Dick parou o carro na frente do prédio, no endereço que Clint havia me entregado. A casa de Dave Amell. Ele olhou para mim com as mãos ainda no volante. Mordi o lábio.

–Lis, fica calma. Não precisa se preocupar tanto. - Ele sorriu parecendo confiante

Subimos até o sétimo andar do prédio de luxo e paramos em frente a porta. Não pergunte como, mas Dick convenceu o porteiro em dois minutos. Hesitei antes de apertar o botão da campainha. Com o barulho da maçaneta girando, apertei a mão de Dick.

–Olá? - Ele abriu a porta - Am... Está tudo bem? - Ele perguntou e eu percebi que não havia respondido ao "Olá"

–O-oi. Ér... Dave? Dave Amell?

–Sou eu.

–O meu nome é Alícia Amell. - Quando terminei de falar, seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu

–N-não... Não pode ser... - Eu vi os olhos claros de Dave se encherem d'água - Você é mesmo a Alícia? - Ele gaguejou e eu assenti

Dave saiu do caminho para que pudéssemos entrar e depois fechou a porta.

–Senta, por favor. - Dick e eu obedecemos, Dave se sentou ao meu lado, mas ficamos de frente um para o outro - Como é possível?

–Eu não sei... - Minha voz vacilou - Eu não me lembro.

–Não se lembra de mim? - Neguei com a cabeça - Fui eu quem escondeu você no armário. Depois me escondi embaixo da cama, e assim que pude, saí para pedir ajuda. Quando voltei, você não estava mais. - Lágrimas começaram a brotar e eu podia ver o terror em seus olhos

Eu o abracei. Senti toda saudade, senti o medo que ele sentiu, o mesmo que o meu. Senti que o conhecia mais do que ninguém e sentia protegida, mas com uma vontade maior de protegê-lo de tudo aquilo.

Quando nos separamos, vi Dick sorrir para nós. E Dave também viu.

–Ei, esse é o seu namorado? Dick Grayson? - Dave ainda tinha lágrimas pelo rosto, mas estava sorrindo. Assenti secando as minhas próprias lágrimas.

–Muito prazer - Eles apertaram as mãos

–Boa escolha, Alícia!

–Obrigada - falei rindo - E quem é a sua namorada? - Olhei pelo apartamento, nenhuma foto.

–Eu não estou namorando... - Ele riu sem graça

–Mesmo? Nem saindo com alguém? - Insisti

–Bom, eu... Estou saindo com uma garota. E estou torcendo para que dê certo.

–Sério? Qual o nome dela?

–Você não deve conhecê-la, seu nome é Susana Lane.

–Você só pode estar brincando! - Gargalhei

Cinco horas. Eu passei cinco horas conversando com Dave, meu irmão seis anos mais velho. Que trabalhava na Osborn desde o seu primeiro emprego. Que fora adotado por um casal feliz, que já havia partido. E agora era um jovem bonito e bem sucedido e que estava saindo com a minha melhor amiga. Mesmo assim, era pouco perto de todos os anos que ficamos separados. Dick me levou para casa parecendo mais feliz do que eu mesma.

...]

Faltavam duas semanas para o natal. Eu estava trabalhando bem ao cuidar da feliz e perfeita família Morris. Agora eu tinha um irmão mais velho, que era amigo do meu namorado e namorado - oficial - da minha amiga. Um irmão que já fazia parte da família que havia me criado. E que, agora, em plena quarta-feira à tarde - me dava uma bronca por ter brigado com Dick.

–A culpa foi dele! Ele que ficou com esse ciúme bobo do Clint! - Tentei não berrar sabendo que estava em um lugar público, a praça de alimentação de um shopping

–Lis, ele apenas perguntou de onde vocês se conheceram. Você não respondeu, o que só serviu para deixá-lo mais irritado!

–Eu não sou obrigada a responder! - Tentei me justificar

–Ah, não é? E se fosse ao contrário?

–Eu odeio quando você diz isso.

–Porque você sabe que eu estou certo.

