—O que aconteceu com Miranda Perez?-Perguntei à Demetri. Red tinha o levado para o esconderijo, era dia de dar outro nome.
—Está em segurança, até que a mãe seja encontrada.
—Por que Red está tão interessado nas Perez?
—Nem eu sei. –Estreitei os olhos na direção dele. –Não me olha assim, Mhoritz, estou falando sério. Eu não sei. Ele não me disse nada.
—Acha que ele sabe onde Jasmine Perez está?
—Acho que não. Mas ele é capaz de encontrar qualquer um, então... –Deu de ombros.
—É, ele é bom em...
—Jenna. –Ressler chamou, ao lado de Keen. A expressão dele não era nada feliz. Demorei longos segundos para entender. Demetri. O problema era o russo próximo a mim.
—Estou indo. –Acenei pra Demetri com a cabeça e me aproximei do grupo. Meera tinha as mãos na cintura, e parecia zangada.
—Não vou mandar minha equipe para lá. –Disse. –A comunicação pode ser facilmente perdida.
—Eles sabem se virar, Malik. –Red disse. –Vão ficar bem.
—Aonde nós vamos?-Perguntei.
—Líbano. –Vi ali uma chance de alfinetá-lo.
—Procurar a agente Perez?
—Não, Jenna, não tem nada a ver com a agente Perez. Se trata de uma rede de venda de escravas. Eu sugiro que você e a agente Keen tomem cuidado redobrado. Eles estão sequestrando as mulheres no meio da rua para vendê-las. –Lizzy cruzou os braços. Ela ainda parecia brava com ele. Red nem parecia ligar. Não havia muita coisa que o afetava.
—Ok. Sempre somos cuidadosas.
—Ela eu até acredito, agora você?-Olhei feio pra ele. –Saem no próximo vôo, estejam lá.
***
—Dá pra acreditar nisso?-Perguntei. Elizabeth conseguiu ajeitar o lenço no próprio cabelo, mas eu não. Não entendi porque deveríamos fazer isso, mas estava nas instruções de Reddington. Lenço no cabelo e roupas longas, nada de muita pele à vista. –Faz um calor infernal aqui, e ele nos faz vestir isso?
—Não reclame. –Donald disse, sem se virar. –Pelo menos não corre riscos de alguém bater em você por não seguir regras.
—Achei que isso fosse em outro país.
—Ei, senhor. –Um homem se aproximou de Ressler. Fiquei alerta. Era muito suspeito. –Quer uma esposa? Posso arrumar uma. Aqui meu cartão. –Estendeu um pedaço de papel amarelo. Ressler o pegou, também alerta. –Pode me encontrar não muito longe daqui, caso esteja interessado. –Acenou com a cabeça e se afastou, abordando outro homem, com a mesma história.
—Parece que encontramos um dos alvos. –Lizzy disse.
Nos separamos ao sair do aeroporto. Ressler foi na frente, deixando-me ir por segundo e Keen por terceiro. Elizabeth e eu chegamos ao mesmo tempo no ponto marcado, uma quadra antes do hotel, e saímos do táxi. Olhei por cima do ombro uma vez, verificando se estava tudo certo, então comecei a andar.
Apenas notei algo errado tarde demais. Um grupo de pessoas gritou atrás de mim, então me virei. A bolsa de Keen estava no chão, e a agente estava sendo levada por dois homens para uma van. Me aproximei, sacando a arma, mas algo acertou meu ombro e eu fui pro chão. Logo era tarde demais para agir.
Algumas pessoas me ajudaram a levantar e a tirar as balas de choque do meu ombro.
—Você está bem?-Uma mulher perguntou. Ajeitei o lenço no cabelo e assenti. –Precisa que chamemos alguém?
—Não. Não. Eu estou ficando naquele hotel.
—Precisa de ajuda para chegar lá?
—Não. Obrigada. –Recusei as várias mãos estendidas e levantei, meio tonta.
Chegar ao hotel daquele jeito foi mais difícil do que parecia. Finalmente cheguei ao meu quarto, que fazia parte de um conjunto (três quartos ligados). Passei para o quarto de Ressler e me sentei na cama, respirando fundo algumas vezes.
—Pegaram Keen. –Avisei, tirando o lenço e tentando ver os furos no meu ombro.
—O que?
