Crystal

Quem é Crystal?


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– Manuel... Precisamos conversar. _ Payne disse assim que entrou no quarto.

– Claro meu amor! Sobre o que? _ ele respondeu abraçando-a por trás.

– Quem é Crystal? _ Manuel ficou imóvel e Payne se afastou, virando para encará-lo.

– Quem é… _ ele começou.

– Crystal! Quem é ela? _ Payne estava fuzilando-o com os olhos, alertando Manuel de que estava muito irritada com o assunto.

Manuel foi até a cama e sentou-se.

Como Payne tinha descoberto sobre Crystal? Ele se assegurara de que nada que o ligasse a Crystal pudesse chegar à Payne.

– Crystal? Quem falou para você sobre ela?

– Responde de uma vez!

– Crystal é minha...

– Sua o quê? _ interrompeu-o impaciente, quase gritando.

Manuel respirou fundo passando as mãos nos cabelos e baixando a cabeça.

Não tinha escolha. Tinha de responder.

– Filha. Crystal é minha filha.

Payne estava estupefata. Filha?! Manuel tinha uma filha e nunca lhe disse nada?!

– Por que… Por que não me contou?

– Não temos muito contato. O avô dela não me quer por perto. Achei melhor manter tudo no passado.

– Mas você é o pai! Ele não tem direito de privá-lo de ver sua filha!

– Já ouviu falar de John Ranieri? Dono do banco onde depositamos nosso dinheiro?

– Sim. O que ele tem a ver com isso?

Ele é o avô dela.

– A posição de banqueiro não dá a ele o direito de afastar vocês! _ agora ela estava gritando. Se não diminuísse o tom de voz, acabaria chamando a atenção de todos na casa para o quarto deles.

– Calma Payne! Está tudo bem. Eu falo com ela às vezes, mas não vou à casa do avô dela. Prefiro evitar discussões desnecessárias.

– Ainda assim não é certo.

Manuel puxou Payne para sentar-se na cama com ele e abraçou-a.

– Eu contei a ela que me casei.

– O que ela disse? _ Payne parecia ansiosa por respostas.

– Que nos desejava toda a felicidade do mundo. Ela disse que gostou de você.

– Como gostou? Eu nem a conheço!

– Falei sobre você para ela.

– Então estou em desvantagem. _ constatou sorrindo. – Fale-me sobre ela.

– O que você quer saber?

– Tudo o que for possível.

Depois de pensar por um minuto, Manuel olhou para ela e sorrindo perguntou:

– Por onde começo?

– Idade?

– Dezessete anos.

– Cabelos?

– Pretos.

– Olhos?

– Verdes. Límpidos.

– Como ela é?

– Bem, ela não é uma seda de delicadeza, mas também não uma completa bruta. Temperamento forte. Decidida. Um tanto sarcástica. Prefere um livro a uma viagem. A não ser que eu vá me encontrar com ela em algum lugar. Além de linda e extremamente sedutora.

– O que ela faz?

– Estuda. Trabalha como adestradora.

– A neta do dono de um banco, que é proibida de ver o pai médico, trabalha limpando a cocheira de um cavalo?

– É no Rancho Ranieri. Ela recebe bem por viajar constantemente para verificar como estão cuidando de tudo por lá.

– Bom. O que ela mais gosta de fazer?

– Ler, ouvir música, sair com as amigas… Coisas que toda adolescente na idade dela gosta de fazer.

– Ótimo. Mas…

– O quê?

– Será que ela vai passar pela Transição?

– Não sei. O que você acha?

– Só saberíamos quando ela tiver vinte e cinco anos. Mas é possível farejar a proximidade da transição depois dos vinte anos.

Nesse momento o telefone de Payne e Manuel tocaram ao mesmo tempo. No de Payne, chegara uma mensagem de Vishous avisando que iriam a uma festa da Glymera. E no de Manuel era um telefonema de sua filha. Com o celular na mão, Manuel afastou-se de Payne e fez sinal pedindo um minuto.

– Crystal?

– Oi papai!

– Você está bem meu anjo?

– Sim pai. E o senhor?

– Também filha.

– E sua mulher? Desculpa, mas esqueci o nome dela.

– Payne. Está bem também.

– Bom. Só liguei para avisar que vou sair com a July. Tudo bem?

– Vão onde?

– A uma festa papai.

– Está bem. Divirta-se. Cuidado!

– Pode deixar. _ ambos desligaram o telefone rindo.

Virando-se, Manuel viu que Payne o observava.

– O que foi amor?

– Nada. Só achei engraçado o seu jeito de falar com ela. Mas vamos deixar essa conversa para depois, já temos planos para hoje.

– Quais?

– A Glymera vai fazer um baile para comemorar o ingresso de Lucius e Brad na Irmandade. E a presença da Irmandade nesse tipo de comemoração é indispensável.