–Eu odeio quando você tem razão - Murmurei e ele sorriu

–Então vai pedir desculpas à ele? - Ele perguntou e eu o encarei - Lis...

–Está bem, eu peço - Resmunguei

–Ótimo, então vamos? - Ele se levantou

–O quê? Agora?

–Sim. Eu levo você.

Bufei e revirei os olhos enquanto me levantava.

–Seja boazinha, Lis. - Ele falou quando parou o carro em frente à mansão. Eu o encarei e ele riu - Por favor.

Revirei os olhos mais uma vez por saber que ele tinha razão.

Quando entrei na mansão, Alfred parecia estar a minha espera.

–Hum... Oi. - Falei quando ele abriu a porta, antes mesmo que eu batesse.

–É um prazer vê-la, senhorita Amell. - Ele abriu um sorriso

–Já pedi para me chamar de Lis. - Sorri de volta

–Dick está em seu quarto, senhorita Lis. - Ele falou com um sorriso provocante e eu ri

–Obrigada. - Falei e subi as escadas que eu já conhecia

Chagando no corredor de seu quarto, hesitei antes de bater na porta, mas o fiz. Nenhuma resposta. Bati mais uma vez, mas a porta se abriu sozinha. Entrei cautelosamente. Eu podia ouvir o barulho do chuveiro vindo do banheiro, e eu o ouvi se fechar antes de eu decidir voltar.

De repente, Dick saiu do banheiro. Com o cabelo pingando e algumas gotas escorrendo pelo seu corpo. Ele estava apenas de calça e vê-lo daquele jeito, quase me fez esquecer o que estava fazendo ali.

–Lis? - Ele perguntou assim que me viu

–Oi Dick... Eu vim porque... Bem, eu vim porque Dave me obrigou, e... Porque eu queria pedir desculpas. Eu estava errada. - Ele sorriu, bem pouco, mas sorriu.

Dick avançou agarrando o meu corpo e me abraçou. Me senti aliviada e acabando com toda a saudade que senti pelo tempo que ficamos separados.

\"\"

–Me lembre de agradecer Dave depois - Ele sussurrou antes de depositar um beijo longo em meus lábios

...]

Acordei com as mãos leves e macias de Dick mexendo em meu cabelo, e o sol começava a dar sinais.

–Bom dia - Sussurrei

–Eu não queria que você acordasse, ainda é cedo. - Dick voltou a deitar abraçando a minha cintura

Eu estava mesmo com sono, e a pele dele aquecia mais do que o cobertor. Eu fechei os olhos, mas o abri assim que ouvi o barulho da porta se abrindo bruscamente.

–Dick, nós precisamos falar sobre o... O que é isso?! - Bárbara entrou no quarto como um furacão despejando as palavras, mas parou subitamente quando me viu escondida atrás de Dick.

Dick se sentou me escondendo mais atrás dele.

–Eu desço em um segundo. - Ele falou, a ruiva resmungou e depois saiu batendo a porta.

–O que foi isso? - Perguntei sentindo o meu rosto queimar de vergonha e raiva. Dick se virou para mim sem graça.

–Lis, eu... Sinto muito.

–Ela pode entrar assim? De repente, sem bater, falando sem parar?

–Desculpa, é que... Nós sempre fomos um pouco íntimos...

–Um pouco íntimos? Sério, Dick? Eu sei que vocês já foram um casal, mas ainda é isso? - Levantei da cama caminhando para o banheiro, eu estava mais irritada do que imaginei estar.

–Ei, Lis... - Ele se levantou indo atrás de mim

Entrei no banheiro, mas esqueci de fechar a porta, deixando ele antrar atrás de mim.

–Lis, eu já disse. - Ele me virou contra a parede - E vou dizer mais quantas vezes precisar. Eu estou com você agora, porque eu gosto de você. - Ele falou com um sorriso que eu tentei ignorar

Dick avançou para o meu pescoço, fazendo cócegas de alguma forma. Me fazendo rir satisfeita.

\"\"

Precisei expulsá-lo do banheiro para não me atrasar. Eu ainda tinha um dia inteiro de trabalho e uma reunião na SHIELD.