Cruéis: A Associação

Capítulo III: Jogos Infantis


Capítulo III

Butterfall amanheceu um pouco diferente, ao invés daquele céu acinzentado, um azul chamativo manchado pelas nuvens. Mas apenas cores não mudam situações.

Após o assassinato de Megan, a policia foi chamada. Ao chegar à cena do crime, a pericia procurou provas e evidencias que talvez ajudassem a resolver o caso.

–Foram descobertas pouquíssimas coisas. O que se sabe até agora é que tem marcas de mãos no pescoço da vítima, possivelmente são mãos de mulher. Um homem teria feito um estrago maior. Achamos pequenos pedaços de papel. Talvez ela tenha rasgado algo do assassino. E por ultimo, mas não menos importante, um símbolo foi encontrado em seu pescoço. Este símbolo é bastante semelhante a uma cruz. - Disse o chefe da pericia. –O resto de nossa equipe irá remover o corpo da cena do crime.

–Tudo bem. - Afirmou a diretora.

Após um tempo, a diretora mandou todos os alunos serem reunidos no pátio principal.

–Boa tarde a todos. Como sabem, esses dias tem sido um pouco tristes. Primeiro perdemos a senhorita Spartex... E na noite passada a senhorita Megan. A direção só queria vos dizer que não precisam se preocupar, a família já foi avisada. Ficaremos de luto por três dias, depois disso as aulas retornarão. Bem, podem ir.

Alexia, Morgana e Samantha estavam debatendo sobre o assunto no quarto de Alice.

–Nunca gostei da Megan. Pela primeira vez ela me fez mudar de opinião sobre. Esses dias sem aulas vão ser magníficos. - Dizia Sam.

–Sam! Isso não é uma boa piada para ser usada no momento. - Alexia se levantou tentando dar uma lição de moral em Samantha.

De repente ouvem-se batidas na porta...

–Quem é? - pergunta Alice.

–Eu creio que seja uma pessoa humana. - Brincava Morgana.

–Talvez seja o próprio assassino. - Sam tentava assustar as garotas.

Mais uma vez batidas na porta foram ouvidas. Irritada, Sam se levantou e abriu.

–Mas... – Alice mostrava surpresa.

Não havia ninguém na porta, apenas um bilhete ao chão.

–“Queridas assassinas... Da próxima vez tentem coletar todas as possíveis evidencias que podem lhes culpar. A policia pode ficar colada no pé de vocês. –A Associação.”.

–“Assassinas”? Foi impressão minha ou esse bilhete quer dizer que nós assassinamos a Megan? –Morgan se exalta e fica um pouco apreensível.

–Deve ter sido alguma brincadeira. Difícil dizer, mas eu não conheço nenhuma associação. –Alexia mostra interesse no mistério. –Posso estar errada, mas eu creio que tudo que tem acontecido até agora pode ter relação com o assassinato.

–Vamos esquecer um pouco isso. Alice, coloque sua melhor roupa. Lembra-se das amigas que eu te falei? Nós vamos até lá. –Morgana estava preparada para dar um jeito em Alice.

Ao chegar no pátio principal, As quatro meninas se encontraram com Paola.

–Deixe-me ver... parece que terei de denunciar essa escola, pelo que eu saiba é proibida a entrada de animais. HAHAHA!

–Sam e Alexia, levem a Alice para fora e chamem um táxi. Eu irei me resolver com uma cobra aqui. –Disse Morgan.

As outras três garotas se retiraram, deixando Paola e Morgana frente a frente.

–Sabe Paola, quando eu soube que você estava voltando fui correndo perguntar a diretora se havia algum curso de “Como ser uma Vadia”. Mas pensando bem, você não precisa de curso.

–Isso mesmo. Eu não sou apenas uma vadia, eu sou a Rainha das Vadias, entendeu. Morgan, eu tenho dom em lidar com cobras, você é um exemplo disto.

–Da licença. Não consigo entender o que cadelas falam. –Morgana encerrava a discussão e se retirava daquele local.

–Ei! Temos o antídoto do veneno! –Sam gritava de dentro do táxi.

Não demorou muito para elas chegarem ao destino. Morgana prometeu que conseguiria mudar Alice. Aquela era hora de saber se isso era verdade.

Primeiro foram a uma cabeleireira. Nada muito exagerado foi feito, apenas o cabelo de Alice foi desfiado. Uma grande diferença era de se notar.

–Quem diria que um cabelo pode mudar tanto alguém. –Alexia mostrava surpresa com o resultado.

