Daniel Valencia - presidente (Betty a feia)

Capítulo 2 –Don Armando se vai da empresa.


A empresa era a paixão de don Armando, desde pequeno sonhava em ser presidente e seguir os passos de seu pai, seu maior ídolo. Mas não havia logrado.

—Congratulations, Mister Valência! É o novo presidente de Ecomoda! -disse Gutiérrez.

—Surpreso?

—Não, até que não! Já sabia. Seria impossível perder esta para Armandito! -disse Daniel para provocá-lo.

Armando queria devolver a provocação do jeito que melhor sabia.

—Rapazes! Não briguem. Qualquer um dos dois estava qualificado para dirigir Ecomoda. Esta é a vez de Daniel, mas em dois anos teremos novas eleições.

—Espero que tenhamos empresa sólida para administrar!

—O que quer dizer com isso, Armando?

—Está claro, não? Desde quando Daniel se preocupou com a empresa?

—É herança de meus pais, não?

—Sim –ri nervoso- Por isto recebe um bom cheque. Mas quando trabalhou por Ecomoda? Será que conhece algum de seus empregados? -perguntou Armando.

—Não fique assim, Armandito! –disse Daniel batendo em suas costas –Não seja tão invejoso. Reconheça que sou melhor que você e que vou sim fazer uma boa administração.

—Assim espero!

Marcela olhava cabisbaixo.

—Papai, peço licença.

—Onde vai, Armando?

—À minha sala!

—Posso acompanhá-lo? Precisa falar contigo.

—Esteja à vontade, papai, a empresa é sua!

Ao longe, Daniel olhava e divertia-se com as expressões de Armando, Marcela olhava o namorado de soslaio, precisava falar com ele. Margarita conversava com Daniel, enquanto Gutiérrez, Hugo e Maria Beatriz confraternizavam com o novo presidente.

—Será que fiz o certo? -pensava Marcela.

Quando Armando entrou na sala e apontou a cadeira para que seu pai sentasse, sua expressão não era das melhores. Era visível a decepção que sentia com pessoas que diziam amá-lo como Marcela e seu próprio pai.

—Armando, não fique assim!

—Meus amigos viajavam, enquanto eu ficava minhas férias na Ecomoda! Meus tempos livres eram na empresa. Quando me formei, foi pensando em o que poderia fazer para posicionar Ecomoda ainda melhor no mercado, por isso, estudei engenharia industrial. Para modernizar e aumentar a produção da empresa. Tenho tudo, sei como fazer. Daniel nunca trabalhou nesta empresa, nunca se incomodou em saber o nome de um dos empregados que não fosse da planta executiva, não sabe quem é a dona Maria da produção, quem foi a primeira empregada de Ecomoda, não sabia como implementar a produção, ou como funciona a Moda. Quais tecidos e tonalidades estarão na moda este ano, qual combinação de cores. A importância de cada um dos setores desta empresa, de cada um dos empregados que deram o sangue e dependem de Ecomoda.

—Mas sabe mais que você de Economia, sabe como funciona o Mercado da Moda, seu impacto no Mercado, quanto corresponde pelo PIB.

—Pensa assim tão friamente em Ecomoda, papai? Cresci nesta empresa, fui criado para administrá-la como uma empresa familiar e não como um mero negócio.

—Armando, sabe que o mundo mudou.

—Sei, papai. Mudou muita coisa! Principalmente depois que os tios morreram.

—O que quer dizer?

—Que depois que eles se foram, os Valência não podiam ficar órfãos. Eles não, mas Camila e eu sim. Injusto!

—O que quer dizer?

—Que depois disso nunca mais foram os mesmos pais.

—Isto não é assim, está sendo injusto!

—É? Quando Danielito cuidou da empresa, quando dedicou seu tempo trabalhando aqui na produção ou mesmo como office-boy como eu? Quando estudou uma forma de incrementar a produção ou já que é sua área, quando traçou um novo plano para fazer com que Ecomoda lucrasse mais?

—Este! –disse Roberto batendo no plano de negócios que estava sobre a mesa –Ele fez este!

—Sim, com o que conseguiu o seu voto!

Roberto fecha os olhos.

—Entenda, Armando. Não votei em Daniel por ser contra você. Votei por acreditar no projeto que está aqui ser melhor para Ecomoda. Não que o seu não esteja bom, mas era por demais audacioso e exagerado para a situação atual do país.

—Sabe, pai. Cresci e aprendi com os senhores, com tio Júlio e o senhor que devemos ser curiosos e audaciosos como empresários, sonhar alto para chegar ao longe. –Armando salvava umas coisas em uns disquetes.

—Sim, mas...

—Aprendi que para chegar ao longe precisa-se acreditar e investir. Que assim foi quando montaram a empresa. –juntava uns papéis em uma maleta.

—Armando, sei que sabe tudo isso, mas...

