Daniel Valencia - presidente (Betty a feia)

Capítulo 9 Livre de Marcela e preso ao Oráculo das deusas


Realmente, era muita ilusão, pois assim que soube que o amigo havia dispensado a ex e quem nem queria sexo com ela, Mário já havia traçado planos com todas as mulheres do Oráculo das Deusas e Armando, lógico, não se fez de rogar. Era fácil vê-lo nas colunas sociais como algumas dessas acompanhantes de uma noite, tão cheias de silicone quanto vazias de cérebro, mas serviam para desafogar seu afã sexual, mesmo que isto representasse que no dia seguinte se sentisse inútil e fútil como sempre. Sentia vergonha de contar dessas aventuras para Betty, logicamente, para ela gostava de mostrar uma imagem mais profissional e intelectual. E ela, por sua vez, o sabia, pois sempre saía fotos suas em posições sugestivas com as acompanhantes nas revistas que sua mãe lia, as quais ela fingia não ver e que seu pai, por sorte, não lia, procurava compreendê-lo por conhecer seu problema.

—Se eu fosse bonita, ai Seu Armando, seu Armando, poderia tomar-me em seus braços e te cobriria de carinho e saciaria sua vontade de um jeito que não fizeram! –disse iludida –Como, Betty? Se mesmo que fosse bonita, ainda seria inexperiente, tampouco saberia como seduzi-lo! Estas mulheres são experientes, lindas, sabem como enlouquecer um sedutor insaciável como don Armando! Sabem tudo o que gosta na cama, como sua ex, a Valência. Mas... nenhuma, eu sei que nenhuma o ama –passa o dedo sobre a letra dele. –como eu.

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Por sorte, tais notícias de gandaia e farra com as modelos não chegavam ao conhecimento de seus pais que já estavam em Londres, no entanto, nas de Marcela sim. Logo, a ex-noiva começou a segui-lo a todos os lugares, já que ele havia proibido que a deixassem entrar em seu apartamento e ainda havia trocado a fechadura. Mas Marcela contava com a ajuda de suas amigas, principalmente, Mônica Agudelo que lhe contava onde estava Armando quando dava de cara com ele nestes lugares.

Armando não aguentava mais, Marcela o estava enlouquecendo com tanta perseguição. Já havia terminado, mas a ex não entendia. Já havia dito até que estava comprometido com outra. Nesta noite, nem estava com nenhuma mulher, quer dizer, estava. Estava com Beatriz, pois havia pedido a ajuda dela para fechar negócio com uns clientes italianos, para a qual prestava serviço agora. Tudo havia dado certo e agora que eles haviam ido embora, resolveram comemorar comendo pizza e um bom vinho.

—Ojojo o senhor sabe que não bebo!

—Hoje é especial, Beatriz!

—Está bem!

—Não acredito!

—Não, em ocasiões especiais, pode beber um pouquinho.

—Não, não acredito que esta mulher está aqui.

—Quem?

—Marcela! Me seguiu até aqui este tormento.

Marcela vinha ao encontro dele, Armando teve uma ideia. Só precisava achar uma dessas mulheres que sempre apareciam onde quer que estivesse. Olhou para um lado, olhou para outro e não viu nenhuma outra mulher conhecida, a não ser, Betty.

—Beatriz, levante um pouco.

—Para quê?

—Só levante! Agora, dance comigo sim? -A toma em seus braços.

Sabia que Marcela estava atrás dele.

—Ela não me deixa em paz. Que cruz! Não sei o que faço!

—O que foi?

—Minha ex, me segue em todos os lados!

—Por isto, me pediu para dançar?

—Sim, por favor não se incomode.

—Não. –Lógico que não, se estava emocionada de tê-lo em seus braços.

—Armando, você aqui?

—Sabia muito bem que estava aqui, me seguiu!

—Imagina, tenho dignidade.

—Sei...

— Agora, dá licencinha para resolver as coisas com meu noivo! -disse Marcela, empurrando Betty;

—Não, você não sai daqui! –disse, prendendo Betty em seus braços -Marcela, já terminei com você!

—Sei que não foi de verdade! Sei que me ama!

Armando ri, debochado.

