Cuore Immortale

Capitolo 8 - Memoria - Incontra-me


Assim que os dois garotos souberam quem seria a nova parceira, não puderam deixar de querer conhecê-la, ou melhor, Klaus quis conhecer a garota e acabou levando Sieghart junto.

Era bem cedo ainda, o Sol começava a raiar há poucos minutos e os dois garotos já estavam a caminho da casa da nova companheira. Klaus, como sempre, cortês, levava um buquê de lírios brancos para a garota. Andavam calmamente pelo caminho de pedras que levava ao pequeno alojamento da garota, o que por mais difícil que fosse ela havia conseguido pegar um pequeno lugar só para ela.

Um pouco afastado do centro do quartel e dos demais alojamentos, havia uma pequena casa de quatro cômodos. De acordo com algumas pessoas, os dois amigos concluíram que sua parceira era uma garota excêntrica. Diferente das outras, ela preferiu ficar com o lugar afastado, já que nenhuma das outras quis ficar com aquele lugar. Ou talvez, ela fosse somente uma desafortunada.

Assim que chegaram à casa, que parecia assombrada mesmo sendo pequena, bateram levemente na porta de madeira velha, não obtendo resposta alguma. Tentaram mais uma vez, só que com mais força nas batidas. Com a força, a porta se abriu minimamente. Sieghart e Klaus se entreolham, assentiram, abriram a porta e entraram na casa.

—Com licença... – disse Klaus depois de entrar devagar na casa seguido pelo amigo.

Depararam-se com pilhas de caixas de mudança por todas as partes, o assoalho rangia com o peso dos garotos quando eles pisavam. Não sabiam em que parte da casa estavam devido a bagunça, então, tudo o que fizeram foi desviar das coisas enquanto procuravam por algum ser vivo.

Depois de desviar das caixas na entrada e Sieghart ficar parado encarando algum tipo de escultura durante minutos, finalmente haviam chegado a um quarto aparentemente vazio. O Sol aos poucos clareava o céu, e poucos raios insistiam em entrar no aposento. No meio do cômodo, apenas um suporte com um quadro e no chão embaixo da janela, uma garota suja de tinta dormia tranquilamente com um pincel em mãos.

Sem conseguir resistir, Klaus e Sieghart se aproximaram mais da menina adormecida. Sieghart, depois de olhar alguns segundos para a garota se virou para o quadro, que iluminado pelos raios de sol, parecia vivo. Uma cena que ele conhecia bem, mas parecia tão vivo naquele quadro, ou melhor, ele parecia vivo naquela pintura. Não podia acreditar no que via, afinal, aquela era a primeira vez que estava vendo aquela garota tão indefesa largada no assoalho de madeira. Fez um sinal para que Klaus se aproximasse e assim que o outro viu, fez a mesma expressão de surpresa que o amigo.

Os dois trocaram um olhar e começaram a se dirigir à saída, Klaus, antes de sair, deixou o buquê ao lado da menina, mas ainda estava surpreso com o que vira, ou aquela garota era uma das suas fãs perseguidoras, ou talvez algum tipo de vidente. Mas a primeira hipótese estava descartada, ele jamais a vira em lugar algum o perseguindo.

Os amigos saíram da casa em silêncio, imersos em seus próprios pensamentos, e seguiram o caminho de volta a parte principal do QG.

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Louise acordou com uma enorme dor nas costas e no pescoço. Não havia percebido que dormiu no chão. Ao por a mão do seu lado, notou um buquê de flores, e ainda meio adormecida, pegou as flores e cheirou-as, até perceber a presença de um pequeno cartão escondido.

“De seus mais novos companheiros,

Klaus e Sieghart.”

Assim que terminou de ler o cartão, a menina se levantou tão rápido que quase caiu. Como não havia percebido a presença de dois homens em sua casa? E ainda mais, como eles haviam entrado? Ela se lembrava perfeitamente de que... Não havia trancado a porta. Ela tinha entrado com tanta pressa na noite anterior que até derrubou algumas caixas no chão e apenas havia encostado a porta. O que significava que eles entraram e viram toda aquela bagunça, ela naquele estado deplorável e o quadro... O quadro deles.

A garota se sentiu tremendamente envergonhada com tudo aquilo, e para tentar esquecer o que havia acontecido, Louise começou a organizar sua mudança e a limpar tudo, já que desta forma, sua mente ficaria ocupada o suficiente. Mas ela sabia que precisaria vê-los novamente, afinal, eram seus novos parceiros.

Devagar, Louise limpou toda a casa e começou a tirar as coisas das caixas e organizá-las no lugar. Era fim de tarde quando Louise finalmente terminou de arrumar tudo. Estava exausta, e sua sorte foi que não tinha treinamento e pôde colocar tudo em ordem.

Querendo repirar ar fresco, a garota resolveu dar um passeio, pegou sua espada e colocou-a na cintura, saiu do quartel rapidamente, dirigindo-se para a floresta.Ela caminhou desatenta até perceber que a floresta estava silenciosa demais, parou, olhou para os lados e direcionou uma de suas mãos a espada.Instintivamente, deu dois passos para trás quando viu algo se movendo entre as folhagens dos arbustos. Estava tensa , ela já havia enfrentado muitos monstros, mas não sabia o por quê de estar tremendo. Respirou fundo uma vez e contou até cinco, quando tirou a espada de sua bainha e atacou diretamente, sentindo um grande impacto e ouvindo um enorme tilintar de metais de encontrando.

Assim que avistou seu oponente, não pôde evitar abrir a boca para expressar sua surpresa.

