O dia seguinte era dia do lançamento, de modo que não conseguiram se falar. O dia todo tratando com provedores, clientes, interessados nas franquias que não poderiam estar no lançamento, modelos, parceiros, aquela correria em Ecomoda. Entre os parceiros era o também cliente de Inversiones Terramoda, Michel Doinell, que com seu restaurante em Cartagena e seu buffet Doinell era o responsável pelo coquetel de lançamento.

—Doinell?

—Olá!

—Mas o que faz aqui?

—Ah, não sabia que além de cliente de Terramoda sou parceiro de Ecomoda?

—Como assim?

—O buffet é que está provendo o coquetel deste lançamento. Catalina não te contou? –respondeu o homem com um espanhol com forte sotaque francês.

Armando não podia acreditar, já não bastassem os problemas com Betty, agora teria que aturar o francês, pois sabia que além de ser um cliente, Michel também era muito estimado amigo de Betty, um amigo bonito, charmoso e estrangeiro. Um perigo grande.

—Michel?

—Ah, olá Betty! Como está, mon cherrie? Quantas empresas vai acumular?

—Ah ojojo Michel é uma longa história!

—Um dia marcamos para que me conte tudinho. Hoje, estou cheio de trabalho.

—Nem me diga, Michel.

—Mas prove, Betty, fiz minhas especialidades. –ele coloca um canapé dentro da boca de Betty para que prove, fazendo-a corar. Armando observa tudo de longe.

—Maldita sea!

Armando apertava os punhos.

Betty não havia percebido sua presença, afinal não era nada provocado, estava chateada por conta do que pensava que estava acontecendo com Armando.

Nicolás chegava neste momento com Sandra.

—Nicolás!

—Ah, olá, Armando.

—Olá Don Armando! –disse Sandra, sorrindo tímida.

Sandra sem graça o cumprimentou.

—Ah, boa noite, Sandra. Fico felizes de vê-los juntos. Nicolás depois falo contigo.

Nicolás, seguindo os conselhos de Armando havia iniciado uma relação com Sandra, descobriu que ela tinha tantas dúvidas como ele e prometeu ir com calma, queria descobrir o que sentiam um pelo outro.

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Mas se fosse só Michel, Armando podia muito bem tirar de letra, o problema é que até o filho do Manoel Becerra, gerente do Banco Montreal começou a cortejá-la, deixando Armando possesso de ciúmes. Mas Armando nem teve tempo de sentir ciúmes, pois compareceu ao evento Gabriela Garza, representando o Fashion Group, que estavam inclinados a fazer parceria com Ecomoda de verdade. A verdade é que como Gabriela Garza representava o grupo de moda no seguimento latino-americano, o que incluía México, Argentina e Brasil, havia convencido Mr. Stevenson e inclusive, sugerido que Ecomoda era a empresa com quem deveriam fazer negócios em Colômbia.

Alguns dias antes, Gabriela tentava conversar com Mister Stevenson no

Fashion Group

—Mas tem certeza, miss Garza? Crê que esta empresa está no nível para o grupo?

—Tenho muita certeza, Mr. Stevenson.

Johnson balança a cabeça, sabia que a mulher estava julgando o assunto por outros parâmetros.

—É que o que sei desta empresa é que é uma empresa familiar e nunca se interessaram em ampliar seus negócios para o mercado internacional.

—Sim, é verdade! De fato, era esta a gestão dos fundadores da empresa, mas atualmente contam com uma administração moderna.

—Sim, disto estou sabendo. Creio que é uma mulher que administra agora

—Sim. –franziu a testa, não lhe interessava nada falar de Betty. -Estão implantando várias políticas de inclusão, de formação de novos mercados, não tão restritos, a exemplo do que fazem na Inglaterra.

—Interessante, mas não o suficiente, senhorita, para a proposta do Fashion!

—Disse à Gabriela, Mister Stenvenson.–dizia Kenneth

—Não terminei, mister Stevenson. A empresa, além de ser estar solidamente consolidada, mais de 30 anos de atuação, tem se destacado com desfiles memoráveis e buscando por conta da administração moderna atingir novos mercados através de franquias.

—Franquias?

—Sim.

—E como sabe isso?

—Bem, em minhas visitas representando o Fashion na Bogotá Fashion Week, tive contato, Johnson e eu, com executivos da empresa.

Kenneth olhou feio, não queria ser colocado nesta história. Havia concordado em abafar o escândalo do uso do nome do Fashion por Daniel Valencia, haja vista que envolvia funcionários da empresa, os quais não sabiam quem eram e podia prejudicar as investigações. Mas não entendia o que Gabriela tinha na mente ao mencionar o nome daquela empresa colombiana.

—Um dos que conversei foi Armando Mendoza, um dos acionistas e representante de uma das empresas parceiras e me pareceu uma pessoa muito confiável e segura. E se não parecer suficiente, quando estava na Argentina, encontrei-me com uma das executivas, Dra. Valencia que me apresentou planos de negócios e propostas das franquias e como pretendem divulgar a marca pela América Latina, estando de partida para o Brasil.

Kenneth se pôs pensativo.

—Ela, inclusive, ao reconhecer-me como do Fashion contou-me das lojas que possuem em Palm Beach e que pretendiam lançar a nova coleção. E que talvez Ecomoda se interessaria em oferecer franquias também em Miami, onde seria muito bem recebida pela comunidade latina.

—Creio que seria interessante.

—Bem, ela crê que poderia vir pessoalmente quando estivesse visitando uma das lojas conversar conosco, mas não antes do lançamento da nova coleção na sede na Colômbia.

—E quando será este lançamento?

—Semana que vem. Chegou a me mandar este convite.

—Quando será este lançamento?

—NA SEMANA QUE VEM. Gostaria de enviar alguém ou iria pessoalmente?

—Pessoalmente, não, mas creio que a senhorita pode ir, Miss Garza!

—Eu?

—Sim, creio que é a pessoa indicada para representar-nos!

Era tudo o que Gabriela queria ouvir, estava louca que Stevenson a enviasse ao lançamento e não apenas porque acreditava que a empresa colombiana, agora livre das mãos do ex-presidente era a empresa ideal para ser filiada ao Fashion, mas porque a mexicana estava mais que fascinada por Armando e acreditava que poderia ter chances com o homem, independentemente do que acreditava ser um caso com a agora presidente da empresa. Aquele era muito homem para uma mulher só, ainda mais em um mundo de mulheres tão atraentes.

—Sabe que nós anglo-saxônicos não misturamos negócios com prazer como vocês, latinos.-disse Johnson, entrando em sua sala.

—Sabe que nunca misturei, sempre fui profissional.

—Sei, não consegue tirar Mendoza da cabeça.

—Você é um homem muito inteligente, Johnson.

—Cuidado, para não se machucar e não atrapalhar os negócios.

—Tudo bem, pode deixar que sei o que estou fazendo. Acima disso tudo está o Fashion!

—Assim espero.

—Tranquilo, Johnson e grata por não me delatar-me frente à Mr. Stevenson.

—Jamais faria isso! Mas vai com calma.

Fim das lembranças

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