Após alguns reparos no penteado da tal, elas seguiram para um SPA. Mas dali em diante Sam e Alexia se separaram de Morgan e de Alice.

A tarefa de comprar roupas para Alice ficou por conta de Alexia. A Maquiagem e os acessórios ficaram por responsabilidade de Samantha.

No SPA nada de mais foi feito. Um tratamento básico para o rosto de Alice. Marcas de sol, espinhas, cravos e qualquer outra imperfeição foi “removida”.

Depois de um longo dia cansativo, a noite estava devorando o por do sol. A meta do dia foi concluída, Alice era realmente uma nova pessoa.

Roupa, acessórios, cabelo e alguns tratamentos mudaram a garota da cabeça aos pés.

Como faltava muito tempo para o toque de recolher, elas passaram em um café muito habitado na cidade. Ficaram lá um bom tempo conversando sobre assuntos aleatórios.

Ao retornar para a escola, todas foram para seus quartos.

–AH! –Gritou Morgana ao entrar no quarto.

Sam, Alexia e Alice foram até o quarto junto de outras garotas. Ao chegar lá se depararam com o quarto de Morgan revirado.

–Minha bolsa da Louis Vuitton! Quem foi a filha da puta que fez isso? –Morgana estava com ódio, isso era de se perceber em seu olhar.

–Você se esqueceu que você mesma fez isso com a sua bolsa? –Sam relembrava casos passados. –Faz um bom tempo. Você estava com raiva e acabou com essa bolsa, depois jogou ela no fundo do seu closet.

–Havia esquecido. Mas o meu quarto foi revirado! Sem falar que mais um bilhete daqueles foi encontrado.

Sam e Alexia dispensaram as outras garotas que vieram ver o porquê dos gritos de Morgan.

As quatro meninas se sentaram e ouviram Morgana ler o que estava escrito no novo bilhete.

“Queridas Assassinas... Vejo que vocês deram duro na mudança da Alice. Vocês estão prontas para um pouco de diversão? Se não estiverem não vai fazer a mínima diferença. Bem Morgana, dentro dessa sua bolsa rasgada tem um DVD, assista e entenderá o que eu estou dizendo. –A Associação.”

Morgan retirou o DVD de sua bolsa e caminhou até seu Notebook inserindo o disco.

“Vejo que leram meu bilhete. Vocês me parecem bastantes cruéis. Eu irei dar a chance de vocês matarem ou salvarem essa garota.”... A voz estava sendo alterada por algum programa do tipo, era impossível reconhecer quem estava por trás daquilo. Em um pedaço do disco vimos Amanda Gingre acorrentada. Uma corrente estava mantendo suas pernas juntas, as outras duas estavam segurando os braços da tal formando um sinal de cruz. “Vocês devem conhecer ela. Bem, vocês irão salvar ou não?”. Mais uma vez aquelas garotas haviam se metido em outro mistério.

–Como assim. É impossível sabermos onde ela está. E se formos até lá estaremos correndo o risco de acabar como ela.

–Alexia, se acalma. Nós não vamos até lá, não podemos correr esse risco. A policia deve resolver isso. Amanhã vamos falar com a diretora. –Morgan tentava confortar a apreensão de Alexia.

–Nós não podemos falar sobre isso com ninguém. Traria muitos problemas para todas nós. –Samantha explicava que o melhor plano é fingir que não sabem de nada.

–Mas nós estaríamos sendo monstros. Vocês viram como ela estava? Um ser humano não deve sofrer daquela maneira. –Como Alexia, Alice não achava uma maneira de se acalmar.

–Existem dois tipos de pessoas: As boas e as ruins. Eu estou em apenas um desses lados, e eu tenho certeza que você não quer descobrir qual deles é. –Sam mostrava raiva com a atitude de Alice.

Alice havia percebido que não era bem vinda ao grupo de “amigas”. Ela sabia que a falsidade estava presente no local, ela sentia o veneno de víboras impregnado no ar, nas paredes e até mesmo nos móveis.

–Eu não quero ter nenhuma intimidade com cobras, vai ser melhor eu me afastar de vocês. –Alice demonstrava o que estava sentindo em relação as opiniões alheias.

–Eu não tenho relógio no momento, mas eu acho que está na hora de você calar a boca. –Mais uma vez Samantha se irritava. Dessa vez tentando intimidar Alice dando três passos á frente.

–Tudo bem. Eu sei como esse tipo de história acaba. E sobre essa “Associação”, boa sorte se metendo com desconhecidos que assassinam sem piedade. A crueldade e o veneno andam de mãos dadas. –Eli encerrava a discussão se retirando da sala.

