Lucas estacionou o carro na frente de um pequeno bar, com grandes janelas de vidros, iluminado com letreiros em neon.

— Esse é o melhor bar das redondezas, podemos beber e nos divertir aqui. – Lucas disse, enquanto caminhavam em direção a porta.

— Você vinha muito aqui? – Teresa quis saber.

— Sim, por um tempo na minha vida, quando eu ainda morava com meus pais. – Ele abriu a porta e foram atingidos em cheio pelo barulho da música alta competindo com as conversas dos frequentadores, o ar denso cheirava a cerveja e a corpos amontoados, que aqueciam o lugar. Havia um grande balcão de madeira escura com chopeiras de metal polido e muitas garrafas de bebidas e copos arrumadas em fileiras, onde fregueses tentavam insistentemente chamar a atenção do atendente. As mesas estavam todas ocupadas, então Lucas guiou Teresa pela multidão, em direção ao balcão até que alguém parou na sua frente, interrompendo o seu caminho.

— Lucas! É você mesmo? – A jovem e bela mulher alta e loura de cabelos curtos o envolveu em um forte abraço, desinibida, pelo conteúdo do seu copo quase vazio que segurava na mão.

— Hanna, como vai? – Ele a cumprimentou, feliz, lhe devolvendo o abraço apertado.

— Não acredito que esteja aqui! – Exclamou a mulher, entusiasmada. - Não achei que você viria a esse casamento. – Continuou a falar, ignorando a presença de Teresa. – Estão todos aqui! Venha! – Ela o convidou, segurando o braço dele.

— Espere, Hanna! – Lucas a interrompeu. – Essa é Teresa. – Apresentou, a puxando para frente

— A namorada dele. – Teresa completou, para a surpresa de Hanna.

— Muito prazer. – Ao contrário que Teresa esperava, Hanna sorriu. – Vamos, todos ficarão surpreso ao revê-lo.

Ao se aproximarem de uma mesa ocupada por um grupo barulhento de seis ou sete homens e mulheres, Lucas foi saudado, festivamente, com abraços apertados, tapas nas costas e beijos no rosto, cadeiras foram puxadas para ele e Teresa se acomodarem, mais cervejas foram pedidas. Ele apresentou Teresa para os amigos.

— Lucas, nunca pensei que você viria a esse casamento. – Um homem de cabelos e barba ruivas repetiu o comentário, feliz ao rever o amigo.

— Águas passadas. – Lucas concluiu, com um sorriso falso.

— Que bom! – Hanna falou, com sinceridade. – A gente achava que você nunca mais apareceria por aqui.

— Teresa me convenceu a vir. – Lucas explicou pela metade, recebendo um copo e entregando outro a Teresa.

— Eu proponho um brinde a Teresa, que trouxe nosso amigo de volta! – Um homem de cabelo escuros gritou e foi seguidos pelos outros.

A noite seguiu animada, os copos não ficavam muito tempo vazios.

— Você está fazendo muito bem a ele. – Uma mulher de cabelos longo escuros e luminosos olhos verdes, sentada ao seu lado, segredou para Teresa. – Quando ele foi embora estava péssimo, deixou tudo para trás, nem aceitava mais o dinheiro da família, vivia de bicos por aí, não parando um lugar nenhum. – Ela revelou.

— Eu não sabia de toda a história. – Teresa confessou, surpresa com mais essa revelação.

— Mas, depois que o cretino do irmão e a vaca da Evelyn fizeram com ele. – A mulher vociferou, com desprezo.

— Eu só sei que Evelyn o trocou por Mathews. – Teresa revelou.

— Mas, a forma que Lucas descobriu, ele estava viajando e quando voltou, pegou os dois juntos no apartamento dela. Foi horrível! Lucas ficou muito mal, estava desnorteado. Saiu daqui, como um louco, e nunca mais voltou. – Ela completou a narração, Teresa sentiu seu coração pesar, olhou para Lucas, que conversava, animadamente, com os amigos. – Lucas percebeu o olhar dela sobre ele.

— Quer dançar? – Lucas indagou em voz alta, sobre a mesa, ela sorriu achando aquela proposta engraçada. – Eu prometi para você que dançaríamos hoje. – disse, se levantando, segurando sua mão e a guiando para uma pequena pista, onde algumas pessoas já estavam dançando, animadas, ao som de um jukebox antiga. Teresa e Lucas se juntaram a eles, dançaram alegremente, porque era bom esquecer de tudo, das traições e tristezas, e apenas se divertir.

— Há muito tempo, eu não me divertia tanto. – Teresa declarou, depois que se despediram dos amigos de Lucas, caminhando para o carro, no friozinho da noite primaveril. – Pessoal legal, esses seus amigos.

— Sim, a maioria eu conheço há bastante tempo, acompanharam toda a minha história com Evelyn. – Explicou, Teresa percebeu que seu andar era um tanto cambaleante. - Você já dirigiu uma Ferrari antes, Teresa? – Lucas perguntou, quando se aproximava do carro.

— Claro que não! – Teresa respondeu, divertida.

— Então, essa será a sua oportunidade, pois estou muito bêbado para dirigir. – Lucas confidenciou, com a voz um tanto arrastada, apesar de não estar muito segura, ela estava sóbria, já que nunca conseguia beber muito, por isso assumiu o volante.

No início, ela dirigia com cuidado, não queria arriscar com aquele carro tão potente.

— Vamos, Teresa, a estrada está vazia, veja o que essa belezinha é capaz de fazer! – Lucas a provocou.

— Eu acho melhor não, Lucas. – Recusou, prudente.

— Vamos, só um pouquinho. – Ele a instigou e ela caiu na tentação, abaixando um pouco mais o pé no acelerador, e o carro respondeu com rapidez, era como se fosse decolar do asfalto, o coração de Teresa foi a mil.

— Isso é demais! – Exclamou, excitada pela velocidade, continuou correndo até chegar a um entroncamento, então, parou, ofegante e virou-se e sorriu para Lucas. – Foi incrível! – Disse, entusiasmada, ele soltou seu cinto de segurança e se inclinou, na direção dela e a beijou, intensamente, ela retribuiu, com o mesmo ardor, mas o som de uma buzina atrás dele, os lembrou que estavam parados no meio da rua. Assim, Teresa ligou o carro e continuaram o caminho.

— Não é uma vingança. – Lucas quebrou o silêncio.

— Por que você está dizendo isso, Lucas?

— Porque não quero que pense, que eu que estou usado você para atingir o meu irmão. – Lucas declarou. – Você me surpreende cada vez mais, desde que a conheci.

— Lucas, essa situação é muito confusa. Também, gosto de você, mas... – Ela estava sem coragem de falar em voz alta, a verdade que queria esquecer.

— Mas, você, ainda é apaixonada por Mathews. – Ele completou, objetivo.