Hoje eu estava mais relaxada sobre a escola e olhava de um lado para o outro, esperando não ser surpreendida por Stupidshima e seu seguidor risadinha.

Porém, por ter parado por um segundo...

*Bum*

Alguém esbarrou em mim, fazendo-me cair e a pessoa caiu por cima de mim.

— Sumimassen!— A pessoa gritou e se levantou as pressas. - Eu não prestei atenção!— Gritou de novo. - Eu... eh? - Ele parou.

Sem problemas... Ta tudo bem aí?— Perguntei, enquanto me virava, encarando-o.

" Cenoura alegre. " Foi o que veio a mente ao ver seu cabelo, que era um tom de laranja vivo.

Dando um sorrisinho, sentei-me, ajeitando minha saia e levantando com segurança.

— Menor do que eu! - Exclamou logo em seguida.

Meus ombros tencionaram.

" Como assim?! "

Isso foi quando reparei na sua altura.

" Hm. Deve ter um pouco mais que 1,62 cm. "

Dei uma olhada rápida em volta.

" E por aqui não vejo ninguém do meu tamanho. Devo ser a menor adolescente que ele conhece. "

Corei de leve.

— Hm... olá... - Ri nervosamente, sem sabe o que fazer.

Oh! - Seus olhos faiscaram com um brilho animado. - Vamos ser amigos!— De repente pulou em mim, me segurando pelos ombros.

Gha! E-espere! - Pedi, puxando minha saia, pois sua perna roçou-a para cima e estava deixando tudo a amostra.

" Merda de coisa!"

Ele cedeu, se espanando rapidamente( tinha poeira no seu uniforme), virou para me olhar com expectativa dos seus olhos de chocolate, enquanto eu recuei um pouco, tentando limpar-me eu mesma.

" Energia demais... "

Encarei-o de volta, levemente assustada.

Faz muito tempo que eu interajo com gente assim.

— Seus olhos são lindos.— Ofegou, seus olhos brilhando ainda mais, mas de repente o rosto corado feito um tomate se tornou presente.

Corei em resposta, dando-lhe um sorriso tímido, dando um último tapa na saia.

Meu n-nome é Hinata Shoyou! 1° ano , turma 2!— Gaguejou de repente, o rosto ainda vermelho, enquanto se curvava em respeito.

Ohhh. Hoshino Sora, 1° ano, turma 4. Muito prazer.— Respondi, ainda envergonhada, fiz uma ligeira curvatura e olhei para o chão, dando pequenos passos a distância.

Ne? Você gosta de vôlei?— Perguntou, se aproximando e parando do meu lado.

Tomei a dica e começamos a andar juntos.

— Hm - Murmurei em resposta. - Já joguei vôlei... é legal.— Sorri.

Mesmo!? Você deve ter um pulo ótimo então!— Exclamou, olhos faiscando em emoção.

Olhei-o levemente confusa por não receber nenhum comentário sobre minha altura ou sobre eu estar fora de forma.

Hun. Acho que devia ser... mas isso faz muito tempo.- Expliquei vagamente.

O assunto realmente me deprimia.

Muito tempo?— Inclinou a cabeça, levemente confuso, o que fez-me morder o lábio inferior de nervoso.

Hinata parece ser uma pessoa um tanto... densa.

Hai. Não jogo desde os nove anos. Como pode ver... estou fora de forma.— Desviei o olhar para a multidão de alunos, evitando-os.

Fora de forma?— Perguntou de repente, fazendo-me virar o rosto para fita-lo, ele franzia a testa, me analisando. - Mas, você parece bem para mim.— Ele me analisou por mais uns segundos, antes que seu olhar voltasse para meu rosto e ele corou muito com certa violência. - Q-quero dizer! N-não é como se você fo-fosse gorda! Hum... V-Você está... hn.. normal.— Virou o rosto.

Piscando com essa reação, um sorriso incontrolável subiu no meu rosto e peguei-me rindo.

— Você é muito gentil, obrigada. Porém, tenho que discordar com você. Além de gorda eu sou inútil e lenta atualmente, um fardo. Não tem mais volta, hm?— Ri em desgosto. - Apenas algo mais para ocupar espaço. - Resmunguei.

— Claro que não é!— Ralhou em um grito, atraindo atenção para nós, fazendo-me entrar em pânico.

