Cullen sister

Capítulo 31: Despedidas


Setembro de 2005

Para comemorar o aniversário de Bella os Cullen fizeram uma festa para ela – a última foi o aniversário de Emmett há muito tempo – só entre eles. Porém a garota acabou ferindo o dedo ao abrir um dos embrulhos dos presentes o que desencadeou uma série de acontecimentos trágicos. Nada teria acontecido – além de um desmaio – se ela estivesse com seus amigos humanos. Mas o cheiro de sangue puro assim exposto fez com que Jasper perdesse o controle (ele é o mais novo vegetariano da família e tem problemas ainda para reprimir a sede) e avançasse na tentativa de capturar a humana.

Felizmente seu ataque foi malogrado devido a capacidade de Edward como leitor de mentes. Ele conseguiu prever com poucos segundos de antecedência o que o irmão de criação estava planejando fazer e lançou a namorada como se fosse um manequim para trás com um gesto poderoso do braço para repelir e afastá-la do perigo iminente. Tudo isso pensou muito rápido em uma fração de segundo e precisava mesmo ser assim.

Jasper esquivou-se quando Carlisle tentou segurá-lo, mas Emmett conseguiu agarrá-lo por ser o mais forte da família foi capaz de fazer isso sozinho. No entanto, ao cair sobre a mesa onde estavam os pratos e copos, Bella acabou se cortando ainda mais com os cacos de vidro e o que era um pequeno ferimento se transformou em um grande machucado. Agora o cheiro de sangue atiçava a todos e não apenas o mais novo vampiro vegetariano.

Emmett levou Jasper para fora e quando saiu foi acompanhado por todos os outros, exceto Edward e Carlisle. Carlisle e Bella convenceram Edward a ir falar com Jasper que deveria estar muito triste então o médico-vampiro costurou o corte no braço da humana. Durante o processo de sutura os dois tiveram uma pequena conversa inusitada sobre religião. Assim que ele terminou Edward ouviu e apareceu para levar a namorada para a casa dela.

Os dias foram se passando e Bella percebia que havia algo diferente com Edward. Ele estava mais frio e distante. Pensativo. Até que ele resolveu o que faria e convidou ela para andar pela floresta e ali terminou o namoro com ela. Desesperada a jovem tentou ir atrás dele, mas acabou se perdendo.

Bella ficou totalmente sem alegria de viver e parecia definhar dia a dia como uma planta sem energia nem água acaba perdendo o viço, a cor e o vigor. Edward pensou que estava fazendo o certo, um bem para ela ao abandoná-la e ir embora, ela não merecia passar pelo que passou devido ao fato de ele e sua família serem vampiros e ela humana. Os dois mundos não deviam coexistir e eles estavam forçando a natureza ao permanecerem juntos. Talvez ele tenha até pensado em Carlisle deixando Esme, mas os dois nem sequer começaram nada ou se envolveram tanto quanto Edward e Bella acabaram fazendo. Os jovens foram muito longe para voltar atrás.

O rapaz chegou a casa depois do que tinha feito e pediu com a voz exigente:

— Precisamos ir embora daqui o quanto antes.

— Calma filho, o que está acontecendo? – pede Esme.

— Ele terminou o namoro com Bella – diz Alice.

Ela antes não podia ver o que o irmão estava pensando porque ele não decidiu, mas assim que ele resolveu qual atitude tomar ela soube.

— Sim, é isso mesmo que eu fiz. Temos que ir embora daqui, agora!

— Sim, querido, nós vamos amanhã cedo está bem? Carlisle precisa arrumar as coisas...

— Eu vou agora, tchau! - diz virando as costas.

— Edward você vai para onde? – questiona Emmett.

— Não sei, para qualquer lugar. Chicago, isso, vou para minha casa.

— Está bem, nos encontramos lá – diz Jasper.

— Porque temos que fazer o que ele quer?

— Rose! – repreende Esme.

Carlisle soube tudo quando chegou a noite e partiram no dia seguinte.

...XXX...

Meses se passaram, Alice vigiava Bella mesmo a distância, pois só acabou o namoro com seu irmão e Edward não pode obrigá-la a acabar a amizade, amigas são para sempre. Um dia ela teve uma visão horrível: viu Bella pulando de um penhasco no mar. Não viu ela saindo, porque ela foi resgatada por Jacob, um homem-lobo.