—Lizzy foi pega. Com certeza esses caras que Red nos mandou pegar. –Havia dois furos enormes e vermelhos no meu ombro. –Tentei reagir, me atingiram com uma arma de choque.
—Você está bem?
—O importante agora é ela. Temos que encontrá-la.
—Tentei entrar em contato com Aram quando cheguei, a comunicação foi cortada.
—O que isso significa? Que nos abandonaram?
—Significa que quase fomos expostos. Não podemos entrar em contato com os outros. Estamos por conta própria. –Suspirou, começando a andar de um lado para o outro. –Nunca vamos recuperar Keen sozinhos.
—Talvez não. Mas pelo menos um de nós tem um plano. –Parou de andar e olhou pra mim, preocupado que fosse mais uma das minhas missões suicidas.
—Jen...
—Apenas ouça. Lembra o cara que te abordou no aeroporto? Ele com certeza faz parte da venda de mulheres. Claro que ele não pode falar abertamente, e disse “esposa”. Mas ambos sabemos que não é bem assim.
—Aonde quer chegar?
—Vai me vender para aquele homem. –Esperei pelo grito que veio pouco depois.
—Você ficou doida? Vender você? E se eles...
—Ressler, eles vão me levar até Keen!
—E como acha que vou encontrar vocês depois?
—Me siga e veja. –Voltei ao meu quarto e procurei na mala por uma caixinha pequena. A abri, mostrando o conteúdo.
—O que é isso?
—Um dispositivo que roubei de Aram. Se você conectar a frequência dele em qualquer aparelho, tipo um tablet, pode rastreá-lo. Mas não serve a distâncias longas, como de Washington até aqui. Você, no mesmo país que eu, deve conseguir me rastrear. Vou levar comigo, e você me encontra.
—Não vou deixá-la fazer isso, se arriscar desse jeito.
—Ressler, não deixe nossa vida pessoal afetar o trabalho. Meera logo vai acabar nos colocando em equipes diferentes. Aqui somos apenas dois agentes, apenas isso.
—Eu faria o mesmo se Keen estivesse tentando se arriscar dessa maneira.
—É o nosso trabalho, Donald. Vai me dizer que nunca correu riscos antes? Que nunca se feriu em missão? É a nossa vida. É assim que as coisas são. Vou até lá, espero que faça sua parte. –Suspirou.
—E se eles verem o dispositivo?
—Não acho que vão procurar por ele aqui. –Usei as “perninhas” do dispositivo para encaixá-lo no meu dente, bem atrás. Como era pequeno, sequer incomodava na hora de falar ou de fechar a boca. –Está vendo ele?
—Não. Não dá nem para perceber.
—Ótimo. Vamos falar sobre o plano...
***
—Sabia que ia ver o senhor em algum momento! Compra ou venda?
—Venda. –Ressler apontou com a cabeça na minha direção. Mantive o olhar baixo.
Estávamos com o tal “comerciante”, em frente a uma tenda grande. O calor estava começando a me incomodar, já que eu estava de lenço e com uma capa longa, cobrindo todo o resto, abaixo do pescoço.
Ressler resistiu até o fim, se recusando a fazer parte do plano. O convenci, dizendo que faria mesmo assim, e sem ajuda poderia morrer, levando Keen comigo.
—Ah, uma bela mercadoria. –Me segurei para não dar um soco no homem. –Entre, entre. –Entrou na tenda, seguido de Ressler, que me puxou pelo pulso, um pouco forte demais. Ele estava odiando meu plano. –Pode chamar de Jesttor. Então o senhor quer vendê-la?
—Sim. Espero um bom preço.
—Espera!-Gritei, agarrando o braço dele. –Não pode me vender! Sou sua esposa!-Ele me empurrou pra longe.
—Você pediu por isso. Não me obedece, e agrediu as outras esposas. Vai para onde alguém a queira e a faça obedecer.
—Mas...
—Basta!-Me encolhi, cruzando os braços. Jesttor parecia entretido. –Espero que a rebeldia dela não diminua seu valor.
—Não, senhor, claro que não. –O homem disse. –Meu chefe gosta das rebeldes, ele mesmo a ensina a obedecer. –Isso não era bom, e pelo olhar que Ressler me lançou, ele achou a mesma coisa. Só esperei que ele não desistisse. Jesttor se aproximou, um celular em mãos. –Só preciso bater uma foto dela. Para receber a permissão de comprá-la. –Me afastei dele, Ressler me puxou de volta, um pouco hesitante. A foto foi batida, então o homem se afastou, mexendo no celular.
