Daniel tenta apagar o incêndio em relação à Ecomoda, vez que Marcela e também Roberto lhe perguntavam sobre aqueles protestos de mães à porta de Ecomoda. Pagar jornalistas para não publicarem e entrar em acordos com as mães não estavam sendo suficientes, pois nem todas aceitam simples indenizações para retirarem os processos. Muitos, aconselhados por seus advogados não aceitam conversar e acordos e seguem. Mário e Olarte temem que algo aconteça e descubram tudo.

—Dr. Valência, penso que nisso dr. Caldeirón tem razão.

—Que tem razão, o quê!

—Precisamos ter cautela, as operações estão levantando suspeitas.

—Tem aquele delegado, tem essas mães.

Daniel ri debochado.

—Com estas mães já se resolveu, queriam grana, só isso.

—E o delegado?

—Sabe se estão pagando tão bem na polícia hoje em dia?

—Pelo que ouvi falar deste delegado, ele é incorruptível!

—Vários já tentaram.

—Vão por mim, vivo com políticos há anos, muitos chegavam com este apelido de ``incorruptível``, ``pai dos pobres``, ``caçador de corruptos, ``mito`` e nenhum conseguiu resistir.

—Doutor, está brincando com fogo.

—Vocês são um par de covardes! Por isto sou o chefe aqui e por trás de mim tem muita gente poderosa. Incorruptível? Veremos quanto custa para este doutorzinho sair do meu pé.

Mário e Olarte balançam a cabeça.

—Por estes dias entregaremos mais mercadoria fresquinha. Mas não para a Europa, pois como disseram está visado. Elas sairão de Bogotá e irão em um cruzeiro com empresários pela costa e daí de Cartagena direto para Equador e de Quito para Paris e outros. Não há riscos.

Mário sai da sala de presidência, vai até sua sala, onde olha para o cartão que o comissário havia deixado.

— E se eu entregasse o que está fazendo? Mas Mário o que o tigre faria se soubesse que estava envolvido? Nunca me perdoaria. Será que o comissário sabe de verdade que fui envolvido com o contrabando de tecidos? O que faço? -disse segurando o cartão que o delegado havia deixado com Aura Maria.

Já na sala de presidência.

—Pode me deixar solo, Olarte?

—Claro, doutor.

Daniel se recosta na cadeira. Não se importa tanto com que passaria com a empresa, mas se importa em na repercussão terá para sua carreira política, já que pretende candidatar-se a deputado.

De certa forma, Daniel pouco se importava com a empresa, e apesar de ser de sua família, detestava-a, motivo que se não fosse por isso, seus pais ainda estariam vivos e se não fosse por Armando quem viajaria seriam Roberto e Margarita. Ao pensar em Armando lembrou-se da mulher que o acompanhava.

—Quem será aquela mulher? Armando sempre muito bem acompanhado, mas não creio que seja modelo. Preciso que caia em meus braços, ele parecia louco de raiva ao nos ver juntos. Será que significa algo para ele?

—______

—Seus pais estariam orgulhosos de você, Daniel. –disse Roberto, ao ver os elogios ao mais novo lançamento da empresa.

—Eu sei! Sempre sonharam que fosse o presidente, mas infelizmente não podem estar aqui para ver meu sucesso.

—Sim, mas foi a vontade de Deus!

—Vontade de Deus ou do mimado de Armando? Pois se ele não tivesse inventado o pesadelo.

—Daniel, sabe que foi um acidente, não sabe?

—Sim, claro, Roberto. Mas sinto muita falta deles. –disse Daniel, visivelmente perturbado.

—_______

Lembranças

—Mamãe, papai! Não!

—O que foi, Ditinho?

—Foi horrível, Cita! Horrível. Mamãe e papai mortos! Eles não podem viajar, não podem. Por favor, Cita. Não deixe! Não queremos ficar sozinhos.

Logo, Camila vem a seu encontro e também o abraça.

Ao ver, Camila abraçando-o, Carmem vai atrás dos pais.

—Senhores, por favor. -disse, tocando a porta, com receio, pois os senhores não gostam de serem incomodados.

—O que foi, Carmem?

—O menino Armando.

—O que foi?

—Acordou gritando, acho que teve um pesadelo.

—Meu menino. -diz Margarita vestindo seu roupão e indo atrás dele. Roberto ainda demora um pouco.

—O que foi, Armandito?

—Mamãe, não me deixe!

—Ele teve um pesadelo.

—O avião explodiu e vi vocês dois no meio de fumaça, destroços. Mamãe, vocês não podem ir.

Margarita o abraça junto com Camila que faz coro com o irmão, pede à Carmem que busque uma valeriana.

—Filho, é muito importante irmos na viagem.

—Não vá!

—O que aconteceu?

—Papai.

—Ele teve um pesadelo.

Armando conta tudo a esses pais, Margarita estava quase desistindo de ir, pois Armando estava como desesperado, nunca o havia visto desta maneira, mas Roberto está irredutível. Para ele, esta história de pesadelo não passava de capricho de menino mimado.

