Cullen sister

Capítulo 11: Julho de 1918


Capítulo 11: Julho de 1918

Chicago, Illinois

Era mais uma noite de trabalho quando Carlisle sentiu que Edward não iria resistir por muito mais tempo, devido ao cheiro que seu corpo moribundo exalava. Ele lamenta não poder fazer mais nada exceto... Precisa tomar uma decisão logo: vai fazer o que a mãe dele pediu ou não? Ele poderia simplesmente deixá-lo morrer, mas há um conflito moral nisso e sua consciência não o deixaria em paz. Iria se arrepender para sempre por não ter transformado o garoto.

Há tempos ele vinha pensando em criar outro vampiro, mas relutava ao pensar se era certo fazer isso, tirar a vida de alguém que ainda teria muitos anos pela frente. Porém a questão de Edward era diferente, a vida dele como humano já acabou, mas seria certo ele interferir no destino dessa forma, ou será que o destino dele era esse mesmo, ser um vampiro? É certo negar o direito de morrer a alguém apenas por egoísmo?

Seria certo tirar a vida de alguém como a sua lhe fora tirada? Ele procurou e sabia de certa forma o que poderia acontecer, mas Edward de nada suspeita. Será mesmo que Elizabeth Masen sabia realmente o que estava pedindo que ele fizesse com seu filho? Uma mãe iria querer isso para seu filho único? Desejaria que ele continuasse a viver a qualquer custo? Isso é vida? Do jeito que ele vive é sim. Ele considera muito mais humano sobreviver ingerindo sangue de animais do que a alternativa. Ser-lhe-ia inconcebível viver sendo o monstro vil que um vampiro geralmente é bebendo sangue das pessoas para sobreviver e perpetuar sua sina e existência terrível.

O que seria incompatível com a medicina. Ele teria de deixar de ser médico e isso não pode fazer pois é o que gosta e se realiza ajudando as pessoas. Salvar vidas que de outra forma seriam perdidas se não fosse por ele e seus sentidos apurados é o que o faz feliz e satisfeito consigo mesmo. Em paz.

Vai sim cumprir o que a Sra. Masen lhe pediu, mas também por si mesmo, por vontade própria. Além do mais, sua consciência não o deixaria em paz pelo resto da eternidade caso não cumprisse sua palavra.

Quem sabe ele e Carole se casem? A irmã é ótima, mas depois de tantos anos ele quer e precisa de uma companhia masculina com quem realmente possa conversar sem receio sobre tudo, diferente dos colegas humanos, e que saiba seu segredo que por segurança não pode contar para ninguém. Não poder ser sincero de verdade o deixa muito magoado.

Caso eles descobrem estão em perigo. Como aconteceu com sua irmã e ele não poderia transformar todos sem critério em vampiros, isso se os Volturi não os matam definitivamente. Talvez foi sorte ou de propósito o que eles fizeram com Carole. Queriam testá-lo e ver até onde ele iria para salvá-la.

Por fim Carlisle decide morder o pescoço do garoto. O rapaz é exatamente como gostaria que fosse seu filho se pudesse ser pai assim como os homens humanos*. Imagina a situação: sogro da própria irmã! Ela é mais nova do que ele, não fisicamente, mas em ano de nascimento. Ele sempre será o irmão mais velho e cuidar dela é sua missão.

Logo iria amanhecer, então Carlisle levou Edward ao necrotério como se ele tivesse morrido. Mais um que infelizmente sucumbiu à doença. Não haveria perigo de alguém pegá-lo, pois os corpos eram apenas retirados uma vez por semana, às vezes nem isso. O sistema funerário também tinha problemas com tamanha demanda.

Ninguém iria notar a falta de um cadáver, mais tarde ele viria buscá-lo e levar para sua casa. Iria deixar seu posto normalmente dentro de pouco tempo quando o médico do dia chegasse para rendê-lo e iria fingir dormir durante o dia. Ele não gostava de ter que fazer isso, por vezes ia até outra cidade ajudar a cuidar dos pacientes lá também. Sentia-se satisfeito em poder colocar seus sentidos apurados a serviço do bem-estar da humanidade.

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Quando viu o irmão chegar, pela porta de atrás da residência em que estavam morando e trazendo o corpo do rapaz, Carole estranhou, mas ao mesmo tempo percebeu que ele já estava se transformando, pois Carlisle o mordeu:

— Carlisle, o que você fez?

— O que a mãe dele me pediu que fizesse.

— Sei, não foi apenas por causa disso; eu te conheço!

— É verdade, claro que eu também quis. Você sabe que eu já estava pensando nisso a tempos.

— Sim, mas eu não acreditei que fosse logo. E agora?

— O que já foi feito está feito, está feito. Não me repreenda.

— Não estou fazendo isso. Você sabe o que faz e se fez é porque sabe que pode cuidar de um vampiro novo. Só estou preocupada porque agora não é uma boa hora para ter um recém-criado solto. Você sabe que a doença está matando aos milhares... Nós mal conseguimos suportar o cheiro de sangue fresco constante, é um soco no estômago, imagine um jovem suportar isso!

— Carole, fique calma. Vai dar tudo certo!

— Espero que esteja certo, Carlisle.

— Eu sei como você está minha irmã, mas se eu não encontro outros vampiros vou criar nosso grupo. Os Volturi mesmo me levaram a isso.

— Sim eles o forçaram a me mudar – ela fica cabisbaixa.

— Carole, eu fiz porque quis. Não me arrependerei jamais de ter transformado você e Edward. Vocês dois estavam morrendo e não viveriam de outra forma.

— Eu sei disso e serei eternamente grata, você sabe.

— Por nada.

— Ele é o filho daquela família que você disse outro dia que os pais morreram?

— Exatamente.

— Pobrezinho ele está sozinho, mas nós vamos cuidar dele.

Carlisle sorri satisfeito ao ver a irmã olhar enternecida para o jovem. É o começo de um sentimento de afeto.

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