—Como assim que já foi embora?

—Disse que o senhor já não estava sozinho e tinha compromisso para hoje à noite e que não precisava mais dela.!

—Ma.. mas como assim?

—È que ela viu estas... senhoritas sentadas com os senhores.

—Mas este não é assim! Não.

—Veja tigre, que sorte! A feinha se foi! E agora podemos passar bem rico com estas belezas!

—Veja, idiota! Fique você aí! Eu vou por Betty!

—Aonde vai? -disse uma se acercando a ele.

—Olha, fica com seu amigo que foi quem te convidou.

Armando se levanta e sai rapidamente, deixando as mulheres e a conta para Mário.

Aura Maria olha para Mário e as mulheres.

—Querem dançar?

—E seu amigo se foi? –perguntou uma das moças.

—Sim, ele está meio que enfeitiçado por uma menininha, mas eu estou aqui para vocês.

—Olha, se pensa em uma orgia...–disse Aura Maria.

—Não era a ideia original, mas creio que gosta dessas coisas.

Aura Maria sentiu vontade de dar-lhe um tapa, se segurou para não fazê-lo e só não o fez, porque querendo ou não ele era e podia custar-lhe o emprego.

—Está muito enganado, doutor Mário, ainda que pareça libertina, que goste de me divertir, prefiro sair com apenas um homem de cada vez e que eu seja a única mulher. –disse, Aura M. saindo dignamente.

Mas quando se afastou chorou.

—E agora? Como voltarei para casa? Será que don Armando ainda está por aí? Será que me emprestaria grana para o táxi?

Mas não o encontra em lugar algum, já que havia saído para ver se encontrava Beatriz.

—E agora? O que faço?

Aura Maria não podia acreditar quando viu Freddy e Wilson.

—Freddy?

—Aura Maria? O que faz aqui? Ah! -disse avistando Mário ao longe –Não precisa dizer, estava

passando bem com seu doutor papito.

—Sim, mas isto acabou! Freddy, pode me levar para casa?

—Outro dia a levaria, mas hoje, minha rainha, estou acompanhado.

—Por quem? Se as duas que convidou para dançarem lhe deram o fora. –disse Wilson.

—Perdão, mas desculpe-me, mas não foi assim.

—Foi, eu vi. –respondeu Wilson.

—Cala a boca!

—Freddy, não me importa. Não quer sair bem acompanhado desde local?

—Está bem, Wilson deixarei minhas conquistas para você. Tenho uma missão, a missão de levar esta bela dama que enfeita a recepção de Ecomoda para casa para que não demore a chegar pela manhã ou nosso digníssimo presidente irá colocá-la na rua sem contemplações.

—E eu?

—Ora, Wilson, a noite apenas começa e está de folga pela manhã, portanto, com licença.

Assim, os dois se arrancam sem deixar que Wilson proteste, Mário na maior cara de pau segue com as moças na mesa até que vai dançar com uma delas. Tenta ligar para Armando, mas dá Caixa postal.

—Atende, tigre! Vai me deixar com estas devoradoras de homens?

Mas Armando não atende de jeito algum vai à casa de Betty, mas a menina já havia chegado e estava em seu quarto, de modo que ele é obrigado a voltar para seu apartamento. Ao chegar lá, seu husky siberiano Montéz o recebe, ele acaricia o animal, bebe um copo, tira a gravata.

—É Montéz se não fosse aquele idiota estaria passando bem nos braços de Beatriz. Não sei o que tem esta mulher, mas não consigo pensar em outra desde que a tive em meus braços!

Assim ele tira a roupas e fica apenas de camiseta regata e cueca em seu quarto cumprimenta, está escuro e já está um pouco alterado pelo álcool, assim nem acende a luz e se deita.

—Que nojo! O cheiro da amiga de Mário está impregnado em mim. Queria o cheiro de minha Betty ao invés destas. Toca tomar banho!

—Só assim para dormir! -está deitado só de cueca, pensando em Betty.

—Ahh! Cheirosinha!

Assim, adormece abraçado ao travesseiro. Em sua casa, Beatriz também demorou a dormir e o fez depois de chorar muito imaginando como Armando teria terminado a noite com aquelas mulheres que pareciam modelos. Pensou no que Aura Maria havia lhe dito.

—Deixa de bobagem, Betty! Isto não é para você!

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`A volta do tigre de Bogotá` e ele abraçado com várias mulheres. Sentiu-se tonta, sentou-se na cama para não desmaiar.