—Roberto, não acha melhor...

—Não faz sentido. Temos que ir nesta viagem. E o ideal é que fôssemos os quatro,

mas seria pior deixar cinco crianças sozinhas nas mãos dos empregados, então, decidimos ir e vocês ficariam aos cuidados de Carmencita, Jayme y tíos Júlio e Suzana.

—Não, papai. Vocês não podem ir. Não podem!

Armando se agarrava a sua mãe com tanta veemência que Camila começou a ter certeza que tudo que seu irmão dizia iria acontecer e também começou a chorar.

—Não podemos ir, Roberto. Veja como estão os meninos!
—Está bem, Margarita, vou pedir a Júlio que vá com Suzana. O que não podemos é

perder este negócio!

—______

Dois dias depois


As crianças estavam em choque. Não podia ser. O jatinho em que os papais Valencia haviam embarcado havia caído e explodido no mar.

Daniel olhava fixamente a televisão, era o mais velho, tinha maturidade para entender exatamente o que estava acontecendo. Rapidamente, abraçou suas irmãs que choravam desconsoladas ao ouvirem os nomes de seus pais, enquanto viam um avião pegando fogo. Logo, chegaram Roberto e Margarita que também os abraçaram. Foi quando Camila na sua inocência comentou: Era verdade, maninho, o acidente que viu no sonho. Está como descreveu, cinzas, explosões, só que ao invés de nossos pais, os tios Valencia.

—O quê? -perguntou Daniel.

—É que Ditito sonhou com isto.

Daniel não podia crer. Se já achado um absurdo que Armando tivesse ficado doente às vésperas de seus pais viajarem e acontecesse o acidente, agora, tinha certeza que ele era o culpado. Havia ficado doente de propósito, inventou que sonhou tudo para que seus pais não fossem viajar e se por acaso não colocou a bomba que causou é por não ter idade, mas era sua culpa, não foi uma fatalidade. O casal Mendoza e não seus pais deveriam estar naquele avião.

-Realmente impressionante –disse Betty –que você tenha sonhado com algo assim.

—Pode crer, Beatriz. Tal como vi na televisão. Por isto, Daniel me odeia, porque seus pais e não os meus foram no jatinho.

—Imagina, você era uma criança, como poderia fazer algo?

—A partir daí, Betty, tudo começou. Ele, Caldeirón e eu éramos mais que primos, éramos como irmãos, um trio da bagunça, mas ele começou a me odiar, começou uma disputa entre nós dois. Não só pela atenção de meus pais, quem tirava melhor notas, Daniel passou a me roubar namoradas.

(Betty não podia acreditar, quem em sã consciência trocaria Armando M por DanielV?)

—Meus pais se sentiram muito culpados. De certa forma. adotaram os Valencia e no começo eles tinham tudo o que tínhamos e com o tempo, mais que nós tínhamos. Maria Beatriz se tornou superficial, dizem que para não enxergar a realidade, Marcela mudou, se tornou caseira, não queria mais viajar, a não ser com a irmãzinha e Margarida, quem começou a ver como uma espécie de mãe.

—Por isso, que ela quer tanto unir-se a você, para ser uma Mendoza.

—Sim, ela vê minha mãe como sua mãe, melhor seria que me visse também como seu irmão.

—Sabe que não é tão fácil vê-lo como um irmão?

—Ah, picarona. Está vendo como pode entender que fique louco ao me ver com uma mulher tão bonita e sensual e ainda inteligente? Ele te quer e posso ver o desejo em seus olhos. Daria tudo para a ter em sua cama. Por isso, não queria que ele te conhecesse.

—Mas antes o senhor queria, tentava me convencer que eu era a pessoa ideal para investigar a gestão de dr. Valencia a fundo.

—Mas foi antes, antes de termos algo, de ficar assim, tão linda. Não, agora, você é minha e não aguento que se aproxime dele que sinta seu cheiro que sonhe contigo, não! -apertava-a contra ele.

—Ô homem possessivo. sabe que meus carinhos são só para você. Sabe que não iria para a cama com ele!

—O mataria!

—Mas sabe que talvez precisaremos jogar o jogo como disse dr. Thompson, preciso ser simpática com ele, deixar ele pensar que posso ter algo com ele para que confie em mim.

—Não posso, Betty. Não posso aguentar. E Daniel é muito esperto, ele pode te seduzir.

—Ah claro, pois eu sou tão fácil.

—Não é que seja fácil, mas ele é ardiloso e sabe seduzir. Veja, as modelos.

—Não me compare com estas, senhor Mendoza! Quer que te mostre como Doutor Valencia não pode me seduzir?

—Como?

—Estou louca por Armando Mendoza!

Ela começa a beijá-lo, passa os braços em torno de seu pescoço e o mordisca, acende a paixão entre os dois e Armando a toma sem dó para marcar território e mostrar a quem ela pertence, Betty suspira de prazer.

—_______