Peguei-o pelo pulso e força-lo a andar mais rápido, arrastando-o em silêncio para um lugar menos movimentado.

Hoshino-san! Jogue contra mim no vôlei!— Gritou de repente, fazendo-me parar e, com isso, ele tropeçou levemente.

Como é que se compete um contra um no vôlei?— Lhe fiz uma careta, antes de sacudir a cabeça. - Não jogo desde os campeonatos de 2006. - Murmurei. - Porque me pediu isso? -Pedi. - Porque mesmo está conversando com alguém como eu? - Ergui uma sobrancelha em certa curiosidade.

— Porque eu consigo sentir que você é incrível! - Exclamou, um grande sorriso brilhante abriu-se em seu rosto.

Fiquei ali, com surpresa, mas o rosto em branco num gesto reflexivo.

Tem algo em você Hoshino-san! É uma aura brilhante que faz: 'gwah'!— Ele abriu os braços, um olhar que mostrava que tudo já havia sido explicado.

"Gwah?" Pisquei.

— E você não é gorda, pesada ou feia.— Ele acenou, mas começou a corar como um hidrante e a gaguejar sem controle.- N-nn-a verdade é m-mu-muito l-linnn-!— E "vapor" saiu de suas roupas,com ele desmaiando em seguida.

Oi!— Exclamei assustada, abaixei-me para colocar sua cabeça na minha coxa, e analisei-o por instantes, vendo que ele estava bem, um suspiro pesado escapou de mim.

Sacudindo a cabeça, comecei a assoprar seu rosto um pouco, como fazia com meus irmãos quando estavam com calor.

Vamos, acorde.— De repente, pensei em algo que poderia funcionar. - Nós vamos nos atrasar desse jeito.— Sussurrei.

Ele se levantou em salto súbito, enquanto eu me acabava de rir.

— Droga!— Gritou, pegando meu pulso, puxando-me aos meus pés e correndo. - Vamos Shi-chan! - Gritou, avançando em tal velocidade que eu quase tropecei várias vezes.

Um sorriso idiota marcou o meu rosto o resto da manhã.

[...]

Saí de sala na hora do almoço, tentando escapar de Tsukishima ( Tava pior que antes, juro!), mas não antes de jogar minha cartada.

— Não sinta muito minha falta, Stupidshima. - Declarei ousadamente, antes de sair correndo.

Caminhando sem ter realmente o que fazer enquanto comia um sanduíche natural, parei no corredor, olhando para a janela levemente empoeirada.

Dali dava para ver o prédio da quadra de vôlei, alta e imponente, um tanto maltratada. Parecia ser bem velha e com a tinta um pouco desbotada, mas ainda bela.

E lá fora, o cabelo laranja cenoura chamou-me a atenção.

— Hina-chan... - Murmurei, tentando olhar com mais cuidado.

Com ele havia alguém de cabelos tão loiros que pareciam cinzentos, ele estava de costas para o prédio da escola e estava lhe explicando algo, a bola de volei nas mãos.

Parecia que estavam praticando a recepção.

Resolvi, então, me juntar a eles e fui a passos rápidos pelo corredor, mas ao ouvir murmúrios enquanto passava, comecei a preocupar-me se eram sobre mim, por isso abrandei o ritmo para prestar atenção.

— Hey. Aquele não é Kageyama Tobio? Do Kitagawa Daiichi? - Um menino sussurrou.

— O próprio. O rei da quadra. - Outro afirmou. - Ou o rei opressor. Como seus colegas de equipe costumavam a chamar-lhe. - Completou.

Procurei para onde olhavam, em busca do objeto de suas atuações.

Vindo em minha direção, era um menino de mais de 1,80m de olhos azuis marinhos profundos e cabelo preto-corvo, branco e com uma carranca mau-humorada no rosto. Consideravelmente de porte atlético, uma aura intimidadora (Não só pela altura.)

"Parece ser tsundere." Concluí.

Tentei não deixar óbvio que estava encarando e virei o olhar para frente, caminhando calmamente e passando por seu lado, tendo que desviar de um estudante que vinha correndo.

Meu braço acidentalmente roçou no seu, deixando-me tensa.

Rapidamente afastei-me dele e teria prosseguido meu caminho se não tivesse ouvido seus passos pararem e uma mão grande ser posta no meu ombro.