—Creio que é melhor que resolvam as coisas! –Betty ia se soltar dele, mas ele a segura forte.

—Não.

—Olha, deixe-nos a sós, fica aí parada como uma mosca-morta ouvindo conversa de noivos! Acaso é sonsa ou quê? Crê que está dançando com você porque lhe agrada? Faz isso para que me afaste dele, para que não exponha seus sentimentos.

Uma lágrima cai do rosto de Beatriz.

—Sai daqui!

Beatriz quer se soltar, Marcela puxa seu braço, mas o homem o agarra contra ela.

—Você não vai a nenhuma parte! –Armando a segura pelas costas e com a outra mão segura seu rosto e a beija na boca.

É um beijo para convencer Marcela que o deixasse em paz. Ele pretendia que fosse rápido, mas percebendo que Beatriz não lhe impunha resistência. continuou beijando-a.

Surpreendida, Betty correspondeu-lhe, há tempos que estava fascinada por ele. E sentir seus lábios era muito bom. Por um momento esqueceu de tudo em volta.

—Ora sua vagabunda! -disse Marcela que ia dar uma na cara de Beatriz. –Como pôde me trocar por esta feiosa?

—Não ouse, Marcela! –Armando segurou o braço da ex.

Assustada, Betty saiu correndo para ir embora. Não sabia onde estava, mas iria dar um jeito de chegar em sua casa.

Armando correu atrás dela.

—Não pode ir por essas ruas sozinha. Suba aqui!

—Sua mulher vai me matar!

—Não é minha mulher e nem vai te fazer nada! Não vou deixa-la que se vá sozinha. Vamos, suba!

—Por que fez aquilo?

—O quê?

—O beijo!

—É, é não sei.

—Foi para que ela deixasse em paz, não é?

—Desculpe-me!

—Olha, don Armando. Ela está nos seguindo. Me deixe em algum lugar.

Mas Marcela não deixava de os seguir, assim Armando que pretendia ir a seu apartamento, desviou pelo subúrbio da cidade onde Marcela não conhecia e não ousaria ir.

Armando deixou Betty na porta de sua casa, mas não sem antes abraçá-la, agradecendo tudo que havia feito por ele. ela tremeu e seguiu assim até seu quarto.

Ainda tremia quando chegou em seu quarto, assim trancou a porta. Deitou-se, sorrindo. Pegou seu diário e começou a escrever.

``Hoje ele me tomou em seus braços e me beijou. Não foi como sonhei. Só me beijou para que sua ex o deixasse em paz, mas confesso que me deixou emocionada. Creio que senti sua língua em minha boca, que língua enorme! Nunca me beijaram de língua! E quando nos despedimos, me deu um abraço, creio que se sente culpado de ter me usado, Mas não me importo nem um pouco, queria que me usasse para sua compulsão``

—Mas que coisas diz, Betty? Nem com toda compulsão do mundo iria com Betty. E se eu, fosse outra? E se mudasse? Me veria diferente?

Pegou um dinheiro que tinha guardado na caixinha.

—Será suficiente para um novo look? Tem que dar! Amanhã serei uma nova mulher. –tocou seus lábios para recordar o beijo.

Beatriz avisou que não iria ao escritório aquela manhã, mas que compensaria outro dia, ficando o dia inteiro no escritório. Assim foi ao salão que conhecia. Há muito tempo não ia ali. A última vez foi para reparar as pontas há mais de 5 anos. Sua mãe uma vez por ano ia a este salão, mas Betty particularmente não gostava muito de ir lá, pois era de um ex-colega de escola, um que costumava burlar-se dela na época, mas agora eram crescidos e ele um profissional.

—Quero mudança completa! Só não pode cortar meu cabelo ou meu pai me mata.

Assim, saiu daquele salão para arrasar. Estava realmente convencida que estava deslumbrante. Iria fazer uma surpresa para Armando, quem sabe o surpreendia e com isso tivesse coragem de se declarar. Precisava agir rápido, era o tipo de homem que toda mulher queria.

Conforme haviam combinado, foi até seu escritório que era ligado à Tejicol. Logicamente, ao chegar, viu uma cena que não gostou nada. Da sala saía duas mulheres uma na faixa de quarenta anos e outra em torno de vinte, as duas eram mamacitas e riam descaradamente, Logicamente, Betty já imaginou coisas. E não devia estar errada.

