O casal ficou gelado.

—Uma aliança! Já não basta o escândalo e a vergonha social que nos faz passar brigando com seu amigo em frente à empresa e tudo por conta desta... desta...

—Veja como fala, mamãe.

—Mulher!

—O que pensam?

—Creio que já te disse, mamãe! Beatriz e eu temos uma relação. –disse abraçando-a.

Betty estava sem jeito, tentava largar-se do abraço dele, mas ele cada vez mais a apertava, mantendo-a bem perto dele.

—Que queira ter um passatempo, um capricho posso entender, porque vocês homens precisam dessas coisas, mas...

—Alto lá, mamãe. O que eu e Beatriz temos não é uma simples aventura.

—AH sim, vi a aliança de compromisso de seu avô!

—De meus avós!

—Sua avó é...

—TIVE DUAS AVÓS, MAMÃES! Uma que meu avô casou por conveniência e outra por amor com a mulher de sua vida.

—Parece que cometer erros e envolver-se com pessoas de classes inferiores é um erro de família! Haja vista que tanto seu avô quanto sua irmã e você se envolveram...

—Por quê, mamãe, acaso, papai também passou por algo assim?

—Não estou brincando, Armando!
—Tampouco eu!

—O que sinto por Beatriz é tão verdadeiro quanto o que meu avô sentiu pela segunda mulher que se casou e com ela viveu os últimos e únicos momentos felizes de sua vida, como ele mesmo me disse.

—Devia ser um tolo romântico iludido como você e sua irmã!

—Não, era romântico e feliz! E quero ser feliz como ele sem ter que passar separado casando-se com outra mulher só por conveniência!
Beatriz estava se sentindo tonta e queria sair dali, mas Armando a segurava junto a seu corpo.

—Por isso, estão usando esta aliança, pensei que não existia mais.

—Errado, estava bem guardada com Camila, como quis meu avô que eu a colocasse no dedo da mulher que amasse, a que soubesse que era a eleita e esta é Beatriz Pinzón.

—Solano.

—Solano.

—Isto é ridículo! Mas não vim falar sobre isto! Beatriz, pode nos dar licença para falarmos sobre um assunto de família.

—Não. Acaso não ouviu, mamãe? Esta aliança representa compromisso, estamos noivos e a partir do momento que coloquei esta aliança no dedo dela é minha mulher, aliás já é minha mulher muito antes. –Betty ficou vermelha –E participa de todos meus assuntos, não temos segredos. Portanto, se tem algo para falar fale em frente dela.

—Você está passando dos limites!

—A senhora está passando dos limites.

—Sou sua mãe!

—Com todo o respeito que te tenho, mamãe.

—Pois bem, se quer que eu fale, eu falo, desde pequenos vocês, os Valencia e os Mendoza foram criados como pequenos, Júlio e Suzana são como nossos irmãos e assim os criamos... disse que era um assunto de família, mas você insiste que pessoas de fora participem de tal conversa.

—Deixe, Armando, vou deixá-los sozinhos.

—Creio que é melhor.

—Você não sai daqui, Beatriz!

—Ela sabe seu lugar, sabe onde está, você que precisa se situar!

—Me situar? Acaso não tenha entendido, mamãe, trata à Betty diferente porque na sua cabeça Betty não pertence a nossa classe (disse fazendo aspas com as mãos) Não tem nosso dinheiro e posição como tem a senhora ou Marcela, por exemplo.

—Não queria falar isto assim tão seco, creio que não é uma coisa tão boa de se falar, mas creio que a própria Beatriz entende.

—Sim, entendo.

—Ah, ela entende, entende sim. Somos diferentes, Realmente, relacionamentos e tratamentos cordiais entre ricos e pobres não são possíveis, muito menos relacionamentos amorosos.

—Não sou eu que estou dizendo, mas a sociedade...

—Então, não posso me relacionar com Beatriz, não só por conta de nosso diferença social e econômica?

—Este é um dos pontos. Desculpe-me, filha, mas você quis ficar, preferia só falar com Armando.

—Que ponto de ``Daniel nos fez perder a empresa``, ``estamos arruinados`` não entendeu, mamãe? Não vê além de seu nariz? Espero mesmo que, Beatriz depois de toda esta bobagem que falou não decida terminar comigo porque é milionária dona de uma empresa que embargou a nossa e eu um pobretão acionista de porcaria de empresa que o ``priminho Danielzinho perfeito arruinou com permissão de meu pais`` ou será que não entendeu que é ELA É RICA E ESTAMOS POBRES, TANTO OS MENDOZA QUANTO OS VALENCIA?