—Mas não sou o Daniel, não sou como Daniel e tampouco sei agir como Daniel. Sabe, papai, desde pequeno sonhava em ser presidente de Ecomoda, este sempre foi meu sonho, pois adorava ver como você falava da empresa, com os olhos brilhantes. Adorava vir aqui mais do que passear e viajar. Mas deixei meu sonho de lado, pois nunca pensei que um dia o senhor iria deixar a presidência. Quando propôs as eleições e tanto Daniel quanto eu nos candidatamos, pensei que pela primeira vez não o apoiaria.

—Armando.

—Deixe-me falar, papai. –com lágrima nos olhos –Também não esperava que votasse ou me apoiasse, não esperava isso. Bem, na verdade esperava, mas sabia que não iria. –ri de nervoso, limpando os olhos –Mas ao menos esperava que se abstivesse de votar.

—Armando, eu não podia fazer isto.

—Imaginava que não. Não poderia deixar de apoiar Danielito, seu filho.

—Ele não é meu filho, você é meu filho!

—Ah sim. No papel, como Camila.

—Você não é como sua irmã!

—Não realmente, gostaria muito de ser como ela.

—Onde vai, Armando?

—Trabalho cinco anos nesta empresa. Gostaria de tirar umas férias!

—Agora? Agora que vou ter que me ausentar?

—Por isto mesmo! Preciso de um tempo.

—E de quanto tempo estamos falando?

—Uns dois, três meses.

—Armando, está louco ou o quê? Esperava que com seu conhecimento da empresa pudesse ficar aqui e ajudar Ecomoda, ajudar a colocar as coisas no lugar, afinal é acionista.

—Esperava o quê? Que eu ficasse aqui para ajudar Daniel e ser empregado dele?

—Esperava que fosse responsável e cumprisse com seu papel.

—O que está passando?

—Oi, mamá.

—Armando, agora que Daniel é o novo presidente, quer ser afastar e largar a empresa.

—Como assim?

—Mamá, só quero tomar umas férias atrasadas para pensar no que fazer.

—Como o que fazer? O que tem que fazer é se dedicar à Ecomoda como sempre. –disse Roberto.

—E marcar a data de casamento com Marcela. –disse Margarita.

Armando virou os olhos. Agora nunca iria marcar a data mesmo, jamais se casaria com Marcela.

—Não vou me afastar de Ecomoda para sempre, papá, mamá, mas preciso de um tempo para pensar em minha vida. –os beija.

—Se afasta agora que a empresa mais precisaria de você!

—Não sei porquê, papá! A empresa está em boas mãos, as mãos de Daniel. –disse ironicamente, saindo da sala, levando algumas coisas.

—Precisa se afastar, pois não pode admitir o fato que podem achar que Daniel possa ser melhor presidente que você?

Armando voltou, respirou fundo e disse, olhando nos olhos de seu pai.

—Sabe, não me dói não ser presidente, tampouco me dói, se Maria Beatriz ou Marcela não votarem em mim, o que me dói é o senhor, o senhor não ter votado em mim. Ao ter me dado um único voto de confiança na vida.

Vai embora com a maleta em punho.

—Irmão, está bem?

—Poderia estar melhor, Mário.

—Quer sair para tomar uns tragos, espairecer?

—Sim. Vamos!

—Armando! –disse Marcela com lágrimas no olhos. –Preciso conversar contigo.

—Deixemos para outro dia!

—Não vai ao meu apartamento hoje?

—Ah sim, claro, pode me esperar... –Marcela percebe o tom iônico de sua voz.

—Armando!

—Deixe-o filha.

—Ai, Margarita, Armando não vai entender nunca que eu não tenha votado nele, acho que o perdi!

—Imagina, filha, ele te ama. Dê um tempo para ele, ele está abalado só isso. –Margarita abraça Marcela.

No corredor, o quartel lamenta que Armando tenha perdido a eleição

—É que gostamos do senhor. –disse Sandra.

—Também as adoro! Meninas, vou ficar um tempo afastado.

—Vai embora?

—Não sei, creio que não, mas vou tirar umas férias bem longas.

—Não. Está todo mundo indo embora. Creio que até Mireia. –disse Sofia.

—Minha secretária?

—Sim, se o senhor for embora, ela também irá.

—Imagina, é uma boa professional!

—É que sem o senhor ela não ficará!

—Shiu, Bertha.

—Cabe a vocês que são amigas, a convencerem a ficar.

—E trabalhar com don Daniel?

—Duvido! -disse Bertha.

—Isto que ia pedir a vocês. Sei que sou gritão, neurótico, mas sabe que levo Ecomoda e os empregados aqui. (disse apertando o coração) Mas Daniel não, ele não vai poupar esforços para as colocar para fora, portanto, não deêm motivo. Trabalhem. Mesmo assim, temo que não adiante.

—O quê?

—Vamos, tigre!

—Tome Bertha, se necessário, quanto a Mireya.

—Sim, don Armando!

Assim, Armando e Mário desceram o elevador, onde encontraram com Freddy que cobria Aura Maria na recepção, já que estava acima com o quartel.

—Doutor, devo felicitá-lo, ou não?

—Não, Freddy. –aconselhou Mário

—Não me diga que...

—Seu presidente agora será Daniel Valencia.

