Vi meus pais, estavam lindos, felizes em um lugar muito bonito, um jardim.

-Venha Bella! –Minha mãe disse erguendo sua mão para mim. Meu pai estava ao seu lado, às mãos dele nos ombros de minha mãe.

Eu caminhei debilmente em sua direção, alegre e tremula por vê-los diante de mim. Eu queria ir até eles, pegar a mão de minha mãe gentilmente ofertada para mim e permanecer naquele paraíso. No entanto eu olhei para um bosque atrás deles, um bosque escuro, de aspecto sombrio. Ele estava lá, Edward. Não dizia ou fazia nada, apenas olhava para mim. Ele esperava pela minha resposta, deduzi. A antiga Bella teria ido com os pais sem hesitar, mas eu estava mudada, eu podia sentir. Por que agora eu não senti aquela ânsia em me juntar aos meus pais, não quando via Edward próximo, esperando por mim.

Subitamente eu acordei.

Era manhã, uma brisa gostosa entrava pela persiana aberta do meu quarto. Eu estava confortável, o edredom cobrindo-me até o pescoço. Estranho. Eu não me sentia pegajosa com o meu sangue ou coisa parecida. A última coisa de que me lembrava era de estar coberta de sangue sentada na cama olhando para Edward que estava do outro lado da janela de vidro. Olhei para a persiana, um pedaço do vidro estava quebrado. Senti uma presença ao meu lado e só então notei Edward sentado na cadeira da minha escrivaninha, uma expressão carrancuda no rosto, quase furiosa.

-Edward? Como você...?

-Está se sentindo melhor? –Sua voz soava um pouco rude. Eu me endireitei e sentei.

-Sim, estou bem. Você quebrou a janela para entrar aqui?

-Sim. –Foi tudo o que ele disse.

-Entendo. Obrigada. Desculpe o incomodo deve ter sido trabalhoso para você e... –E então Edward estava sentado na cama na minha frente.

-Bella... –Sua voz era um sibilar, ele estava tão estranho! –Escute bem o que eu vou dizer a você: Não espere até ser tarde demais para tomar a sua decisão. Se por um acaso você não me der sua resposta e estiver debilitada demais para fazê-lo... Eu irei transformá-la sendo sua vontade ou não! –Disse entredentes. Estremeci com toda a hostilidade que sentia emanar dele. Edward ficou encarando-me por mais alguns minutos e então ele desapareceu pela minha janela.

O choque em mim perdurou por alguns minutos até que consegui me levantar da cama. Eu me sentia melhor, a morfina havia ajudado e muito. Olhei para mim, eu vestia outro pijama. Edward certamente trocou minha roupa. Mesmo tendo dormido com ele senti o rubor tomar conta da minha face.

...

Ouvi as vozes lá embaixo de Jacob e Billy discutindo sobre um jogo que viram juntos na noite passada. Desci timidamente, eu já tinha tomado meu banho e vestido uma roupa qualquer.

-Bom dia gente. –Disse timidamente. Jacob e Billy pararam de comer assim que me viram da escada.

-Bella? Que surpresa! Quando chegou? –Billy perguntou e parecia animado, porém confuso, por me ver ali.

-Cheguei essa madrugada.

-Bells, por que não nos avisou que estava vindo? –Jacob tinha uma cara tão alegre, isso me assustou um pouco.

-Quis fazer uma surpresa. –Sorri brevemente.

-Você não ia ficar em torno de três dias na casa de juma amiga? –Billy perguntou. Notei que parecia desconfiado de algo.

-Ia, mas comecei a não me sentir bem lá então voltei. –Desci das escadas e fui me juntar a eles. Não estava com fome, não sei ao certo, mas isso poderia ser efeito da morfina em excesso. Ainda sim comi uma tigela de cereais.

-Hei Bells já que está aqui podemos marcar mais um passeio, só que dessa vez só nós dois. O que você acha? –Jacob perguntou quando Billy estava saindo de casa para ir à oficina. Eu estaquei. Vi um brilho nos olhos de Jacob que me incomodou, uma expectativa de algo. Naquele momento percebi algo que não queria perceber: Jacob tinha interesse por mim.

-Tudo bem. Marque um dia ai agente sai. –Falei casualmente e vi o sorriso de Jacob se alargar. Bem, só por que estava dizendo “sim” não significa que algo iria acontecer. Caso Jacob fizesse algo eu gentilmente deixaria claro que só o via como amigo, nada mais.