Com os gritos, Armando calou sua mãe que sentou-se na cadeira em frente para se amparar, logrou entender o que não havia entendido até agora. Estavam nas mãos desta mulher. Por isto e não apenas por sexo estava Daniel atrás dela, o que havia deixado o seu neurótico filho ainda mais descontrolado, pois sabia que Armando sempre foi ciumento com suas coisas, com sua irmã e com seus pais em relação a Daniel e sabia mais que ninguém que seu filho gostava daquela mulher, fora de sua classe e posição social muito antes de ser bonita e dona da sua empresa, ainda quando era uma pobre menina feia do subúrbio.

—Isto mesmo, mamãe! Ou acha que Daniel está trás dela pelo quê? Quer a empresa em seu poder, quer dominá-la, mas minha Betty não é dessas, mamãe! Não é como aquelas cabeças-ocas que andavam comigo que caíam nos encantos de Daniel e em sua cama! Ela se negou, por isto a quis forçar!

—Armando, eu...

—Vou acabar com ele, mamãe! Ele me paga.

Eram emoções demais para ela, estava estressada e nervosa de tudo aquilo, fora o medo que sentiu de Daniel, agora a tensão com a mãe de Armando, se sentia tonta, de modo que viu tudo ficar escuro e rodar, suas pernas fraquejaram e só não caiu no chão, porque Armando sempre atento a ela a pegou nos braços.

—Beatriz!

O médico de Ecomoda já havia saído, de modo que Armando teve ajuda de Aura Maria e Freddy para levar Beatriz até seu carro. Marcela viu como Armando a carregava e que cara de preocupado tinha, desolada, saiu discretamente da empresa até seu carro. O conhecia desde pequeno e sabia que ele nunca foi assim com nenhuma mulher e nem mesmo com ela.

—Ela a ama, posso ver nos olhos dele. Nunca sentiria algo assim por mim.

Um misto de tristeza, mas também de alívio invadiu seu coração. Aparte de toda esta obsessão que sentia por ele, também tinha um grande amor que nada tinha a ver com sentimentos românticos.

Margarita, por outro lado, a procurava em todos os lugares e ficou ainda mais perdida ao saber que ela havia se retirado da empresa um pouco depois de Armando. Sem conseguir falar com ela no celular se viu sozinha na empresa, de modo que só tocava falar com Daniel, que ainda se encontrava na sala de Marcela.

—Ah você está aí.

—Já estou de saída, Margarida.

—Marcela, Armando já se foram. De modo que restou a você me levar para casa.

—Mas...

—Vamos, Daniel.

Lógico que Daniel não tinha como se negar a levar Margarita à Mansão Mendoza.

—Creio que é melhor que deixe esta mulher em paz! Ela tem tudo em seu nome e não podemos ter mais problemas que já temos!

—Mas Margarita...

—Estamos entendidos, Daniel. Sabe o que passou Roberto por conta de sua má administração.

—Nada é como parece. A empresa está salva, não?

—Não sei, está tudo nas mãos desta mulher!

—Por isto...

—Escuta o que te digo: ela é louca por meu filho! Pensava que estava atrás dele pela grana, mas a rica agora é ela! Embora não goste, reconheço que estamos nas mãos dela, mas não nos prejudicará, pois está apaixonada por ele.

—O único que me tranquiliza nisso é que Beatriz é inteligente e sabe administrar a empresa, mas estar assim por Armandito não me tranquiliza.

—Não se meta com eles! Não, por enquanto. Estão juntos e não há o que fazer.

—Pensa que Marcela vai deixá-lo em paz só por conta disso?

—Falarei com ela. No momento a empresa, nosso patrimônio é o que mais importa.

—Não sei, Margarita.

—É o melhor a se fazer e lhe aconselho que fique uns dias sem aparecer depois do que fez, Armando estará vigiando e não quero mais saber que andaram brigando, ainda mais já estiveram presos.

Logicamente, Daniel não pretendia por nada acatar esta ordem de Margarita, mas pretendia sim ficar uns dias afastados de Eco moda, sobretudo porque, Armando batia forte e sabia que mesmo com gelo os hematomas iriam fazer seu rosto ficar inchado e deformado por vários dias já que não era a primeira vez que saíam no braço.

—Tudo bem, por dias vou te deixar em paz, Beatriz! Mas não pense que vou sossegarei até que a ouça gritar meu nome como todas.

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