—Ah oi... Betty! –disse ao olhar para a aparência dela. -Ér, er você está diferente!

—Ojojo fiz uma mudança de look!

—Ah é... É bom mudar um pouco. Mas... o que faz aqui?

—O senhor me pediu que passasse aqui, depois do almoço para conferir uns balancetes.

—Ah sim, veja!

—São de Ecomoda?

—Sim, um amigo meu me trouxe. Achei estranho e creio que poderia conferir. –disse, sem conseguir tirar os olhos dela.

O fato é que aquele look não havia ficado nada bem, pelo contrário, estava pior que antes. Armando sabia que não estava bem, mas não queria magoá-la, afinal se estava assim é porque estava tentando mudar, mas neste caso, a mudança havia sido para pior. Por que ela não lhe havia lhe pedido ajuda?

—Er...

—Realmente não parecem bem. Estas cifras, esta porcentagem, de onde tirou isto?

—Daniel disse a este meu amigo que o que importava era que a empresa ia bem, mas estou achando isto tudo muito estranho.

—Realmente.

—Pode dar uma olhada nestes contratos também?

—Sim.

—Está vendo isto? Estes tecidos são cashmera, seda, são coisa boa, mas mesmo assim não justifica. Não justifica que tenha pago tanto!

—E quais são suas suspeitas?

—Não sei.

—Acha que ele pode estar super-faturando o preço?

—É exatamente o que acho! Não são da Tejicol, onde costumávamos comprar, é uma firma nova. E olha, comprou todos os insumos da Ragtela.

—E o que tem de mal?

—Não costumávamos comprar tudo deles, também comprávamos da San Remo. Não sei, acho muito estranho.

— Mas o senhor não trabalha para Ragtela também?

—Sim, mas não tenho acesso ao financeiro da empresa. Só à maquinaria.

—Hum. Será que não estão oferecendo algo por fora para que comprem com eles?

—Matou a charada, Beatriz! É o mesmo que penso. Tenho que investigar isso. Nunca confiei naquele Olarte., o vice-presidente financeiro da Ecomoda.

Com a conversa sobre os negócios, a impressão de choque pelo seu look havia passado, mas ainda sentia que precisava lhe falar. Ele conhecia bastante de Moda e poderia ajuda-la em algo.

—Você resolveu fazer esta mudança de look, por quê?

—Er Estava cansada de como estava, sabe? De ser sempre a feia, então, fui a um salão de um conhecido no bairro e pedi uma mudança.

—De fato, mudou, mas poderia ter pedido minha ajuda, conheço dessas coisas.

—Do senhor ojojo o senhor é muito ocupado. Ainda mais ficaria constrangida.

—Para nada, somos amigos.

—O senhor diz isso porque ficou ruim?

—Ruim? -Armando ia aproveitar a ocasião para falar, mas ao ver seu rosto triste, resolveu mentir-lhe! -Não, não imagina.

Não sabia como dizer-lhe, sabia que podia magoá-la. Durante todo o tempo, ficou tentando encontrar uma maneira de dizer-lhe.

Depois de resolvido algumas coisas na câmara de comércio e acertado umas pendências, Armando a levou para casa. Sua intenção era deixá-la em sua casa e passar imediatamente para o encontro daquela noite com duas mamacitas que Mário havia conseguido para cada um. Estava ansioso, pelas fotos tinha impressão que iria ter uma noite daquelas. E como era um lugar novo, Marcela não iria ter suas espiãs e nem aparecer para estragar sua noite.

Mas ao chegarem lá, foram abordados pela turma de Román.

—Vamos ver quem desce deste carrão!

—Ah não, É Betty!

—E com um bonitão! –disse Glória.

—A feia fez feitiço para trazer um bonitão para este bairro?

—E quero o nome desta bruxa, pois olhe isto, está ainda mais feia!

—O que passa aqui? -perguntou Armando.

—Olha, não é contigo! É com ela, a feia! E ainda mais feia hoje.

—Como conseguiu ficar ainda mais feia?

—Os conhece?