Alice se recordou que foi assim que Esme tentou se suicidar devido a morte de seu bebê pouco tempo após nascer; e que sua própria mãe humana morreu ao cair em um despenhadeiro. Será que Bella morreu? Tudo indica que infelizmente sim. Como ela teria sobrevivido?

Estava caçando junto com Rosalie quando teve a fatídica visão. Esta ficou surpresa ao ver Alice parar de repente e seu olhar perder o foco:

— Alice, o que foi? Alice!

Essa não é a primeira vez que Rose presencia o dom da irmã, mas é sempre admirável.

— Bella.

— Ah, ela – diz como se fosse algo pelo qual não valesse a pena ficar tão nervosa.

— Sei que ela não significa tanto para você quanto para mim.

— O que foi dessa vez? O que a humana desastrada aprontou?

— Acho que ela se matou, Rose. Seja sensível! – seus olhos retornam o foco no presente e encara a irmã.

— Para mim já vai tarde. O que ela me trouxe de bom? Nada, pelo contrário só problemas e confusões. É claro que nunca fomos bem vistos pelos outros vampiros, mas ela piorou muito isso. Antes nos encaravam como esquisitões e agora somos inimigos e precisamos ser extintos.

Ela ainda vai lhe dar algo que Rosalie jamais imaginou que fosse acontecer ou sequer possível.

— Não exagere Rose!

— Eu exagerando? Você vai ver se estou certa mais uma vez o futuro dirá.

— Você nem ao menos tentou se aproximar dela, ser amiga dela!

— Nem queria mesmo.

— Ela percebeu isso, por isso também nem tentou se aproximar de você. Aliás, você intimida os outros sabia? Como Emmett, mas ele não a afastou nem faz isso deliberadamente. Acho que você apreendeu com a convivência.

— Não caçamos humanos, não somos obrigados a ser amigos deles. Já os toleramo e deveriam nos agradecer.

— Se eles soubessem é claro que iriam. Mas a questão é que eles não podem saber sobre a nossa existência. Por isso devemos ser discretos e não chamar a atenção sobre nós. Com certeza seu comportamento antissocial já nos denunciou para eles. Além do mais, somos Cullen e os humanos são sim nossos amigos e não comida.

— Não é seguro para eles se aproximarem de nós, é assim que tem que ser Alice.

— Não adianta mesmo conversar com você, deixa pra lá. Agora é tarde demais para isso, pois Bella está morta.

— Porque eu deveria ter me aproximado dela?

— Você não vê o que ela fez por nós? Bella mudou Edward radicalmente, você lembra como ele era antes de conhecê-la.

— Lembro. Mas ele poderia não ter feito isso.

— Edward teve que ir embora porque o que somos ameaçava Bella. Ele não viu outro jeito.

— Mas tem! Porque ele não transforma ela em vampira logo?

— Você sabe muito bem a resposta, mas não custa repetir. Ele tem escrúpulos e não faria isso com um humano que tem outra chance.

— Assim como Carlisle fez conosco, filhinho do papai! – ironiza Rosalie.

— É, Edward vai ficar arrasado quando souber o que aconteceu.

— Por que ele ficaria se ele a abandonou? Quer dizer que não se importava mais com ela. E além do mais ao humanos morrem, pois são mortais. É natural.

— Sim, é verdade. Porém você sabe que ele ainda se importa muito com Bella. Se não se importasse não teria ido embora. Edward fez isso para protegê-la do que somos. O perigo nos ronda e ela não precisa mais disso, pois já tem certa tendência a sofrer acidentes, má sorte mesmo.

— É mesmo, ela é muito azarada! Não sei como conseguiu viver tanto!

— É exatamente aí que Edward pensou, ela viveria tranquilamente sem nossa interferência. Mas ele esqueceu de considerar que nós já interferimos demais na vida dela e as pessoas não esquecem assim tão fácil, só talvez as crianças.

— Bate a cabeça dela na parede pra ver; capaz da pessoa nem lembrar o próprio nome.

— Você não percebe mesmo o que ele fez? O tamanho do sacrifício e dor que ele deve estar sofrendo?

— E daí? Não tenho nada a ver com isso. Ele já nos fez sofrer muito, nada mais justo do que sentir um pouco.

— Ele nunca fez de propósito, Rose! Você é tão centrada em si mesma que não enxerga ao redor. Edward foi embora para salvá-la do que somos!

— Acho que ele nem deveria ter começado a se envolver com uma humana. Eu fui contra desde o início.