— Você é louca?! – gritou o garoto irritado depois que os dois se afastaram.

Ele a olhava com um misto evidente de irritação e desapontamento.

—Você sai atacando os outros de forma imprudente assim? – Sieghart soltou um suspiro alto – Se fosse qualquer outra pessoa, você certamente a teria matado, além disso, me fez perder minha caça.

Louise imediatamente olhou para baixo, avistando uma espécie de rede na mão do garoto.

—Você... Defendeu assim? – perguntou a garota incrédula.

O moreno, que antes olhava para o chão sem expressão alguma, virou-se para a garota com raiva.

—Assim como? Não está satisfeita por não ter me matado? – perguntou ele de forma sarcástica.

—Não, quis dizer, com isso? – ignorando o jeito do garoto a responder, ela apontou timidamente para a rede na mão do garoto.

—Quer dizer se defendi segurando isso? – falou ele de forma natural.

—Sim. – respondeu ela ainda sem jeito.

—Foi, como mais eu iria me defender? Estava quase alcançando minha presa e você me ataca do nada. Queria que eu me defendesse como? – retrucou com certa irritação

Ela estava calada e com seu orgulho levemente ferido. Ninguém nunca havia se defendido de um golpe dela apenas com uma mão. Pensou se estaria fraca, mas não havia treinado somente naquele dia. Louise guardou a espada na bainha, respirou fundo e cerrou o punho.

—Certo, me desculpe. – e dito isso, ela virou as costas e saiu pisando forte.

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Sieghart olhou a garota sair de forma incrédula. Era para ele estar irritado, era para ele sair daquela forma e para fazê-la caçar outro animal para ele, afinal, havia sido por culpa dela que ele havia perdido sua caçada.

—Isso não vai ficar assim. – falou o moreno, partindo rapidamente atrás da garota.

Assim que a avistou, ele a chamou, mas ela não parecia escutá-lo e preparando-se para ser atacado novamente, Sieghart se aproximou.

—Ei louca, estou falando com você!

Assim que ela ouviu, se virou e olhou para ele com fúria. Aquilo o fez sorrir e sentiu-se vitorioso.

—Você tem que me recompensar por minha perda. – ele falou logo.

— Não tenho dinheiro. – disse ela de modo áspero

—Se não tem, agora precisa me ajudar a caçar. – ele cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

Louise se viu sem saída e apenas suspirou.

—Tudo bem. – respondeu ela sem ânimo.

Sieghart sorriu vitorioso.

—Amanhã direi o horário. É melhor que esteja livre ou arrastarei você a força.

A garota soltou um suspiro profundo e apenas assentiu com a cabeça, enquanto o moreno saia andando na direção oposta acenando de costas.

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O sol ainda nem havia saído quando Louise saiu em direção ao local em que treinaria com seus novos companheiros. Ela andava tranquilamente até o local marcado e assim que chegou, sentou-se na grama deixando que a brisa fresca da manhã acariciasse a face, até que ouviu passos atrás de si, fazendo-a virar e avistar duas figuras masculinas.

O primeiro, com cabelos castanhos e olhos verdes, sorria de forma amigável, enquanto o segundo, assim que a garota o avistou, foi notável a decepção no rosto da moça e um sorriso provocativo por parte do moreno, fazendo com que Klaus olhasse para ambos de forma interrogativa.

—Ela me atrapalhou ontem. Foi um encontro bem agradável, quase fui assassinado. – falou Sieghart , olhando para Louise, provocativo.

—Está tudo bem, eu irei ajudá-los. – respondeu Klaus enquanto ria da situação – Vamos, está na hora de começarmos a treinar.

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—Ei! Dá pra me dizer o que exatamente estou procurando? – bufou a garota.

—Sieg... Eu preciso concordar com a nossa dama que também adoraria saber o que estou caçando... – concordou Klaus deitado no chão olhando entre dois arbustos.

—Um coelho. – respondeu Sieghart sem olhar para os dois.

—Eu realmente não deveria ter me metido nessa encrenca... Sieg, não há coelhos aqui. – retrucou o amigo.

—Existem sim, pare de reclamar e vá procurar.

Inesperadamente, as folhagens perto de Louise começaram a se mexer, fazendo-a com que se aproximasse lentamente e depois puxou com toda sua agilidade os galhos, revelando a tão desejada criatura.

—Peguem ele! – gritou a garota instintivamente

Imediatamente, viu-se dois vultos se arremessando e caindo no chão com força, enquanto o pequeno coelho fugia na direção oposta.

A moça olhou para aquela situação e sem conseguir conter o riso, soltou uma enorme gargalhada enquanto os outros dois se sentavam lentamente e acariciavam a cabeça no local em que haviam trombado.

—Achei que você fosse mais esperto, Klaus. – resmungou o moreno.

—Eu também pensava a mesma coisa de você, querido. – retrucou o outro – Mas acho que se Louise não ficasse rindo da nossa desgraça, teríamos pegado aquele maldito coelho.

Sieghart imediatamente olhou para a garota e assentiu, fazendo a garota parar de rir.

—Peraí! Eu não tenho culpa de incompetência de vocês dois! Deixem-me fora dessa! Eu achei o coelho, a função de vocês era pelo menos pegá-lo!

Sieghart com uma expressão emburrada, ergueu o braço, como se pedisse ajuda para levantar e a garota sem discutir estendeu-lhe a mão. No entanto, ela havia percebido tarde demais o sorriso maroto do garoto e em instantes estava no chão junto com eles, rindo.