— Notícias, minna -san! - As portas foram abertas de repente e um som alto de algo colidindo no chão com força ecoou por toda a quadra.

— Sensei! - Sawamura-senpai exclamou.

— Take-chan! - Tanaka-senpai disse , surpreso.

— D-desculpe. - Sensei Takeda levantou, sangue escorrendo do nariz.

— O senhor está bem? - Sawamura-senpai perguntou, se aproximando.

— Uhun. - Acenou como se não fosse nada, um pouco de poeira grudou nos fios castanhos na sua cabeça, seu óculos estava um tanto torto, mas bem. - Consegui agendar um jogo-treino com a escola do ensino médio, Aoba Josai. - Faíscas figurativas saiam do seus olhos chocolates.

— Aoba Josai!? Um dos 4 mais fortes da prefeitura... ! - Alguém comentou.

Ele notou a 'dupla dinâmica' e começou a conversar com eles por um pouco em igual animação por uns momentos, enquanto os murmúrios corriam pelos senpais.

— Seijou é realmente uma escola forte, então como você conseguiu isso, Sensei... ? - Sugawara-senpai questionou.

— Beeem, já que eu fui a vários lugares perguntando diretamente por um amistoso, eu não pensei que iria terminar fazendo esse encontro depois de tudo... - Começou a divagar.

— Não me diga que você implorou novamente... ? - Sawamura-senpai perguntou e eu comecei a me preocupar um pouco .

— Não, não! Implorar é o meu ponto forte, mas não fiz isso dessa vez! - Acenou despreocupadamente.

" Isso é uma ocorrência normal!? "

— Sensei... - Suspirou, preocupado.- " Dessa vez " ele disse... - Ele murmurou.

— É que apenas... tem uma condição para a partida... - Nosso sensei coçou a nuca, em nervosismo e desconcerto.

— Condição? O que é? - Senpai perguntou.

— Kageyama-kun irá ser o levantador durante o jogo inteiro. - Repetiu o recado.

— Que!? - O grito foi grupal.

— Então eles estão dizendo que não tem interesse em Karasuno, mas agora eles querem jogar contra o Kageyama, é isso?- Tanaka perguntou, com o rosto se contorcendo numa careta cada vez mais apavorante. - Que diabo é isso? Estão zombando de nós? Que tal eu zombar deles!? - Gritou, basicamente falando sozinho.

— N-não é isso... -

Interrompendo o sensei, Sugawara-senpai disse que não se importava e que queria ver como os ataques combinados dos novatos funcionavam em uma partida real.
Ele disse que a partida seria na próxima semana.

" Parece que vai ser importante. "

Sorri para mim mesma, enquanto colocava soro fisiológico em uma bolinha de algodão e apressei-me até o professor.

— Sensei. - Estendi o algodão. - Para seu nariz. - Sorri em seguida.

— A-ah! - Ele corou em um rosa quase vermelho. Muito fofo. - O-obrigado. - Pegou a bolinha delicadamente. - Você está interessada em ser assistente de gerente ? - Inclinou-se até mim, com os olhos brilhando por detrás das lentes levemente sujas.

" Me lembra Hinata. "

Concluí, negando levemente

— Otto! Isso mesmo...! - Sawamura-senpai exclamou e sorriu, olhando para Sugawara-senpai e Ennoshita-senpai que devolveram-lhe um aceno com sorriso.

Os três ficaram ombro a ombro na minha frente ( Isso é intimidante: sua mãe ,seu pai e sua avó estão brigando com você. [Sawamura é o pai, Sugawara a mãe e Ennoshita a avó- ele só tem essa vibe sarcastica, com respostas na ponta da língua, extamente como a minha avó.] ), com olhares fortemente determinados.

— Por favor nos ajude! - Gritaram, curvando-se ao mesmo tempo.

Não pude deixar de soltar um grito e saltar um pouco longe dos adolescentes.
Respirando rápido, tentei analisar a informação de jeito lógico.

