Eu estava deitada, encolhida na cama grande e branca no quarto que agora estava com as paredes pintadas de azul claro. Talvez, fosse por minha causa (por ser minhas cor de GazeGirl, coisa que o Taka realmente adorava), talvez fosse porque esse era o seu estado de espírito naquela semana. Eu ri com esse pensamento e a risada causou um novo espasmo de dor que me fez gemer e me encolher mais embaixo das cobertas.

– Está sentindo dor? – Takanori entrou apressado em nosso quarto e praticamente voou para o meu lado na cama, me puxando gentilmente para os seus braços e me ninando como a uma criança.

– Não se preocupe... Eu vou ficar bem... – disse, mas minha voz saiu muito fraca e sofrida. Taka gemeu, me puxando mais para si.

– O que quer que eu faça? Peça qualquer coisa! – meu namorado beijou todo o meu rosto carinhosamente. – Está com fome?

– Hum... Estou sim... – disse timidamente, afundando o rosto em meu peito e aspirando seu perfume tão delicioso. Tentei me mover minimamente, já que qualquer movimento me causava uma dor terrível.

– E o que você quer comer, Chibi? Peça o que quiser! – seu sorriso foi o mais lindo de todos.

– Não quero dar trabalho, koi... – disse manhosa, me locomovendo lentamente para cima para unir nossos lábios. Aquela oca conseguia ser mais deliciosa do que algum dia eu pude sonhar!

Mas aquele não foi um beijo normal... Taka parecia receoso ao se mover lentamente contra meu rosto, com muito cuidado para não fazer nada que pudesse me machucar. Apesar da lentidão exagerada e completamente estranha para nossos beijos, ele conseguiu me fazer ofegar loucamente como se tivesse me beijado com a euforia e a excitação de quando ele me beijava ao sair de um Gran Finale, ainda com a adrenalina em suas veias, espalhando–se pelo corpo.

– Você caiu feio... – ele disse como se fosse uma justificativa, depois que recuperou o fôlego. – Eu quero cuidar de você... Fale, o que você quer?

Mordi o lábio inferior, pensativa. Nenhuma decisão é mais difícil de tomar do que quando lhe dão a opção de escolher o que quiser.

– Quero omelete... – disse depois de um tempo em silêncio, enquanto Taka afagava meu cabelo.

– Omelete, então! – ele sorriu e seus olhos brilharam. – Quer ouvir música? Ver um filme?

– Quero ver “O Fantasma da Ópera”! – respondi sorrindo, com um entusiasmo que eu não esperava ter sentindo tanta dor por ter caído no dia anterior.

Ele sorriu e pegou o DVD na prateleira, colocou o filme pra rodar e foi para a cozinha. Senti o cheiro delicioso subindo até o quarto antes de minha música preferida começar a tocar, Takanori entrou no quarto com dois pratos em uma bandeja e dois copos de chá gelado. Ele se sentou ao meu lado e assistimos ao mais belo e mais bem feito dos musicais aproveitando o delicioso jantar que meu cantor preferido fez especialmente para mim.

– Eu não entendo por que gostam dessa música... – disse inconformada, levando o copo à boca enquanto Raul e Christine cantavam.

– É poética... – Taka justificou dando de ombros. Ele desdenhava àquela música tanto quanto eu.

– Mas... É forçada demais! Não parece de verdade! Não parece...

– Intenso... – ele completou com um sorriso e passou o braço por meus ombros. – Acho que é porque nós dois preferimos que, por amor, sejam feitos sacrifícios, não é? – o loiro virou meu rosto e uniu nossos lábios. – Nós acreditamos que o amor precisa ter paixão...

– Acho que sim... – eu dei risada e, no mesmo instante, gemi de dor. A expressão de Taka ficou apavorada e ele tirou a bandeja de cima de nós e me puxou delicadamente pra seu peito.

– Hora do remédio de novo? – ele perguntou, afagando meu rosto e eu assenti.

– Arigato por cuidar de mim, koi! – lhe dei um selinho e ele sorriu, segurando meu rosto e me beijando de verdade, um de seus grandes e deliciosos beijos que me faziam delirar desde a primeira vez naquela boate em NY.

– Achei que tinha entendido quando eu disse que, por você, dançava até música lenta – ele sussurrou em meu ouvido e eu sorri.

– Não... Não entendi... – mordi o lábio inferior.

– Significa que... Bom, você sabe... – ele ficou todo sem graça.

– Não... Acho que eu não sei... Afinal, por que você dançaria uma música lenta comigo se você odeia música lenta, Taka–chan? – fiz a voz mais ingênua que consegui encontrar em meu repertório.

– Significa que, por mais que eu me pareça com o Fantasma da Ópera... E você seja minha musa inspiradora, a razão da minha existência... Eu posso fazer algumas coisas como Raul... – ele disse com um sorriso lindo.

– Significa que eu sou a garota mais sortuda do planeta? – disse convencida.

– Significa que eu sou o cara mais sortudo do planeta e eu me esforço pra que você fique satisfeita... – seu sorriso se tornou malicioso.

Taka me puxou para o seu colo e eu levei meus lábios aos dele da mesma maneira que nós nos beijamos da primeira vez.

– Aishiteru, Chibi! – ele sussurrou em meu ouvido e eu passei meus braços por sua cintura. – É por isso que eu cuido de você com todo prazer... É por isso que eu te levei dos EUA quando nos conhecemos... Porque eu dancei música lenta e me aproximei de você naquela boate... Porque, não tem outra mulher que eu consiga amar como eu amo você! Que dê tanto sentido a minha vida... – eu afaguei seu rosto lentamente, sorrindo.

Taka sempre foi muito bom com as palavras, com suas emoções... Ele era um músico excelente e um dos poetas da atualidade que ganhava mais admiração a cada dia... A minha, principalmente... Eu ficava hipnotizada olhando para ele sempre, temendo que, de repente, eu acordasse e aquilo tudo fosse um sonho...

Minhas mãos entraram pelos seus cabelos e ele fechou os olhos e sorriu. Eu me ajeitei em seu colo, mais próxima de seu corpo e beijei–lhe repetidas vezes o pescoço, o rosto inteiro, afagando sua nuca, suas costas, entrando por sua blusa...

– Aishiterumo... – sussurrei pausadamente em seu ouvido. – Eu espero sempre... Fazer você sentir isso... Eu espero que você tenha certeza do que eu sinto por você sempre...

– Eu quero escrever minha história com você, minha rainha dos chibis... – ele deu risada e beijou o topo de minha cabeça.

– Eu também, meu roqueiro que dança música lenta! – dei risada.

– Só por você, Mila! Só, única e exclusivamente, por você! – ele sorriu, afagou meu rosto e me beijou.

Não importava a dor naquele momento, tudo o que importava era que eu queria me abraçar nele e ter tudo o que pudesse naquele momento. Eu sabia que aquele amor que importava e que fazia a diferença, que exigia de mim e dele... E que, juntos, nós vínhamos construindo, dia a dia.

Ele me beijou e aquilo dizia mais do que tudo. Porque eu sabia, naquele beijo, que essa era uma das muitas vezes que ele cuidaria de mim. E eu teria várias vezes para cuidar dele também. E fazê–lo dançar música lenta. Pro resto de nossas vidas!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.