Cruéis: A Associação

Capítulo I: Tons de Maldade


Não é de hoje que a crueldade está no mundo, e eu não me refiro a pessoas fortes. Em tempos como estes, a crueldade pode estar escondida por dentro de pequenos olhos azuis...

Capítulo I

– Garotas! –Gritou Morgana enquanto vinha correndo nos corredores da escola.

– Bom dia para você também. –Disse Alexia com um tom irônico em sua voz.

–Sejam sinceras comigo, O lado direito do meu rosto é mais cheio que o esquerdo? –Perguntou Morgan enquanto esfregava a maçã direita de seu rosto.

– Não importa, você está na seca desde o mês passado. –Afirmou Sam. – Ah, havia me esquecido. É verdade que o Alan pediu Pra voltar com você?

– Bem, ele pediu de um jeito muito fofo. Eu disse que iria pensar, mas não quero continuar amarrada á aquele retardado.

– Meninas, eu preciso pegar um livro na biblioteca. Aliás, a senhorita Spartex iria passar um trabalho hoje, não? –Perguntou Alexia enquanto empurrava o seu par de óculos que estava descendo pelo nariz.

– Sim. Um trabalho de história. Se não me engano é sobre como a cidade perdeu o nome Battreyal e virou Butterfall. –Respondeu Samantha.

– Então vou indo, nos encontramos na sala.

Alexia saiu correndo, ela não queria perder a hora. Enquanto Morgan e Sam conversavam sobre coisas alheias o sinal tocou.

Quase todos estavam presentes na sala. Como boa curiosa, Alexia perguntou onde estava Alice.

– Senhorita Spartex, onde a Alice está?

– Cara Margareth, eu acho que a resposta dessa pergunta não irá lhe servir, a não ser que você tenha um assunto e que queira compartilhar com a sala, não? Bem, ela está na enfermaria.

– Entendo. Por favor, me chame apenas de Alexia ou de Meg.

–Não vejo motivo em não lhe chamar pelo nome completo, mas esse não é o nosso assunto. Bem turma, eu vos comuniquei que iria passar um trabalho sobre a cidade de Butterfall. Eu não aceitarei trabalhos entregues na data errada. Nossa próxima aula é na terça-feira, estão todos dispensados.

O crepúsculo já havia tomado conta de todo o céu e as aulas já haviam sido encerradas por hoje. As três garotas decidiram se encontrar na Grande biblioteca de Butterfall.

–Garotas eu estou exausta, vou me desligar por hoje. Encontro vocês amanhã na Biblioteca da cidade. –Disse Alexia enquanto se retirava da sala comum e se dirigia ao seu quarto.

–Então Sam, como seu romance de mentira está indo?

–“Se nós ficarmos insistindo em uma mentira ela acaba virando verdade.” Essa frase justifica bem a resposta certa.

–O John não merece isso que você está fazendo. Ele é um gatinho, pena que é burro e raramente passa em uma prova. Os boletins dele são sempre F.

–Eu não sou obrigada a dar detalhes da minha vida para você.

–Mas nós somos amigas, e amigas fazem isso. –Afirmou Morgana com um leve tom de ironia.

– Espero que essa sua cara ainda esteja na garantia, vai ser caro depois que eu quebrar ela. Aliás, não quero que as pessoas me vejam ao seu lado, eu não quero ser comparada a algo asqueroso como você.

–Sem mim você não é nada. Você não passa de um manequim com a tinta descascada. –Disse a garota de olhos azuis expressando um tom sério na voz.

–Achei que o seu preconceito havia sido deixado de lado, mas esqueci de que as pessoas não mudam. –Falou Samantha enquanto dava as costas a Morgan e saia caminhando.

–Sam... Você é minha melhor amiga.

–Eu sei. Digamos que você faria falta. –Murmurou em um tom que só Morgana iria entender e continuou caminhando.

O anoitecer já havia tomado os céus da escola de Lepus Steel, e o toque de recolhe já havia sido realizado.

“Domingo, dia oito do mês cinco do ano de 2007”.

–Por que diabos eu iria querer sua amizade? Você é só uma negra! –Gritou Morgana com a pequena Sam.

–Mas minha mãe me disse que eu era linda, e, que eu serei como uma princesa quando crescer. –Respondeu Sam de cabeça baixa e arrastando um de seus pés do lado esquerdo para o direito

–Ela mentiu! Você será feia, não irá ter namorado e muito menos terá amigos!