— Hmm... eu ... - Comecei, suor correndo pelo rosto de repente.

— Por favor!! - Sawamura-senpai gritou novamente, fazendo minha pele saltar.

— E-etto... - Olhei pelo sensei em busca de apoio, mas ele parecia tão surpreso quanto eu estava e deu de ombros levemente. - B-bem... não tenho experiência com isso.... mas, acho que posso ajudar. T-temporariamente. -Tentei ser firme em minhas palavras.

— Arigatogozaimasu!! - Gritaram, levantando com sorrisos radiantes.

" Não dá pra dizer ' não ' pra essas carinhas. " Pensei, quase me sentindo uma mãe no meio daquele acúmulo de testosterona.

Olhei para a menina terceira anista nomeada Shimizu que acelerou o passo e parou ao meu lado, dando tapinhas amigáveis nas minhas costas.

— Agora você é a mamãe corvo. - Comentou e sorriu.

— ... Eh?? Acho?? - Fiz, confusa, mas sorri sem jeito em troca. - B-bem... obrigada por nos conseguir o jogo, sensei. - Sorri timidamente e fiz um leve arco.

Os meninos se aproximaram e curvaram-se profusamente agradecendo-o.

Ri um pouco do rosto corado do sensei, antes de olhar em volta ,apenas para me deparar com Kageyama e Hinata com os rostos muito próximos ao meu, ao ponto de que podia sentir suas respirações oscilantes de emoção e ver meu reflexo em seus olhos.
Engasguei levemente e dei um passo para trás.

— Shi-chan! Agora vamos poder nos ver sempre! E você pode me ensinar aquele saque? Pode? Pode? - Hinata perguntou, emocionado.

Kageyama não disse nada mas, assentiu, parecendo emocionado com os eventos.

— Ohh. - Ouvi Tsukishima rir. - Parece que alguém não tem mais pra onde fugir, né, Mamãe corvo? - Soou, rindo , enquanto eu acabei rosnando, até ter uma ideia.

— Notícia nova para você, Tsukki. - Sorri maliciosamente, ele fez uma careta. - Guarde todas as bolas e limpe cada uma delas. Não queremos que fiquem cheias de suor, certo? - Cantei.

Ouvi-o fazer um som de engasgo e abri os olhos ligeiramente, vendo-o de boca aberta, pronto para dizer algo.

— Você tem qualquer reclamação, Tsu-chan?? - Perguntei em tom baixo, olhando-o com os olhos ligeiramente estreitos e um pequeno sorriso mortal.

O loiro gigante grunhiu, revirando os olhos discretamente, se afastando com passos malcriados ( como se quisesse aniquilar o chão a cada pisada), e começando a catar algumas bolas no chão.
Um silêncio pesado tomou conta da quadra.
Era meio errado usar meu 'aparente' poder assim, mas ele estava merecendo.

— U-uh... está tarde... por favor, vamos iniciar a limpeza.- Pedi suavemente, com o rosto vermelho.

— Hai! - Exclamaram, alguns em entusiasmo, outros apenas em voz neutra.

— Eu... acho que criei uma má impressão... - Olhei para o chão, cabisbaixa.

— Não acho que seja o caso. - Sensei disse, parando ao meu lado. - Eles parecem te respeitar profundamente. Até mesmo o Tsukishima-kun. - Sorriu.

— Hmmm. Desculpe por isso. Nós somos colegas de classe. Nosso... relacionamento. - Cuspi a palavra. - É assim mesmo. - Olhei para o chão em vergonha.

— Mesmo? - Sensei pos a mão no queixo, apoiando um braço no outro.- Que interessante. -Murmurou.

Inclinei a cabeça levemente para o lado, tentando entender seu pensamento.
Decidi não matutar muito aquele evento e observei os meninos na limpeza.
Kageyama e Hinata estavam competindo , enquanto a maioria conversava.
Yamaguchi notou-me e acenou alegremente. Acenei para ele e olhei em volta para seu amigo loiro que estava sentado no chão, calmamente limpando uma bola com um pano.
Revirei os olhos e fui até ele, com os braços cruzados.