-Tudo bem então. Vou com o velho pra oficina. Vejo você mais tarde. –Inesperadamente Jacob beijou-me na bochecha e saiu. Seu ato me deixou embasbacada. Definitivamente eu não deveria ter aceitado sair a sós com ele, mas agora era tarde. Dei de ombros. Hoje seria um longo dia.

...

Eu queria vê-lo, saber como estava e sentir novamente tudo o que havia sentido em seus braços. Eu queria Edward, mas depois do ocorrido essa manhã não sabia se ele iria me querer. Ele estava com tanta raiva de mim! Ainda sim, após o almoço, tomei um bom banho, vesti um vestido de alça que não me lembrava de já ter usado (era lindo, azul marinho de alças até os joelhos, rodado), calcei uma sapatilha preta (outra coisa que nunca havia usado, presente de minha mãe) e liguei para Billy dizendo que iria sair com a desculpa de que iria comprar roupas em alguma loja. Após avisar eu sai seguindo pela trilha para a casa de Edward sem saber o que faria caso não fosse recebida por ele.

Enquanto pensava em tudo e ao mesmo tempo nada, eu seguia pela trilha. Apesar do que tinha acontecido essa manhã, em minha mente apenas as lembranças do que tinha acontecido entre nós dois vinham à tona. Tudo estava gravado com perfeição: seu calor, seu cheiro, seu toque...

Era difícil de acreditar que alguém tão maravilhoso como Edward era apaixonado por mim e que eu tinha perdido minha virgindade com ele. Eu poderia morrer agora e ser feliz! De repente o chão sumiu debaixo dos meus pés. Merda! Eu estava caindo do mesmo barranco onde me acidentei antes e já podia sentir os machucados que se formariam, mas subitamente minha queda foi impedida por algo ou alguém. Algo gelado. Eu estava atordoada demais para avaliar quem tinha me ajudado.

-Bella? Você está bem? –Uma voz grasnou atordoada em meu ouvido. Afastei-me minimamente e o vi. Edward.

-Eu... Eu to bem. –Levantei-me. A preocupação do rosto de Edward desaparecera e se tornou algo parecido com desconfiança.

-O que houve? Passou mal?

-Não eu só estava distraída e não vi direito onde pisava.

Edward parecia não se convencer do que eu disse.

-Sei.

-Hei Edward eu to falando sério!

-Não custaria nada para você mentir e fingir estar bem, não é? Afinal você está sempre me excluindo da sua vida! –A mascara de raiva que tinha visto pela manhã voltara. Agora eu entendia por que Edward estava furioso.

-Edward, vamos conversar na sua casa?

-Tudo bem.

Caminhamos em silencio para sua casa enquanto eu pensava em como dissolver toda aquela raiva de Edward. Assim que nós passamos pela porta eu mostrei meu melhor sorriso para ver se conseguia desfazer sua carranca. Infelizmente eu não tive o efeito desejado. Isso pareceu irritar mais Edward. Por fim ele suspirou e seguiu para a sala de visitas e sentou em um dos sofás.

-Sente aqui Bella. –Ele disse olhando para o chão, as mãos no rosto. Caminhei e sentei ao seu lado.

-Edward, olha... Eu...

-Por que não ficou aqui me esperando quando passou mal? Você é assim, sempre foge de mim quando precisa de ajuda. Prefere ficar sozinha a...

-Edward, me escuta, eu só saí da sua casa por que eu temia que fosse difícil para você sentir cheiro de sangue. Além do mais eu estava com muita dor e tinha remédio no meu quarto. Fui para lá pegar. Sinto muito se isso o deixou chateado. Espero que entenda que fiz isso principalmente para te poupar. –Falei. Eu não conseguia olhá-lo. E então senti suas mãos geladas e macias sobre as minhas. Eu o olhei e vi sua face numa máscara de arrependimento.

-Me desculpe. Eu já deveria ter deduzido que esse era o motivo para ir embora, mas... Bella você não precisa ir embora quando seu sangue escorrer. Eu me acostumei a ele de certa forma. A prova disso é que tratei de você e não fiz nada imprudente.

