para você quanto para nós. Pense nisso como uma troca. Gavião, leve-a até o seu destino.

Seria uma proposta a se pensar, mas agora, eu só queria ir para casa. Dormir e depois pensar em uma desculpa para chegar na lanchonete depois do almoço.