— Pelo visto, quer ficar aqui a noite toda não é? - Perguntei.

O menino loiro ollhou-me nos olhos, parecendo cansado, usando uma expressão aborrecida muito fofa. ( Claro que eu nunca falaria isso em voz alta. )
Agachei-me com ele, esperando que ele falasse alguma coisa.

— Então? - Questionei.

Antes que eu reagisse, algo tocou minha bochecha.

— Me ajude por favor, Okasan.- Pediu, cutucando minha bochecha, uma e outra vez.

Encarei-o com um olhar irritado, mas cedi (Depois de dar um tapa na sua mão), sentando confortavelmente, peguei um pano e uma bola que estava levemente suja, começando a limpar.

[...]

Conseguimos acabar junto com os outros, surpreendentemente, e liberei-os para o vestiário.
Shimizu-senpai levou-me ao vestiário feminino onde pude ter uma ducha rápida, colocando uma muda de roupas que ela me deu.
Uma blusa branca escrita: 'clube de volêi karasuno high' em pequenos kanjis pretos, de manga até o cotovelo e um short preto. Era claramente de um dos meninos, mas resolvi não questionar muito.
Penteei meu cabelo mais ou menos usando os dedos e parei na entrada. A equipe me esperava e Shimizu-senpai estava em minha frente, segurando a grande jaqueta e calça pretas (A calça parecia ser de um dos meninos, mas parecia ter sido feita para um bem pequeno. ) na minha direção.
As costas da jaqueta diziam: Assistente da Karasuno.
Sorrindo, agradeci-a e nos despedimos.

— Bom trabalho! -

Os senpais, e 'primeiro anistas' me acompanharam pelo morro em uma conversa confortável.
Daichi-san ( Como ele pediu que eu o chamasse, já que eu não queria abrir mão do uso de honofóricos. ) disse que iria nos levar ao Nikuman.
Não muito depois ( minutos de uma conversa desnecessária e eu censurando Tsukishima com os olhos e sendo ignorada), ele apareceu com bolinhos fresquinhos, timing perfeito ( porque eu estava quase estrangulando o menino). No meio da conversa motivadora, notamos uma certa demora do menino cenoura responder e olhamos para Hinata que já estava comendo um enorme bolinho e respondeu um : - Fhim! - com a boca cheia, que foi quando Tsukki resolveu ir embora com um rosto de desgosto, Yamaguchi ao reboque.
A visão devia ser muito pra ele.

— Que diabos você está fazendo comendo antes de nós!? - Tanaka-senpai gritou, agarrando-o pela blusa.

— Não brinque conosco! - Kageyama gritou, agarrando um pouco de sua blusa também.

— Ei! Vocês todos são do clube de voleibol, não são!? Não façam escândalo na frente da minha loja!! - Keishin saiu, ranzinzamente berrando , enquanto apontava um espanador para eles de forma ameaçadora.

" Nikuman... não pensei que seria como chama isso aqui. Sou mais ignorante que pensei. " Concluí.

*gota de suor anime.*

— Ah, So-chan! - Seu rosto ficou radiante ao me notar do lado dos senpais. - Irashai! - Sorriu, enquanto apenas acenei de volta. - São seus amigos? - Olhou para os meninos.

— O time de vôlei. - Respondi. - Fizeram a gentileza de me acompanhar. Seja gentil. - Pedi suavemente, com um sorriso ao parar do seu lado.

— Ohh! Obrigado por cuidarem da So-chan por mim! - Ele pos a mão na minha cabeça.

— Nan'notameni! - Exclamaram, Hinata, Tanaka e Kageyama corando.

Daichi-san e Sugawara-san pediram para conversarem com Kageyama e comigo .
Acenei para os demais, indo buscar um pouco de chá.

[...]

Sentamos na soleira da loja, tomando o chá restante quando os meninos se foram depois da conversa.