“Atualmente”

Deitada em sua cama, Morgan pensava no passado. Um passado triste que Samantha não queria se lembra.

–Você estava certa, virou uma linda garota. –Sussurrou a jovem de cabelos castanhos onde brevemente após a frase soltou um sorriso de lado.

Após uma tempestade assustadora que pegou a cidade de Butterfall desprevenida, um céu glorioso na manhã seguinte coloria o dia. Reunidas na biblioteca, as três garotas começaram a discutir sobre o trabalho.

–Bem Garotas, o básico que sabemos é que um estranho fenômeno na cidade de Battreyal que causou a mudança do nome da cidade. O fenômeno foi uma chuva de Borboletas mortas, por isso o nome. –Explicou Alexia enquanto Sam lixava as unhas e Morgan tomava uma xícara de café.

–Butter foi retirado da palavra Butterfly, do inglês, que significa borboleta. –Completou Morgana.

–Sim, sim. Fall pode ter vários significados, mas eu prefiro dizer que a tradução correta seria Queda... –Dizia Alexia enquanto era interrompida por Samantha.

–A queda das Borboletas, não?

–Sim Samantha. Morgana faça uma pesquisa sobre fenômenos estranhos, enquanto isso eu irei procurar um livro sobre a cidade. Talvez eu demore um pouco... –Falou Alexia enquanto se retirava da sala.

–Eu assisti uma série uma vez que vários fenômenos estranhos aconteciam em uma cidade que ficou presa dentro de uma cúpula...

–Under the Dome. –Concluiu Morgana.

–Essa mesma.

–Achei algo! –Afirmou a jovem garota.

–“Um grupo de borboletas monarcas fazem migração entre o México e o Canadá. Milhares de borboletas se reúnem em um parque...”. Não é isso que estamos procurando Morgana. As Borboletas que passaram por aqui eram negras com detalhes azuis, elas causaram um grande caos quando começaram a morrer e cair.

Debatendo sobre a causa que fez a cidade entrar em um caos durante um ano, Morgana e Samantha perderam o foco do assunto central e começaram a discutir sem motivos.

–Só pelo motivo de você ser quase uma da família de Martin Luther King você se acha superior!

–Aqui é uma biblioteca, fale baixo. E, aliás, eu não sou da família dele, apenas temos um grau de parentesco baixíssimo. -Sam rebateu com um tom forte na voz.

–Ah me desculpe, não sabia que estava falando com algum parente do ex-presidente!

–Socorro! Precisamos de um Bombeiro aqui! Temos duas vadias pegando fogo. –Gritou Alexia enquanto ainda estava no meio do corredor. – Eu não quero ficar sem nota por causa de duas cadelas que brigam por qualquer coisa, então calem a boca e vamos terminar esse trabalho!

A garota de cabelos loiros se sentou e começou a explicar sobre o fenômeno.

“Sexta-feira, dia quatorze do mês de agosto do ano de 2009”.

–Desculpe-me, eu não consigo entender o que cachorras falam. -Alexia ironizava enquanto estava no meio de uma discussão com as outras três garotas.

–A senhorita sabe-tudo se irritou. –Brincava Samantha.

–Não sou uma sabe-tudo, mas sou capaz de saber que você é uma idiota.

–Essa briga não vai levar ninguém a nada, então parem. –Disse Alice.

“Atualmente”

Alice se aproximava das três meninas.

–Lá vem a elfo. –Murmurava Samantha.

–Olá garotas, bem... É... Como o trabalho de vocês está indo? –Perguntava Alice enquanto esfregava a parte de fora do seu braço esquerdo tentando disfarçar a timidez.

–Estamos indo, não muito bem, mas terminaremos logo. E você, já acabou? –Alexia fingia interesse.

–Sim, eu acho. Coloquei tudo que achei inclusive uma parte que falava sobre a família Battreyal que “dominava” a cidade no século passado. Vocês sabiam que a filha mais nova do Conde teve uma filha? E que essa filha foi abortada?

–Abortada? –Morgana mostrava surpresa. – Que Crueldade.

–Sim, mas ela parecia não ter escolha. Parece também que o garoto era furto de um incesto, o pai deve ter estuprado ela.