— Agora é tarde. Ele já escolheu isso. Imagine se seu amor fosse humano. E ele era realmente quando você o encontrou e levou para Carlisle transformá-lo, você não o fez. Então não julgue Edward por não querer mudar Bella. Ela é a cantante dele.

— Chega, vou para casa não sou obrigada a ficar ouvindo você falar. Para seu governo eu tinha poucos meses quando conheci Emmett não mais de um século como Edward e poderia não conseguir, por isso levei Emmett até Carlisle. Eu não queria perdê-lo.

— Edward também não queria perder Bella. Se ele não encontrou uma companheira entre as vampiras é normal que ela estivesse entre as humanas. Só humanos podem se tornar vampiros. Vampiros não nascem ou surgem do nada.

Alice sabia que com essas palavras atingiria Rosalie, porque ela tanto quanto Esme sente não poder engravidar e ter filhos. Ela não queria machucar a irmã pegando no nervo sensível, mas só assim quem sabe ela entenderia. É arriscado, Rose pode ficar ainda mais magoada, mas é preciso correr o risco para tentar fazê-la ver a realidade.

Rosalie vira as costas para a irmã e volta para casa.Decide nesse ínterim a ligar para Edward e contar ao irmão o que Alice viu. A irmã percebe que a outra infelizmente se recusa a ver o que é evidente.

Alice chega a casa minutos depois e vê a irmã sorridente.

— O que você fez? – diz Alice tendo outra visão, às vezes é assim uma seguida da outra como fatos que desencadeiam outros.

Não precisa ser telepata para adivinhar e Rosalie nem consegue disfarçar: parece um gato satisfeito por ter acabado de comer um canário. Acha que fez uma coisa muito boa. Seu sorriso mal cabe no rosto.

— Querida! – Jasper corre ao lado da esposa para apoiá-la.

— Não! – diz sem acreditar no que assiste.

Mas Alice já sabe que é impotente dessa forma e assiste passivamente sem poder agir como os telespectadores não podem influenciar diretamente a imagem transmitida pela TV só podem mudar o canal ou desligar o aparelho; no entanto, nem isso ela pode fazer: a não ser que tome uma atitude para mudar o futuro que está vendo influenciando as decisões que levarão ao desfecho.

— O que foi querida? – pede Esme.

— Edward - só essa palavra tem a total atenção da mãe vampira. - ele foi para Volterra.

— Alice nem precisa explicar o que houve, sua voz já faz todos perceberem. O que mais ele faria lá a não ser procurar a morte? Esme grita como fulminada por um raio – antes fosse, seria menos doloroso – e todos sentem sua dor, não apenas Jasper com seu dom.

...XXX...

Quando Carlisle chega mais tarde encontra Esme sentada no sofá chorando daquela maneira que consegue nesse corpo. Ela soluça baixinho um nome:

— Edward! – suspira e repete. – Edward! Ah meu querido filho, Edward!

Ele senta ao lado dela e ela só percebe quando o marido fala:

— O que aconteceu, meu amor? Porque você está tão triste assim?

— Querido – ela soluça mal conseguindo falar para explicar para ele o que aconteceu.

Carlisle afaga as costas da esposa e deita a cabeça dela em seu colo:

— Respire, vamos conseguir resolver seja o que for, querida – a consola.

— Não sei se isso pode ser consertado. Alice contou o que ela viu?

— Não a encontrei em casa, pois cheguei agora.

— Eu vou contar então. Ela viu que Bella pulou de um precipício na água, mas não a viu saindo e por isso pensa que ela morreu. Em seguida viu outra cena de Edward indo se apresentar aos Volturi. Isso só pode significar que ele quer morrer também.

— Ele não pode viver num mundo sem Bella - conclui Carlisle sabiamente.

— Sim, mas assim ele vai me matar.

— Nosso filho deve ter pensado nisso, você tem a mim e vai conseguir superar. Você está acostumada com ele porque ele sempre esteve comigo desde que você se juntou a nós dois. Mas vai passar, você é forte e vai se recuperar, querida.

— Não sei se posso aguentar meu segundo filho se matar.

— Agora você não está sozinha como quando infelizmente você perdeu seu bebê. Eu lamento que teve que suportar sozinha tamanha carga.

— Duvido que se Charles estivesse comigo seria diferente. Ele teria me feito sentir culpada pela morte de nosso filho e eu acabaria pulando do penhasco da mesma forma.