—Não me diga! Não me diga isto. Como Mariana havia visto.

—Mariana viu o quê?

—Deixa para lá! O que será de nós, doutor?

—Não sei, Freddy! –disfarçando as lágrimas –Mas peço que vigiem, se dediquem, façam o possível para serem os melhores trabalhadores! A empresa precisa de vocês!

—E não do senhor? Por que não fica?

—Ecomoda não precisa mais de mim, Freddy!

—Imagina! Pois te juro, doutor que trabalharei duro, juntarei cada centavo para comprar nem que seja 1 por cento das ações desta empresa para poder votar e o senhor voltar a esta empresa de cabeça erguida, entrando por esta porta como presidente!

—E eu abrirei a porta! –disse Wilson.

—Grato, senhores! Sempre virei às reuniões. Cuidem, se esforcem, sejam ainda melhores!

—Mas do que sempre temos feito?

—Acredite, Danielito se acha perfeito e nunca será suficiente tudo que façam.

—Grato pelo conselho, doutor.

Armando foi com Mário.

—O que houve que saiu assim?

Armando e Mário, os super-gêmeos, foram tomar umas copas e desafogar. Mário convenceu-o que a melhor forma era entregando-se a uma noite de prazer e assim foram os dois com duas mulheres.

Enquanto isso, em Palermo, Betty saía para mais um dia em busca de trabalho. Já havia feito muitas entrevistas e tentaria mais algumas como executiva. Mas ninguém queria lhe dar uma oportunidade, nem como trainee.

—E como foi, minha filha?

—O mesmo, papai. Distribuí algumas folhas e ficaram de ligar.

—Mas o importante é persistir e logo, logrará. (faz o costumeiro barulho com a boca) O que seria do tio Lázaro se desistisse?

—Sim, papá.

Mas Betty já estava ficando desanimada, pois nada conseguia.

No dia seguinte, Mireia chegou animada ao escritório, pois pensava que seu chefe Armando havia ficado com a presidência, mas a decepção se instalou ao saber que não só não se tornou presidente como teria que ser secretária de Daniel Valencia. Como ouvia o chefe falar mal dele o tempo todo, odiava-o por tabela, embora, pouco tivesse se falado em todo o tempo que estivera trabalhando aqui. Claro, odiava o jeito que o rival e futuro cunhado de seu chefe a olhava, como se quisesse desnudá-la. Ela não lhe dava a mínima confiança, já se fosse Armando...

—Não! Não! Nâo pode ser! Não doutor Valência!

—Sim, e segundo consta, Mireya, ele será seu novo chefe!

—Parabéns, será a nova secretária de presidência! O sonho de todas nós! -disse Sofia.

—O sonho seria ser secretária de Doutor Armando! Jamais de doutor Valência!

—Silêncio que ele pode escutar e não vai querer levar uma advertência logo de início.

—E doutor Armando.

As meninas do quartel viraram uma para as outras. Nenhuma tinha coragem de lhe falar.

—Mireya, tem que ser forte. Don Armando tirou férias por tempo indeterminado.

—Quê?

—Isto. Não virá à empresa por um bom tempo, apenas em reuniões!

—NÂO!

—Por isso, Doutor Daniel Valencia a quer como sua secretária!

—JAMAIS! Jamais serei!

Nesta hora, Daniel apareceu atrás dela.

—Senhorita Mireya Perrone!

—Doutor Valencia!

—A espero em minha sala, sabe, a presidência, pois ganhei as eleições de Armandito e já a quero como minha secretária! Te garanto que sou melhor chefe e em tudo muito melhor que Armando!

Mireya ficou sem reação e concordou com a cabeça, embora não tivesse a mínima intenção de trabalhar com ele!

—As 7 horas, Ok?

—É é ok!

Quando Daniel saiu olhando Mireya daquele jeito abusador, as do quartel voltaram-se para ela.

—Mas que asco! –disse Sandra.

—Sim, todo um triplepapito , mas como pessoa, que nojo!

—MIreya, vai trabalhar com Don Daniel?

—Eu?

—Sim, quando lhe perguntou disse que sim.

—Não sabia o que dizer! Bertha! Me demito, não trabalharei com tal senhor! Me causa repugnância! Sei que vou perder o que tenho direito, mas com ele não trablaho.

—Ele pelo cisto queria mais que trabalhar contigo. –disse Aura Maria.

—Prepararei minha carta de demissão agora mesmo!

—Não será necessário, Mireya! Don Daniel pediu que preparássemos um contrato para você, mas quando dissemos a Don que não seguiria na empresa se ele se fosse, nos aconselhou que a aconselhasse a ficar, mas por via das dúvidas, deixou isto.

—Quê Bertha? Uma carta de demissão?

—Sim, para que não perca seus direitos!

-Tão maravilhoso! Não sei como não ganhou.

—Por culpa de dona Marcela e don Roberto.

—Se pudéssemos, faríamos o mesmo.

Mireya recolheu as coisas da sala que costumava ser de Don Armando e se foi, sem olhar para trás.

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