Crystal

Ciúmes e Frustrações


- Papai? Pai? Responda-me! _ Crystal gritou impaciente.

- Desculpe filha, o que você disse? _ Manuel acordou de seus devaneios.

- Continuo querendo ir embora. _ a garota é persistente, ele devia admitir.

- O que você e o Lucius têm? _ Manuel não conseguiu evitar a pergunta.

- Não entendi. _ perguntou Crystal, confusa com a pergunta.

- Qual a relação de vocês?! _ se ela não respondesse logo ele perderia a paciência.

- Somos amigos. Eu acho. _ depois do que ela causou a ele não sabia se seria perdoada.

- Sorte a dele! _ Manuel vociferou raivoso.

- Papai? Está com ciúmes de mim com ele? _ nunca vira seu pai desse jeito. Era quase cômico. Se não estivesse tão chateada com tudo o que acontecera riria dele.

- Claro! _ Manuel achava que ter ciúmes dela era a coisa mais óbvia do mundo.

- Por quê?! Eu não tenho nada com ele. Nada!

- Mas você é minha filha! Não cresceu em nada para mim! Principalmente para isso! Para se… relacionar… com um… um… rapaz. _ ele não conseguia imaginar sua filhinha beijando a boca de alguém, era surreal, além deixá-lo com mais ciúmes.

- Calma papai! Não ficaria com ninguém sem lhe contar.

- Não? _ Manuel conhecia muito bem a filha, confiava nela, mas sabia que Crystal era bonita demais para não chamar a atenção dos rapazes. – Nenhum rapaz?

- Não papai. Já houve tentativas, mas eu as repeli. Juro.

Manuel aproxima-se da filha com um sorriso radiante e a abraça.

- Minha menina!

Não muito longe, Payne observava tudo e por dentro algo nela doía por não ter dado um filho a Manuel até agora. Ela queria vê-lo tão radiante com uma criança que ela houvesse gerado e dado a luz. Ela conseguia, novamente, identificar o gosto amargo do ciúme em si, mas também sabia que não tinha o mínimo direito de sentir ciúmes de Manuel e Crystal. Era preferível retirar-se dali antes que um dos dois, ou ambos a vissem e sentissem o cheiro forte que ela exalava.

- Você o que?! _ Joseph parecia mais raivoso que o próprio rei.

- Fui suspenso dos treinos da Irmandade até segunda ordem. _ Lucius não se atrevia a levantar os olhos para o pai, Joseph não era o macho mais gentil da raça.

- O que você fez meu filho? _ Verônica perguntou calmamente.

- Contei sobre nossa raça a filha do Dr. Manuel. O primo do rei.

Verônica deixou-se cair sentada em uma cadeira, estava confusa e desapontada, Lucius jamais desobedecera a uma lei, principalmente uma de tal magnitude. Lucius sempre fora um dos machos mais responsáveis que ela já conhecera na vida. E agora fazia algo desse tipo.

- Esperem um minuto; ela não é uma vampira?! _ Brad manifestou-se confuso.

- Não Brad. Ela não é uma vampira. _ Lucius respondeu de cabeça baixa.

- Mas pensei que fosse.

- Eu também, mas estava enganado.

- Ela agia tão naturalmente diante dos nossos costumes. Duvido que alguém tenha reparado que ela não é uma de nós.

- Eu também achei que isso significasse que ela era uma de nós. Até o cheiro dela se assemelha muito a de uma vampira pré-trans.

- Saiam daqui, os dois. Me deixem a sós com sua mahmen. _ Joseph tentou soar calmo, mas falhou. - Lucius?

- Sim meu pai? _ Lucius voltou-se da porta.

- Não se aproxime novamente dessa garota. Fui claro?

- Mas…

- Fui… claro? _ a pausa entre as palavras alertaram Lucius para não discordar do pai, não sabia de metade do que aquele macho era capaz.

- Sim meu pai… foi claro. Não me aproximarei dela.

Os dois rapazes se retiraram e foram conversar no jardim.

- Não existe a mínima necessidade que nosso pai queira que eu me afaste da Crystal! O que ela fez, tenho certeza de que não foi por querer!

- Eu também tenho certeza de que ela não fez nada pensando em prejudicá-lo irmão. Mas obedeça nosso pai, ao menos até tudo se resolver e você voltar a treinar.

Os irmãos continuaram andando em silêncio por mais cinco minutos, quando Lucius de repente para, como se houvesse descoberto algo importantíssimo e se volta para o irmão.

- Tem alguma coisa que diferencia a Crystal dos humanos e a aproxima da nossa raça meu irmão.

- Lucius você está enlouquecendo ou algo do gênero? _ Brad sempre notara a forma como Lucius e Crystal se tratavam, não ficou admirado por saber que o irmão se zangara com o pai por querer afastá-los. Mas “descobrir” o óbvio era demais.

- Não entendi o que quis dizer.

- Ela é neta de um vampiro, sobrinha de um vampiro, parente do REI, o ultimo VAMPIRO de sangue PURO que existe! E você acha que é um mistério ela ser próxima da nossa raça?! Está ficando maluco!

- Eu sei dos parentescos vampirescos dela, mas tem algo mais. Alguma névoa misteriosa que a envolve e não nos deixou notar que Crystal não é uma de nós.

Lucius tinha certeza que Crystal era diferente em algum aspecto e isso com certeza estava envolvido com deixá-lo sem vontade própria no Complexo da Irmandade. Mas essa parte seria resguardada do resto das pessoas, ele descobriria o que ela tinha de tão diferente sozinho. E se fosse necessário desobedecer seu pai para isso. Ele o faria.

- Uuuuuuuhhhhhhhhhhhhh!!! A namorada do meu irmão pode ser uma alienígena! Que medo!

- Ela não é uma alienígena. _ Lucius rosnou para o irmão. – E não é minha namorada!

- Então, o que vocês são um do outro afinal?

Brad fez a pergunta que Lucius não queria responder, mas ficar calado seria a pior coisa no momento, isso só atiçaria Brad a continuar importunando-o e como ele ainda estava nos treinos e Lucius não sabia por quanto tempo Crystal ficaria no Complexo, se ele não falasse nada daria a Brad não só chances como motivos para falar com Crystal e tentar empurrar um para o outro.

- Nós somos… somos… somos amigos. É isso, apenas amigos.

- Sei… se são só amigos, então a relação de vocês é inocente. _ Lucius assentiu. – Se é assim me responde por que ficou ruborizado e pensou tanto para responder? _ Brad inquiriu o irmão rindo da condição atrapalhada de Lucius.

- Você me paga por essa. _ dito isso, Lucius pôs-se a correr atrás do irmão mais novo como faziam quando crianças.