Depois de ter terminado de conversar com a Cullen, entrei no meu carro e, assim que passei a marcha, pisei fundo no acelerador. Não importava o quanto as janelas estivessem abertas e o vento entrasse com violência, o cheiro dela ainda permanecia aqui, tirando minha concentração. Querendo, ou não, meus pelos eriçavam-se sozinhos só em pensar que ela estava aqui dentro comigo; um ambiente tão fechado.

Desde em que minha vida mudou e eu descobri que posso sofrer mutação de humano para lobo, senti nojo pelo cheiro dos sanguessugas. Enoja-me quando me invade as narinas. Só que, sentindo bem, misturado ao cheiro horrível havia um adocicado aroma de flores. Notei também quando ela estava perto de mim e isso estava me deixando intrigado. Não seria algo fácil de tirar da mente.

Pisei na embreagem e passei a marcha mais uma vez, pisando no acelerador em seguida. Junto com o vento, respingos da chuva entravam batendo em meu rosto. Virei o volante para a esquerda, pisando no freio, e em seguida acelerei novamente, depois em que fiz a curva para entrar na estrada principal da reserva. Olhei para o rádio e suspirei, ligando-o em seguida. Sem olhar para a estrada comecei a mudar de estação sem parar. Todas chiavam, então desliguei. Eu me esqueci de instalar o fio da antena.

Quando voltei a olhar para a estrada novamente, notei que Sam estava pulando do penhasco com meus irmãos. Eu sabia muito bem que o fato de eu ter conversado com uma Cullen os deixaria furiosos. Eles estavam longe, mas eu conseguia ver nitidamente que Embry me encarava com a pior das caras. Suspirei e continuei meu caminho de volta para casa.

Assim que cheguei, encostei o carro, retirei o cinto de segurança, abri a porta e saí. Correndo, entrei em casa para deixar meu tênis e minha blusa em meu quarto. Não achamos dinheiro no lixo para destruir peças de roupas a cada vez que nos transformamos, caso venha a acontecer. Fui ao banheiro, joguei um pouco d’água nos cabelos e passei a mão, arrepiando-os. Peguei uma toalha de rosto e, depois de jogá-la nos ombros, voltei para sala, onde meu pai fazia sua refeição.

- Bella ligou – mastigava a comida enquanto dizia.

Fiz uma careta antes de perguntar. Custava ele engolir primeiro?

- O que ela queria? – Indaguei, pegando a toalha dos ombros e passando no rosto molhado. Joguei-a no pequeno sofá em seguida.

- Pediu para você ligar quando chegasse – ele disse e me deu as costas, movendo os braços sobre as rodas da cadeira.

Peguei o prato do seu colo e levei até a pia. Suspirei exaustivamente e fui até a bancada para pegar o telefone. Disquei o número dela, que já sabia de cor, e esperei. Chamou três vezes até que atenderam. A voz que eu ouvia era masculina, com certeza Charlie já havia chegado a casa.

- Aqui é Jacob – esperei até que ele respondesse. Abri um sorriso e indaguei: - A Bella está? – Depois de dizer que sim, pediu para que eu esperasse. O fiz, me encostando sobre o pequeno armário de chão. – Oi, Bella. – Fingi empolgação. – Não, está tudo bem comigo. – Ela me perguntou sobre a Cullen. Neste momento a imagem de ela sorrindo me passou pela mente. Balancei a cabeça freneticamente para espantar o pensamento e tentei me concentrar no que Bella estava dizendo. – Emprestei o casaco sim, depois ela devolve – olhei pela janela e vi Sam e o bando vindo em direção de onde eu estava. Eles estavam longe ainda. – Bella, tenho que desligar. Depois eu ligo outra vez – não deixei que respondesse, apenas coloquei o telefone de volta no gancho.

Caminhei em direção a janela e apoiei os braços nela, pulando-a no momento seguinte. Desci as escadas da entrada e sai para a chuva, que estava forte. No mesmo instante, senti meu corpo todo encharcar. Caminhei até Sam e o encarei.

- O que tem a nos dizer, Jacob? – Indagou ele, sereno. Os outros me olhavam de cara feia, mas Sam não. Ele estava com um semblante calmo enquanto esperava minha resposta.

- Eu não fui atrás dela – eu me defendi, sem nenhum tremor na voz. Era a verdade. Ela fora atrás de mim e não eu dela.

- Você emprestou seu casaco para um vampiro! – Jared gritou, fechando as mãos em punho. Não era só ele que se arrepiava ao ouvir falar neste nome.

- Não achei algo tão grave. Ela estava sendo pacifica comigo – eu sorri de leve, percebendo que intriguei Sam. – Só retribui o favor. Não sou obrigado a sair matando quem me trata bem.

- Ela é um vampiro! – Dessa vez Quil exclamou, tirando Jared do caminho e se pondo diante a mim.

Eu o encarei nos olhos, mas não movi nem um pé do lugar.

- Ela é um vampiro sim – outra vez a imagem dela passou pela minha cabeça. Quil percebeu e grunhiu, pegando meu pescoço com as mãos e apertando-o. – Não adianta tentar fazer alguma coisa, por que eu não vou mudar de idéia – eu disse enquanto segurava os braços dele.

- Já chega – Sam colocou uma mão sobre o ombro de Quil, que soltou meu pescoço, obediente. – Está tudo bem dessa vez, Jacob – esperei ele dizer e apenas assenti. – Agora parem de brigar e vamos mergulhar no penhasco antes de irmos até Emily.

Agora sim ele estava falando minha língua. Lancei-lhe um sorrido de lado e acertei um tapa na cabeça de Paul, que tentou revidar, mas eu corri em direção à floresta. Eu corria o mais rápido que podia e notei que eles corriam atrás de mim.

- O último a chegar ao penhasco leva caldo! – Gritei, rindo.

Parei por um instante e tirei a roupa, jogando-a de lado.

- Dá para esconder essa bunda? Coisa feia – Embry gritou para mim. Ele ria bastante. Era impressionante como nós, lobos, mudamos de humor tão rápido.

Rindo, transformei-me em lobo rapidamente e voltei a correr pela trilha úmida. Eles corriam atrás de mim, também transformados. Sam estava quase ao meu alcance, então resolvi pegar um atalho. Virei à direita e corri pelo lado mais escuro da floresta. Sorri por dentro ao ver que estava claro logo mais, à frente, e corri ainda mais rápido. Cheguei até o penhasco e, transformado mesmo, pulei de lá. Quando senti que não tinha como ir mais para frente e que eu ia cair, me transformei outra vez para humano e virei de cabeça para baixo. Desci como uma bala e mergulhei no mar gélido. Senti várias movimentações ao meu redor enquanto eu estava submerso. Subi para a superfície e vi que todos, menos Jared estavam lá.

- Sai de baixo! – Ele gritou, segurando as pernas junto ao corpo para fazer estardalhaço na água.

- Quando ele submergir, agente segura – Sam murmurou para nós, que rimos, concordando.

Jared bateu de encontro à água e, no mesmo instante, mergulhamos para o encontro dele. Seguramo-lo e subimos pra superfície. Em seguida o afundamos, rindo enquanto estávamos brincando com ele. Quando o soltamos, ele subiu procurando ar e ficou com a pior das caras enquanto riamos.

- Nada de se encontrar com sanguessugas outra vez, Jacob – Embry disse, jogando água em mim.

- Pode deixar, irmão – eu disse, suspirando. Estranhei ao notar que, sem querer, eu cruzei os dedos em baixo d’água. Sorri.

Ainda bem que eles estavam muito distraídos para notar.

Continua...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.