-Mas é difícil para você mesmo assim, não é? –Eu olhei Edward fixamente e vi pelos seus olhos que minha especulação estava certa. –Viu? Eu sei que é difícil. Eu não quero causar nenhum mal a você Edward.

-Bella, quando você passar mal não hesite em me procurar. –Falou com a voz firme. Soou mais como uma ordem. Eu assenti incapaz de discutir.

-Tudo bem.

-Eu queria que tivéssemos aqueles dias que você pediu a Billy, mas já que você apareceu para eles é impossível. –Suspirou pesadamente.

-Eu virei vê-lo, invento alguma coisa. –Dei um sorriso tristonho. Não era suficiente para mim vê-lo por poucas horas. Edward também sorriu tristemente e soube que ele compartilhava da mesma opinião. Uma mão estava sobre a minha, a outra ele ergueu e pegou uma mecha de cabelo acariciando-o.

-Você não tem idéia da dor que senti. Quando cheguei de minha rápida viagem de caça e não a encontrei eu soube que algo estava errado. Fiquei desesperado pensando que de repente algum vampiro poderia ter vindo aqui e levado você.

-Que outro vampiro? James está morto, você sabe. Edward, não deixe preocupações desnecessárias sobre você. –Eu disse querendo que Edward parasse de sofrer por mim.

-Bella, James não é o único vampiro da face da Terra, sabia? Existem outros e... Não importa! Eu senti um resquício do seu sangue no banheiro e algo me disse que tinha a ver com sua doença. Eu segui seu rastro até sua casa e fiquei em pânico quando a vi, ensangüentada na cama. O pior é que eu não sabia o que fazer. Eu sabia que ao menor movimento entrando em seu quarto poderia despertar algum morador e isso seria um grande problema. Felizmente eu consegui entrar, mas não poderia fazer muito por você. Eu não posso retirar seu mal, Bella. –Ele disse, a voz cheia de angustia. –Eu quase... Eu quase a transformei. Enquanto a via ficar sob o efeito da morfina, sua respiração e batimentos cardíacos desacelerarem, eu fiquei apavorado pensando que iria perdê-la! Foi por muito pouco que não a transformei.

Eu me senti mal, mal por Edward. Só havia uma forma de compensá-lo: minha decisão. No entanto eu não queria me precipitar. Só consegui pensar em uma coisa para tirar aquela tristeza dele, pelo menos temporariamente. Eu me inclinei timidamente e o beijei. Beijar Edward era como flutuar, eu tinha certeza de que jamais me enjoaria disso. Edward correspondeu ao beijo com paixão. Envolveu-me pela cintura e me deitou no sofá cobrindo meu corpo com o seu. Apesar do corpo frio, Edward fazia meu corpo ficar quente. Ele afastou-se arfante e sussurrou em meu ouvido.

-A propósito... Você está linda! Perdão pela rudeza, eu deveria tê-la elogiado antes de qualquer coisa. –Dizia e mordiscou minha orelha, eu me arrepiei inteirinha. Meu corpo foi tomado pela excitação. Minhas mãos moviam-se cobiçosas pelas suas costas malhadas por cima de sua camisa preta colada ao corpo. As mãos de Edward passeavam pelas minhas costas até encontrar minhas coxas, seus lábios não deixavam os meus. Edward num átimo me ergueu encaixando-me em seu colo, seus lábios ainda nos meus afastando-se minimamente para que eu respirasse. Levou-me rapidamente para o seu quarto e deitou-me lentamente na cama.

-Eu quero você novamente, Bella. Uma, duas, cem vezes, eternamente. –Disse contra a pele do meu pescoço. Eu não conseguia responder, pelo menos não algo coerente. Eu estava perdida demais no frenesi que era sentir o Edward.

-Eu quero você sempre... Edward. –Eu sussurrei e Edward afastou-se olhando diretamente para mim. Tomou meus lábios novamente enquanto suas mãos trabalhavam para me despir com mais rapidez do que o esperado. E quando eu menos esperava eu já estava sendo dele, suas mãos tocavam cada parte do meu corpo, beijavam cada parte do meu corpo. Ele sussurrava palavras doces enquanto me penetrava e às vezes afastava-se apenas para me olhar, seus olhos tão intensos que eu sentia necessidade de fechar meus olhos. Eu fui me perdendo naquele contato, naquele prazer e então soube que eu o queria hoje, amanhã, sempre.

Minha decisão já estava tomada.