Ao sair dali, tentam agir naturalmente.

—Você onde estava, mocinha? –perguntou Hermes ao encontra-los em volta da piscina.

—Mas papai... –disse o pai pegando-a do braço

—Hermes!

—Estávamos por aí, tirando fotos.

—Pois estavam procurando os senhores. As tias Pinzón, seu pai, Armando e e um monte de pessoas. Não entendi porque a senhora sua mãe não veio.

Armando não quis contar-lhe que sua mãe não havia aceitado e por nada do mundo iria a este casamento realizado em um sítio alugado na zona rural em uma antiga plantação de café. Não queria estragar a festa. De qualquer forma, tudo estava indo como planejava. Não abriria mão daquela mulher que aprendeu a desejar e amar quando ainda não era visto com bons olhos por outros como era e que o amava como era. Bastava que seu pai ali estivesse e que tivessem finalmente, reconhecido.

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Lembranças

—Armando!

—Boa notícia, pai, Betty sairá amanhã do hospital e poderá reassumir Ecomoda. Trago-lhe os informes e devo adiantar que tudo vai bem e que em breve a empresa sairá da situação em que se encontra.

—Então tem me mantido informado de tudo.

—Sim. As coisas estão fluindo.

—Não me avisou que Daniel voltou à cadeia.

—Papai!

—Estou sabendo de tudo, Armando, só não entendo porque me escondeu tudo!

—Não foi bem isso, papai!

—Sei de tudo, Armando, tudo que Daniel fez com a empresa, como nos meteu em um escândalo de exploração sexual, que quase arruinou nossa imagem, seu envolvimento com corrupção, como quase acabou com nossa empresa. Só não entendo porque escondeu isto de mim.

—Entenda, papai, o senhor estava mal e sempre teve tanto amor por Daniel, o tinha como o filho perfeito, o que amava.

—Está enganado, Armando! Amava Daniel sim, mas nunca como amo a você sua irmã!

—Desculpe-me, papai, mas não era o que parecia.

—Sei que cometi muitos erros, mas de certa forma sentia-me culpado e que tratei de cuidar dos pequenos Valencia como sei que Júlio cuidaria de vocês.

—E Daniel parecia tão perfeito, tão santo.

—De verdade não. Nunca cuidou da empresa ou amou como você.

—Então, porque o apoiou e não a mim?

—Como disse cometi erros. Ele sempre pareceu tão sensato e maduro, tem um alto cargo no Governo.

—E eu o maduro, inconsequente, mulherengo, bêbado.

—Mas mudou muito, nestes meses aprendi a te conhecer e a amadurecer. Não posso deixar de agradecer pelo que fez por esta empresa, você e esta menina Betty, grande administradora.

—Sabe que Betty e eu estamos juntos?

—Muito me alegro, ela é responsável, inteligente e educada.

—Não se importa que não seja da elite?

—Por que me importaria? Conhece a história de seu avô?

—Claro, ele, Camila e todos me contaram. Sua segunda avó cuidou dos filhos dele como se fossem seus, antes de ter o seu. De modo que foi como uma segunda mãe. Sei que não sabia.

—Não.

—Ela era uma mulher do povo como esta moça, era simples, doce e o fez muito feliz. Creio que será muito feliz com Beatriz tal como seu avô.

—Mamãe não pensa o mesmo.

—Não diga que lhe falei, mas sua mãe é uma classista. A amo, mas é uma classista!

Os dois homens se abraçam.

Fim das lembranças.

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(Voltando à cena em que Don Hermes quase flagrou sua filha e Armando saindo da casa da piscina

—E onde estavam?

—Hermes! Eles já estão casados, de modo que podem fugir e ter sua intimidade por aí!

—O que quer dizer, Julia?

—Quero dizer que você também gostava e muito quando nos beijávamos escondidos de meu pai.

—Mas... mas...

—Ah quer dizer que também gostava de dar suas escapulidinhas por aí, seu Hermes? -perguntou Armando com cara de safado, enquanto Betty ficava vermelha de timidez.

—Este aqui, Armandinho, eu tinha que segurar. –disse dona Júlia corajosa.

—Júlia! O que nosso genro vai pensar?

—Vai pensar que nem sempre foi um velho ranzinza e machista e que antes era romântico. Nunca deixe minha filha que Armandinho fique como seu pai!

—Pode deixar, mamãe, Ele não ousaria.

—Não ousaria mesmo -beijo –Esta mulher me tem como quer! –beijo.

—Olham estas liberdades, meu jovem!

—Hermes!

—Estou brincando, já estão casados, mas deixem para mais tarde. Vamos lá ver as tias, vai adorá-las!

Na festa, Roberto estava emocionado naquela cerimônia em que seu filho se casava com a mulher que o fez ver a vida de outra forma, rodeado dos amigos de Ecomoda, outros que não conhecia, Camila era a madrinha ao lado de seu marido, assim como Nicolás Mora( o vice-presidente financeiro de Ecomoda e Terramoda, agora que Olarte estava preso) com Sandra, de quem havia se tornado namorado formal. Lamentava que Margarita não pudesse compreender aquilo.

—Por muito pouco quase não perdemos nossa filha Camila. Nosso filho está sereno, feliz e responsável como nunca vi. Ele está apaixonado por esta mocinha, quem pode recriminá-lo? -suspirou Roberto –Espero que não seja tarde demais quando compreenda.

Antes que a festa acabasse, muitos começaram a sair e irem para suas casas, já outros resolveram ficar por ali, no sítio já que haviam muitos quartos, a fim de poderem ficar juntos. Não é o caso de nosso casalzinho, Armando já havia matado, provisoriamente, sua fome e queria tomá-la em seu lugar especial, a casa que foi dos seus avos, onde amaram-se pela primeira vez e muitas outras depois.

Fim

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