" Ora vamos! Você está chateado por isso? Que princesa delicada."

Quase revirei os olhos ao pensar nisso.

É incrível minha capacidade de desligar em momentos de pressão, mas logo lembrei-me dele, pois uma voz profunda chamou: - Hey. - Pude sentir que ele tentou usar um tom suave, mas parecia que sua voz não funcionava assim.

Olhei por cima do ombro, temerosa, sua altura fazia sombra sobre mim.

Criando coragem,olhei-o nos olhos,tentando não estremecer em nervosismo.

Nos encaramos por um tempo, sua mão deixou meu ombro, como eu analisava a situação.

Ele quase parecia intrigado, mas eu não poderia dizer o porque.

Finalmente, decidi que era hora de acabar com isso, pois vi um monte de estudantes curiosos começarem a murmurar coisas desagradáveis sobre nós.

— Ano... em que posso ajudar?— Nervosamente perguntei, querendo apenas sair dali.

Qual é o seu nome?— Pediu e inclinei a cabeça em confusão.

Hn... Hoshino Sora.— Inclinei uma sobrancelha.

— Kageyama Tobio.— Sua mão apareceu na minha linha de visão e, hesitante, apertei-a suavemente, ignorando que ele aumentou um pouco o aperto (Não para me ferir), sua mão estava um pouco suada e tremendo. - Você já participou de algum esporte não é mesmo?—Pediu de repente, sua voz tinha uma forte convicção. - Eu notei você olhando.— Explicou quando levantei o olhar para ele, confusa.

"Ouf! Misericórdia!"

Você é a segunda pessoa que me pergunta.— Desviei o olhar, puxando minha mão longe como se queimasse, ao ouvir alguém falar alto sobre isso. — Eu joguei vôlei por um tempo na Espanha.—Olhei para ele.

Parecia que ele acertou na mosca.

De repente ele agarrou meu pulso com força e puxou-me na direção contrária a qual eu estava indo (Um monte de alunos saltou longe de nós ao ver sua expressão), até entrarmos numa sala quase vazia, com exceção de um aluno dormindo na mesa bem no fundo da sala.

Sabia que te reconheci de algum lugar.— Ele se apressou para uma carteira, me soltando, e abriu uma mochila, tirando uma revista de dentro, que parecia muito velha e que cujas as páginas foram viradas por muitas luas atrás.

" Então, ele ficou na sala 2. A mesma que a de Hinata." Concluí.

Mal terminei me recuperar quando a revista foi empurrada no meu rosto, virada em uma página específica, onde o título lia-se:

"Pequeno milagre Juvenil."

Peguei a revista da mão do menino de cabelos de corvo para ler a matéria.

"-Na Espanha, em uma pequena cidade, um grupo de crianças decidiu formar um time de basquete de rua. Era um grupo misto composto de meninos e meninas de diversas idades, até, no máximo, 10 anos. Sua capitã era uma menina pequena chamada Hoshino Sora, que possui um imenso talento nesse esporte para gigantes. Seus companheiros de time, por exemplo, tem quase o dobro do seu tamanho, alguns sendo até mais velhos, todos respeitam as habilidades e inteligência de pequena morena que tem apenas seis anos. Essa equipe juvenil conquistou as preliminares e foram a nível Jovem nacional, conseguindo um primeiro lugar inédito para aquela cidade. Infelizmente, o grupo de jovens se desfez por diversos motivos. A 'pequena milagre', como muitos a chamavam, tentou prosseguir com outros esportes, chegando a ganhar três prêmios de vôlei consecutivos até seus nove anos: No campeonato municipal, regional, onde também recebeu um prêmio como melhor levantadora da província e a copa da primavera. Houveram relatos que até testou um pouco de futebol, que ensinava para alguns orfanatos, mas parece que ela se cansou e apenas se aposentou. O motivo, ainda permanece um mistério. -"

A foto principal era, ninguém mais que, minha versão mais nova, saltando a luz dos holofotes pronta para fazer uma enterrada e as fotos suplementares eram uma minha fazendo dribles, outra enquanto eu estava como levantadora no vôlei, um click no meio de um saque viagem e uma de recepção, a última era minha correndo no campo perto de casa, chutando uma bola, uma criança mais jovem ao meu lado e um enorme sorriso em ambos os rostos.