— Talvez. E talvez a causa foi ele. Por culpa dele, seu filho morreu. Eu ainda não compreendi totalmente porque ele morreu, nem minha mãe.

— Pode ser que a ciência não explique as mortes deles, só Deus sabe.

— Provavelmente nunca saberemos - diz pensativo.

— E que diferença isso faria?

— Não sei, só curiosidade e desejo de entender o que aconteceu realmente.

— Obrigada por me distrair, eu sei que sempre posso contar com você.

— Disponha, meu amor.

Ele abaixa a cabeça e ela se levanta um pouco até os lábios se tocarem. Nesse momento Alice aparece:

— Ah, desculpem – diz ao ver que interrompeu os pais.

Essa não é a primeira vez que ela vê, nem que atrapalha.

— Tudo bem, querida – diz Esme.

Carlisle pisca para não revirar os olhos. Ele não gostou disso, mas depois que a filha deixar eles dois continuam.

— O que foi, Alice? – indaga.

— Eu vou até a casa de Charlie ver se ele precisa de ajuda e prestar meu apoio nesse momento tão complicado, está bem?

— Desde quando precisa pedir permissão?

— É que eu sou menor de idade ainda, ao menos é o que pretendemos, e se o policial pedir quero que meus pais saibam onde estou e permitam.

— Ah é, às vezes a fachada humana dá trabalho.

— É mesmo. Além do mais não quero que a mamãe também fique preocupada comigo se eu sumir.

Alice raramente chama Esme de mãe o que faz com que ela fique sobressaltada ao ouvir. A vampira sorri para a filha.

— Podem continuar o que eu atrapalhei. Mais uma vez, desculpem – ela desaparece na noite.

Ele vira para a parceira e questiona:

— E como foi que Edward acabou sabendo disso se ele não mora aqui conosco?

— Outra coisa problemática: Rosalie ligou para ele contando o ocorrido.

— Rosalie?

— Sim, surpreendente.

— Como ela pode fazer isso?

— Onde ela está?

— Foi caçar com Emmett e Jasper.

— Nem tem coragem de ficar aqui para me encarar.

— Acho que ela não tem medo.

— Nem vergonha.

— O que você faria? Não iria bater nela, iria?

— Jamais faria isso querida. Até parece que você não me conhece. Eu a salvei para agora fazer isso? Nunca. Eu iria falar com ela para saber o que ela estava pensando.

— Então faça isso depois. Agora podemos continuar o que nossa filha atrapalhou?

— Ah, você sabe o que eu estava pensando?

— Sei sim, não sou telepata, mas sua mente é fácil de adivinhar. Eu também estava pensando nisso.

— Eu não queria me aproveitar desse momento de fragilidade. Se você não puder eu espero até amanhã.

Tão diferente do ex-marido dela que primeiro pensava em satisfazer suas vontades e não estava nem aí para a mulher.

— Nossa mente tem espaço de sobra para fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Ou vou deixar para mais tarde minha tristeza. O que eu fizer não vai mudar nada.

— Posso ir buscar nosso filho em Volterra.

— Obrigada, mas eu não suportaria perder você também.

— Aro não teria nenhum motivo para me matar, ele é meu amigo.

— Não sei, você pensa isso. Mas então porque não mandaria Edward para casa?

— Ele conseguiria de outra forma o que quer. Pularia dentro de um vulcão, provocaria um nômade...

— Talvez Bella nem esteja morta.

— Você acha que ele está fazendo isso por remorso?

— Sim.

— E como ela poderia ter sobrevivido?

— As visões de Alice não são precisas. Lembra de Phoenix?

— Não queria lembrar, mas já que você tocou no assunto... sim, eu me recordo.

— Então ela pode estar viva e essa reação é totalmente desnecessária.

— Acho que nosso filho não faria isso se não tivesse certeza que a namorada está morta.

— Pode ser um engano.

— Você é tão especial, querida! Tem que ser protegida, o mundo não é tão bom como você gostaria. Há muita maldade. Eu tive sorte em encontrá-la.

— Você tem o que merece. E por falar nisso, a sortuda fui eu. Jamais pensei que você estivesse em Ashland. Nunca pensei que o veria novamente. Nem que me casaria com você, embora fosse meu sonho desde a primeira vez que vi você.

— Ah, meu amor que declaração maravilhosa! Eu te amo para sempre. (I love you forevermore.)

— Eu também.

Beijam-se novamente e Carlisle sobe as escadas com a esposa no colo e a leva para o quarto.

...XXX...