–Já pensaram como devia ser no jantar? O Pai perguntava “se a comida estava boa”, e a filha respondia “Você já comeu ela!”. –Brincava Sam.

–Você tem consciência do que disse? Aliás, você falou algo totalmente sem sentido. Bem, estou indo para a escola. Até mais garotas. –Dizia Alice enquanto se retirava.

–Iremos fechar a biblioteca. –Disse a senhora que cuidava da biblioteca.

–A biblioteca irá fechar e nós não fizemos praticamente nada! –Gritava Alexia.

Mais uma vez com o crepúsculo estampado nos céus de Butterfall, as garotas voltavam conversando sobre o que Alice havia comentado.

–Você exagerou na sua piada Samantha. –Afirmou Morgana.

–Não tenho culpa se você não tem senso de humor.

–Ainda temos duas horas antes do toque de recolher, vamos até uma sorveteria. –Sugeria Alexia.

–Mas está fazendo frio. –Dizia Sam.

–Eu amo o inverno. Eu topo Alexia. –Morgana mostrava animação diante do convite.

–Eu não quero passar a sábado trancada no meu quarto ouvindo musicas depressivas. Então eu aceito o convite.

–Está dispensando a Lana? –Perguntava Alexia.

–Eu nunca irei dispensa-la, aliás, eu conheço uma sorveteria que toca Dark Paradise as vezes. – Sam dizia mostrando empolgação.

–Dark Paradise não é nada perto de Video Games. –Rebatia Morgana.

–Diet Mountain Dew espanca as duas apenas no refrão. –Alexia completou a discussão.

Chegando à Sorveteria elas se deparam com policiais no local. Alexia se dirigiu até um policial que estava em pé perto do local.

–O que aconteceu aqui?

–Creio que isso não seja assunto para crianças. –Respondeu o policial.

Sendo encarado pelas três garotas de forma estranha, o policial ficou intimidado e soltou um pouco do incidente.

–O dono da sorveteria foi preso por ter assassinado a sua mulher com veneno. Ele a encontrou com uma amante.

–Sempre achei que ela tinha cara de lésbica. –Brincou Samantha.

–É impossível saber a orientação de uma pessoa apenas olhando para sua face. –Afirmou Alexia.

–Se não for pedir muito, gostaria que vocês seguissem o caminho de casa. Pois a noite é escura e cheia de terrores. –Disse o policial.

As garotas seguiram o caminho da escola até chegar ao corredor dos quartos femininos.

–Agora que eu me toquei. Foi impressão minha ou ele soltou uma frase de Game of Thrones? -Perguntou Sam.

–“Pois a noite é escura e cheia de terrores.” Sim, a frase da Melisandre. –Respondeu Morgan.

Após uma breve conversa de assuntos não interessantes, as três garotas foram para seus quartos, encerrando a noite.

Em meio a Madrugada todo o dormitório feminino estava sendo incomodado por uma música que estava vinda do quarto de Alexia. As alunas tentaram abrir a porta, mas ela estava tranca. Depois de uma longa sinfonia de Músicas dos anos noventa, O som foi desligado levando a paz para o restante das garotas. Mas do que adiantava o som ter sido desligado se o dia já havia amanhecido.

Fora do dormitório, o céu de Butterfall tinha sido desenhado encima de uma manhã cinza. Mesmo com o sinal da escola tocando sem parar, nenhuma aluna tirando Margareth havia acordado.

–São exatamente 8 da manhã e nenhuma aluna além de mim está acordada. A Max e a Julia deviam estar acordadas, elas ficam espiando os meninos tomando banho a essa hora. Que estranho. –Disse Alexia para si mesma.

Meg esta entediada e pegou um livro que estava empoeirado em sua estante.

–“Humanos e seus super poderes” Como assim eu lia isso? –Continuou com as palavras em sua mente, se perguntando para si mesma.

Quando ela foi colocar o livro de volta na estante um pedaço de papel caiu ao chão, Alexia o pegou e leu-o.

–“Amigas para sempre?” “Mesmo depois da morte.” Quem foi idiota o suficiente pra fazer a teoria de que algo pode continuar depois da morte? Que eu me saiba não tenho amigas espíritas.

Com o sono dominando o dormitório feminino, algumas das dezenas de garotas estavam começando a acordar e, algumas já se levantaram falando da atrocidade que aconteceu ontem à noite. E elas não falaram sobre o assassinato, e sim sobre a Meg.