Nesta noite, Betty resolveu sair com as meninas, pois como Sofia e Sandra trabalhavam em outros lugares, quase não tinham chance de se encontrarem todas.

Ela resolveu levá-las no Mesón, por ser um bom lugar.

—Aqui vamos ver papitos lindos e com dinheiro!

—Aura Maria, por Deus! Não faça escândalo.

—Ai, Inesita. Hora de se divertir! Quem sabe pode conhecer um velhinho charmoso.

—Eu quero um negro lindo,

—Quem sabe aqui, Mariana. E você Sandra, um alemão alto de dois metros.

—Ai, não sei, já desisti. –Sandra tinha ficado vermeçha

—Desistiu?

—Acho que nunca vai aparecer este alemão, mas sabe andei pensando...

—Está gostando de alguém, Sandra?

—Bem, eu... sim, é um homem diferente, ele é educado, inteligente. Não é muito alto como eu, mas não importa...

—Hum... quer que te ponha cartas?

—Ai, não sei.

—E vocês já ficaram juntos? Já fizeram coisinhas?

—Não imagina. Ele nem sabe que estou interessada nele.

—Ai, minha filha, você tem que ficar em cima, paquerá-lo, não deixá-lo por aí, se não vem outra e pega seu homem. Tem que ter iniciativa.

—Ai, mas não tenho jeito com estas coisas, o que vai pensar de mim.

—Ai, mas eu te ensino. Por exemplo, Betty por que não convidou seu amigo?

—Meu amigo?

—Sim, o dr. Mora!

Sandra engasgou.

—Ah, é que Nicolás não costuma sair assim, ainda mais não falaram nada.

—Pois devia tê-lo convidado.

—Não está interessada em Freddy?

—Eu e Freddy? Nada a ver. Ai, Betty, Não sei se vocês conhecem –disse olhando para Sandra e Sofia – mas o amigo de Betty é o triplepapito, até parece o Mário Duarte!

Sandra levanta rápido e vai para o banheiro.

—Mas o que deu nela?

—Tem certeza que ela não conhece este amigo de Betty? -disse Sofia.

—Vou ver o que acontece.

Betty foi atrás de Sandra que foi ao banheiro.

A moça chorava debruçada no vaso sanitário.

—Sandra! Sandra!

A girafa não respondeu.

—Sandra, sei que está aí.

Sandra estava calada, mas um soluço a denunciou.

—Sandra, abre por favor.

A moça resignada abriu.

—O que aconteceu, Sandra

—Betty, eu...

—Você gosta de Nicolás

—Ér, não imagina.

Sandra abaixou a cabeça e se ruborizou. A verdade é que gostava sim do amigo da Betty, desde que havia trabalhado com ele em Terramoda.

—Gosta?

Sim. Mas que adianta? Ele nunca vai olhar para mim! Ainda mais agora que Aura Maria está interessada nele. Ela é bonita, tem seios, corpo e eu Pareço uma tábua ambulante. Uma tábua feia.

—Ah, não, não senhora. Você é muito bonita e inteligente, vejo como está dando conta de Terramoda, Armando não conseguiria sem você.

Sandra sorriu um pouco.

—E se eu te ajudar a se arrumar um pouquinho?

—Como fizeram com você?

—Sim.

—Não creio que dará resultado. Ainda mais não quero que Aura Maria fique sabendo.

—Que fique sabendo de quê?

Aura Maria havia ido atrás dela e lhe questionado.

—Se gosta de don bastava falar Sandra, para isso somos amigas.

—Não é como pensa.

—Ah, ouvi muito bem.

A alta vira o rosto para o canto está com muita vergonha.

—Você está interessada nele. Quer levá-lo para cama, que chance eu tenho? Sou apenas uma girafa feia e solteirona e você tem o que os homens querem.

—Isto não é assim. Veja que não querem nada de verdade comigo! Quero um papai para Jimmy. Se gosta de Don jamais me meteria com ele.

