Após um dia normal e péssimo no colégio, Melanie finalmente chegou em casa, cansada e com fome.

Ela foi para seu quarto e se trocou, e desceu ás pressas para o almoço. Quando se sentou na mesa, ficou surpresa ao ver que sua mãe estava á mesa, assim como seu pai e seu irmão:

—Melanie, sente-se, precisamos conversar. – falou sua mãe com seu típico tom vazio.

—Claro mãe, o que foi? – falou gentilmente, se sentando á mesa.

—Domingo nós temos uma daquelas reuniões que os amigos de trabalho do seu pai costumam organizar, e precisamos treinar o nosso comportamento, ninguém pode saber o quão quebrada essa família é.

“Eu deveria saber, eles só se reúnem pra esse treinamentos... Mas pelo menos nós estamos juntos, e isso é o que importa, não é mesmo?” pensou Melanie, esboçando um sorriso.

De repente, ela sente um sentimento de ódio invadindo-a, um sentimento que ela não conhecia.

“Você é tão idiota Melanie... Essa família te odeia e você ainda fica aqui, se iludindo e achando que um dia eles vão te amar... Tão ingênua você” pensou Melanie, repleta desse sentimento estranho “Não seria mais fácil você apenas matar todos eles?”

E, tão subitamente quanto veio, o sentimento se foi.

Melanie já havia sentido esse sentimento antes... Mas durante aqueles seus pesadelos, em que ela odeia tudo e todos e só consegue pensar em mata-los. Ás vezes, esse sonhos lhe pareciam reais, mas não seria possível ela sentir algo assim, afinal, ela não tinha coragem de matar um simples inseto, quanto mais um ser humano por ódio. Assustou-se com esse flash rápido, afinal, nunca tinha visto o seu “outro eu” (que é como ela costumava chamar a Melanie dos pesadelos) se manifestar por pensamentos, pensava que essa outra pessoa era fantasiosa, não real.

Por fim, preferiu não pensar nisso, e focar na sua “reunião de família”.

Seus pais repassaram simples lições de etiqueta, e preparou-a para possíveis perguntas que poderiam ser feitas á ela. Repassou também com seu irmão, que nessas ocasiões se comportava surpreendentemente bem, provavelmente porque ele se importava tanto com aparências quanto seus pais, ele preferia ser conhecido como um menino prodígio do que como o drogado que ele realmente era.

Passados dias desde a preparação, chegou o dia da reunião.

Todos se vestiram muito formalmente, com as suas melhores roupas. O pai, usando um blazer, e uma blusa branca por baixo, e calças pretas combinado com o blazer, dando um aspecto descontraído, já que ele se passava por uma pessoa simpática e despojada nessas ocasiões. A mãe, usando vestido elegante, vermelho, com as costas nuas porém com a frente bem resguardada, o vestido não era longo, para não ser tão formal e não dar a impressão de que se preparam demais pro evento. O irmão usando a mesma roupa do pai, mas dando á ele não a mesma aura do pai, mas sim uma aura mais “charmosa”.

Melanie usava um vestido azul e preto, tomara que caia, com algumas rendas, dando-a um aspecto adulto. Ela não gostava deste tipo de roupa, preferia as suas roupas infantis de boneca, ou aquelas pomposas com algum tema também infantil, mas fazia tudo para agradar seus pais, na tentativa de fazê-los felizes.

Chegando na festa, fizeram tudo como ensaiado. O pai foi de encontro aos outros empresários, junto com a esposa, fazendo piadas sobre economia e política, e a mãe rindo de todas elas, mesmo achando-as terrivelmente péssimas. O irmão por sua vez, fez algumas amizades com os filhos dos empresários, mas logo os despistou e sumiu atrás da casa com alguma menina atraente qualquer.

E Melanie também fez as função, que era se sentar e cumprimentar educadamente todos que viessem conversar com ela, sem atrapalhar os planos de seus pais.

POV Stella (Mãe)

Eu ri e apoiei tudo que ele falava, mas minha vontade era sair dali, e beber até não poder mais. Ele acha que eu não sabia, mas a esposa do cara que bajulava era a mais recente amante dele, e eu simplesmente não suporto mais olhar para a cara falsa dela, fingindo que ama o marido. Eu preciso sair daqui, urgente:

—Amor, eu preciso ir ao banheiro, mas logo voltarei, tudo bem? – falei com toda a educação e paciência que pude reunir.