—Você tem certeza de que vai fazer isso?-Ressler sussurrou.
—Tenho. –Respondi, do mesmo modo. –Vai dar tudo certo.
—Vou prendê-lo depois que a levarem.
—Ress.
—Muito bem, muito bem. –Jesttor murmurou, se aproximando de novo. –É o que posso pagar por ela. –Entregou um papel a Ressler.
—Parece o suficiente. –Donald disse.
—Ótimo. –Outro papel, um cheque. –Jassam, a moça!-Outro homem entrou na tenda. Jesttor apontou pra mim, então o tal Jassam se aproximou, me puxando do lugar.
—Me larga!-Gritei, me obrigando a parecer assustada, e não com raiva. –Senhor, por favor, não me venda!
—Leve-a de uma vez, Sam, antes que ela comece a chorar.
—Por favor, eu vou obedecer, eu juro! Eu juro! Marido!-Então Jassam finalmente conseguiu me tirar da tenda. Uma venda foi amarrada nos meus olhos. Isso não era nada bom. –Me solta!
—Cale a boca, meretriz. –Mandou, me empurrando. Caí em alguma coisa. Uma porta bateu.
Eu estava indo encontrar Keen.
***
—Então essa é a nova compra. –A venda foi arrancada. Pisquei, luzes fortes estavam quase me cegando. O homem do outro lado da mesa era familiar. Hassan Samiri, o dono de toda aquela rede de compra e venda de mulheres. –Qual seu nome?
—Miriaz. –A mentira veio fácil, passei o caminho todo a alimentando.
—Miriaz. Certo. Foi vendida por que seu marido não a suportava mais.
—Me recusava a obedecê-lo. Ele decidiu se livrar de mim.
—O que sabe fazer, Miriaz? Por que foi escolhida por ele, para começar?
—Sou uma ótima dançarina. –Se inclinou para trás na cadeira.
—Vamos lá, nos impressione.
Me levantei e tirei a capa e o lenço. Hassan abriu a boca em um “O” perfeito. A roupa escondida não tinha nada a ver com o que as mulheres daquele lugar usavam. Era curta. Curta de mais. Muita pele a vista. Era por isso que eles iam me manter ali. Eu era valiosa. Ou melhor, Miriaz era.
Hassan e os homens por perto ficaram incrédulos. Coloquei as mãos na cintura. Tinha sido fácil. Dançar daquele jeito nunca foi um desafio.
—Impressionante. –Samiri murmurou. –Valiosa. Muito dinheiro virá de você.
—Pode apostar. –Avisei.
—Jassam, leve nossa nova mercadoria para o quarto da espera.
***
Assim que passei pela porta, meu olhar bateu em Keen, sentada em uma das camas, os braços em volta dos joelhos. Ela pareceu chocada quando me viu. Jassam me empurrou para dentro do quarto e saiu, trancando a porta.
—Eles a pegaram também?-Lizzy perguntou. Me sentei na outra cama, vendo a série de beliches que preenchia o quarto.
—Fiz Ressler me vender. Ou melhor, vender Miriaz. Você está bem?
—Na medida do possível. –Olhei em volta.
—Olha, sem querer te deixar em pânico, mas perdemos a comunicação com a base. Estamos sozinhos.
—O que?-Se sentou mais reta, a preocupação estampando seu rosto. –Então como...
—Calma. Eu tenho um plano, um que Ressler, tomara Deus, está seguindo agora. Cadê as outras?
—Não sei. Aquele homem disse alguma coisa, mas eu não entendi.
—Não fala a língua deles?
—Não.
—Que bom que eu falo Árabe então.
—Jen, não devia ter vindo pra cá.
—O que? E te deixar aqui? Red me mataria, e, além disso... Acho que somos amigas. –Ela sorriu.
—Acha?
—É. Que? Eu nunca tive amigas mulheres. Olha, fica tranquila, vamos sair daqui. Eu prometo.
—Você não tem... –A porta abriu. Uma ruiva alta estava ao lado de Jassam.
—Você. –Chamou, apontando para Keen. –Venha.
—O que ela disse?
—Quer que vá com ela. –Respondi. Lizzy levantou. –Cuidado. –Assentiu.
Keen voltou minutos depois, um pouco cambaleante, e se sentou na minha frente. Alguma coisa havia acontecido.