—Ah, mas que adianta? Ele é como diz triplepapito e eu.

—Triple papito? -perguntou Beatriz –Não conheceu-o antes. Éramos conhecidos como Beatriz, a feia e o horrível.


As moças não criam,

—Pode crer. Não vê que ele se parece uma versão mais baixa e magra de don Armando?

—Sim!!

—Pois foi ele que deu este câmbio.

—Como fizeram com você?

—Como eu fiz.

—E como será com você se quer.

—Não sei e se ficar pior?

—Não ficará, mas para fazer omelete precisa quebrar os ovos.

Depois de conversarem com Sandra, ela voltou para a mesa, sob os olhares de Sofia e Beta.

No dia seguinte, Beatriz ligou para dona Catalina que prometeu ajudar a secretária de Ecomoda a mudar.

Sandra não podia acreditar, como foi aceitar o que Betty lhe havia proposto? Imagina mudar o visual, ficar bonita para tentar atrair atenção de um de seu chefes? Onde estava com a cabeça? Queria fugir, mas não podia mais.

—Veja, dona Catalina, teve um mal entendido, na verdade.

—Shiu, Sandra, já falei contigo, já falei com Betty e ela me disse tudo.

—Não quero que gastem comigo.

—Gastar? Considere um investimento. Você é braço direito de Armando agora. Ele precisa que você o acompanhe nas reuniões.

—Mas, mas...está bem.

—Foi o suficiente. Não havia como se negar, assim Sandra aceitou fazer a mudança. Três horas depois não podia acreditar no que via no espelho.

Nicolás e Betty haviam chamado Armando para almoçar e lhe contar as novidades das finanças da empresa e saber como estava a sede de Ecomoda.

—Que bom que está tudo entrando nos eixos.

—Sim, dentro do possível. Mas sabe que demorará muito tempo para que consigamos recuperar a imagem de Ecomoda.

—Para isso, minha irmã está lá com meu cunhado.

—Sim, estão sendo de grande ajuda. Inclusive para segurar seu Hugo que ameaça deixar a empresa;

—Sei, a sogra de Ecomoda, sempre cuidou muito bem das meninas. É bom que minha minha irmã fale com ele, mas e Marcela, ela tem forte influência sobre ele.

—Dona Marcela até tem conversado com ele e parece que quer ficar com umas condições.

—Melhor!

—Sabe que me sinto pouco à vontade com ela agora que...

—Não tem que se importar com isso, Beatriz, o meu com Marcela não deu certo por uma série de fatores. Não há porquê misturar, eles tem mais que agradecer que está salvando a empresa, não se preocupe com isso.

—Não é assim que pensa sua mãe.

—Sim, mas meu pai e eu pensamos assim. Não esquente sua cabecinha com isso.

Nicolás tosse e entrega um cartão a Armando

—Bem, nem tudo são problemas, recebemos este convite.

—Ah sim, o coquetel de aniversário da Colorín! É imprescindível irmos. Irei com Betty. É necessário que vá, Nicolás, também.

—Ér, está bem.

— E se possível, acompanhado. Como é uma boa oportunidade de reconstruirmos nossa imagem é ideal que vá acompanhado para não parecer que está lá para caçar, entende? Eu irei com Betty.

—Está bem, só que não sei com quem poderia ir.

—Ah sim, como temos possibilidade também de fazer bons negócios, recomendo que vá com Sandra.

—Com Sandra, a secretária de Terramoda? Ah não, não me leve a mal.

—Qual o problema de ir com Sandra, Nicolás?

—Nenhum, gosto muito de Sandra, ela é inteligente, boa pessoa, mas é que vai com Betty e muitos sabem que tem algo, podem pensar que...

—Qual o problema, Nicolás? Prefere ir com alguma das secretárias de Ecomoda?

—Não, vou com Sandra.

