Crying In The Rain.

Got a secret. Can you keep it?


Botei o anel e fiquei olhando o mesmo por alguns segundos. Sabia que esse anel foi enfeitiçado para que eu pudesse andar de dia, só pode ser.

Se não fosse pela magia, seria apenas um anel normal. Mas… Quem fez isso para mim?

Fui até a cozinha e busquei uma cambuca, depois até a lareira busquei carvão, peguei uma faca e fui até o jardim buscar ervas medicinais.

Só havia um problema. O sangue.

Precisava pensar rápido. Fui até o hospital, na parte do banco de sangue.

– O que o senhor está fazendo aqui? - Uma enfermeira perguntou.

Fui até ela e olhei bem em seus olhos.

– Você nunca me viu aqui. - Disse, enquanto sentia que ela estava sendo hipnotizada.

– Eu nunca te vi aqui. - A mulher respondeu e eu sorri.

– Pode ir agora.

E então, como se tivesse hipnotizada, ela saiu. E, bom, ela estava hipnotizada.

Sorri com a minha vitória e continuei a roubar algumas bolsas de sangue.

Voltei para casa correndo, assim ninguem ia me ver.

Cheguei e todos os ingredientes estavam dentro da cambuca. Abri a bolsa de sangue e tomei um pouco, saciei minha sede.

Guardei o resto das bolsas de sangue na geladeira, apenas ficanco com a que estava aberta.

Joguei um pouco na cambuca e, como sempre acontecia, teve a pequena explosão e rapidamente Brian já estava na minha sala.

– Oi. - Falei, com a voz ríspida. - Me desculpe te chamar assim, sozinho, depois de tanto tempo.

– Ahm… Sem problemas.

– Bom, eu sou um vampiro agora. - Falei um tanto apavorado, inseguro com a reação do Brian.

Eu esperava de tudo, menos isso: Brian continuava imóvel, com a mesma expressão de indiferença no rosto.

– Ah… É? Eu não consegui pressentir… Você ainda é muito novo, deve ser por isso.

– Você não parece surpreso. - Franzi o cenho.

– Claro que estou. - Brian continuou falando com o mesmo tom de voz calmo. - Não imaginei que fariam isso. Sinto muito.

– Bom, não foi para isso que eu te chamei aqui. - Continuei a falar, enquanto ia até a mesa, buscando o envelope. - É por causa disto. - Fiz uma pausa, entregando o envelope. - Me deram este anel, com essa carta. Um mago ou uma bruxa que fez. Gostaria que saber quem foi.

Brian analizava a folha com atenção, parecia ler e reler.

– K.S.? - Ele franziu o cenho. - Não conheço mago nenhum com a sigla K.S.

– Como não?

– Não estou dizendo que não existe. E, não podemos esquecer que K.S. pode muito bem se tratar de uma bruxa.

Parei por alguns segundos, pensando. Quem poderia ser? K.S., uma bruxa ou um mago que fez um anel mágico para mim. Para poder me proteger. Tem que me conhecer, tem que gostar de mim, para querer que eu sobreviva.

Fui até a cozinha e tirei da geladeira duas cervejas. Joguei uma para Brian e abri a minha, tomando alguns goles.

Me apoiei na mesa e desviei meus olhos para o chão por alguns segundos. Olhei para Brian, que tomava a cerveja e ainda visualizava o papel, parecia intrigado também, tentando achar respostas.

– Brian… - Quebrei o silêncio. O mago me olhou, esperando que eu continuasse. - Tem notícias de Leana?

– Ahm… Eu? - Ele botou a mão no cabelo, parecia pensar. - Não, não tenho.

– Hum.

Algo parecia estranho. Conseguia ouvir seu coração batendo rápido. Brian definitivamente ficou desconfortável com a minha pergunta por Leana.

Mas por que?

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– Bom, pode ser qualquer pessoa.

– Mas essa pessoa tem que me conhecer. - Falei, parando um pouco para pensar. - Por que, ao contrário, por que ela iria querer me dar um anel para eu não pegar fogo no sol?

Brian ficou calado. Com certeza concordou comigo. A minha campainha soou, fui abrir a porta e avistei Rick.

– Que bom que veio.

– Qual o problema? - Rick perguntou, já entrando e se acomodando em meu sofá.

Sentei ao seu lado e mostrei o anel que estava no meu dedo e peguei a folha que estava em cima da mesa.

Entreguei-a para Rick, que leu algumas vezes e me olhou. Franziu o cenho.

– Quem é K.S.?

– É o que estamos tentando descobrir, Rick. - Falei impaciente. - Tem que ser um mago que me conheça, se não, não iria fazer esse favor para mim.

– Ou uma bruxinha gostosa. - Rick falou, dando um sorriso malicioso. Olhei para ele com cara de tédio.

– É sério.

– Ok, foi mal. - Rick falou, dando uma risada de um segundo.

– Temos um jeito de descobrir. - Brian entrou na conversa. Nós dois olhamos para o mago, esperando que continuasse a falar. - Eu posso fazer um feitiço de localização com esse papel. - Brian pegou da mão de Rick.

– Ok. Ótimo. - Falei, dando um sorriso satisfeito.

– Ahm, uma breve pausa. - Rick falou. Brian e eu olhamos para ele. - E Leana, James? Você conseguiu falar com ela?

– Não. - Falei, com uma expressão triste no rosto.

– E você? - Rick se direcionou para o mago.

– É… Também não. - Novamente comecei a ver que Brian estava com tensão em sua voz. Seu coração começou a bater rapido e tenho certeza que Rick também sentiu. - Mas tenho certeza de que ela está bem.

– Como tem certeza se não sabe onde ela está? - Perguntei, esboçando um sorriso travesso.

– É… Instinto. - Brian deu um sorriso sem graça e engoliu em seco. - Bom, eu preciso voltar para casa. Amanhã, bem cedo, eu faço o feitiço de localização. Não perca essa folha, onde esse tal de K.S. escreveu. Vamos achá-lo.

– Ou achá-la. - Rick corrigiu.

Brian deu um sorriso fraco e sumiu.

Eu e Rick nos entreolhamos.

– Parece que tem alguma coisa errada com Brian.

– Você acha? - Perguntei, levantando uma de minhas sobrancelhas. - Eu tenho certeza.

– Quer dar uma olhada na casa de Leana novamente?

– Ah, agora você está preocupado? - Perguntei em tom irônico.

– Sim. Também estou com um mal pressentimento. - Rick respondeu com o mesmo tom que o meu.

Nós nos levantamos e fomos até a casa de Leana.

Tocamos a campainha, tentamos ouvir alguns passos.

– Leana! - Ouvi Rick a chamar.

Ele me olhou por alguns segundos. E nada, nenhuma resposta.

– Definitivamente tem algo errado. - Rick falou, com a expressão tensa, por fim.

Assenti com a cabeça, concordando com ele.