—Ei, você. Miriaz. –A ruiva chamou, permaneci de costas. –Venha agora.
—Para que?
—Agora!
—Eles vão te examinar. –Lizzy sussurrou, parecendo que ia desmaiar em qualquer momento. –Vão... Fazer exames, verificar seus dentes, tudo.
—Merda. –Murmurei. Puxei o dispositivo preso no meu dente, tentando arranca-lo. Se o achassem, o plano já era.
—Miriaz!-A ruiva gritou. Vi Jassam se aproximar rapidamente. Joguei o dispositivo em baixo da cama e levantei. –Não banque a rebelde comigo, garota, ou faço você se arrepender. Vamos.
Realmente me examinaram. Tiraram meu sangue, verificaram se meus dentes estavam em ordem, e então bateram uma foto para minha ficha. Minutos depois eu estava voltando para o mesmo quarto. Dessa vez, Elizabeth estava apagada.
—Lizzy. –Sussurrei, tentando acordá-la. A porta fechou com uma batida alta. –Elizabeth, acorda. Lizzy. –Dei umas batidas de leve no rosto dela. –Keen!-Ela se mexeu um pouco e abriu os olhos devagar. –Você tá legal?
—Um pouco.
—Por que te sedaram?
—Eu resisti. –Me abaixei, procurando pelo dispositivo que joguei embaixo da cama. Não estava mais lá.
—Ai, droga, droga. Onde está o...
—Aqui. –Abriu a mão esquerda, ali estava o dispositivo. –Vi que queria escondê-lo e o peguei.
—Você está bem mesmo? Parece tão pálida...
—Só preciso dormir.
—Ok. –Tirei o dispositivo da mão dela. –Durma. –Subi para a cama de cima. Torci para que o plano desse certo.
***
Keen acordou no meio da noite, e não dormiu mais. Parecia agitada. Seja o que for o que usaram nela, estava tendo efeitos colaterais.
—Lizzy, tudo bem?-Perguntei. A cabeça dela apareceu na lateral da cama.
—Não consigo dormir. –Subiu a pequena escada e deitou ao meu lado, encarando o teto. –Acha que seu plano vai dar certo?
—Espero que sim.
—Aposto que Don odiou seu plano.
—O dia que Ressler concordar com qualquer plano meu de primeira, não está em seu juízo perfeito.
—Acha que ele só faz isso por que gosta de você?
—Acho. E isso pode acabar mal. Meera achou que nos manter na mesma equipe não traria problema, que seríamos profissionais e que o trabalho viria primeiro, mas... Ressler não me vê só como uma agente, e sim como a namorada dele.
—Ele vai superar. –Fechou os olhos. –Não consigo parar de pensar em Tom. Ele sequer sabe onde estou.
—Você vai vê-lo de novo, Lizzy, eu sei disso. Vamos sair dessa.
—Seus planos são loucos, mas tendem a dar certo. Vou confiar em você... –Então suspirou e dormiu.
***
—Será que Ressler já conseguiu reforços?-Lizzy perguntou, mergulhando mais um pedaço do estranho pão na mistura que parecia (só parecia mesmo) uma sopa. Fiquei surpresa por nos trazerem comida, e por ela não ser tão ruim, só diferente.
—Sei lá. Talvez sim, talvez não. Vamos ter que esperar.
—Só sei que se depender dele, com você em perigo, ele iria trazer a CIA, o resto do FBI e o Mossad pra cá. –Riu.
—Seria bem a cara dele. Bom, tenho certeza de que ele pelo menos tentará entrar em contato com Red.
—Ah, então seremos salvas. –Bufou. –Às vezes tudo o que eu quero é que Red se canse de brincar de mocinho e desapareça. Mas depois... Não tenho certeza. O que ele quer de nós, Jenna? Por que não nos deixa ir, se é o que queremos?
—Talvez a gente não queira ir, de verdade. Se ele for, a gente vai sentir falta dele?-Segundos longos de silêncio. –Vou dizer uma coisa, que sem dúvida não vai te agradar.
—O que?
—Acho que Reddington é seu pai. –Ela olhou pra mim, deixando o prato de lado.
—Por que acha isso?
