Capítulo 44 - Crônica: Observando um casal Apaixonado

Observando um casal apaixonado

Mais uma noite, estou sentada em um banco de jardim, em frente a várias mesas de madeiras com luzes amarelas que só iluminam o centro de cada mesa. O ambiente é uma perfeita penumbra, cá estou com um dos meus livros favoritos, esperando a hora de voltar para sala.

Estou quieta no meu canto, lendo atentamente com a ajuda do poste de luz especial para jardim ao lado do banco, até que por um minuto parei para observar o ambiente a minha volta e em uma das mesas avistei um casal apaixonado, pelo menos aos olhos alheios estavam apaixonados. Olhos atentos, corpo inclinados como se fossem ímãs, a mão dele em cima da dela, pequenos sorrisos bobos e carinhosos e a cada minuto um beijo roubado.

Não, não sou romântica, sou um tanto cética quanto a isso, porém não sou cega. Já li clássicos e os vi projetados em filmes para saber a imagem “perfeita” para o amor representado por casais.

Não os fiquei encarando, agi com discrição; o livro que estava lendo era um romance, então, entre as páginas de uma ficção e uma imagem na vida real, foi difícil de ignorar. A cada termino de capítulo os observava e pareciam que só eles ocupavam aquele espaço, de fato eles estavam no próprio mundo, em sua bolha de corações e unicórnios.

Depois de algum tempo eles se levantaram e foram embora, de mãos dadas e corpos colados, como se fossem um só. Eu fiquei por mais alguns minutos.

Tive uma inquietude, nunca me apaixonei de fato, claro já tive minhas paixonites, normal. Porém nunca sentir toda essa agitação que tanto dizem. Então ler, assistir e observar terceiros é interessante, pois é como se fosse uma personagem-observadora, olhando atentamente e descobrindo coisas e olhares que quem vivencia não capta.

Só espero que quando estiver do outro lado da tela, possa captar as coisas e os olharem que não consegui enquanto observava.