`Solteiro, Armando conhecido como tigre de Bogotá volta às andanças junto a Mário Caldeirón`

O solteiro mais cobiçado da cidade não esperou nem uma semana de solidão desde que rompeu o noivado com Marcela Valencia para voltar à vida de sempre nos braços das mulheres mais belas da cidade, (muitas fotos de Armando e Mário beijando modelos).

Sessão Monica conta tudo.

Ver e rever aquelas fotos de seu amado aos beijos com mulheres tão perfeitas era cravar um punhal em seu coração. Sabia que vê-las era machucar-se ainda mais, mas achava que precisava para despertar do sonho em que vivia, aquele homem não era para ela.

—Por isso, não veio nas noites depois de fazermos amor! Quem pode recriminá-lo? Qual homem deixaria de estar com elas para visitar-me? Será que agora que descobri seus gostos vai desistir de chamar meu pai e Nicolás para trabalharem na sede da empresa? Eles ficaram tão animados.

Mas ao contrário do que Betty pensa, Armando não desistiu da sede e os quer trabalhando ao lado dele, está bem animado com o rumo que a empresa está tomando. Considera as sugestões de negócios que Nicolás faz preciosas e a organização e ética de Don Hermes são diferenciais neste meio. Tampouco havia desistido de Betty.

No dia seguinte, Armando foi novamente visitar Betty em casa, mas a moça, segundo sua mãe dizia não estava, no outro dia estava indisposta. Sabia que na verdade eram desculpas e que Betty devia estar muito chateada com ele. Preferiu não insistir, pois ao que parecia, tampouco Júlia estava tão gentil como sempre havia sido. Parecia que sabia de algo.

Por outro lado, seu Hermes e Nicolás o tratavam muito bem, ainda mais agora, que estavam juntando os documentos e tudo que precisavam para assumirem seus postos no escritório da Candelária. Como não podia, inicialmente, pagar muito, pois só contava com o cheque de Ecomoda (que estaria investido todo mês) e seus ganhos de engenheiro e executivo freelancer, de modo que combinou pagar-lhes um salário e cedeu ações da Terramoda mais comissões a cada contrato que fechassem. Os dois que, se encontravam desempregados gostaram da oferta e da possibilidade de mostrarem suas habilidades.

Faltavam pequenos ajustes na Inscrição da Terramoda na Câmara de Comércio, adicionando Nicolás e Hermes como sócios, com 5% cada e a mudança de endereço de seu apartamento para o escritório. Logicamente, Armando poderia ir ou pedir a Nicolás que o acompasse, mas este era o pretexto que precisava para ver Betty.

Assim foi ao escritório dos Liñarez, que não ficava muito distante da atual sede de Terramoda.

—Beatriz, o dr. Mendoza está aqui para falar com a senhorita.

—Por favor, pede a ele que espere um pouquinho.

Betty tremeu. Não era possível, aquele homem não poderia estar ali. Não queria encontrá-lo.

Assim, resolveu fazê-lo esperar, precisava reunir coragem., até que a secretária tocou novamente.

—Beatriz, ele disse que é sobre a Terramoda e que é muito importante, mas que se está ocupada e não pode atendê-lo, ele marca uma hora em que esteja livre.

—N-não, pode pedir que entre. Estou livre agora.

Precisava enfrentá-lo. Armando sabia que Betty estava brava com ele por conta do ocorrido no Santuário algumas noites antes (desconhecia que ela tinha visto a revista também). Pretendia levá-la para almoçar depois de irem à Câmara e poderem conversar. Havia pensado muito na relação que tinham e concluído que com nenhuma mulher havia sentido o que sentiu com ela, que ela o fazia se sentir bem e creía que ela sentia o mesmo. Se era amor ou poderia ser para sempre, não sabia, mas que estava disposto a tentar um relacionamento sério de verdade, apesar dela não ser de seu meio, nem parecer com as mulheres com quem costumava se relacionar.

Mas a verdade é que Betty não estava brava com ele e sim com ela mesma. Sentia-se mal de ter-se metido com Armando, sabia que ele poderia sentir algo por ela, mas que por conta de sua aparência era inútil pensar que iria dar certo. Ee gostava de mulheres como as modelos e empresárias da moda e não mulheres comuns como ela. Por isso, não queria vê-lo, mas agora ele estava ali e seu chefe não era como sua mãe, não poderia deixar de atender um cliente tão especial como Armando Mendoza.