—Claro, aproveite e converse com as suas amigas depois – respondeu meu marido, com o sorriso mais falso que podia.

—Ah, sim, claro.

Com minhas “amigas”, ele quis dizer as esposas ricas, que adoram medir suas riquezas umas com as outras, tentando ser melhores.

Eu me levantei e fui ao banheiro, e me deitei na banheira, tirei meu recipiente da bolsa (lugar onde escondo todo o meu álcool) e o abri.

Bebi aos poucos, e fiquei por lá uns quinze minutos, mas infelizmente eu tinha que me levantar e ser falsa com todos na festa

Assim que abri a porta do banheiro, vi a porta do quarto no fim do corredor entre aberta, e de lá, vinha uns ruídos.

Não me contendo, fui ver o que era, afinal, qualquer escândalo que eu pudesse achar era mais uma pessoa com a reputação destruída, e menos uma pessoa para ser falsa com. Abri o resto da porta, e me choquei ao ver a cena.

Meu marido estava nu sob uma moça que deveria ser anos mais nova que ele, provavelmente filha de algum empresário:

— Eu não acredito... – falei, colocando minha mão na boca, num gesto automático de horror.

—Não é bem o que você está pensando Stella...

—É bem o que eu estou pensando sim! Você realmente acha que sou tão estúpida que não sei que você me trai? Eu fico quieta porque você pelo menos me banca, mas eu tô farta disso! Você colocou nossa reputação em risco transando com essa vagabunda NO MEIO DA FESTA!

—Bem, isso me poupa de ter que fingir que me importo com você, assim não preciso ficar com essa babaquice de fingir que não estou te traindo... Mas bem, você vai ficar bem caladinha e não vai fazer um escândalo, afinal, você deve sua vida á mim, vadia.

Um calor intenso me tomou, um ódio, um desejo de vingança. Mas, mesmo assim, sorri:

—Claro meu amor, tudo que você quiser.

—Isso mesmo, agora sai daqui e feche a porta, diga para ninguém entrar aqui.

—Certo.

POV Narrador

Depois de algum tempo, todos se retiraram e foram para suas devidas casas.

POV Stella (Mãe)

Eu não sinto mais nada. Eu só sei que quero esquartejar cada pedaço daquele corpo nojento com qual eu me casei.

Eu fui tomar banho, e coloquei minha melhor langerie, e esperei meu marido chegar, já que ele ainda está com aquela puta do quarto.

Ele chegou, e demorou, mas percebeu que eu estava diferente:

—O que você quer Stella? Realmente quer que eu te coma, mesmo tendo visto eu te traindo? Você não tem amor próprio, não é?

—Claro que não, eu só te amo e quero que você me ame também, nem que seja por alguns minutos – eu disse, provocando-o.

—Ok, farei essa caridade para você – disse, já deitando na cama.

Antes que ele pudesse fazer algo, levantei da cama, e fui para o banheiro:

—Só espere, eu comprei uns brinquedinhos para gente se divertir – falei, sorrindo maliciosamente.

—Vou esperar, então.

Fui até a pia e peguei a faca que guardei, coloquei minhas luvas, e coloquei a faca na parte de trás da minha langerie, escondendo-a. Em seguida, peguei um chicote e um par de algemas e fui de encontro á ele.

Ele estava na cama, me esperando, e quando viu o que eu trazia, seu semblante mudou instantaneamente, para um expressão de desejo:

—Bem, aqui estão, mas eu gostaria de tentar algo. – disse, sorrindo para ele.

— O que?

—Eu que irei te algemar e te vendar, e você ficará curtindo as “sensações”

—Não me parece ruim...

Algemei ele á cama, e o vendei. Desci minhas unhas para seu peitoral, mas não conseguindo me conter mais, saquei a faca e rasguei a sua garganta.

Vi ele agonizar durante uns segundos, e depois parar, totalmente morto.

Eu já ia levantando, para limpar toda a bagunça e me livrar das provas, mas quando levantei o olhar, na porta estava Melanie, horrorizada e estática.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.