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Embora, Nicolás não tivesse ficado nada feliz com a imposição de Armando que levasse Sandra, agora estava feliz, a moça estava mais desenvolta e eficiente falando com os clientes e haviam várias possibilidades de negócios. A própria Colorín estava interessada no serviço de assessoria. E sobretudo estava pendente e encantado com cada movimento da secretária que nem teve tempo de olhar as modelos que desfilavam pelo local e o coqueteavam. Estaria ele finalmente compreendendo o que Armando lhe dizia.

Havia chegado de mal humor, não lhe agradava nada levar Sandra aquele evento onde todos podiam vê-los. Embora, tivesse amizade com a moça inteligente, a verdade é que havia se acostumado à vida vazia que Armando lhe havia apresentado a seu pedido, onde depois de bonito as mais belas o coqueteavam. Se sentia vazio sim, Sandra era uma das poucas moças com quem podia conversar e como não conversavam há muito tempo, era sua chance. Mas não imaginava.

—Boa tarde!

—Boa tarde, don Nicolás!

—Ah me conhece?

—Sim.

—Não sabia que Armando tinha contratado uma nova secretária. Onde está Sandra?

—Não está me reconhecendo, don Nicolás?

Olhou-a de cima abaixo a ponto de corar. Aquela na sua frente não parecia ser a Sandra que conhecia, a não ser pela altura (mas estava sentada). Estava vestido para um coquetel com um vestido tubinho preto, um colar de pérolas, os cabelos soltos agora exibiam um castanho claro com mechas douradas.

—San-Sandra, mas é você?

—Sim.

—Mas ficou muito bem.

A moça corou.

—Dona Catalina e don Armando me incentivaram a mudar o look pelo imagem da empresa.

—Pois estão certos.

—Só achei meio exagerado mudar a cor dos cabelos.

—Não, ficou ótima, assim loira.

A mudança de cor de cabelos foi sugestão de Catalina e apoiada por Bety que sabia da preferência de seu amigo por loiras, nem sempre naturais. Sandra sentia que havia dado certo. Havia chamado atenção de seu também chefe Nicolás. O homem parecia estar a seu lado o tempo todo e pareceu estar incomodado quando outros homens se aproximavam. Logicamente, após o coquetel, Nicolás fez questão de levá-la para casa e comprovou que a moça estava diferente apenas por fora, pois continuava a mesma Sandra inteligente, divertida que conhecia.

Assim, os dois se despediram com um beijo na bochecha.

—Ai, don Nicolás! Tão lindo.

O que não esperava era que Mariana a estava vendo pela janela.

—Ui! E este suspiro?

—Ai, Mariana, me assustou!

—E quem era este bombom que veio lhe trazer?Parecia Don Nicolás.

—Era ele.

Mariana não podia se conter, havia lido para Sandra sobre a nova oportunidade de trabalho, sua mudança de look e agora. Elas resolveram colocar para ver o que o futuro reservava para a agora girafa oxigenada de Terramoda,

—Doutor, não posso chegar tarde em casa.

—Mas Beatriz.

—Eu sei que queria que ficássemos juntos, mas te avisei que meu pai não deixaria em paz. Me ligou várias vezes no coquetel para garantir.

—Não vejo a hora de nos casarmos e podermos estar juntos sem passar por isso.

—Também, querido, mas de verdade quer se casar comigo.

—Acha que iria dizer a minha irmã que trouxesse esta aliança de meus avós se não quisesse me casar contigo e que enfrentaria seu pai se não quisesse? A quero, pequena.

—beijo. -Tenho dúvidas se você me quer.

—Mais que tudo! Pare aqui. Fiquemos juntos um pouco, tampouco posso aguentar sem amá-lo.

(Armando a beija e param no primeiro hotel de classe que encontram)

—Te amo!

—Também te amo! E te desejo muito, menina! Minha doce espertona!

—Meu tigre de Bogotá só meu.

—Só seu, ah Beatriz!

Betty sabia que seu noivo estava excitado e que este homem era uma bomba-relógio assim e não queria correr riscos que explodisse por aí, sendo tão impulsivo e insaciável.

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