" Wow... isso com certeza trás lembranças. "

Dei um sorriso triste para o papel.

Olhei lentamente para o menino corvo, que tinha um estranho brilho nos olhos, sua carranca sumiu para um rosto mais neutro, para minha surpresa, e ele parecia estar sedento por respostas.

Hm... você... guardou essa revista por muito tempo.— Comentei, sem ter o que dizer.

Seus lábios tremeram e seus olhos ganharam um brilho emocionado como ele sacudiu a cabeça repetidas vezes em animação, se curvando e levantando tão rápido quanto.

Eu sou seu fan!— Declarou, quase gritando. - Meu pai me comprou esta revista com essa matéria quando eu tinha dez anos. Então, procurei vídeos de seus jogos na internet.— Ele permaneceu de cabeça baixa, sua franja fazendo sobra no seu rosto.

Fez um silêncio constrangedor (Aquilo é um rubor?) até que , de repente, ele fez uma respiração aguda e ergueu a cabeça, parecendo ainda mais emocionado.

Foi incrível!— Exclamou, imitando um movimento que eu usava bastante nos jogos, um sorriso no rosto. Isso me fez sorrir também. — Mas... - E então ele me deu um olhar curioso. - Porque parou? Você é genial!— Cortei-o aí.

— Era. Eu era excelente. Desculpe.— Suspirei, olhando de forma sombria para a revista.

Não!— Ele bateu a mão na mesa mais próximas fazendo um grande barulho, mas nem isso foi o suficiente para acordar o dorminhoco do fundo da sala. - Você ainda é você não é!? Então aquele talento não sumiu!— Ralhou, franzindo a testa profundamente.

Corei em vergonha, olhando para longe dele.

— Eu não sei muito sobre isso.— Eu senti vontade de pular de um penhasco agora. - Mesmo que eu ainda tenha certo jeito.— Recusei-me a admitir que tinha qualquer talento. - Eu não jogo mais.— Respondi feito uma velha rancorosa.

— Porque? - Ele rosnou de volta, fazendo-me dar-lhe um olhar aborrecido e fixo, onde ele desviou os olhos pra parede, tão irritado quanto eu.

É pessoal, tá!?— Esbravejei, meu rosto transformou-se em uma careta triste, enquanto olhei para o chão, deprimida, o sanduíche agora esmagado na minha mão.

Várias memórias do acidente piscaram na minha visão e eu estava me sentindo prestes a chorar, na frente de um total estranho.

O menino corvo ficou em silêncio até que ouvi seus pés arrastarem em nervosismo.

Uh... Hoshino-san.— Chamou.

Lentamente, levantei o olhar para ele.

Ele abriu e fechou a boca várias vezes, hesitando, até por uma mão no meu ombro, dando um aperto fraco.

Cansada demais pra ter vergonha, deixei-me cair, minha testa batendo no seu peito, ele ficando tenso automaticamente.

Momentos esquisitos depois, ele lentamente me abraçou, sem jeito.

Seus braços era estranhamente quentes e confortáveis.

Ele apertou um pouco mais o abraço, murmurando coisas confusas e sem nexo para si mesmo. Mesmo perto, não entendi nada.

Dei um sorriso lento, escondido na sua camisa.

Nunca soube da existência de fans meus no Japão e muito menos fans nos dias atuais.

Como que para conforta-lo de que agora estava tudo bem, apertei os braços ao seu redor por um momento, sentindo-o estremecer, mas não sabendo se era de tensão ou nervosismo.

Afinal, ele era um menino muito estranho.

— Tem uma caneta?— Consegui perguntar, soltando-o.

Ele afastou-se e me deu um olhar confuso, mas foi para sua mesa e voltou com uma caneta preta.

Fiz a assinatura que usava nos meus desenhos em sua revista, onde a matéria sobre mim estava, e adicionei uma escrita japonesa: "Voe" , em baixo escrevi: "Para meu maior fã, atenciosamente Hoshino Sora."

Não sabia ao certo porque havia escrito 'voe'. Apenas me pareceu o correto.

Devolvi-lhe a revista e quase ri de seu rosto , olhos cheios de expressão e lábios trêmulos que tentavam conter um sorriso.

"O rei da quadra não parece tão ruim"