Armando suspirou aliviado, finalmente, iria ver Betty e na sala reservada. Uma semana sem vê-la, não podia perder a oportunidade.

—Boa tarde, Betty!

—Boa tarde, doutor Mendoza! -disse, de cabeça baixa

—Como tem passado?

—Bem, sente-se. Como o senhor tem passado.

—Não muito bem.

—Como?

—Uns problemas.

—Pelo que Nicolás disse, pensei que estava tudo bem com a empresa.

—Com a empresa? Sim, está bem. Deve saber que estamos dando continuidade ao plano e que em breve.

—Sim, estou sabendo.

—Que bom! Preciso de… se.. seus serviços.

—Meus serviços?

—Sim, que me acompanhe à Câmara para alterarmos os dados.

—Sabe que doutor Liñarez cobra por isso, não?

—Sim, claro e vou pagar.

—É que uma empresa que está iniciando tem que economizar tudo, mesmo sendo o senhor de posses. Creio que Nicolás, por ser empregado agora de Terramo, poderia colaborar-lhe ou o senhor mesmo poderia ter dio.

—Não sei. Prefiro que você, que iniciou a empresa fizesse para mim. Tem algum problema ou algo contra me fazer isto, Beatriz?

—Não, de modo algum. Trabalho é trabalho!

—Então, está certo. Poderíamos ir hoje mesmo?

—Hoje não seria possível, doutor Mendoza.

—E quando poderia?

—Ainda não sei, creio que meu chefe irá me dar outras gestões para fazer junto.

—Ah, já vejo!

—Mas fico tranquilo que irei fazer esta semana mesmo.

Armando ficou decepcionado, esperava acompanhar Betty à Câmara e aproveitaria para conversar.

—Claro que poderia pedir-lhe que fizesse este trabalho em particular e poderia acompanhá-la, mas creio que não ia aceitar, pois não quis me receber a semana inteira.

—Don Armando, creio que é melhor que fiquemos como começamos no âmbito profissional, foi um erro misturar as coisas.

Assim pensa Beatriz? Não foi cometido erro algum nesta parte. Não houve erro, o erro foi...

—Doutor, deixemos como está, ou serei obrigada a pedir que outro profissional cuide da sua conta.

—NÃO! ISSO NÃO! NÃO ACEITO OUTRO QUE NÃO SEJA VOCÊ! Desculpe-me! -pediu com humildade, vendo que a niña tinha colocado os olhos como pratos, pois nunca o havia visto gritar.

—É que não confio em outra pessoa. Está bem, faça quando for possível e me avise. -Ela assentiu com a cabeça -Diz que começamos com um relacionamento profissional, mas a verdade é que começamos como amigos, até nos envolvermos.

Betty ficou vermelha.

—Mas creio que nem amizade está querendo neste momento.

—Por hora, é melhor que não.

—Está certo, eu a entendo. Poderíamos almoçar para que lhe explique.

—Que parte de ``nem amizade`` no momento o senhor entendeu?

—Está bem, Beatriz! Sei que errei, por isso queria explicar-lhe, mas entendo e vou dar-lhe o tempo para que me escute.

—Grata, don Armando.

Armando levantou-se e se dirigia à porta, Betty respirava aliviada, por sorte este homem havia aceitado afastar-se e havia sido mais fácil que pensou. Mas Armando foi até a porta e virou-se

—Sua mãe, contou algo a ela?

—Minha mãe? Não. Ninguém sabe o que aconteceu entre nós! Nem que passamos da amizade.

—Então, por que ela me olha como soubesse de tudo que está acontecendo conosco?

—Não sei, talvez ache estranho que eu não o receba como antes.

—Deve ser. Mas Beatriz eu terei que ir à sua casa para falar com seu pai e Nicolás, enquanto não estiver inaugurada a sede e não pensa que é muito estranho que não me receba nenhuma vez, que não coincidamos como antes?

Betty suspirou, não havia pensava nisso. Era uma grande oportunidade que ele estava dando a seu pai e Nicolás e não queria que descobrissem que havia passado algo entre eles.

—Tem razão, don Armando. Está bem! Pode ir à minha casa e irei agir como antes, como amigos, desde que vá lá com o único e firme propósito de falar de trabalho.

—Grato, grato, Betty! -disse apertando-lhe a mão. Mas não sem acariciar a mão dela com o dedão.

Ato que fez com que sentissem uma descarga elétrica atravessar-lhes.

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