—Infelizmente sim. São os vagabundos de meu bairro que me perturbam desde que me conheço por gente! –respondeu.

—Olha, quem é você para falar conosco assim?

—Olha, Roman, deixe-me em paz!

—Olha, Betty, não é porque está ao lado deste doutorzinho que vou deixá-la em paz. Mas como conseguiu ficar ainda mais feia, que maquiagem e roupas são essas?


Armando não aguenta que a maltrate e vai para cima deles.

—Calma, calma! - Não vai me dizer que depois de Miguel conseguiu outro melhor?

—Cala a boca, Roman!

—Sabia, doutor que esta além de feia não é santa? É usada? Meu amigo é que enfrentou e provou, disse que não estava mal para uma feia.

Betty vai dar-lhe um tapa, mas Roman a segura.

—Sabe, quem sabe um dia crio coragem e provo também?

Armando não pode aguentar e começa a dar socos naquele indivíduo desqualificado que diz estas grosserias para sua amiga. Outros se juntam, mas Armando lhes dá uma surra, as meninas saem correndo e depois o bando. Betty tremia ao ver o estado de Armando, todo machucado.

—Eu estou bem, eles não são nada! –disse Armando para tranquilizá-la -Sou da equipe de luta do clube. Te fizeram algum mal?

—Eles são sempre assim. Não se preocupe.

—Lógico que me preocupo, ele te ameaçou que um dia...

—Ele não vai fazer nada! Meu pai não vai deixar.

—Confio que Hermes te proteja, mas só fico tranquilo quando estiver dentro de casa, entregue para ele.

A casa estava ÀS escuras, seus pais não estavam ali, assim, ele resolveu entrar com ela.

—Eles foram para a casa de minhas tias. Não sei porque ainda não voltaram.


Armando olhou contrariado, isto arruinaria seus planos com Caldeirón, aquelas eram super-modelos, mas não poderia deixar sua amiga ali sozinha. Temia que aquela quadrilha voltasse e quisesse abusá-la.

—Vou ficar aqui contigo, Beatriz!

—Como? Imagina, o senhor deve ter outros planos.

—E tenho, mas não vou estar bem de saber que está sozinha nesta casa com estes tipos aí fora. Eu fico aqui. Insisto!

—Está bem.

—Está tremendo.

—É, é.

—Calma, não vai acontecer nada. –disse, abraçando-a. –Ela estava soltava umas lágrimas, pela humilhação, por lembrar-se de Miguel e principalmente, pela ameaça de Román. Se Armando não estivesse ali, não sabe o que poderia acontecer-lhe. Depois mais calma, Betty mais calma, fez-lhes um curativo. Sua mãe havia deixado algo na geladeira, de modo que esquentou para os dois.

—Espero que não esteja cansado de comer comida caseira.

—Imagina, dona Júlia cozinha muito bem.

—Seu Armando, vou te perguntar uma coisa e precisa que seja sincero por nossa amizade.

—Sim.

—Roman disse que estou ainda mais feia e tirou sarro de mim como nunca, o que acha disso?

—Er.

—Se é meu amigo, diga.

—Gostei da sua coragem de mudar, mas... Olha, se vê, bem, mas aquela Beatriz de antes passava um ar mais... profissional e discreto. Condizia com seu jeito intelectual.

—Então, estou ainda mais feia?

—Você não é feia, Beatriz!

—Imagina sou horrorosa!

—NÃO É FEIA! Desculpe. Não se deprecie.

Betty estava chateada, estava na cara que estava ridícula e ainda mais feia que era.

—Por que não me disse nada?

—Porque não está tão mal quanto dizem.

—Pare de mentir, don Armando, sei que estou ridícula.

—Não está! Olha, eu posso te ajudar, como está me ajudando com minha empresa.

—Gastei tudo que tinha neste look.

—Dinheiro não é problema para mim.

Bettyagora estava ainda mais feia, pois sua maquiagem havia se borrado e parecia que seu rosto estava manchado, mas Armando a abraçou. Era uma amiga e não gostava de vê-la chorando.

—Estamos combinados? -disse secando suas lágrimas

—Sim. Vou buscar algo para o senhor dormir no sofá.

—Não se preocupe.

—Já volto.

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