—Pensa comigo: o motivo de Red me querer por perto é porque sou afilhada dele. Mas, ele a chamou antes que eu. Exigiu falar apenas com você. Queria você no caso, no começo de tudo. Queria você como ponte entre o FBI e ele. Lizzy, que razão ele teria parar chamar você? Acho que ele é seu pai, e não sou a única a pensar assim.
—Acha isso mesmo?
—Acho. Devia perguntar a ele.
—Eu perguntei.
—E o que ele disse?
—Não. Disse que não.
—E se ele tiver razões pra mentir? E se ele não quer contar por não achar que está pronta, assim como achou que eu não estava pronta para saber do meu passado?-Desviou o olhar, encarando um ponto vazio. –Lamento ter trazido isso à tona de novo.
—Tudo bem. Também penso nisso às vezes.
—E chegou a algum lugar?
—Não. Talvez um dia chegue.
—Me avise se acontecer.
***
Elizabeth e eu estávamos sendo transferidas para a ala das garotas prontas para serem vendidas. Não estávamos algemadas, pois não nos viam como ameaças. Mal sabiam com quem estavam mexendo.
—Lizzy, agora. –Disse, em inglês.
Acertamos os homens que estavam nos acompanhando, tirando a arma deles e os nocauteando. Não foi tão difícil.
O plano havia sido feito horas atrás, ao concordarmos que devíamos tentar sair sem auxilio de fora.
Começamos a correr, então houve um estouro alto. Alguma coisa estava acontecendo. Passos vieram da direção contrária. Elizabeth e eu paramos, armas apontadas para frente.
Demetri e dois homens que eu não conhecia apareceram, os três bem armados.
—Jen. –O russo murmurou, se aproximando, os olhos procurando machucados. –Você, vocês estão bem?
—Sim. O que está acontecendo?
—Seu namorado conseguiu avisar Raymond sobre o que houve, estamos invadindo. As outras escravas já foram retiradas. Faltavam vocês duas.
—Já nos achou, nos leve até a saída.
—Por aqui.
Encontramos os outros perto de um portão grande. Carros do FBI e alguns sem placa estavam lado a lado. Armas e munições era passadas de mão e mão. Mulheres assustadas estavam sendo guiadas para alguns dos carros.
A ruiva alta que levou Keen e eu para os exames estava sendo algemada quando nos aproximamos, e gritava que também era uma vítima. Não sei quem acreditaria nela.
—Jenna. –Ressler me puxou para fora do caminho e me abraçou. –Você está bem?
—Sim, estou. Conseguiu nos achar. Eu disse que meu plano daria certo.
—Disse. –Se afastou. –Talvez eu devesse te ouvir, às vezes.
—É, isso aí.
Lizzy se aproximou e começou a conversar com Ressler. Me afastei, colocando a arma numa pilha com várias outras. Alguém puxou minha orelha, me fazendo ir para trás de um dos carros.
—Ai, larga. –Me afastei, era Red. Esfreguei a área dolorida. –O que deu em você?
—E o que deu em você, Mhoritz? Disse à Lizzy que sou pai dela.
—E eu menti? Só vou tirar isso da cabeça depois de alguns testes de DNA, com médicos confiáveis.
—Eu deveria mandar você para o Fox e mandar que ele tire suas cordas vocais.
—Uuh, estou morrendo de medo, Raymond.
—Pare de gracinhas.
—Vou tentar.
***
—Ainda não sei como me convenceu a participar disso. –Ressler disse, me seguindo e fechando a porta do quarto. –Você podia ter se machucado.
—Mas não me machuquei. Lembre-se que também sou uma agente federal, e que fui uma Dangerous. Riscos às vezes são necessários em uma missão. No fim deu tudo certo. Os caras maus foram presos, Lizzy e eu estamos de volta e as mulheres sequestradas foram devolvidas para suas famílias. Final feliz. Já podemos passar para outro capítulo.
—Jenna. –Suspirou. –Você não consegue parar de brincar um segundo, não é?
—Você me conhece, Donald Ressler. –Tirei o casaco do FBI que peguei emprestado para cobrir a escandalosa roupa curta que eu ainda estava usando.
—Sabe, olhei a ficha de Miriaz. Nela dizia que a mulher era uma boa dançarina. –Sorri.
—Isso é verdade. Ela era bem valiosa.
—Então você sabe dançar.
—E muito bem.
—Você com certeza é uma caixinha de surpresas.
—Você ainda não viu nada. –O empurrei na cama de casal. –Presta bem atenção. Não vou fazer isso de novo...