Dark Angel

Preparativos


Fui para fora do navio e me pendurei no alto da saída. Esperei um deles sair para pegar o convite do bolso de trás de sua calça. Esperei eles irem embora para descer. Era um convite sem nome exato, uma homenagem à Luthor! Por que um crápula como ele seria homenageado?

Não estava tão tarde quanto eu imaginava, a lua já era visível. Peguei a mochila e troquei de roupas. Fui de moto até o estacionamento onde ela ficava normalmente e voltei para uma parte comercial da cidade, não muito distante da minha casa. Ainda havia algumas lojas abertas. Entrei numa livraria com intenção de conseguir o que precisava para terminar um trabalho do curso por correspondência.

Acabei me perdendo um pouco entre títulos, trechos e capas, só percebi que já era muito tarde quando o dono da pequena livraria chamou a minha atenção. Quando saí, tudo já estava fechado, não havia pessoas na rua. Fui andando naturalmente.

Há algumas quadras de casa, ouvi vozes e risadas de homens – bêbados. Eles estavam há apenas alguns metros de distancia e resolvi andar mais rápido, mas eles tiveram a mesma ideia. Ao me aproximar da esquina, eles me cercaram. Ah, ótimo!

-Ei! Princesa, não quer dar um passeio com a gente? – Um deles riu

-Com licença! – Pedi

-Pra quê pressa, boneca?

A rua estava vazia e eu não precisaria de esforço para acabar com eles de uma só vez. Quando um deles tocou o meu rosto, me afastei o máximo que pude e berrei “Sai!”, eles voltaram a rir. Decidi que acabaria com eles ali mesmo, mas não tive tempo.

Outro daqueles homens segurou o meu braço com força suficiente para deixar uma marca no dia seguinte:

-Para de gracinha garota!

Alguém surgiu de algum lugar derrubando aquele que havia me tocado com uma fúria visível, estava escuro e ele usava roupas pretas, mas tinha a pele branca, havia apenas um símbolo azul em sua roupa, aparentemente, um par de asas que corria por todo o seu peito. Ele também usava uma máscara. Ele, quem quer que fosse, havia surgido de algum lugar suspenso por uma corda que vinha de longe.

Ele soltou a corda e “caiu” perfeitamente no chão correndo para derrubar os outros homens. Fui incapaz de me mover. Ele derrubou todos os homens, deixando por último o que tocou o meu rosto, mesmo depois de tê-lo derrubado, continuou a bater. O homem já estava claramente inconsciente, mas ele continuou. Ele estava enfurecido. De repente parou, chacoalhou a cabeça e se levantou. Ele não seria capaz de mais nada além de deixa-los inconscientes.

Ele caminhou se aproximando de mim, mas ficou na sombra, eu não podia vê-lo direito.

-Você está bem? – Sua voz era completamente surreal, assim como as suas habilidades.

-Sim – Hesitei e respondi

-O que pensa que está fazendo aqui à uma hora dessas? – Ele parecia preocupado

-Eu... Eu passei muito tempo na livraria... – Não consegui responder mais do que isso – Quem é você?

-Vá para casa. – Ele se virou para ir embora, mas eu corri e segurei sua mão. Ele parou, congelou.

-Responde. – Minha voz soou suplicante

-Eu sou o... Asa Noturna. – Ele hesitou, mas respondeu à minha súplica – Agora vá para casa. – Ele falou por fim e desapareceu nas sombras

Asa Noturna... Esse nome martelou em minha mente depois que eu cheguei em casa. Seria ele um dos aprendizes do Batman? Suas habilidades tinham semelhanças visíveis.

Tomei um longo banho e depois me deitei sentindo uma vontade imensa de ligar para Dick, eu queria ouvi-lo dizer a minha voz, queria ouvi-lo e até contar à ele o que havia acontecido, mas ele devia estar dormindo ou podia estar com Bárbara até essa hora. Acabei dormindo também.

No dia seguinte, não me atrasei. Foi uma manha agitada na lanchonete, Lucy não estava, e ela fazia falta atrás do balcão. Eu estava ansiosa pela hora de almoço, queria sair dali e ver Dick mais do nunca. Eu me sentia ridiculamente desprotegida. Quando pude sair, ele estava lá. Encostado no carro prateado e parecia preocupado. Quando o vi, sorri, andei e o abracei.

Ele apenas me viu quando eu já estava abraçada a ele, suspiramos aliviados ao mesmo tempo.

-Lis, você está bem?

-Sim, sim... Agora eu estou – Sussurrei esperando que ele não ouvisse

Nos afastamos um pouco e ele sorriu. Aproximou o rosto do meu e me beijou como se esperasse por aquilo há anos. Me afastei sem ar tempo depois.

-Eu queria tanto ter feito isso ontem... – Ele suspirou e eu o encarei – Quero dizer, ér... Queria ter visto você ontem...

-Eu entendi! – Sorri e o beijei novamente

Almoçamos juntos e depois ele se foi. O resto do dia foi agitado na lanchonete e pude sair antes que Suzi me procurasse, eu tinha que ir à Metrópoilis. Lá seria a festa/emboscada de Luthor e eu precisava alugar um vestido.

Voltei para casa apenas para tomar banho, pegar uma bolsa com as roupas de Black Angel e a moto “emprestada” do filho do síndico. Fui direto para Metrópolis.

Eu adorava aquele lugar, costumava visitar sempre antes, fui direto para o endereço no convite. Era um salão enorme, quase que um palácio. Com a fachada branca, colunas ao lado das escadas e janelas no alto. Dei a volta pelo salão até a porta dos fundos. Obviamente estava trancada, usei uma “chave” minha e a abri com cuidado, certificando-me de que não havia ninguém por perto e nem dentro.

Ali era a cozinha, exageradamente grande. Não era o objetivo, continuei a andar até chegar no verdadeiro salão. Era enorme, com colunas e mármore. Não tive tempo para vasculhar mais sobre o lugar, apenas coloquei a minha bolsa em uma das pequenas e discretas salas. Marquei bem a porta e saí do salão pelo lugar de onde vim.

Fui direto para uma loja com vestidos caros e belos. Fiz a minha reserva, depois marquei uma hora no salão de beleza e aluguei um motorista para me levar para a festa apenas no dia.

Voltei para casa com a esperança de encontrar uma flecha ou um bilhete de Clint, eu precisava contar sobre a emboscada, mas não podia correr o risco de ir até o teletransporte da SHIELD e encontrar com um agente. Bufei.

Resolvi finalmente dormir, tudo estava quase certo. Eu ainda tinha alguns dias para procurar Clint.