Depois que Alice saiu do quarto, as três garotas conversaram sobre quem pudesse ser o responsável pelas mensagens e assassinatos.

–Posso estar errada, mas após o assassinato de Megan, a escola devia ter sido fechada para fins investigativos. A diretora me faz repensar na possível relação dela entre os crimes. Sem falar que eu fico um pouco arrependida por não ter me esforçado em tentar achar a Amanda. –Dizia Alexia, enquanto pegava um pedaço de papel joga no chão. –Gente!

–O que foi? –Perguntava Morgan.

–Junto do DVD havia um pedaço de papel com um endereço. Ainda temos tempo de salvar a Amanda. Vamos? –Alexia nunca foi uma boa pessoa, ela talvez pudesse mudar com as atuais atitudes.

–É um pouco perigoso, mas vamos tentar. Talvez achemos o possível culpado dos respectivos assassinatos. –Sam topava o plano, mas no fundo ela só queria se divertir em meio ao perigo.

Como já era tarde, e quem fosse vista fora dos dormitórios seriam punidas, as três garotas decidiram escapar de forma silenciosa.

O endereço não era muito longe, para Alexia isso era uma pista de que o assassino teria relação com a escola.

O lugar realmente não era muito longe, mas era um pouco deserto. O destino foi um galpão antigo. Adolescentes são bem problemáticas quando estão curiosas.

Elas decidiram entrar. Ao abrir as portas deram de cara com a escuridão absoluta. Elas usaram a luz de tela do celular para clarear o corredor. Em meio a toda aquela escuridão, uma luz era vista no final do caminho.

Ao chegar perto da luz elas começaram a ouvir sons, tudo indicava que vinha de um vitrola, era uma música antiga, algo dos anos 70.

Ao entrar encontraram uma decoração vintage, coisas antigas como: Quadros, móveis, acessórios da época, etc.

A sala era repleta de Manequins. Haviam manequins sentados a mesa segurando xícaras, alguns sentados no sofá em frente a televisão segurando um controle.

Além desses manequins haviam três cadeiras viradas, estas estavam vazias.

–Tudo indica que são três pessoas... –Falava Morgana.

–Isso está errado. Podem existir muito mais de três. Essas três cadeiras só representam que tem apenas três líderes. –Completava Alexia.

Atrás da cadeira do meio, havia uma porta diferente das outras, esta era de madeira. Morgan tentou abrir a porta, mas ela estava trancada por dentro. Sam tentou arromba-la, mas a tentativa foi sem sucesso.

–Força não irá levar a nada. São assassinos, claro que a porta não seria tão fácil de abrir. –Sussurrava Alexia enquanto se abaixava e tentava olhar pela fechadura. –Chegamos tarde de mais.

–Como assim? –Sam empurrava Alexia e se abaixava tentando ver o que Margareth havia visto.

–Ela está morta... –Alexia foi interrompida por um som de estática.

–Olá queridas assassinas... Bem, é uma pena que a morte de vocês seja tão simples...

Após o áudio, um som de tranca também foi ouvido. Morgana correu até a porta por onde havia entrado, a mesma estava trancada por fora.

–Foi uma armadilha! –Gritou Morgan.

Um gás começou a sair das bocas dos manequins. Aquilo iria asfixiar as garotas.

–Nós iremos morrer com esse gás. –Desesperada Alexia saia quebrando os Manequins.

–“Força não leva a nada...” –Sam pegou o braço de um dos manequins que alexia havia destruído e o jogou sobre um janela de vidro que estava no topo do galpão.

Aquilo iria manter as garotas vivas por um tempo, mas não era o bastante para Alexia. Sirenes de carros policiais foram ouvidas, junto de portas sendo arrombadas.

A policia arrombou a porta que trancava o local onde as garotas estavam.

–Estamos salvas! –Gritou Morgana.

–Morgana Cartel? –Perguntou um dos policiais.

–Sim. Sou eu. –Respondeu a tal.

–Você está presa por assassinato.

–Mas... –As palavras faltaram para Morgana perguntar o motivo daquilo.

Os policiais não deixaram as outras garotas explicarem o ocorrido. Alexia e Sam foram levadas de volta para a escola e foram punidas. A Diretora não tentou impedir a prisão de Morgana, na cabeça dela não seria bom ter uma assassina na escola.

Paola olhava a situação pela janela de seu quarto. Morgana virou os olhos para a mesma, e percebeu que Paola havia soltado um leve sorriso de lado.

–Parece que o jogo virou, não é mesmo. –Sussurrou Paola.