— Assistente... ? - Perguntou Keishin, abismado.

— É temporário. Eles são bons e tem potencial, mas estão um pouco desorganizados e seu conselheiro quase se mata para conseguir as coisas. Além disso... eles fizeram carinhas assim. - Imitei os olhares pidões. - E não consegui negar. - Cruzei os braços, com ar de sabedoria.

— Ohh. Entendo o que quer dizer, Yawaraka Sora. - Provocou.

— Que!? - Exclamei, apenas para vê-lo entrar correndo e rindo.

— Molenga! - Riu-se, subindo as escadas.

— Ele é o pior de todos. - Disse para mim mesma, entrando com um suspiro. - Pare de cacarejar, galo barulhento! - Ralhei, fechando a porta.

[...]Extra____

— So-chan! O poste de luz está querendo falar com você. - Keishin chamou-me da entrada da loja.

Eu fui ao depósito para contar os mantimentos antes de ir para a escola .

— Quem? - Perguntei, andando até ele, enquanto tirava poeira do meu avental vermelho com um desenho de um gato correndo na ponta direita e um corvo em pleno voo no peito.
Muito conveniente, não?

— Ohayo, kawai kochi. - A sedosa voz irritante saudou alegremente.

— Tsukishima. Ohayo. O que precisa? - Pus as mãos nos bolsos do avental.

— Eu vim apenas comprar algumas coisas e pensei em parar por aqui um pouco. - Explicou, entregando os iens para Keishin . - Também, o capitão pediu para que eu lhe desse nossos números, já que ele não pode anotar todos ontem. - Me entregou uma folha com garranchos bonitos.

— Hm. Arigato. - Repliquei, enquanto lia os números. Dois nomes estranhos apareceram.
Nishinoya Yuu e Azamune Asahi.

— Hee. Que avental mais fofo. - Zombou ligeiramente e senti-me corar um pouco.

— Keishin comprou para mim quando cheguei. - Estufei uma bochecha ligeiramente, olhando para longe. - Acho ele bonito. - Defendi.

— Claro. Lhe cai bem. O vermelho. - Elogiou, um tom de provocação, mas resolvi ignorar. - Ne? Ainda tem doces sobrando? - Perguntou de repente.

Ao encara-lo, pude ver que , se pudesse, estaria babando so pensar na sobremesa.

— Está na geladeira. - Falei depois de uns instantes. - Vou te dar , mas tem que ir correndo para a escola. Vai acabar acumulando calorias. - Murmurei, dando-lhe as costas.

— Hai, hai. - Respondeu alegremente, me seguindo. - Com licença. - Pediu a Keishin.

Abri a geladeira cantarolando baixinho e tirei três embalagens da pequena torta de morango.

"Como alguém gosta tanto de morango? "

Ri internamente.
Fechei a porta , ainda rindo internamente, dando um sorriso de olhos fechados para o nada.

— Vamos , pegue suas tortas e vá logo, seu estranho. - Acenei uma no ar, colocando numa sacola junto com as outras.

— Ouch! Estranho? - Ele fingiu um beicinho. - Que maldade, chibi-chan. - Falsamente me repreendeu.

— Como se você ligasse. - Revirei os olhos. - Continue com suas piadículas e veremos se vou continuar fazendo para você. - Ameacei, com um sorriso em triunfo.

Ele alcançou-as sem dificuldade, ainda usando seu sorriso de assinatura.

— Quer comê-las comigo? Podemos partilhar, sabe? - Seu rosto se aproximou do meu, mas empurrei-o com a mão.

— Só em seus sonhos, Stupidshima! - Exclamei, ligeiramente aborrecida e divertida.

— Aw.- Ele riu. - Um cara pode sonhar, não? - Perguntou, desembrulhando uma torta. - Ainda mais quando a menina além de bonita sabe fazer sua comida favorita. - Falou de boca cheia, farelos caindo no chão.

— Cala a boca, seu esquisito. -