Estava muito curiosa para saber qual seria o voo dela, poderia ser igual com o meu. Ah! Pra falar a verdade eu queria que fosse mesmo, pelo pouco tempo que passamos juntas, já gosto bastante de sua presença, ela é pode ter um temperamento irritadiço, mas dentro dela um coração muito doce funciona. Mesmo sem dirigir uma palavra a ela, por ter medo sabe? Eu tenho receio de falar algo que a magoe, pode achar que é asneira minha, mas não é, e encaro isso como um problema. Medo de enervá-la a ponto de querer me matar a machadadas, pois ela é muito geniosa e é complicado lidar com gente assim. Sely é uma delas.

Continuamos o percurso a escola em um silêncio absoluto, mas daí eu ouvi um pigarro.

- E então nanica, pesquisou sobre eles? – Vi um sorrisinho discreto nascendo em um canto de seus lábios.

- Por causa disso eu não dormi.

- Gostou?

- O vocalista é... – Repentinamente, ela vira o pescoço e me arremessa um olhar mortífero. - Ele é estranho – Proferi tremelicando a voz com um tremendo medo de morrer.

- Olhe aqui baixinha, dobre a língua pra fala do Tokio Hotel! – Rosnou.

- Mas... Mas eu não tô falando do Tokio Hotel, estou falando do Kaulitz e a muita diferença nisso! – Defendi-me.

- Nem vem, que para mim é a mesma coisa, mas e ai gostou? – Ela é bipolar? Há exatos segundos atrás estava com uma feição idêntica a da Esther daquele filme aterrorizador chamado a Órfã, e agora está esboçando um sorrisinho discreto. Não entendo essa gente!

- Aham! São bons no que fazem, e as musicas são bem interessantes. – Deixei escapar um sorriso.

- Não tinha como você não gostar!- Ditou ela, exibindo um sorriso rápido no rosto, e logo voltou a sua cara de brava.

Nós continuamos andando até aquela coisa que se dá o nome de centro de ensino. As aulas foram às mesmas chatices, até a aula de educação física, a Sely não faz, pelo motivo de abominar exercícios de manhã, também não gosto, mas tenho que tomar vergonha na cara para fazer uns exercícios, porque estou precisando bastante. Eu to conforme a uma baleia!

Enfim, exaustei-me do fim das aulas, então resolvi ligar para o motorista, que logo chegou para finalmente me levar para casa.

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As pessoas diziam que a semana havia passado como uma lebre, mas será que só eu achei tudo tão monótono? Em suma, esparramada na cama estou, e são definidos 04h12min da madrugada. Ali já estava eu sem nem perceber, mas logo me dei conta que estava pesquisando novamente sobre a banda. Isso já está ficando descontrolado, eu estou me apegando demais a esse conjunto aí e esse Bill continua me intimidando.

Ignorando isso, pude sentir que hoje seria um dia de algo especial e como estava muito desconectada do mundo, não me remomerava da data. A porta range, surpreendendo-me, mas de óbvio, era somente a minha mãezinha com um aspecto nada agradável em seu lindo semblante. Parada na lateral da porta, com sua camisola de seda azul, com os pés nus e me olhando carrancuda. Droga Amy! É nisso que dá ficar enfiada em um notebook catando notícias sobre uma banda endemoniada que seduz as pessoas com magia negra! Exagerei?

- Amy, eu já não lhe disse que ficar fuçando até tarde no notebook pode lhe trazer sérias consequências? – Repreendeu-me.

- Desculpe-me mãe, mas estava sem sono e entediada. Na TV não tá passando nada que preste, hoje nem tem Kenan e Kel. – Depois de explicar-me, sorri amarelamente.

- Está tão viciada em internet que esqueceu o que terá de fazer hoje. – Descartou sua pose de mãe má e borrou um sorriso sacana em seus lábios.

Fiz jeito de pensativa por alguns segundos, porém, nada ocorreu em minha mente, tudo tava bem deserto.

- O que é que eu vou fazer de legal hoje? Só tenho uma impressão mesmo, mas não consigo relembrar-me!

Em passos meio lentos, minha mamãe vem caminhando até a ponta da minha cama, assim que o faz, senta-se na borda do colchão.

- Já deveria estar com as malas prontas. – Murmurejou e minha reação foi ficar petrificada com os olhos esbugalhados. Nossa! Como eu pude ter descuidar-me disto? Nunca que nada disso se ocorreu, ao contrário, sempre ficava anelante para este dia brotar. Por fim, fechei a tampa do notebook com ligeireza e saltei.

- Meu Jesus Cristo! Vai dar tempo eu organizar tudo?

- É evidente que sim, meu amor, você prepara tudo em uma desordem, tudo tão veloz.

Mostra-me seu sorriso odioso e sarcástico. Fitei-a por uns meros segundinhos com cara de enterro, mas ela deu um estalo com os dedos que me fez despertar para o mundo de novo. Açodada, disparei até o gancho em que ficara minha bolsa do Bob Esponja – que foi bando de diabos? Eu o amo e ainda sonho em me casar com ele. Só falta o visto para a Fenda do Biquíni e tudo estará certo -, quase arrombei a porta do closet e lá fui apanhando as blusas, calças, shorts e inserindo tudo na mochila com azáfama. Minha querida mãe apenas ria e não tratava de descolar essa bunda mole da cama e me auxiliar. Continuando, marchei às pressas ao banheiro e inclui minha escova e pasta de dente, em seguida guiei-me a meu criado-mudo e peguei meu CD de Black Sabbath e um colar com a minha inicial “A”, presenteada por meu velho. Agachei-me e tomei nos braços catorze pares de all star, sim, eu consigo até com vinte se duvidam. Os deitei no travesseiro e acocorei-me novamente para pegar outra mochila. Inclui os sapatos com toda dentro da bolsa e assim que conclui o ato, tranquei-a com o zíper.

Lancei-me no chão, arfando por ar e um pouco transpirada.

- E o banho?

- Dá tempo? – Repliquei com outra indagação e falando com certa falha.

- Acho que sim, são 04h34min, moramos perto do aeroporto. Agora vai logo pra não chegar lá fedendo!

Fiz seu mandato, desgrudei-me da cerâmica e avancei para o banheiro, mais uma vez. A lavagem sucedera calma, contudo, breve. Envolvi a toalha em meu corpo embebido e fui-me até a bolsa. Abri o feche ecler* e arranquei uma camiseta de Evanescense e um short jeans com tachas. Enroupei os meus pés com um all star azul e cano baixo. Tarefa de se aprontar completada!

- Prontinho bebê! Agora eu vou ali vestir-me bem rápido e partimos para o aeroporto, ok?

- Beleza.

Ela selou um beijo em minha face e saiu de meu quarto, em direção ao seu. Ergui-me da cama e paralisei defronte a janela se espalhando pela cidade, a lua rútila e os astros naquela imensidão azul escura luziam. Desta vez eu vou, mas não pretendo retornar!

Continua...