Crimson Thorn

Aquarius Let The Sunshine In


"Let the sunshine in
Open up your heart and let it shine on in
When you are lonely, let it shine on"

Com o passar do tempo as pessoas se aproximam uma das outras, é inevitável, mesmo que não queiram ou que não possam, alguém vai ultrapassar as barreiras que você possa criar e vai se instalar em seus pensamentos e sentimentos.

Manigold sabia disso, tanto quanto sabia que morrer faz parte de estar vivo e que cada vida importa, cada um tem seu brilho, como se fossemos estrelas, apesar de que ele não pensava dessa forma poética.

Ele não gostava de ser afastado e da solidão que seu parceiro se mantinha, ele não deveria desperdiçar a vida daquela maneira apenas por ter um pouco de veneno em seu sangue, ele considerava isso estupido, e era igualmente estupido por não temer algo que poderia matá-lo, mas ele não conseguia se importar.

A proximidade que criaram poderia ser comparada a de Sísifo de Sagitário e El Cid de Capricórnio, que conseguiam se entender sem palavras, mesmo com o capricorniano sendo ainda mais recluso que o cavaleiro de Peixes. Se o espanhol conseguiu ser alcançado pelo arqueiro alegre, alcançar o ser mais belo de todos não seria problemas para o italiano.

No começo era difícil para o canceriano descobrir o que o outro estava sentindo, nunca parou para observar nada e também não era muito sensível, isso não mudou, mas ele passou a entender os pequenos atos que seu companheiro fazia, que infelizmente não diziam muito ao mais velho.

Mas ainda assim o guardião do Décimo Segundo Templo tentava esconder quando não estava bem, e isso irritava o maior, que era obrigado a subir todas as escadas do Santuário e gritar o menor até que ele saísse de sua casa, isso era realmente cansativo, será que o pisciano não aprendia nunca?

Por causa desses fatores Manigold ficara surpreso ao ouvir um chamado baixo do lado de fora do seu templo, reconheceria a voz de seu parceiro em qualquer lugar, porém não esperava ouvi-la de noite, quando ele deveria estar em uma missão solo em algum lugar bem longe de lá.

— Alba-chan? Já voltou da missão? Sentiu minha falta? — sorriu para o menor, porém não recebeu um sorriso em resposta como normalmente ocorria, sendo observado em silêncio, o que o fez perceber que algo tinha acontecido.

Após alguns segundos se aproximou do menor e ficou o encarando com um olhar calmo enquanto brincava com as mechas claras, esperando o outro se sentir confortável para dizer o que acontecera, porém ele nada disse, fazendo o cavaleiro de Câncer suspirar.

— Eu vou te levar até sua casa, se não decidir falar até lá, eu te levo para o submundo e te obrigo. — ameaçou, finalmente fazendo o mais novo sorrir, e se pôs a andar, sendo prontamente seguido pelo parceiro.

Ao chegarem no topo da escadaria que levava para a casa de Peixes Manigold parou e deu um de seus sorrisos afiados, porém, continuava com o olhar suave.

— Já decidiu se vai apanhar ou falar?

— Eu deveria ter ficado com Shion. — suspirou e sorriu, se sentando no último degrau da enorme escada, sendo acompanhado pelo outro.

— Sabia escolha, Alba-chan. — disse e deu risada.

— Eu não tenho nada para te dizer, Manigold. — respondeu com suavidade, haviam acontecido diversas coisas em sua missão que ele gostaria de falar sobre para o maior, mas isso não era importante agora.

— Então você realmente só sentiu minha falta? Você está ficando muito carente. — riu novamente e abriu uma das mãos na direção do menor, a deixando com a palma para cima, sendo logo aceita pelo pisciano, que a segurou com firmeza.

O italiano não precisava ouvir o outro dizer que estava melhor, ele sabia pelo sorriso em seu rosto, por isso decidiu ficar em silêncio, observando as constelações brilhantes acima de sua cabeça.

Se o mais velho fosse mais observador, como Albafica era, teria percebido que era como um sol; alegre, caloroso e brilhante, teria percebido que sempre conseguia ir mais fundo nos pensamentos e sentimentos do mais novo, e que este sempre o buscava quando algo o incomodava.

Talvez ele devesse dizer o que pensava para o parceiro, ser tão claro quanto o outro era, mas o canceriano não iria gostar tanto disso, ele estava entretido demais em fazer o próprio caminho para alcançar o menor, que não percebera que já havia alcançado.